Margarida Cordeiro

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Margarida Cordeiro
Nascimento 5 de julho de 1938
Mogadouro
Cidadania Portugal
Ocupação psiquiatra, realizadora de cinema

Margarida Martins Cordeiro (Bemposta (Mogadouro), 5 de Julho de 1938), é uma psiquiatra e realizadora de cinema documental portuguesa que esteve na vanguarda do Novo Cinema Português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Margarida Cordeiro é uma médica psiquiatra portuguesa e realizadora de cinema. Com António Reis, destaca-se na vanguarda do Novo Cinema português, na área do documentário, explorando as técnicas do cinema directo.

Co-realizou com António Reis a maior parte dos filmes deste cineasta português. O casal tornou-se um caso único e paradigmático do cinema português.[1]

O cinema de António Reis e de Margarida Cordeiro reflecte um universo poético sem paralelo no cinema português, abordando temas ligados à memória e à mitologia popular de Portugal. Inicia-se na actividade cinematográfica com o filme Jaime (1973), enquanto assistente de realização. (Ver: Novo Cinema)

Em 1976, lança seu primeiro filme como co-realizadora, Trás-os-Montes, que foi elogiado por críticos e realizadores como Serge Daney ou Jean Rouch.[2] Em 2019, Tiago Baptista, director do Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM) da Cinemateca Portuguesa, revelou que o elevado número de solicitações de Trás-os-Montes obrigou à existência de duas cópias em suporte digital.[3][4]

Seu último filme foi Rosa de Areia (1989), concluído cerca de dois anos antes da morte de António Reis.[5]

Após Rosa de Areia, o projecto seguinte seria a adaptação da obra-prima do mexicano Juan Rulfo, Pedro Páramo, mas Reis morreu em 1991. Segundo uma reportagem especial do jornal Público, "Margarida quis continuar a ideia, chegou a ir ao México fazer pesquisa, mas recebeu recusas sucessivas de subsídio até o filme ser aprovado. Nunca chegou a ser feito".[6]

Manuel Mozos, que trabalhou na montagem do Rosa de Areia, declarou: "Percebi muito bem o que era um trabalho de um casal, de um par, de duas cabeças que trabalham em conjunto. Mas no sistema português infelizmente a Margarida nunca mais teve hipótese, depois do falecimento do António, de poder continuar uma obra que julgo que manteria no espírito que tinha com o António".[7]

Durante anos a imprensa falava dos filmes como se fossem feitos apenas por Reis e omitia o nome de Margarida o que a levou a apresentar queixas contra os jornais em várias instâncias.[8]

Em 2018, o Porto/Post/Doc dedicou uma retrospectiva a António Reis e Margarida Cordeiro, com cópias digitais preparadas pela Cinemateca Portuguesa.[9][10]

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Margarida Cordeiro foi homenageada, mais Antonio Reis a titulo postumo, no Porto/Post/Doc em 2018 com uma retrospectiva da sua obra.[11][12]

Em 2019 recebeu o Prémio Nacional Aurélio Paz dos Reis, na 16.ª edição da MIFEC - Mostra Internacional de Filmes de Escolas de Cinema [13][14]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Como assistente de realização:

Como co-realizadora:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Cucinotta, Caterina (2016). Propostas para a teoria do cinema: Teoria dos cineastas. 2. Covilhã: Labcom.IPF. pp. 153–173 
  2. «Porto/Post/Doc - Trás-Os-Montes» 
  3. Mourinha, Jorge. «Uma política de digitalização do cinema nacional? "É uma coisa que não existe"» 
  4. «António Reis e Margarida Cordeiro. O legado de uma obra que continua inacessível». ionline. Consultado em 21 de maio de 2020 
  5. «Rosa de Areia». Jornal Público 
  6. «Margarida Cordeiro: Voltava ao cinema amanhã» 
  7. «António Reis e Margarida Cordeiro. O legado de uma obra que continua inacessível» 
  8. Marques, Joana Emídio. «António Reis, um poeta maior há 50 anos esquecido» 
  9. Mourinha, Jorge. «Os segredos de António Reis e Margarida Cordeiro estão aí para ser descobertos» 
  10. Mourinha, Jorge. «Trás-os-Montes desce ao Porto/Post/Doc» 
  11. «Porto/Post/Doc dedica edição a António Reis e Margarida Cordeiro - C7nema». www.c7nema.net. Consultado em 21 de maio de 2020 
  12. «Retrospetiva, exposição e debate para rever cinema de António Reis e Margarida Cordeiro». TSF Rádio Notícias. 29 de novembro de 2018. Consultado em 21 de maio de 2020 
  13. «Filmes da ESMAD projetados no MIFEC». www.esmad.ipp.pt. Consultado em 21 de maio de 2020 
  14. ESAP. «ESAP :: Atividades». ESAP (em inglês). Consultado em 21 de maio de 2020 
  15. Jaime, consultado em 21 de maio de 2020 
  16. Trás-os-Montes, consultado em 21 de maio de 2020 
  17. «Trás-os-Montes». MUBI 
  18. «Margarida Cordeiro». MUBI 
  19. Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Rosa de Areia». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 21 de maio de 2020 
  20. «Rosa de Areia». MUBI. Consultado em 12 de setembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Ciclo de filmes sobre Trás-os-Montes (homenagem da Cinemateca Francesa a António Reis e Margarida Cordeiro, organizada por Ricardo Costa em Outubro de 2002 - em francês). Ver catálogo: pág. 1, pág. 2, pág. 3.
  • Homenagem a António Reis e Margarida Cordeiro na 4ª Mostra do Documentário Português (9 a 18 de Abril de 2010 no cinema S. Jorge, em Lisboa)
  • António Reis - Blogue sobre a sua vida e obra de António Reis e Margarida Cordeiro.
  • Texto introdutório à estreia de Trás-os-Montes (Jornal Expresso, 1976).
  • Carta aberta de Luis Machado (Jornal a Luta, 1976). Ver arquivo de referências de imprensa e entrevistas.
  • Conversa com Margarida Cordeiro - entrevista por Ilda Castro **Parte 1 **e Parte 2
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