Maria José de Queiroz

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Maria José de Queiroz
Maria José de Queiroz
Maria José de Queiroz 2012
Nascimento 29 de maio de 1934
Belo Horizonte
Morte 15 de novembro de 2023 (89 anos)
Lagoa Santa
Nacionalidade brasileira
Alma mater UFMG
Ocupação professora, escritora, poeta, ensaísta
Principais trabalhos Joaquina, Filha do Tiradentes, que inspirou a novela "Liberdade, liberdade", da Rede Globo, em 2016.

Os Males da Ausência ou A Literatura do Exílio, A Literatura e o Gozo Impuro da Comida

Prémios Prêmio Silvio Romero, de Ensaio, da Academia Brasileira de Letras, 1963;

Prêmio Othon Lynch Bezerra de Mello, de Ensaio, da Academia Mineira de Letras, 1963;
Prêmio Pandiá Calógeras, de Erudição, da Secretaria do Estado de Minas Gerais, 1963;
Prêmio Luísa Cláudio de Souza, de Romance, PEN Clube do Brasil, 1979;
Prêmio Jabuti, de Ensaio, Câmara Brasileira do Livro, 1999;
Troféu Eunice e Dulce Fernandes, Educação e Cultura - 2014, Academia Mineira de Letras; 2020, Indicação ao Prêmio Juca Pato 2019.

Género literário Contos, romances, novelas, literatura infantojuvenil, ensaios, poesias.
Página oficial
http://mariajosedequeiroz.blogspot.com.br

Maria José de Queiroz (Belo Horizonte, 29 de maio de 1934Lagoa Santa, 15 de novembro de 2023) foi uma professora universitária e escritora brasileira.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Aos 26 anos, tornou-se a mais jovem professora catedrática do país e, por concurso, sucedeu o professor Eduardo Frieiro na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, onde lecionou Literatura Hispano-Americana. Doutorou-se em Letras Neolatinas pela mesma instituição.[1]

Possui uma longa e importante carreira como Visiting Professor em universidades da Europa e dos Estados Unidos: Sorbonne, Lille, Bordeaux, Aix-en-Provence, Bonn, Colônia, Indiana, Harvard e Berkeley.[2]

Em 1953, começou a colaborar em jornais de Minas Gerais e escreve para mais de uma dúzia de periódicos, inclusive o francês Le Monde. Em 1961, publicou o primeiro de seus onze ensaios sobre literatura e, em 1973 estreou como ficcionista. É Membro da Academia Mineira de Letras [Cadeira 40, Patrono: Visconde de Caeté (1766-1838)]. Em 2019, A Academia Mineira de Letras faz homenagem aos 50 anos de Maria José de Queiroz como acadêmica:

"A escritora e acadêmica Maria José de Queiroz, ocupante da cadeira de n° 40, completa cinco décadas na Academia Mineira de Letras e recebeu homenagem especial. Para a ocasião, que aconteceu no dia 20 de novembro de 2019, às 20h, pesquisadores da obra da escritora se reuniram na mesa “Maria José de Queiroz – 50 anos na Academia Mineira de Letras”, que conta com abertura do presidente da instituição, Rogério Tavares, e saudação do escritor e acadêmico, ex-aluno da homenageada, ocupante da cadeira nº 3, Angelo Oswaldo. O romance Terra incógnita foi lançado no evento, assim como a edição revista atualizada do livro de ensaios A literatura encarcerada, ambos pela Caravana Grupo Editorial, de Belo Horizonte."

Faleceu em 15 de novembro de 2023, um dia antes de seu colega da AML, Olavo Romano.[2]

Obras[editar | editar código-fonte]

Sua última obra, Terra incógnita, foi lançado pela Caravana Grupo Editorial, de Belo Horizonte. A história é ambientada no porto do Rio de Janeiro, onde um grande cargueiro aguarda ordem para levantar âncora e tomar o destino da Europa. A bordo, índios, negros e brancos acabam de carregá-lo com toneladas de pau-brasil, além de arcas de ouro das Minas Gerais. Um menino, fugindo de aulas enfadonhas e dos maus tratos do pai, sobe a bordo sem ser notado. Clandestino, ele se esgueira por um corredor escuro, úmido e malcheiroso. Assim começam as aventuras de Damião. Ao sabor de mil e uma peripécias e façanhas que só quem viaja, no livro e na fantasia, pode viver, ele irá inventar tantas histórias quantas as mil e uma noites podem proporcionar.[1]

O livro A literatura encarcerada, lançado em primeira edição em 1980, ganhou, em 2019, pela Caravana Grupo Editorial, de Belo Horizonte, versão revista e atualizada. Seu conteúdo oferece ao leitor um dramático balanço da literatura do cárcere. Nesse sentido, uma reflexão importante pode ser dele vislumbrada: os corpos podem ser privados da liberdade de ir e vir, mas o espírito não. As memórias, manifestos, cartas, denúncias imortalizadas em documentos que os intelectuais detidos produziram são examinados pela escritora e conduzem a uma ética da insubmissão e demonstram, por mais abomináveis que tenham sido as circunstâncias enfrentadas, a verdade fundamental do “Penso, logo existo”, ou de suas variantes, “Penso, logo resisto”, ou “Penso, logo sobrevivo”.[1]

Ensaio[editar | editar código-fonte]

  • A poesia de Juana de Ibarbourou. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1961. 226p. (Prêmio Silvio Romero, de Ensaio, da Academia Brasileira de Letras, 1963).
  • Indianismo ao indigenismo nas letras hispano-americanas. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1962. 240p. (Prêmio Othon Lynch Bezerra de Mello, de Ensaio, da Academia Mineira de Letras, 1963; Prêmio Pandiá Calógeras, de Erudição, da Secretaria do Estado de Minas Gerais, 1963).
  • Cesar Vallejo: ser e existência. Coimbra: Atlântida, 1971. 210p.
  • Presença da literatura hispano-americana. Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1971. 254p.
  • A literatura encarcerada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. 164p.
  • A literatura encarcerada. 2a. ed. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2019. 220p.
  • A comida e a cozinha: iniciação à arte de comer. Rio de Janeiro: Forense, 1988. 298p.
  • A literatura alucinada: do êxtase das drogas à vertigem da loucura. Rio de Janeiro: Atheneu Cultura, 1990. 166p.
  • A América: a nossa e as outras. 500 anos de ficção e realidade (1492-1992). Rio de Janeiro: Agir, 1992. 164p.
  • A literatura e o gozo Impuro da comida. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994. 390p.
  • Refrações no tempo: tempo histórico, tempo literário. Rio de Janeiro: Topbooks, 1996. 212p.
  • A América sem nome. Rio de Janeiro: Agir, 1997. 194p.
  • Os males da ausência ou A literatura do exílio. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. 714p. (Prêmio Jabuti, de Ensaio, Câmara Brasileira do Livro, 1999).
  • Em nome da pobreza. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006. 269p.

Conto[editar | editar código-fonte]

  • Como me contaram... fábulas historiais. Belo Horizonte: Imprensa / Publicações, 1973.
  • Amor cruel, amor vingador. Rio de Janeiro: Record, 1996.
  • Amor cruel, amor vingador. 2a. ed. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2021.

Literatura infantojuvenil[editar | editar código-fonte]

  • Operação Strangelov: a ecologia e o domínio do mundo. Belo Horizonte: Vigília, 1987.
  • O chapéu encantado. Belo Horizonte: Lê, 1992.
  • O chapéu encantado. 2.ed. Belo Horizonte: Ave, 2022.

Memória[editar | editar código-fonte]

  • O livro de minha mãe. Rio de Janeiro: Topbooks, 2014.

Poesia[editar | editar código-fonte]

  • Exercício de levitação. Coimbra: Atlântida, 1971.
  • Exercício de gravitação. Coimbra: Atlântida, 1972.
  • Exercício de fiandeira. Coimbra: Coimbra, 1974.
  • Resgate do real, amor e morte. Coimbra: Coimbra, 1978.
  • Para que serve um arco-íris? Belo Horizonte: Imprensa da UFMG, 1982.
  • Desde longe. Rio de Janeiro: Gramma, 2016.
  • Desde longe. 2a. ed. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2020.

Romance[editar | editar código-fonte]

  • Ano novo, vida nova. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. (Prêmio Luísa Cláudio de Souza, de Romance, PEN Clube do Brasil, 1979).
  • Invenção a duas vozes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
  • Homem de sete partidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
  • Joaquina, Filha do Tiradentes. São Paulo: Marco Zero, 1987. (Inspiração para a novela da Rede Globo de Televisão "Liberdade, Liberdade", que estreou dia 11 de abril de 2016).
  • Sobre os rios que vão. Rio de Janeiro: Atheneu Cultura, 1990.
  • Joaquina, filha do Tiradentes. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.
  • Joaquina, filha do Tiradentes. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. (Versão Integral com posfácio da autora).
  • Homem de sete partidas. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Record. 1999.
  • Vladslav Ostrov: príncipe do Juruena. Rio de Janeiro: Record, 1999.
  • Joaquina, filha do Tiradentes. Rio de Janeiro: Topbooks, 2017. (e-book, versão Integral com posfácio da autora).
  • Terra incógnita. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2019.

Referências

  1. a b c Nota biográfica in Grupo Editorial Record. Consultado em 7 abr 2012.
  2. a b «Membros da Academia Mineira de Letras, Olavo Romano e Maria José de Queiroz morrem na Grande BH». G1. 17 de novembro de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BARBOSA, Maria Lúcia. História e memória na ficção de Maria José de Queiroz. Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários da UFMG, 2018. Disponível em: hdl.handle.net
  • GUIMARÃES, Maria Silvia. Tecer o visível e entretecer o invisível: As cidades invisíveis, de Italo Calvino, e Como me contaram: fábulas historiais, de Maria José de Queiroz. Belo Horizonte: Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários da UFMG, 2019. Disponível em: hdl.handle.net.
  • GUIMARÃES, Maria Silvia. Tecer o visível e entretecer o invisível: As cidades invisíveis, de Italo Calvino, e Como me contaram: fábulas historiais, de Maria José de Queiroz. Belo Horizonte: Caravana Grupo Editorial, 2021.
  • IGEL, Regina. Handbook Latin American Studies. v 58. Disponível em: books.google.com.br. Acesso em: 7 abr. 2012.
  • NASCIMENTO, Lyslei. Exercício de fiandeira: uma análise do romance Joaquina, filha do Tiradentes, de Maria José de Queiroz. Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Letras da UFMG,1993. Disponível em: hdl.handle.net
  • NASCIMENTO, Lyslei. A literatura e o gozo impuro, segundo Maria José de Queiroz. Revista da Academia Mineira de Letras. Número Especial: Dossiê Academia Mineira de Letras - 110 anos - 2019. Ano 98, v. LXXIX, 2019. Belo Horizonte: Academia Mineira de Letras, 2019. p. 282-291.
  • NASCIMENTO, Lyslei. Maria José de Queiroz por caminhos e tinta de América. Revista da Academia Mineira de Letras. Ano 99, v. LXXX, 2020. Belo Horizonte: Academia Mineira de Letras, 2020. p. 242-256.
  • Homenagem da Academia Mineira de Letras pelos 50 anos da acadêmica.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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