Maria Helena Matos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Maria Helena Matos
Maria Helena Matos
Nome completo Maria Helena Matos Mendonça de Carvalho
Nascimento 6 de novembro de 1910
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portugal portuguesa
Morte 19 de setembro de 2002 (91 anos)
Lisboa, Portugal
Ocupação Atriz, encenadora
Cônjuge Henrique Santana

Maria Helena Matos Mendonça de Carvalho, mais conhecida por Maria Helena Matos (Lisboa, 6 de novembro de 1910Lisboa, 19 de setembro de 2002), foi uma atriz e encenadora portuguesa.[1][2][3][4][5]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Maria Helena Matos nasceu a 6 de novembro de 1910, no primeiro andar do número 16 da Rua de São Filipe Neri, freguesia de São Mamede, em Lisboa, filha do empresário Francisco Mendonça de Carvalho e da conceituada atriz Maria Matos.[6]

Desde cedo demonstrou o desejo de seguir a carreira de atriz. A peça Era uma vez uma menina, era encenada pela mãe, que colocou sérios entraves à sua entrada no mundo do teatro, acabando, no entanto, por ceder quando viu que ela tinha decorado o papel por iniciativa própria. A estreia, porém, só foi possível porque a atriz Georgina Cordeiro faltou à representação. Estreou-se profissionalmente no Porto, em 1925, com apenas 14 anos, conquistando desde logo o público.[1][4][5]

A partir dali é presença permanente no teatro de comédia, ao lado da mãe, de Adelina Abranches e Aura Abranches. Entre as inúmeras peças que representa com muito êxito na época, destaca-se Os fidalgos da casa mourisca, com o ator Alves da Cunha. Em 1933 inicia uma série de tournées pelo Brasil com a Companhia Maria Matos, de que fazem parte, entre outros, Joaquim Almada, Samuel Diniz, António Palma e Adelina Campos. No Rio de Janeiro, no Teatro Carlos Gomes, faz também a protagonista da peça A Severa, de Júlio Dantas, encontrando-se no auge da sua carreira, em que se sucedem, entre outras, notáveis interpretações em peças como Mal da Louca, Os Irmãos Quintero e Escola de Mulheres.[1][4][5]

No Teatro Variedades obtém um grande êxito com a peça Um Quarto Para as Quatro, com Assis Pacheco, Georgina Cordeiro, Álvaro Benamor e Raul de Carvalho. Obteve considerável sucesso também em Danúbio Azul, onde contracenou com os pais.[5]

Depois de encenar Knack - convencer e conquistar, a primeira peça do Grupo 4, encena e participa também em Isto é Que Me Dói, com Raul Solnado e Joel Branco, que se estreiam na comédia. A Rainha do Ferro Velho é mais um dos sucessos, ao lado de Laura Alves. Depois de participar em centenas de revistas, como O Rosmaninho, participa na opereta Invasão, tendo por companheiros Nicolau Breyner, Henrique Santos e Carlos Quintas.[5]

Já casada com Henrique Santana e integrante da Companhia Teatro Alegre, faz, entre outras, Os Direitos da Mulher, A Mala de Bernardette, Amor 68, Um Anjo de Chapéu de Palha, Agarra Que é Milionário e no Teatro Laura Alves, outro sucesso, O Príncipe e a Corista.[4][5]

Na sua longa carreira, considerada pelo meio artístico como uma "grande senhora dos palcos", Maria Helena passou não só pelo teatro, onde participou em centenas de peças, como pelo cinema e televisão, distinguindo-se igualmente como encenadora, onde conviveu e colaborou com nomes grandes da arte da representação como Vasco Santana, Ribeirinho, António Silva, Erico Braga, etc. Maria Helena Matos dedicou, no entanto, toda a vida ao teatro, "arte que amava e conhecia profundamente", como referiu Rui Mendes em entrevista ao Público. Pisou quase todos os palcos de Lisboa e era presença assídua no Teatro Nacional D. Maria II, no Monumental e no Parque Mayer.[1][4][5]

A atriz foi também fundadora do SIARTE (Sindicato das Artes e Espectáculo) em 1978, mas a sua grande paixão sempre foi o teatro, como o deixou claro na mensagem do dia mundial da arte, em 1993, na qual frisou que "viveria tudo de novo se me fosse possível". Faleceu a 19 de setembro de 2002, aos 91 anos de idade, no 50.º aniversário da morte de sua mãe, vítima de ataque cardíaco, na sua residência, em Lisboa. A atriz, que preparava um regresso aos palcos, no musical de Filipe La Féria, My Fair Lady, encontrava-se bem de saúde e tinha até aceite convites para trabalhos na televisão. Maria Helena Matos encontra-se sepultada no Cemitério do Alto de São João.[1][4][5][7]

Casamentos[editar | editar código-fonte]

Maria Helena Matos casou três vezes, a primeira com Luís José Frade de Almeida, de quem se divorciou, a segunda com Francisco Costa, de quem também se divorciou, tendo casado terceira vez com o ator, encenador, escritor e produtor Henrique Santana, filho de Vasco Santana, que conheceu na peça Quem Manda São Elas.[1][6]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Ano Filme Personagem Referências
1932 Campinos do Ribatejo Filha do Lavrador [2]
1936 Bocage Maria Vicência/Márcia Coutinho
1954 O Costa d'África -
1964 Aqui Há Fantasmas Tia Margarida
1979 O Diabo Desceu à Vila D. Eulália
1981 Antes a Sorte Que Tal Morte Tia Custódia
1998 Vasco Santana - O Bom Português -

Televisão[editar | editar código-fonte]

Ano Programa Personagem Referências
1957 Um Segredo Que Toda a Gente Sabe - [3]
Quem Casa Quer Casa -
O Morgado de Fafe em Lisboa -
A Anedota da Semana -
1962 Três Rapazes e Uma Rapariga -
1963 Daqui Fala o Morto -
A Barraca Maria da Costa
1964 Encontro Casual -
1965-1966 Uma História Por Semana -
1968 O Mensageiro Matilde
1969 O Pássaro na Gaiola Edna
1975 Sabina Freire -
O Homem que se Arranjou -
Angústia Para o Jantar -
1978 O Pato -
1981 A Mala de Bernardette -
1983 Origens Esmeralda
1984 Um Fantasma Chamado Isabel -
1989 A Tia Engrácia Tia Engrácia
1988-1989 Sétimo Direito Rufina
2000-2001 Ajuste de Contas Mariana
2002-2003 O Olhar da Serpente -

Referências

  1. a b c d e f Lusa (20 de setembro de 2002). «Faleceu a actriz Maria Helena Matos». PÚBLICO 
  2. a b Nascimento, Guilherme; Oliveira, Marco; Lopes, Frederico. «Maria Helena Matos». CinePT - Cinema Português 
  3. a b «Maria Helena Matos». IMDb 
  4. a b c d e f «CETbase: Ficha de Maria Helena Matos». ww3.fl.ul.pt. CETbase: Teatro em Portugal 
  5. a b c d e f g h «O que é Feito de Si Maria Helena Matos?». RTP Arquivos. 19 de abril de 1991 
  6. a b «Livro de registo de nascimentos da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (11-08-1911 a 25-11-1911)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 195, assento 272 
  7. «Teatro Perde Grande Alma». CM Jornal. 20 de setembro de 2002