Luís Antônio da Gama e Silva
Luís Antônio da Gama e Silva (Mogi Mirim, 15 de março de 1913 — 2 de fevereiro de 1979) foi um jurista brasileiro, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e reitor da Universidade de São Paulo por dois períodos, sendo o único reitor reeleito , afastando-se do cargo para se tornar ministro da Justiça durante o governo de Artur da Costa e Silva, em 1967. Enquanto reitor da USP, elaborou a lista de nomes de professores universitários, colegas seus, que viriam a ser processados no conhecido IPM da USP, entre os quais Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso.[1][2]
No ano seguinte, diante do avanço dos movimentos sociais (entre eles o estudantil) contra a ditadura militar, Gama e Silva foi o redator e locutor do Ato Institucional nº 5, baixado em 13 de dezembro de 1968, e que fechava temporariamente o Congresso Nacional, autorizava o presidente da República a cassar mandatos e suspender direitos políticos, suspendia indefinidamente o habeas corpus e adotava uma série de outras medidas repressivas.
Gama e Silva atuou decisivamente em favor da ditadura militar no Brasil, funcionando como orientador do Comando de Caça aos Comunistas (CCC),[3] entidade paramilitar que, entre diversos atos contra a esquerda brasileira, atacou a montagem teatral de Roda Viva, dirigida por José Celso Martinez Corrêa, em 1968.[4]
Em abril de 1969 o governo do presidente Costa e Silva publicou uma lista de professores da Universidade de São Paulo que deveriam ser aposentados compulsoriamente com fundamento no Ato Institucional nº 5. Apesar de passarem a receber vencimentos de aposentadoria proporcionais ao tempo de serviço, todos foram proibidos de lecionar. A inspiração deste ato foi atribuída ao ministro que listou professores com ideias esquerdistas ou simplesmente desafetos pessoais. A lista incluiu pessoas com notável prestígio acadêmico como os professores da Faculdade de Filosofia Fernando Henrique Cardoso (futuro presidente), Florestan Fernandes e Octávio Ianni, o diretor do Departamento de Bioquímica Isaías Raw, Mário Schenberg do Departamento de Física e Paul Israel Singer do Departamento de Economia. O vice-reitor e substituto de Gama e Silva na reitoria, professor Hélio Lourenço de Oliveira, também foi incluído na lista após protestar contra ela[5]. Alguns professores se exilaram e assumiram posições importantes em universidades do exterior. Futuramente, depois de anistiados, vários voltaram a lecionar na Universidade de São Paulo.
Referências
- ↑ GASPARI, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Cia. das Letras, p. 223.
- ↑ ADUSP (1979). «O Livro Negro da USP» (PDF)
- ↑ Entrevista de João Marcos Monteiro Flaquer ao jornalista Julz Antonio Giron, Folha de S.Paulo, 17-jun.-1993, Caderno Ilustrada, p. 4.
- ↑ GASPARI, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Cia. das Letras, 2002, p. 299.
- ↑ Motoyama, Shozo. «USP 70 Anos: Imagens de uma História Vivida; São Paulo: EdUSP; ISBN 8531409535, 9788531409530; pág 151». Consultado em 25 de setembro de 2009
Ligações externas
- Biografia no Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro
- Lista de ministros do governo Ranieri Mazzilli (1964) no sítio da Presidência da República do Brasil
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Ministro da Educação do Brasil 1964 |
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Ministro da Justiça e Negócios Interiores do Brasil 1964 |
Sucedido por Milton Campos |
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Ministro da Justiça do Brasil 1967 — 1969 |
Sucedido por Alfredo Buzaid |
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