Maria Luíza Fontenele

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Maria Luíza Fontenele
Maria Luíza Fontenele
Maria Luíza Fontenele em 2022
Deputada Federal pelo Ceará
Período 1 de fevereiro de 1991
até 31 de janeiro de 1995
42.º Prefeita de Fortaleza
Período 1 de janeiro de 1986
até 1 de janeiro de 1989
Antecessor(a) Barros Pinho
Sucessor(a) Ciro Gomes
Deputada estadual do Ceará
Período 1 de fevereiro de 1979
até 31 de dezembro de 1985
Dados pessoais
Nascimento 27 de novembro de 1942 (81 anos)
Quixadá, CE
Cônjuge Agamenon Tavares de Almeida
Filhos(as) Andrea
Partido MDB (1975-1979)
PMDB (1980-1985)
PT (1985-1988)
PSB (1988-1993)
PSTU (1993-1998)

Maria Luíza Menezes Fontenele (Quixadá, 27 de novembro de 1942) é uma professora universitária, ex-parlamentar e ativista brasileira, mais conhecida por ter sido prefeita de Fortaleza, entre 1986 e 1989. Foi a primeira mulher a ser eleita prefeita de uma capital de estado brasileiro, além de ser a primeira prefeita de capital eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Trajetória e atuação política[editar | editar código-fonte]

Filha de Diva Menezes Fontenele e Antonino Fontenele, Maria Luiza iniciou sua militância no movimento estudantil secundarista, tendo integrado a Juventude Estudantil Católica e o Centro Liceal dos Estudantes cearenses. Posteriormente, como aluna do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), atuou nas comunidades carentes do Pirambu (Fortaleza) e foi vice-presidente do Diretório Acadêmico da Escola de Serviço Social. Graduou-se em 1965 e foi Chefe do departamento de Ação Comunitária da Fundação de Serviço Social de Fortaleza.[1][2] Em 1967, tornou-se professora da UFC. Concluiu seu curso de mestrado em Sociologia, na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos em 1973.[3]

Como deputada estadual eleita pelo extinto MDB (1979-1982), reeleita posteriormente, pelo PMDB (1983-1986), foi relatora do Estatuto do Magistério. Participou da oposição à ditadura e do Movimento Feminino pela Anistia aos presos e perseguidos por crimes políticos.

Em 1985, concorrendo por um partido de oposição de esquerda que dava os seus primeiros passos (o PT), foi a primeira mulher a ser eleita prefeita de uma capital. Na campanha, as pesquisas apontavam Paes de Andrade em primeiro lugar, com 50% das intenções de voto, e Lúcio Alcântara, em segundo lugar, com 21%. A então jovem professora do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) aparecia na terceira posição, com 10%. O resultado da eleição surpreendeu a todos, inclusive o PT, que sequer possuía um projeto consistente para a cidade, dada a descrença na vitória. Maria Luiza assumiu uma prefeitura endividada, com uma folha de pagamento do tamanho da receita do município e uma política fiscal que concentrava ainda mais que hoje os recursos nas mãos da União e dos Estados. Sem dinheiro, sem apoio do então governador Tasso Jereissati, e com um discurso socialista, ela enfrentou uma greve geral dos servidores municipais e grande insatisfação popular. Terminou sua administração em meio a desentendimentos com o PT e com as ruas de Fortaleza tomadas pelo lixo. Em 1987, foi expulsa do partido e filiou-se ao PSB.[4][5]

Em 1990 foi eleita deputada federal pelo PSB. Durante seu mandato (1991-1995) participou, no Congresso Nacional, da elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Também integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a prostituição infantil no Brasil. Defendeu a educação pública de qualidade, a reforma agrária e a reforma urbana.[6] Em 1993, deixou o PSB e filiou-se ao PSTU, partido que integrou até 1998.

Professora aposentada da UFC, continua a participar do movimento social do Ceará. É uma das fundadoras da União das Mulheres Cearenses (UMC) e do Grupo Crítica Radical,[7][8][9] que criou, juntamente com Rosa Maria Ferreira da Fonseca, Jorge Paiva e Célia Zanetti. O grupo atua em várias frentes, em campanhas contra a violência, contra a criminalização dos movimentos sociais e pelo direito à memória e à verdade sobre torturas, mortes e desaparecimentos do período da ditadura militar. O grupo também prega o boicote às eleições, como forma de protesto contra o establishment político brasileiro.[10]

Em 2011, Maria Luíza viajou para a Nova York para seguir de perto o movimento Occupy Wall Street[4][11]

Do seu casamento com Agamenon Tavares de Almeida, tem uma filha, Andrea.[6]

Referências

  1. Sob as máscaras da alegria: A construção da imagem política de Maria Luíza Fontenele a partir das charges dos jornais de Fortaleza (1985-1988). Por Matilde de Lima Brilhante. VI Simpósio Nacional de História Cultural. Escritas da História: Ver – Sentir – Narrar. Universidade Federal do Piauí – UFPI. Teresina-PI
  2. SCHUMAHER, Schuma; Brazil, Erico Vital. Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade - biográfico e ilustrado."Maria Luíza Fontenelle" Jorge Zahar, 2000.
  3. Câmara dos Deputados. Biografia Maria Luiza Fontenele - PSTU/CE
  4. a b Ex-prefeita de Fortaleza prega fim do capitalismo em Nova York. Integrante do grupo de extrema-esquerda Crítica Radical, Maria Luiza Fontenele se juntou ao Ocupe Wall Street para "derrotar o capitalismo". Por Daniel Aderaldo. iG, 22 de novembro de 2011.
  5. Ex-petista diz que tem "trauma" de gestão. Por Kamila Fernandes. Folha de S.Paulo, 12 de novembro de 2000.
  6. a b Memorial da Assembleia Legislativa do Ceará. Deputado Pontes Neto. Mulheres no Parlamento Cearense Arquivado em 28 de abril de 2014, no Wayback Machine.
  7. Intersindical-CE. Dia Internacional da Mulher. 8 de Março/2014 Arquivado em 28 de abril de 2014, no Wayback Machine.. Dados biográficos de Maria Luíza.
  8. Sessão especial debate a violência contra a mulher. Diário do Nordeste, 24 de novembro de 2005.
  9. Crítica Radical
  10. Maria Luiza Fontenele comemora 70 anos. O Povo, 27 de novembro de 2012
  11. Ex-prefeita de Fortaleza e militante do Crítica Radical embarcam para ato político em Wall Street. O Povo, 14 de novembro de 2011

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Barros Pinho
Prefeita de Fortaleza
1986 — 1989
Sucedido por
Ciro Gomes