Mico-leão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaLeontopithecus[1][2]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Ordem: Primates
Família: Cebidae
Subfamília: Callitrichinae
Género: Leontopithecus
Lesson, 1840
Espécie-tipo
Leontopithecus makikina
Lesson, 1840
= Simia rosalia Linnaeus, 1766
Espécies
Leontopithecus caissara
Leontopithecus chrysomelas
Leontopithecus chrysopygus
Leontopithecus rosalia
Sinónimos
  • Leontideus Cabrera, 1956
  • Leontocebus Elliot, 1913

Mico-leão é uma denominação comum a macacos do Novo Mundo, do gênero Leontopithecus, subfamília Callitrichinae. São endêmicos da Mata Atlântica brasileira, com distribuição geográfica nos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Também chamados de micos, são animais de hábitos diurnos, arborícolas e gregários, vivendo em grupos familiares.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Caracterizam-se por possuir uma pelagem abundante e brilhante, principalmente ao redor da cabeça, formando uma espécie de "juba".[3] A face é quase nua, e as mãos pés são compridos com dedos muito longos e com garras.[3] São os maiores representantes dos Callitrichinae, chegando a pesar até 800 g e medir 76 cm de comprimento, contando com a cauda.[3][4] Não apresentam dimorfismo sexual, apesar das fêmeas chegarem a pesar mais que os machos durante o período de gestação.[4]

Distribuição geográfica e habitat[editar | editar código-fonte]

Os mico-leões são espécies endêmicas do Brasil, do bioma da Mata Atlântica, sendo originalmente encontrados do sul da Bahia até o litoral norte do Paraná e interior de São Paulo, ao sul do rio Tietê.[5][6] Atualmente são encontrados apenas em algumas poucas unidades de conservação porque apresentam distribuição geográfica muito restrita.[5] Habitam os estratos médios das copas das árvores, geralmente as florestas costeiras sempre úmidas, embora o mico-leão-preto ocorra a floresta estacional semidecidual.[6]

Taxonomia e evolução[editar | editar código-fonte]

Estudos moleculares corroboram a hipótese de que o gênero é monofilético, onde o gênero aparece como grupo irmão do clado formado por Callimico e os saguis pequenos (gêneros Callithrix, Cebuella e Mico).[7][8][9][10][11] A maioria das filogenias com base em morfologia recupera Leontopithecus como grupo irmão do clado dos saguis (gêneros Callithrix, Cebuella e Mico).[12][13] Alguns dados moleculares sugerem uma possível ancestralidade comum entre o gênero Callimico e Leontopithecus.[14] A diversificação das espécies de mico-leões ocorreu provavelmente a partir dos refúgios do Quaternário, sendo que o mico-leão-preto e o mico-leão-dourado compartilham um ancestral comum exclusivo, que provavelmente possuía pelagem escura.[7][15][16] Já o mico-leão-de-cara-dourada é considerada a primeira espécie a divergir no gênero.[17]

Relações filogenéticas de Leontopithecus.[17]

Callithrix jacchus

Cebuella pygmaea

Leontopithecus chrysomelas

Leontopithecus caissara

Leontopithecus rosalia

Leontopithecus chrysopygus

Filogenia baseada em análise de DNA mitocondrial.

O mico-leão-de-cara-preta, a última espécie a ser descrita, é morfologicamente mais aparentada ao mico-leão-preto, e também é válida como espécie propriamente dita, e não subespécie do mico-leão-preto, como já havia sido sugerido por Coimbra-Filho em 1990.[17][2][18][19]

Espécies[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre Mico-leão:
Commons Categoria no Commons
Wikispecies Diretório no Wikispecies

As espécies de mico-leão são facilmente distinguidas com base na coloração de sua pelagem:[1]

Imagem Nome científico Nome comum Distribuição Descrição
Leontopithecus rosalia (Linnaeus, 1766) Mico-leão-dourado Sudeste do Brasil pelagem toda dourada, ocasionalmente com extremidades escuras
Leontopithecus chrysomelas (Wied, 1820) Mico-leão-de-cara-dourada Sul da Bahia pelagem negra, com a face, membros e cauda dourados
Leontopithecus chrysopygus (Mikan, 1823) Mico-leão-preto Interior de São Paulo pelagem negra com dourado na parte traseira
Leontopithecus caissara Lorini & Persson, 1990 Mico-leão-de-cara-preta Sul de São Paulo e norte do Paraná pelagem dourada com a face, os membros e a cauda pretos

Referências

  1. a b Groves, C.P. (2005). Wilson, D. E.; Reeder, D. M, eds. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. p. 133. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. a b Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6 
  3. a b c AURICCHIO, P. (1995). «Gênero Leontopithecus». Primatas do Brasil. São Paulo - Brasil: Terra Brasilis Comércio de Material didático e Editora LTda - ME. 168 páginas. ISBN 85-85712-01-5 
  4. a b Kleiman, D.G.; Hoage, R.J.; Green, K.M. (1988). The Lion Tamarins, Genus Leontopithecus. Em Mittermeier, R.A.(ed) Ecology and Behavior of Neotropical Primates - Volume 2. Washington D.C.: World Wildlife Fund. pp. 299–347 
  5. a b Rylands, A. B, Kierulff, M. C. M. and Pinto, L. P. de S. 2002. Distribution and status of the lion tamarins. In: D. G. Kleiman and A. B. Rylands (eds), Lion Tamarins: Biology and Conservation, pp. 42-70. Smithsonian Institution Press, Washington, DC, USA.
  6. a b COIMBRA-FILHO, A.C.; MITTERMEIER, R.A. (1973). «Distribution and Ecology of the Genus Leontopithecus Lesson, 1840 in Brazil.» (PDF). Primates. 14 (1): 47-66. Consultado em 1 de outubro de 2012. Arquivado do original (PDF) em 27 de setembro de 2013 
  7. a b MUNDY,N.; KELLY, J. (2001). «Phylogeny of lion tamarins (Leontopithecus spp) based on interphotoreceptor retinol binding protein intron sequences». American Journal of Primatology. 54 (1): 33-40. doi:10.1002/ajp.1010 
  8. SCHNEIDER,H.;; et al. (1993). «Molecular Phylogeny of the New World Monkeys (Platyrrhini, Primates)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 2 (3): 225-242 
  9. CANAVEZ, F.C.;; et al. (1999). «Molecular phylogeny of new world primates (Platyrrhini) based on beta2-microglobulin DNA sequences.». Molecular Phylogenetics and Evolution. 12 (1): 74-82. doi:10.1006/mpev.1998.0589 
  10. HOROVITZ, I.; MEYER, A. (1995). «Systematics of New World Monkeys (Platyrrhini, Primates) Based on 16S Mitochondrial DNA Sequences: A Comparative Analysis of Different Weighting Methods in Cladistic Analysis» (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution. 4 (4): 448-456 
  11. CÓRTEZ-ORTIZ, L. (2009). «Molecular Phylogenetics of the Callitrichidae with an Emphasis on the Marmosets and Callimico». In: Ford, S.M.; Porter, L.M. e Davis, L.L.C. (eds). The Smallest Anthropoids. Nova Iorque: Springer. pp. 3–24. ISBN 978-1-4419-0292-4 
  12. Garbino, Guilherme S. T. (1 de dezembro de 2015). «How many marmoset (Primates: Cebidae: Callitrichinae) genera are there? A phylogenetic analysis based on multiple morphological systems». Cladistics (em inglês). 31 (6): 652–678. ISSN 1096-0031. doi:10.1111/cla.12106 
  13. Rosenberger, Alfred L.; Coimbra-Filho, Adelmar F. (1 de janeiro de 1984). «Morphology, Taxonomic Status and Affinities of the Lion Tamarins, Leontopithecus (Callitrichinae, Cebidae)». Folia Primatologica (em english). 42 (3-4): 149–179. ISSN 0015-5713. doi:10.1159/000156159 
  14. Barroso, C.M.L.; Schneider, H.; Schneider, M.P.C.; Sampaio, I.; Harada, M.L.; Czelusniak, J.; Goodman, M. (1997). «Update on the Phylogenetic Systematics of New World Monkeys: Further DNA Evidence for Placing the Pygmy Marmoset (Cebuella) within the Genus Callithrix». International Journal of Primatology. 18 (4): 651-674. ISSN 1573-8604. doi:10.1023/A:1026371408379 
  15. Perez-Sweeney BM. 2002. The molecular systematics of Leontopithecus, population genetics of L. chrysopygus and the contribution of these two sub-fields to the conservation of L. chrysopygus. PhD Thesis, Columbia University, New York.
  16. PEREZ-SWEENEY, B.M.;; et al. (2005). «Dinucleotide microsatellite primers designed for a critically endangered primate, the black lion tamarin (Leontopithecus chrysopygus)». Molecular Ecology Notes. 5 (2): 198-201. doi:10.1111/j.1471-8286.2005.00875.x 
  17. a b c Perez-Sweeney, B.M.;; et al. (2008). «Examination of the Taxonomy and Diversification of Leontopithecus using the Mitochondrial Control Region». International Journal of Primatology. 29 (1): 245-263. ISSN 1573-8604. doi:10.1007/s10764-007-9224-7 
  18. BURITY, C. H. F.;; et al. (1999). «Cranial and mandibular morphometry in Leontopithecus lesson, 1840 (Callitrichidae, Primates)». American Journal of Primatology. 48 (3): 185-196. doi:10.1002/(SICI)1098-2345(1999)48:3<185::AID-AJP2>3.0.CO;2-7 
  19. Garbino, Guilherme Siniciato Terra; Rezende, Gabriela Cabral; Valladares-Padua, Claudio (1 de janeiro de 2016). «Pelage Variation and Distribution of the Black Lion Tamarin, Leontopithecus chrysopygus». Folia Primatologica (em english). 87 (4): 244–261. ISSN 0015-5713. doi:10.1159/000450998