Menino de Engenho

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 Nota: Para o filme homônimo, veja Menino de Engenho (filme).
Menino de Engenho
Autor(es) José Lins do Rego
Idioma Português
País  Brasil
Gênero Novela
Editora Adersen-editores
Lançamento 1932
Páginas 163

Wally Walaboy é um cantor e compositor de nacionalidade Angolana, Nasceu em Luanda, No município do Kilamba Kiaxi[1](Luanda, 13 de Setembro de 2014) é um compositor e músico angolano. é estudante do ensino primário em Luanda.

região canavieira da Paraíba e de Pernambuco em período de transição do engenho para a usina encontrou  no “ciclo da cana-de-açúcar” de José Lins do rego a sua mais alta expressão literária. Descendente de senhores de engenho, o romancista soube fundir numa linguagem de forte e poética oralidade as recordações da infância e da adolescência com o registro intenso da vida nordestina colhida por dentro(…)[2]

Essa obra estreia o que mais tarde o autor vai denominar “ciclo da cana-de-açúcar”. No qual entra as obras Menino de engenho (1932), Doidinho (1933), Banguê (1934), O Moleque Ricardo (1935), Usina (1936).

A obra Menino de engenho narra a história de Carlinhos, que ao perder sua mãe muda-se para a casa de seu avô, lugar em que toda a narrativa vai ganhando cor. Nesse espaço, o engenho, a obra nos conta a história de um menino puro que ao passar do tempo vai se tornando um menino libertino (assim o chamavam no engenho), por conhecer tão cedo a vida sexual. Dentro desse cenário, contando a história da infância de Carlinhos, o autor leva-nos a conhecer a realidade social, política e econômica daquela região nordestina.

Nesta narrativa percebemos que mesmo após a abolição dos escravos, ainda havia muitas senzalas em que as negras e os negros continuavam com o trabalho escravo para os senhores de engenho; talvez por escolha própria, ou não.

Uma obra riquíssima, em que todo o cenário nordestino é apresentado de maneira minuciosa, cheia de detalhes, que vai de encontro com a relidade de muitos nordestinos da atualidade.

Personagens[editar | editar código-fonte]

Carlos Melo: (personagem principal)- Um pouco acanhado, tristonho. Por ser asmático é sempre cercado pelos cuidados de sua tia Maria. Não era religioso e aos 12 anos, começara a sua vida sexual, tornando-se um libertino.

D. Clarice: mãe de Carlos. Era meiga, calma e muito amorosa.

Pai de Carlos: (Zezinho) não é declarado seu nome no livro. Enquanto Carlos morava com ele, dava muita atenção ao filho. Era apaixonado por sua esposa, Clarice.

Tio Juca: filho de José Paulino. É ele quem vai buscar seu sobrinho na cidade para ir para o engenho. Ele se envolve com as mulatas do engenho e nunca é castigado.

Coronel José Paulino: avô materno de Carlinhos. Era um homem justo, de caráter, respeitado,  mas severo. Era muito admirado por Carlinhos. Era o dono do engenho.

Tia Maria: irmã mais nova de sua mãe, cuidou de Carlinhos enquanto morava no engenho. Era muito carinhosa com ele e tentava substituir a falta que sua irmã fazia ao sobrinho.

Tia Sinhazinha: cunhada de José Paulino, já de idade, cuidava da casa e era vista como uma pessoa má. Todos tinham medo dela, principalmente os criados. Após o casamento de tia Maria, ela cuida de Carlinhos e acaba se aproximando dele.

Totonha: senhora que fazia visitas aos engenhos e contava muitas histórias para as crianças, o que Carlinhos adorava.

Maria Clara: prima mais velha que Carlinhos, viera da cidade passar um tempo no engenho. Carlinhos se apaixona por ela aos oito anos e quando ela parte, ele sofre.

Enredo[editar | editar código-fonte]

O romance é composto por quarenta capítulos curtos, figurando ao mesmo tempo quarenta quadros distintos, alguns deles ampliando o tema básico de outro ou de outros. O livro conta a história da infância de Carlos em um dos engenhos da Paraíba.

Capítulos de 1 a 8[editar | editar código-fonte]

A mãe do narrador (Clarisse) está morta, assassinada pelo pai no quarto de dormir. “Por quê?” Ninguém sabia compreender”. O menino, apesar de pequeno, sente o impacto da morte da mãe e a solidão que esta lhe deixa. “Então comecei a chorar baixinho para os travesseiros, um choro abafado de quem tivesse medo de chorar”.

O pai então é levado para o presídio. Era uma pessoa nervosa, um temperamento excitado, “para quem a vida só tivera o seu lado amargo”. Num momento de desequilíbrio, matara a esposa com quem sempre discutia. O narrador o recorda com saudade e ternura. O narrador lembra também, com ternura e carinho, a mãe tão precocemente ceifada pelo destino. Recorda as suas carícias, a sua bondade, a sua brandura. “Os criados amavam-na”. Era filha de senhor de engenho, mas “falava para todos com um tom de voz de quem pedisse um favor”.

Um mundo novo espera o narrador. “Três dias depois da tragédia, levaram-me para o engenho do meu avô materno. Eu ia ficar ali morando com ele”. Conduzido pelo tio Juca, que viera buscá-lo, encanta-se com tudo que vê: tudo é novidade naquele mundo novo. A imagem que sempre fizera do engenho era a “de um conto de fadas, de um reino fabuloso”. À primeira vista a realidade ia comprovando a fantasia.

Capítulo 4 a 15[editar | editar código-fonte]

O tio Juca leva o menino para o engenho do avô materno. Inicia-se a Segunda infância que vai até a puberdade. Há rápidos flagrantes: a viagem de trem, a chegada ao engenho, o tio Juca, a tia Maria (irmã de sua mãe Clarisse), avô José Paulino, os primos, a prima Lili, os moleques, o moleque Ricardo, o banho de rio, o leite mungido, a primeira visita ao engenho, os meninos e os banhos ruidosos, toda a vida de Carlos Melo.

Capítulos 22 a 25[editar | editar código-fonte]

Mostra o coronel José Paulino e sua propriedade, admiráveis como grandezas interdependentes, o que se amplia para a dimensão maior do patriarca, senhor do engenho que se confronta com senhores de engenho, no momento agudo de um poderio irremediavelmente ameaçado. sucessivamente aparecem: quadro religioso, superstições, crendices, o folclore, a literatura oral, seus transmissores no protóitipo que é uma gravura do nosso universo infantil, notícia ambulante dos engenhos, a briga e o assassinato, o carneiro e seu cavaleiro, a doença e a medicina caseira,incêndios de partido de cana e o heroísmo do homem na luta contra os elementos de uma natureza em convulsão, os serões, a mesa de refeição, a cozinha e o casamento.

Tempo e Espaço[editar | editar código-fonte]

  1. O tempo da narrativa é cronológico, segue desde os quatro anos de Carlinhos até os doze anos, quando ingressa no colégio interno.
  2. O cenário apresentado é a Zona da Mata nordestina, especificamente no engenho Santa Rosa, do coronel José Paulino, dentro desse espaço do engenho encontramos outros ambientes como a senzala, a casa-grande, a cachoeira, o engenho santa fé.

O tempo é Cronológico (tempo externo) e Psicológico  (tempo interno).

Alguns trechos que comprovam:

   - “Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu”.

   -“Todos me diziam que eu era um atrasado. Com doze anos sem saber nada.”

   -“Tinha uns doze anos quando conheci uma mulher, como homem”.

Ora, essa delimitação cronológica é do maior interesse não só psicológico, para a análise estrutural da obra quanto ao ângulo de visão do memorialista. Menino de Engenho nos impressiona acima de tudo é o adulto de mão dada com a criança, para a composição das legendas do seu flashback(...) [3]

Narrador[editar | editar código-fonte]

Foco narrativo: em primeira pessoa, narrado pelo personagem Carlos.

Narrativa memorialista

Publicações no estrangeiro[editar | editar código-fonte]

Menino do Engenho foi traduzido em francês em 1953 pela editora Deux Rives. Uma nova tradução francesa, ilustrada por André Diniz, foi publicada em 2013 pela editora Anacaona.

  • REGO, José lins do. L'Enfant de la plantation. Paris, éditions Anacaona, 2013. Tradução: Paula Anacaona. Prefácio: Paula Anacaona. Ilustrações: André Diniz.

Referências

  1. Revista Cândido n,.º 10 (Maio de 2012). Quero ser escritor, pág. 21.
  2. BOSI, Alfredo (2006). Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix. pp. 424–425 
  3. CASTELLO, José Aderaldo (1984). Menino de Engenho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. pp. 38–39