Língua ucraniana

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Ucraniano

українська мова, ukrayins'ka mova

Falado(a) em:  Ucrânia,
 Polónia,
Roménia,
 Rússia,
 Eslováquia,
 Moldávia,
 Hungria,
 Bielorrússia,
 Sérvia,
Cazaquistão
e minorias em Espanha, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Brasil, Argentina, Paraguai e México.
Total de falantes: 45 milhões (2017)
Posição: 26
Família: Indo-europeia
 Eslava
  Oriental
   Ucraniano
Estatuto oficial
Língua oficial de:  Ucrânia
 Polónia (reconhecido)
Roménia (reconhecido)
República da Crimeia
Sebastopol
Transnístria ( Moldávia)
Regulado por: Academia Nacional de Ciências da Ucrânia
Códigos de língua
ISO 639-1: uk
ISO 639-2: ukr
ISO 639-3: ukr

A língua ucraniana (українська мова, transl. ukrayins'ka mova) é uma língua oriunda de um ramo de línguas eslavas que evoluiu do antigo eslavônico. Morfologicamente, assemelha-se à língua russa, embora também apresente semelhanças fonéticas com a língua servo-croata e partilhe muito do seu vocabulário com o polonês.

Apesar da semelhança com o russo, o alfabeto ucraniano, com 32 letras e um sinal de abrandamento, possui diversas particularidades: utiliza o "I" latino, além de outra letra criada para representar o som /g/ (como em "gato"), além de não apresentar algumas letras russas.

Hoje, o ucraniano é a língua de comunicação de cerca de 30 milhões de pessoas que vivem no seu próprio território geográfico, e de outras 10 milhões espalhadas pelo mundo.

Língua ucraniana

História[editar | editar código-fonte]

O nome desta língua eslava deriva de ukraina, que quer dizer “zona fronteiriça”, referindo-se à região onde o domínio cossaco fazia limites com os principados eslavos do norte e do oeste e das hordas turcas do sul.

A atual língua ucraniana deriva do dialeto da língua russa arcaica que se falava na região do rio Dniepre.

A história literária da língua ucraniana tem sua origem em outros países eslavos, principalmente Bulgária e Macedônia do Norte, e foi um veículo de difusão do cristianismo. Os antigos textos "ucranianos" são apenas de linguagem coloquial, o resto é comum a todos os eslavos cristianizados de rito bizantino. Com a incorporação do país ao Grão-Ducado da Lituânia (e parcialmente à Polônia) no século XIV, produz-se uma evolução até uma língua literária que une os eslavos da atual Bielorrússia e os eslavos da atual Ucrânia.

Todos estes ingredientes: eslavo eclesiástico, ucraniano, bielorrusso e polonês, participaram em diversas proporções na língua literária do século XVI ao XVIII. Mas no final do século XVIII e início do século XIX aconteceu uma revolução: muitos dos componentes não nativos da língua foram eliminados e a língua foi reestruturada sobre base dialetal de Kiev.

Uma complicação adicional se produziu entre 1863-1905, durante esse tempo entrava em vigor uma política czarista de unificação da língua entre o povo eslavo (pan-eslavismo), devido a isso, a utilização do idioma falado no oeste da atual Ucrânia foi censurado, bem como o idioma falado na atual Bielorrússia. Mas, por outro lado, entra na moda a língua polaca, bem como a cultura polaca. Grandes escritores polacos introduziram a ideia de separatismo nos territórios que falavam ucraniano.

Após a revolução de 1917, o desenvolvimento do ucraniano teve seus altos e baixos, às vezes de caráter drástico. O grande período de divisão do território ucraniano entre vários estados ao longo da sua história, como Polônia, Rússia, Tchecoslováquia, Romênia, Áustria-Hungria, deixaram marcas no desenvolvimento da língua escrita e falada.

Dados[editar | editar código-fonte]

A língua ucraniana é falada por cerca de 40 milhões de pessoas, a maioria das quais na Ucrânia, e as demais em zonas fronteiriças da Polônia, Eslováquia e Romênia, além de emigrantes na América, especialmente no Brasil, Estados Unidos e Canadá e também na Europa, notadamente em Portugal.

Dialetos[editar | editar código-fonte]

O ucraniano atual está baseado principalmente no grupo de dialetos sul-orientais, concretamente os falados nas regiões de Tcherkássi, Poltava e ao sul de Kiev, ainda que também tenha experimentado a influência dos dialetos sul-ocidentais de Lviv, importante centro cultural ucraniano.

Essa influência tem sido exercida, desde a Idade Média, especialmente no léxico mas também na fonologia, sendo mais forte nos tempos modernos, sobretudo nos séculos XIX e XX. Como resultado, se pode falar de uma dupla influência dialetal sobre o ucraniano normativo, ainda que a influência sul-oriental seja a mais significativa.

Alfabeto cirílico
Alfabeto cirílico
А Б В Г Ґ Д Ђ Ѓ Е Ё
Є Ж Ѕ З И І Ї Й Ј К
Л Љ М Н Њ О П Р С Т
Ћ Ќ У Ў Ф Х Ц Ч Џ Ш
Щ Ъ Ы Ь Э Ю Я
Letras não eslavas
Ӑ Ӓ Ӕ Ҕ Ғ Ә Ӏ Ӂ Җ Ӝ
Ҙ Ӟ Ӡ Ҡ Қ Ӄ Ҟ Ҝ Ң Ӈ
Ҥ Ө Ӧ Ҧ Ҫ Ҷ Ӵ Ҹ Ҽ Ҿ
Ҩ Ҳ Ҭ Ҵ Ӱ Ӳ Ӯ Ү Ұ Һ
Ӹ Ы̄ Ә̃ Ю̈
Letras arcaicas
Ҁ Ѹ Ѡ Ѿ Ѻ Ѣ ІА Ѥ Ѧ Ѫ
Ѩ Ѭ Ѯ Ѱ Ѳ Ѵ Ѷ

Caracteres[editar | editar código-fonte]

Аа Бб Вв Гг Ґґ Дд Ее Єє Жж Зз Ии Іі Її Йй Кк Лл Мм Нн Оо Пп Рр Сс Тт Уу Фф Хх Цц Чч Шш Щщ ь Юю Яя

Os caracteres em negrito são usados no alfabeto cirílico do russo. As letras Ээ, Ёё, Ыы, Ъъ do cirílico russo não existem na língua ucraniana.

Alfabeto latino[editar | editar código-fonte]

A língua 'ucraniana' foi escrita em alfabeto latino, forma Latinka, similar às formas usadas pelo tcheco e o polonês desde os séculos XVI – XVII.[1] No século XIX, o padre Josyp Łozynski Ivanovyč, de Lviv, na sua publicação Ruskoje wesile ("Casamento ucraniano") de 1834 tentou revitalizar esse uso.

Durante o domínio do Império Austro-húngaro houve nova tentativa de ocidentalizar a língua ucraniana pelo uso do alfabeto latino, em projeto do político Checo Josef Jirecek. Nova tentativa nesse sentido de usar o Latinka foi feita em 1927 na conferência de Carcóvia pelos linguístas M. Johansen, B. Tkačenko e M. Nakonečnyj. Porém, a União Soviética se opôs a essa iniciativa.

O Latinka apresenta o alfabeto latino sem o Q e sem o X. Muitas das demais 24 letras do alfabeto latino tradicional apresentam diacríticos, o que leva a um total de 37 caracteres diversos.[2]

Mapas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. [1] UKRAJINŚKA LATYNKA
  2. [2] Omniglot - Latinka

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • FIGES, Orlando. A Tragédica de um Povo: A Revolução Russa (1891 - 1924). Dom Quixote, 2017. ISBN 9789722063708

Ligações externas[editar | editar código-fonte]