Lucy Geisel

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Lucy Geisel
Lucy Geisel
30.ª Primeira-dama do Brasil
Período 15 de março de 1974
até 15 de março de 1979
Presidente Ernesto Geisel
Antecessor(a) Scylla Médici
Sucessor(a) Dulce Figueiredo
Dados pessoais
Nome completo Lucy Markus Geisel
Nascimento 24 de novembro de 1917
Estrela, Rio Grande do Sul
Morte 3 de março de 2000 (82 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileira
Progenitores Mãe: Joana Beckmann Markus
Pai: Augusto Frederico Markus
Cônjuge Ernesto Geisel (c. 1940; v. 1996)
Filhos(as) Orlando (n. 1940 - m. 1957)
Amália Lucy (n. 1945 - m. 2022)

Lucy Markus Geisel GCorCP (Estrela, 24 de novembro de 1917Rio de Janeiro, 3 de março de 2000) foi a esposa do 29.º presidente do Brasil, Ernesto Geisel, e a primeira-dama do país entre 1974 e 1979.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Descendente de alemães luteranos, era a filha mais velha de Augusto Frederico Markus (1890–1977) e Joana Beckmann Markus (1891–1979).[1] Seu pai foi coronel do Exército Brasileiro, três vezes eleito prefeito da cidade de Estrela, no Rio Grande do Sul. Os outros três irmãos era Osmar Augusto Markus (1919–1999), Bruno Markus (1921–2000) e Ruthi Markus (1933–1994). Formou-se professora primária, em Cachoeira.

Em 1939, Lucy começou a namorar com seu primo-irmão, Ernesto Geisel, filho de sua tia Lídia Beckmann (1880–1931), irmã de sua mãe. Ernesto pediu que seu irmão, Bernardo (1901–1985), pedisse em seu nome a mão da jovem Lucy em matrimônio. Casaram-se em 10 de janeiro de 1940 e tiveram dois filhos: Orlando, nascido em 3 de novembro de 1940 e falecido em 28 de março de 1957 — atropelado por um trem em alta velocidade quando atravessava a linha férrea para assistir uma partida de futebol, aos dezesseis anos de idade;[2] e a antropóloga Amália Lucy, nascida em 10 de janeiro de 1945 e falecida em 17 de dezembro de 2022.[3][4][5]

Primeira-dama do Brasil[editar | editar código-fonte]

Lucy Geisel sucedeu Scylla Médici, esposa de Emílio Garrastazu Médici, como primeira-dama do país em 15 de março de 1974, quando ela tinha cinquenta e seis anos de idade. Muito discreta, a primeira-dama só era vista em raras cerimônias oficiais, limitando-se a oferecer chás de tarde a esposas de militares e a cuidar da dieta do marido.[6]

No dia 6 de fevereiro de 1975, acompanhou o Presidente Geisel até Fortaleza.[7] Lucy visitou a Casa da tia Julia junto a primeira-dama do Estado Marieta Cals de Oliveira.[8]

Em outubro de 1975, ela fez uma visita à Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba.[9]

Em fevereiro de 1976, Lucy Geisel viajou até Goiânia, sendo recebida pela primeira-dama do Estado Lúcia Vânia, onde visitou a Casa do Artesanato.[10][11]

Ao lado do Presidente Geisel em 29 de março de 1978, recebeu em Brasília, o Presidente norte-americano Jimmy Carter e a primeira-dama Rosalynn Carter, numa visita oficial de três dias.[12]

Viagens oficiais[editar | editar código-fonte]

Bolívia[editar | editar código-fonte]

Em 22 de maio de 1974, Lucy acompanhou o Presidente Geisel em viagem oficial à Bolívia, onde foram recebidos pelo Presidente Hugo Banzer e pela primeira-dama Yolanda Prada de Banzer.[13]

Paraguai[editar | editar código-fonte]

O casal Geisel fez visita oficial ao Paraguai entre os dias 3 e 5 de dezembro de 1975, e foram recebidos pelo Presidente Alfredo Stroessner e pela primeira-dama Eligia Mora.[14][15]

França[editar | editar código-fonte]

Fez viagem oficial a França entre os dias 26 e 28 de abril de 1976 a convite do Presidente Valéry Giscard d'Estaing.[16][17]

Reino Unido[editar | editar código-fonte]

Em maio de 1976, Lucy Geisel acompanhou o marido na visita oficial de quatro dias do Chefe de Estado brasileiro ao Reino Unido, onde foi recebida pela Rainha Elizabeth II e pelo Príncipe Phillip, Duque de Edimburgo. Foi a primeira visita de um mandatário brasileiro ao país europeu, tendo ocorrido após a primeira viagem da monarca ao Brasil em 1968.[18]

Japão[editar | editar código-fonte]

Em setembro de 1976, os Geisel fizeram uma visita oficial ao Japão, sendo recebidos pelo então Imperador Hirohito e pela Imperatriz Nagako.[19][20] Hospedados no Palácio Akasaka, ofereceram um banquete em homenagem ao casal imperial e a autoridades japonesas.[21] Lucy ganhou de presente dos Imperadores um porta-jóias de esmalte Shippo e um corte de seda feita com fios produzidos pelos bichos-de-seda de criação particular de Hirohito.[22]

México[editar | editar código-fonte]

Entre os dias 14 e 19 de janeiro de 1978, os Geisel visitaram oficialmente o México, com recepção do Presidente José López Portillo e da primeira-dama Carmen Romano.[23] Ernesto e Lucy conheceram as ruínas de San Juan de Teotihuacan, que são relíquias da civilização asteca. Para o jantar, os Geisel foram recebidos pelo casal José e Carmen Lopez Portillo no Palácio de Belas-Artes onde assistiram ao Balé Folclórico do México.[24]

Uruguai[editar | editar código-fonte]

Lucy e seu marido fizeram viagem oficial ao Uruguai em 25 de janeiro de 1978, acompanhados da filha Amália Lucy, com recepção do presidente Aparicio Méndez e da primeira-dama Blanca Méndez. Em agenda oficial, Lucy e sua filha foram recebidas na Residência Oficial Suarez y Reyes por Blanca Méndez, onde a noite, assistiram à recepção no Palácio Legislativo. No cronograma do dia 26 de janeiro, as primeiras-damas transitaram pela cidade uruguaia, onde participaram de um almoço, no Clube de Golfe pela anfitriã do país, contando com a presença das esposas dos comandantes-em-chefe do Uruguai. No passeio também visitaram o Museu del Cabildo.[25][26]

Após a presidência do marido[editar | editar código-fonte]

Em 15 de março de 1979, Ernesto Geisel terminou seu mandato designando o general João Figueiredo para assumir a presidência da República. A nova primeira-dama do país, sucessora de Lucy Geisel, tornou-se Dulce Figueiredo.

O casal Geisel decidiu então residir entre o apartamento que mantinham no Edifício Debret[27], no bairro Ipanema, no Rio de Janeiro, e uma propriedade campestre em Teresópolis[28], chamada "Sítio dos Cinamomos", que eles já haviam adquirido antes do mandato presidencial e que sua filha Amália acabou por vender após a morte do pai.

Centro Social Lucy Geisel[editar | editar código-fonte]

Em 10 de outubro de 1979, meses após Ernesto Geisel deixar a presidência, Lucy Geisel participou com o marido e com o então governador do Paraná, Ney Braga, da inauguração de um centro social que levava o nome da ex-primeira-dama.[29]

O "Centro Social Urbano Dona Lucy Geisel", em Arapongas, no norte do Paraná, era um projeto de iniciativa da prefeitura municipal e custou 13 milhões de cruzeiros. A decisão do então prefeito, Antônio Grassano Júnior (Arena), de batizar a instituição com o nome de Lucy Geisel com uma placa de bronze gerou polêmica entre políticos do MDB, que alegaram que a homenagem ocorreu sem autorização da Câmara Municipal. Um dia antes do evento, o então vereador Reinaldo Soares de Souza (MDB) já havia criado um projeto de lei solicitando a alteração do nome do centro social, citando um decreto de setembro de 1977, assinado pelo próprio Geisel, que proibia que obras construídas com verbas sociais recebessem nomes de pessoas vivas.

Apesar da polêmica, Ernesto Geisel discursou na inauguração do centro social elogiando a esposa, dizendo que a homenagem era justa em razão de ela ter ajudado "muita gente", desenvolvendo um "trabalho social sem publicidade".

Viuvez[editar | editar código-fonte]

Lucy Geisel ficou viúva em setembro de 1996, aos setenta e oito anos. Seu marido faleceu de câncer em uma clínica particular na Gávea, onde ele ficou internado por vinte e um dias após uma infecção pulmonar. Ela recebeu uma carta de condolências do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, entregue em mãos por seu vice, Marco Maciel. Após o velório no Palácio das Laranjeiras, o corpo do marido foi sepultado no Cemitério São João Batista.

Morte[editar | editar código-fonte]

Lucy Geisel faleceu aos oitenta e dois anos de idade em um acidente de carro, ocorrido por volta das 7h da manhã no cruzamento da Avenida Epitácio Pessoa com a rua Aníbal de Mendonça, próximo da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Ela estava acompanhada de sua filha Amália e do motorista do veículo, um Volkswagen Santana vermelho, quando a lateral traseira desse foi atingida por um Fiat Fiorino azul, cujo motorista teria desrespeitado o sinal vermelho. Ambos os motoristas tiveram ferimentos não fatais e foram levados ao Hospital Miguel Couto[30], enquanto Amália Geisel não foi ferida[31]. Já Lucy Geisel teve de ser socorrida no local por um médico, mas não resistiu a uma parada cardiorrespiratória, tendo sido declarada morta às 8h20.

Após a necropsia no Instituto Médico Legal (IML), o corpo da ex-primeira-dama foi sepultado no Cemitério São João Batista, ao lado do de seu marido, no dia 4 de março de 2000, mas no ano de 2003 os restos mortais de Lucy e Ernesto Geisel foram transferidos para o Cemitério Evangélico de Porto Alegre onde estão sepultados outros membros da família.[32]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Insígma País Honra Data
Japão Grande Cordão da Ordem da Coroa Preciosa, concedida pelo Imperador Hirohito do Japão. 16 de setembro de 1976.[33]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «AEPAN - Presidente Ernesto Geisel». Nossadica.com.br. Consultado em 13 de dezembro de 2010 
  2. Veja (15 de março de 2000). «Morte de Lucy Markus Geisel». Veja. Consultado em 13 de dezembro de 2010 
  3. https://dspace.stm.jus.br/bitstream/handle/123456789/58456/Exposi%C3%A7%C3%A3o%20Ernesto%20Geisel_final.pdf?sequence=4&isAllowed=y
  4. http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/5o-encontro-2007-1/A%20propaganda%20ideologica%20sobre%20Ernesto%20Geisel%20em%20Manchete%20e%20Veja.pdf
  5. «Morre Amália Lucy Geisel, única filha do ex-presidente da República Ernesto Geisel - Metro 1». Morre Amália Lucy Geisel, única filha do ex-presidente da República Ernesto Geisel - Metro 1. Consultado em 8 de janeiro de 2023 
  6. Terra. «Lucy Geisel». Terra Networks. Consultado em 13 de dezembro de 2010 
  7. «Geisel em Fortaleza». www20.opovo.com.br. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  8. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Lucy Geisel, Marieta Cals de Oliveira e outros em visita a "Casa da tia Julia".». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  9. CPDOC - Fundação Getúlio Vargas (FGV) - Lucy Geisel, Amália Lucy Geisel e outros em visita à Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba
  10. Vânia, Lúcia (16 de agosto de 2011), Visita de Lucy e Geisel - Goiânia, consultado em 2 de agosto de 2019 
  11. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Ernesto Geisel, Lucy Geisel, Amália Lucy Geisel e outros em viagem a Goiás.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  12. «Há 35 anos, presidente Jimmy Carter visitava o Brasil - noticias - Estadao.com.br - Acervo». Estadão - Acervo. Consultado em 21 de outubro de 2019 
  13. CPDOC - Fundação Getúlio Vargas. Ernesto Geisel, Lucy Geisel, Amália Lucy Geisel, Antônio Azeredo da Silveira e outro em viagem à Bolívia.
  14. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Ernesto Geisel, Lucy Geisel, Antônio Azeredo da Silveira, Nei Braga e outros em viagem ao Paraguai.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  15. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Ernesto Geisel, Lucy Geisel, Antônio Azeredo da Silveira, Nei Braga, Mário Henrique Simonsen e outros em viagem ao Paraguai.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  16. http://www.funag.gov.br/chdd/images/Resenhas/RPEB_9_abr_mai_jun_1976.pdf
  17. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Ernesto Geisel, Lucy Geisel e outros em viagem à França.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  18. Jornal de Hoje. Há 40 anos: A pompa da Corte inglesa na recepção a Geisel
  19. Biblioteca do Presidente. Viagem do Presidente Geisel ao Japão. Registro Histórico. Repercussões. Assessoria de Relações Públicas da Presidência da República. Setembro, 1976.
  20. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Ernesto Geisel, Lucy Geisel e outros em viagem ao Japão.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  21. http://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1976_00163.pdf
  22. http://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1976_00162.pdf
  23. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Ernesto Geisel, Lucy Geisel e outros em viagem ao México.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  24. http://memoria.bn.br/pdf/030015/per030015_1978_00281.pdf
  25. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Ernesto Geisel, Lucy Geisel e outros em visita oficial ao Uruguai.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  26. http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/publicacoes-oficiais/catalogo/geisel/viagem-do-pr-geisel-ao-uruguai
  27. FRAGA, Plínio. "Tancredo Neves, o príncipe civil". Editora Objetiva
  28. Folha de S.Paulo. Patrimônios presidenciais, por Mário Sergio Conti. 02/02/2016
  29. Jornal da República, 11 de outubro de 1979. Geisel no Paraná. O ex-presidente não estava num bom dia. Pág. 5
  30. FolhaNews 03/03/2000 - Lucy Geisel morre em acidente no Rio de Janeiro
  31. Folha de S.Paulo 04/03/2000 - Acidente de carro no Rio mata viúva do presidente Geisel
  32. «Acidente automobilístico no Rio mata Lucy Geisel». Universo Online. Consultado em 13 de dezembro de 2010 
  33. [Biblioteca do Presidente. Viagem do Presidente Geisel ao Japão. Registro Histórico. Repercussões. Assessoria de Relações Públicas da Presidência da República. Setembro, 1976. Página 10]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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