Löwendenkmal

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Löwendenkmal em 2007

O Monumento do Leão (em alemão: Löwendenkmal), ou Leão de Lucerna, é uma escultura em Lucerna, na Suíça. Concebida por Bertel Thorvaldsen, homenageia os Guardas Suíços que foram massacrados em 1792 durante a Revolução Francesa, quando revolucionários invadiram o Palácio das Tulherias em Paris, França. O escritor norte-americano Mark Twain (1835–1910) elogiou a escultura de um leão mortalmente ferido como "o mais lúgubre e tocante peça em pedra no mundo."[1]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Pormenor do Leão

Desde o início do século XVII um regimento de mercenários suíços serviu enquanto parte da Maison du Roi de França. A 6 de Outubro de 1789, o rei Luís XVI foi forçado a retirar-se com a sua família do Palácio de Versalhes para o Palácio das Tulherias em Paris, e em Junho de 1791 tentou fugir para fora do país. Em 1792, durante a Insurreição de 10 de Agosto, revolucionários invadiram o palácio. A luta rebentou espontaneamente depois da família real ter sido escoltada das Tulherias para tomar refúgio na Assembleia Nacional Legislativa. Os suíços ficaram sem munições e foram oprimidos pelo número superior de revolucionários. Uma nota escrita pelo Rei sobreviveu até aos nossos dias, ordenando aos suíços que retirassem e voltassem aos seus quartéis, mas isto só foi efetuado depois da sua posição se ter tornado insustentável.

Dos Guardas Suíços defendendo as Tulherias, mais de 600 foram mortos durante a luta ou massacrados após a rendição. Estima-se que mais 200 morreram na prisão devido às suas feridas ou foram mortos durante os Massacres de Setembro que se seguiram. Excetuando cerca de 100 suíços que escaparam das Tulherias, os únicos sobreviventes do regimento foram 300 homens que haviam sido destacados para a Normandia alguns dias antes de 10 de Agosto. Os oficiais suíços estavam na sua maioria entre os massacrados, embora o Major Karl Josef von Bachmann — no comando nas Tulherias — tenha sido formalmente julgado e guilhotinado em Setembro, ainda usando o seu casaco de uniforme vermelho. No entanto, dois oficiais suíços sobreviventes viriam a alcançar patentes superiores sob as ordens de Napoleão.

Monumento[editar | editar código-fonte]

A iniciativa de criar o monumento partiu de Karl Pfyffer von Altishofen, um oficial da Guarda Suíça que estava de licença em Lucerna quando a luta ocorreu, que começou a coletar dinheiro em 1818. O monumento foi concebido pelo escultor dinamarquês Bertel Thorvaldsen, e foi finalmente lavrado em 1820-21 pelo escultor Lukas Ahorn numa antiga pedreira de arenito perto de Lucerna.

O monumento é dedicado Helvetiorum Fidei ac Virtuti ("à lealdade e bravura dos suíços"). O leão moribundo é representado empalado por uma lança, cobrindo um escudo com a flor-de-lis da monarquia francesa; ao seu lado encontra-se um outro escudo com o brasão de armas da Suíça. A inscrição por debaixo da escultura lista os nomes dos oficiais, e o número aproximado dos soldados que morreram (DCCLX = 760), e sobreviveram (CCCL = 350).[2]

A pose do leão foi copiada em 1894 por Thomas M. Brady (1849–1907) para o seu Leão de Atlanta, que comemora os soldados confederados desconhecidos sepultados no Cemitério de Oakland em Atlanta, na Geórgia.[3]

Mark Twain sobre o Monumento do Leão[editar | editar código-fonte]

O leão encontra-se no seu covil na face perpendicular de um pequeno penhasco — pois ele está gravado na rocha viva do penhasco. O seu tamanho é colossal, a sua atitude é nobre. A sua cabeça está arqueada, a lança partida está espetada no seu ombro, a sua pata protetora descansa sobre os lírios de França. Vinhas pendem do penhasco e acenam ao vento, e um curso de água límpido goteja do topo para um pequeno lago na base, e na suave superfície do lago espelha-se o leão, por entre os nenúfares.

Em seu redor há árvores verdes e relva. O local é refugiado, repousando num recanto de de um bosque, remoto do barulho, do tumulto e da confusão — e tudo isto se adapta, pois os leões morrem em tais locais, e não em pedestais de granito em praças públicas rodeado de muros com elaborados gradeamentos de ferro. O Leão de Lucerna seria impressionante em qualquer local, mas nunca tão impressionante como no local em que se encontra.

Mark Twain, A Tramp Abroad[1]

Referências

  1. a b Twain, Mark (1880). «Chapter XXVI: The Nest of the Cuckoo-Clock». A Tramp Abroad (em inglês). World Wide School. Consultado em 28 de setembro de 2010. Arquivado do original em 27 de abril de 2003 
  2. «Lion Monument Inscriptions» (em alemão e em francês e em inglês). Gletschergarten Luzern. Consultado em 28 de setembro de 2010. Arquivado do original em 6 de julho de 2011 
  3. Evening Blues (16 de setembro de 2003). «Thomas M. Brady, Sr» (em inglês). Find A Grave. Consultado em 29 de setembro de 2010 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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