Músculo oblíquo externo do abdome

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Músculo oblíquo externo do abdome
Origem Faces externas das 8 últimas costelas (V a XII) [1][2]
Inserção    Linha alba [1]

Parte anterior da crista ilíaca [1]

Tubérculo púbico [1]

Vascularização Artéria musculofrênica [1]


Últimas artérias intercostais posteriores (X e XI) [1]

Artéria subcostal[1]

Artéria circunflexa ilíaca profunda[1]

Artéria epigástrica inferior[1]

Inervação Nervos toracoabdominais (ramos anteriores dos nervos espinais torácicos VII a XI) [1]

Nervo subcostal [1]

Nervo ilionguinal [1]

Ações Sustentação e compressão das vísceras abdominais[1]

Flexão do abdome[1]

Rotação do abdome[1]

O músculo oblíquo externo do abdome é o maior e mais superficial dos três músculos planos que compõem a parede anterolateral do abdome.[2][1][3]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Origem, inserção e disposição das fibras[editar | editar código-fonte]

Origina-se nas faces externas e margens inferiores das oito últimas costelas (V a XII).[2][1] Gray indica que ele não forma tendões compridos a partir da origem: suas fibras rapidamente se tornam musculares e estabelecem interdigitações com fibras dos músculos serrátil anterior e latíssimo do dorso.[2]

Moore explica que, na condição de músculo plano, o oblíquo externo tem um tendão distal em forma de lâmina larga e achatada, denominada aponeurose. A aponeurose do oblíquo externo é a sua porção que contribui mais com a parede anterior do abdome, ao passo que seu ventre muscular (região avermelhada onde se concentram as fibras musculares) colabora predominantemente com a parede lateral.[1]

Ainda de acordo com Moore, em geral, a musculatura plana que constituem a parede anterolateral do abdome têm origem na aponeurose toracolombar: é o caso dos músculos oblíquo interno do abdome e transverso do abdome. Todavia, o músculo externo do abdome é uma exceção - suas fibras mais posteriores têm margem livre, desde a origem nas costelas até a crista ilíaca.[1]

Tais fibras mais posteriores, para Moore, têm espessura maior e apresentam disposição quase vertical.[1] Por outro lado, a maioria de suas fibras se dispõem em forma de leque, ao longo da parede anterolateral do abdome, com sentido ínfero-medial.[1][3] Já as fibras mais anteriores e superiores apresentam-se de maneira horizontalizada[1]

Em seu trajeto, em conformidade com Moore, fibras deixam de ser musculares e passam a ser aponeuróticas, mais ou menos, na linha medioclavicular (reta vertical que perpassa o ponto médio da clavícula), verticalmente. Contudo, mais inferiormente, essa substituição deixa de ser vertical e se torna oblíqua, sobre a linha espinoumbilical (reta que liga a espinha ilíaca anterossuperior ao tubérculo púbico).[1]

Por fim, Moore menciona que as inserções do músculo oblíquo externo do abdome envolvem: linha alba, crista íliaca, tubérculo púbico.[1]

Ligamento inguinal[editar | editar código-fonte]

O ligamento inguinal se encontra profundamente a esse sulco oblíquo entre o tronco e a coxa. Estende-se desde a crista ilíaca, na "cintura", até a sínfise púbica, profunda ao local repleto de pelos púbicos.[2] A escultura também exibe a linha alba e o umbigo.

O ligamento inguinal é um espessamento da margem inferior da aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome, que se curva para baixo. Encontra-se na transição entre o tronco e a coxa, mais estendido desde a espinha ilíaca anterossuperior até o tubérculo púbico.[2][1]

Dada sua importância como ponto de referência, é comum que o ligamento inguinal seja representado em figuras como uma estrutura independente. No entanto, é contínuo com a fáscia da coxa (fáscia lata).[2][1]

Para Moore, a importância do ligamento inguinal não se reduz à utilização para localização de outras estruturas na prática clínica. Ele desempenha uma função similar à de retináculo para os músculos, nervos e vasos que passam sob ele; mantendo-os em posição.[1]

Bainha do reto do abdome, linha alba e umbigo[editar | editar código-fonte]

As aponeuroses dos músculos oblíquo externo, oblíquo interno e transverso do abdome se cruzam e entrelaçam para formar a bainha do músculo reto do abdome, um revestimento fibroso que envolve os músculos reto do abdome.[2][1][3] Esse compartimento também abriga o músculo piramidal, os vasos epigástricos superiores e inferiores e as porções distais dos nervos toracoabdmoinais.[1]

A bainha do músculo reto do abdome é composta por duas lâminas, uma posterior ao músculo reto do abdome (lâmina posterior) e outra anterior a ele (lâmina anterior), como um sanduíche. A participação do músculo oblíquo externo do abdome na formação dessa bainha consiste no envolvimento de sua aponeurose na constituição da lâmina anterior.[2][1]

As bainhas dos músculos retos do abdome direita e esquerda se encontram para originar a linha alba, uma rafe de tecido conjuntivo que se estende desde o processo xifoide até a sínfise púbica e separa os músculos retos do abdome direito e esquerdo. Sua visualização apenas se dá apenas no indivíduo magro e musculoso.[2][1][3]

Nos estágios finais da gestação, os músculos retos do abdome se afastam um do outro, devido à intensa distensão abdominal, o que provoca distensão também da linha alba.[3] Obesidade crônica também ocasiona esse fenômeno.[2]

Há uma abertura na linha alba, no nível entre as vértebras L3 e L4, denominada anel umbilical.[1] Através dela, na vida intrauterina, passam a veia e as artérias umbilicais. Conforme a tela subcutânea recebe deposição de gordura, no período pós-natal, o umbigo se torna deprimido.[1][2]

Esse evento é observado entre uma e duas semanas após o nascimento, após a atrofia e "queda" do cordão umbilical.[1][2]

Suprimento[editar | editar código-fonte]

O suprimento sanguíneo e nervoso das fibras do músculo oblíquo externo do abdome dependem de sua sua localização, de modo que vários vasos e nervos estão envolvidos.[2][1]

Irrigação[editar | editar código-fonte]

As duas últimas (décima e décima primeira) artérias intercostais posteriores, assim como a artéria subcostal, têm importante participação na nutrição do músculo oblíquo externo do abdome.[2][1] Ambas são ramos parietais da aorta torácica, ou seja, ramos que se destinam à parede,[2][1] com trajeto profundo ao músculo oblíquo interno do abdome.[2] Mais especificamente, o alvo de tais artérias, neste caso, são os músculos da parede anterolateral, que também conta com os músculos oblíquo interno do abdome e transverso do abdome, que têm irrigação exatamente igual, nutridos pelas mesmas artérias.[2][1]

Outro ponto é que as fibras inferiores recebem irrigação das artérias epigástrica inferior e circunflexa ilíaca profunda, ambas formadas pela artéria ilíaca externa.[2][1][4] É importante salientar que, conforme Gray, a contribuição da artéria circunflexa ilíaca profunda para a nutrição do músculo oblíquo externo, assim como dos demais músculos planos da parede anterolateral do abdome, é pequena.[2]

Ademais, de acordo com Gray, as artérias lombares, ramos parietais da aorta abdominal, também participam da irrigação.[2]

Inervação[editar | editar código-fonte]

Os ramos terminais de cada um dos cinco últimos nervos intercostais (VII a XI) inervam o músculo oblíquo externo do abdome. Trata-se dos nervos toracoabdominais, que, ao contrário dos ramos terminais dos demais nervos intercostais, abandonam os espaços intercostais para se dirigirem ao abdome e inervar estruturas de sua parede anterolateral. [2][1]

O nervo subcostal tem basicamente o mesmo tipo de trajeto e também contribui para a inervação do músculo oblíquo interno do abdome.[1][5]

Tanto os nervos intercostais quanto o subcostal se formam a partir dos ramos anteriores dos nervos espinais torácicos.[1][6]

Ações[editar | editar código-fonte]

A Vênus de Milo se encontra em flexão lateral do abdome, movimento no qual o oblíquo externo do abdome participa ativamente.[2]

O oblíquo externo do abdome atua de forma conjunta e sincronizada com os demais músculos da parede anterolateral do abdome na manutenção do tônus abdominal, responsável por sustentar as vísceras abdominais e manter o contorno normal do abdome.[2][1]

A contração dos músculos da parede anterolateral do abdome, inclusive do oblíquo externo, também é capaz de aumentar a pressão intra-abdominal, o que auxilia em atividades como expiração, micção e defecação, partos, eructação voluntária, gritos e o assoar do nariz.[2][1]

Além disso, a flexão lateral e a rotação do tronco são propiciadas pela contração unilateral dos músculos oblíquos externo e interno do abdome.[2][1]

Por outro lado, a participação dos músculos da parede anterolateral do abdome é ínfima ao sentar ou manter a posição ereta, de modo que os músculos do dorso são protagonistas nesse caso.[2][1]

Ausência[editar | editar código-fonte]

A síndrome do abdome em ameixa seca é uma situação patológica rara, caracterizada pela ausência dos músculos da parede anterolateral do abdome, associada a outros defeitos congênitos. Conforme insinua seu nome, a síndrome impossibilita o tônus abdominal, de modo que o abdome adquire aspecto enrugado e flácido. [2][7]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai aj ak al am an ao ap aq ar as at MOORE, Keith; DALLEY, Arthur; AGUR, Anne (2014). Anatomia Orientada para a clínica 7 ed. Rio de Janeiro: Koogan. p. 149-150; 248-273 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab Standring, Susan (2010). Gray’s, anatomia 40 ed. Rio de Janeiro: Elsevier. p. 1055-1067; 1103 
  3. a b c d e TORTORA, Gerard (2013). Princípios de anatomia humana 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 396-399 
  4. «Deep circumflex iliac artery». Kenhub (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  5. «Subcostal nerve». IMAIOS (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  6. Vasu, Balaji. «Intercostal nerve | Radiology Reference Article | Radiopaedia.org». Radiopaedia (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  7. Hassett, S.; Smith, G. H. H.; Holland, A. J. A. (março de 2012). «Prune belly syndrome». Pediatric Surgery International (3): 219–228. ISSN 1437-9813. PMID 22198807. doi:10.1007/s00383-011-3046-6. Consultado em 2 de maio de 2021 
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