Microexpressão

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Contrações musculares da face via estímulo elétrico (em Mécanisme de la Physionomie Humaine, 1862) de Guillaume-Benjamin Duchenne

A microexpressão (pré-AO 1990: micro-expressão) é uma expressão facial involuntária mostrada na face do ser humano, quando este tenta esconder uma emoção.[1] Elas costumam ocorrer em situações de tensão, onde as pessoas têm algo a perder ou a ganhar. Diferentemente das expressões faciais normais, é difícil disfarçar e não se pode fingir uma microexpressão.[carece de fontes?]

No âmbito da sua teoria pioneira NeuroFACS 3.0 (Neuro Facial Action Coding System 3.0), Armindo Freitas-Magalhães criou, em 2019, os conceitos de neuromicroexpressão e neuromacroexpressão,[2][3] atualmente utilizados pela Interpol, Federal Bureau of Investigation, Agência de Segurança Nacional, diversos órgãos policiais e pela comunidade científica.[carece de fontes?]

Segundo o psicólogo norte-americano Paul Ekman, as sete emoções universais são nojo, raiva, medo, tristeza, alegria, surpresa e desprezo.[4] No entanto, Paul Ekman expandiu sua lista de emoções básicas, incluindo uma gama de emoções positivas e negativas dos quais nem todas são codificadas nos músculos faciais. Estas emoções são diversão, desprezo, excitação, culpa, mentira, orgulho, alívio, satisfação, prazer e vergonha. Tais expressões duram por volta de meio segundo.[carece de fontes?]

Tipos[editar | editar código-fonte]

Comuns[editar | editar código-fonte]

Aparecem quando as pessoas tentam deliberadamente ocultar suas emoções (ou inconscientemente reprimir suas emoções), visível apenas a pessoas treinadas.[carece de fontes?]

Sutis[editar | editar código-fonte]

São "mini" movimentos faciais que muitas vezes aparecem em apenas uma região do rosto: as sobrancelhas, cantos dos olhos, pálpebras, bochechas, nariz ou boca. Esses pequenos movimentos podem ocorrer quando uma emoção começa gradualmente. Os indivíduos apresentam expressões tão leves que podem passar desapercebidas pelo próprio indivíduo de que ele ou ela estão exteriorizando sentimentos de emoção.[carece de fontes?]

Técnica[editar | editar código-fonte]

Durante uma consulta ou interrogatório, além de concentrar-se na linguagem oral, é dada especial atenção aos micro movimentos faciais involuntários. Associados a uma imagem apresentada, a palavra proferida ou ouvida pelo indivíduo, é possível detectar-se o tipo de emoção que aquela imagem, palavra ou conjunto de palavras provoca no seu inconsciente. Ao longo de um breve diálogo, é possível saber-se com precisão os sentimentos e emoções geradas e não verbalizadas. Em muitos casos, essa técnica substitui o polígrafo (detector de mentiras).[carece de fontes?]

Críticas[editar | editar código-fonte]

A utilização do trabalho de Paul Ekman sobre microexpressões pela Administração de Segurança no Transporte (TSA) dos Estados Unidos foi criticada por diversos avaliadores de credibilidade por não ter passado por testes científicos suficientes.[5] Um relatório de 2007 sobre o programa de Triagem de Passageiros por Técnicas de Observação (SPOT) da TSA afirmou que "simplesmente, pessoas (incluindo caçadores de mentiras profissionais com uma experiência extensiva em aferição de veracidade) alcançariam taxas de sucesso parecidas se usassem o cara ou coroa".[6] Já que os testes tipicamente envolvem pessoas fingindo ser terroristas, essas pessoas dificilmente sentiriam as mesmas emoções de terroristas reais.[5] Em 2013, o inspetor geral do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos criticou o programa em um relatório, afirmando que a TSA "não é capaz de garantir que passageiros em aeroportos são rastreados objetivamente, de mostrar que o programa é financeiramente eficaz ou justificar a expansão do programa."[7]

Em 2019, a psicóloga Lisa Feldman Barrett e um painel de autores avaliaram cerca de mil relatórios sobre expressões faciais. Depois de mais de dois anos de pesquisa, eles chegaram à conclusão de que "há pouca ou nenhuma evidência de que pessoas podem inferir com segurança o estado emocional de outra pessoa a partir de um grupo de movimentos faciais."[8] Rejeitando a ideia da universalidade de expressões, ela considerou tentar julgar as expressões faciais de outras pessoas um "exercício fútil".[9]

Críticas metodológicas ao trabalho de Ekman focam na natureza essencialmente circular e tautológica de seus experimentos sobre microexpressões, onde eram mostradas algumas fotografias de "emoções básicas" para os sujeitos testados, e então lhes era pedido que elas fossem correspondidas ao mesmo conjunto de conceitos que originaram sua produção.[10] Ekman mostrava fotografias selecionadas entre mais de 3000 imagens de indivíduos que haviam recebido ordens para simular emoções, que ele editava para conter "aquelas que mostravam apenas a visão pura de uma única emoção," não usando qualquer controle e sujeitas apenas à intuição do próprio Ekman.[10] Se Ekman arbitrariamente sentisse que uma fotografia qualquer não representava a emoção "pura" correta, ele a excluía.[11]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Freitas-Magalhães, A. (2012). Microexpression and macroexpression. In V. S. Ramachandran (Ed.), Encyclopedia of Human Behavior (Vol. 2, pp.173-183). Oxford: Elsevier/Academic Press. ISBN 978-008-088-575-9x
  2. Freitas-Magalhães, A. (2019). Human Microexpressions: Brain, Face and the Emotion.Porto: FEELab Science Books. ISBN 9789898766649
  3. Freitas-Magalhães, A. (2019). NeuroFACS 3.0: A Neurociência da Face.Porto: FEELab Science Books. ISBN 9789898766618
  4. P. Ekman, “Facial Expressions of Emotion: an Old Controversy and New Findings”, Philosophical Transactions of the Royal Society, London, B335:63-69, 1992
  5. a b Weinberger, Sharon (maio de 2010). «Airport security: Intent to deceive?». Nature (em inglês) (7297): 412–415. ISSN 0028-0836. doi:10.1038/465412a. Consultado em 16 de setembro de 2022 
  6. Honts, Charles R.; Hartwig, Maria (1 de janeiro de 2014). Raskin, David C.; Honts, Charles R.; Kircher, John C., eds. «Chapter 2 - Credibility Assessment at Portals»Subscrição paga é requerida. San Diego: Academic Press (em inglês): 37–61. ISBN 978-0-12-394433-7. doi:10.1016/b978-0-12-394433-7.00002-6. Consultado em 16 de setembro de 2022 
  7. Ali, Rafat (5 de junho de 2013). «After $900 million spent on TSA's behavioral screening program, it isn't working». Skift (em inglês). Consultado em 16 de setembro de 2022 
  8. Heaven, Douglas (26 de fevereiro de 2020). «Why faces don't always tell the truth about feelings». Nature (em inglês) (7796): 502–504. doi:10.1038/d41586-020-00507-5. Consultado em 16 de setembro de 2022 
  9. Sarwari, Khalida (19 de julho de 2019). «Northeastern University professor says we can't gauge emotions from facial expressions alone». News @ Northeastern (em inglês). Consultado em 16 de setembro de 2022 
  10. a b Ekman, Paul; Sorenson, E. Richard; Friesen, Wallace V. (4 de abril de 1969). «Pan-Cultural Elements in Facial Displays of Emotion». Science (em inglês) (3875): 86–88. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.164.3875.86. Consultado em 16 de setembro de 2022 
  11. Plamper, Jan (2015). The history of emotions: an introduction. Keith Tribe First edition ed. Oxford, United Kingdom: [s.n.] p. 153. OCLC 898476808