Mario Kaplún

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Mario Kaplún
Mario Kaplún
Nascimento 1923
Morte 10 de novembro de 1998
Cidadania Argentina
Ocupação escritor

Mario Kaplún (Argentina, 1923 [1][2] - 10 de novembro de 1998), educomunicador, radialista e escritor. Promoveu o conceito de comunicação transformadora em oposição à comunicação bancária. 2 Inventou o termo “educomunicador” para designar o ator social atuante na interface entre a Comunicação e Educação, sobretudo em atividades sociais, jornalismo comunitário, imprensa alternativa e comunidades periféricas. O termo educomunicador inspirou o nome do novo campo Educomunicação. [3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sua primeira experiência com rádio foi aos 17 anos de idade [4], elaborando um programa que convocava outros jovens a participarem de um clube de debate que ele organizava. Aos 19 anos, produziu seu primeiro programa de rádio educativo. chamado “Escuela de Aire”, que consistiu num radioteatro sobre a história da Argentina.

A partir disto participou de e produziu muitos programas radialísticos de debates, notícias e educativos. Alguns de seus programas foram transmitidos não apenas na América Latica, como também nas Filipinas e nos Estados Unidos da América do Norte, originais em espanhol, foram também traduzidos em português, quechua e aymara.

Quando residiu na Venezuela, entre 1978 e 1985, coordenou a área de Comunicação e Cultura Popular do Centro de Serviço e Ação Popular (CESAP). Ministrou cursos sobre comunicação fotográfica, audiovisual e jornalismo, comunicação popular e também sobre teatro. Morou também no Uruguai, onde foi um dos fundadores da Escola de Ciências da Comunicação, na Universidad de la República (hoje Faculdad de Comunicación), dedicando-se à investigação, gestão acadêmica e docência até a sua morte, em 1998. Célestin Freinet também foi uma importante inspiração pedagógica para Kaplún. Ainda na década de 20 do século XX ele questionou o ensino mecanizado, mediante uma pedagogia que a partir da realidade sócio-econômica e cultural de seus educandos e promovia a aprendizagem como construção coletiva. Freinet introduziu a produção de um jornal escolar como ferramenta de motivação na aula.

Pensamento[editar | editar código-fonte]

Comunicação transformadora contra comunicação bancária[editar | editar código-fonte]

Mario Kaplún aplicou à comunicação a metodologia e as ideias sobre educação de Paulo Freire. Critica a comunicação bancária, conceito que adapta da educação bancária descrita por Freire. Se na educação bancária, o educador deposita conhecimentos na mente do educando; Kaplún explica que da mesma maneira no modelo de comunicação bancária o emissor deposita informações na mente do receptor, tentando impor opiniões:

A cada tipo de educação corresponde uma determinada concepção e uma determinada prática de comunicação (...) Assim como existe uma educação “bancária”, existe uma comunicação “bancária”. O emissor é o educador que fala frente ao educando que deve escutá-lo passivamente. O comunicador é aquele que “sabe”, emitindo sua mensagem (seu artigo de jornal, seu programa de rádio, sua revista, seu vídeo, etc.) com sua própria versão, seus próprios conteúdos, a um leitor (ou ouvinte, ou telespectador) que “não sabe” e ao qual não se reconhece outro papel que além de receptor da informação. Seu modo de comunicação é, portanto, um monólogo.
Defende que a verdade é produzida quando há diálogo, pluralidade e conflito de vozes, denunciando que quase a totalidade dos meios de comunicação de massa deveriam ser qualificados como meios de informação ou meios de difusão, já que, em sua opinião, não produzem o diálogo com a sociedade.
[5][6]

Promove o termo "emirec" do canadense Jean Cloutier, que formula que todo ser humano é capaz e tem o direito de participar do processo de comunicação, atuando alternativamente como emissor (emi) e receptor (rec).

Técnicas para a comunicação participativa[editar | editar código-fonte]

No seu percurso profissional e na sua obra, Kaplún conheceu, praticou, inventou, descreveu e promoveu diferentes técnicas de favorecimento de uma comunicação dialógica que evitava o modelo de comunicação bancária. Algumas destas práticas comunicativas e educomunicativas são:

Mudança dos lugares onde se produz comunicação: se produzem programas e jornais com as portas abertas a quem quiser participar, em grupos, reuniões, escolas, igrejas, sindicatos, comunidades, escolas, etc. Predominância dos temas locais, mas tratando dos temas nacionais e internacionais sempre que se conectem com a experiência vital das comunidades com quem queremos nos comunicar. Produção coletiva da comunicação: a comunidade também participa opinando sobre a seleção de conteúdo, se os produtos de mídia estão compreensíveis e sua relevância e utilidade social. Problematização da mensagem: Os discursos não desejam resolver todas as dúvidas, mas sim gerar debates com a população, que através do diálogo pode decidir que soluções adotar. Prealimentação: que consiste em consultar a comunidade para saber seus interesses, preocupações e aspirações antes de elaborar qualquer tipo de comunicação. Dessa maneira é possível selecionar os conteúdos, conhecer o nível de linguagem em que devem ser adaptados, como devem ser abordados de maneira que resultem em algo útil para as vidas cotidianas. 6

Referências

  1. Silvia Irene Núñez (22 de maio de 2008). «Edunoformal» (em castelhano). Biografía de MArio Kaplún. Consultado em 20 de junho de 2012.
  2. https://docs.google.com/a/labroma.org/document/pub?id=1-_lzmVMlRQeOFIT0ex8scrSrRY8bmSJQ5LW4WBUraHo
  3. 2 Nepomuceno, Fábio Rogério - (2011) O Educomunicador depois de Kaplún. Paper. https://abpeducom.org.br/publicacoes/index.php/portal/catalog/download/24/18/680-1?inline=1
  4. 3 Caracristi, Maria de Fátima A. - (2000) As idéias de“MARIO KAPLÚN: fenômeno latino da comunicação educativa
  5. Kaplún, Mario (1998). Una pedagogia de la comunicación. Madrid: Editorial de la Torre. pp. 64
  6. http://es.scribd.com/doc/6881539/Mario-Kaplun-Una-Pedagogia-de-la-comunicacion