Modelo nórdico
O modelo nórdico (ou capitalismo nórdico[1] ou social-democracia nórdica[2][3]) refere-se aos modelos econômicos e sociais dos países nórdicos (Dinamarca, Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia), que envolve a combinação de uma economia de livre mercado com um estado de bem-estar social.[4]
Embora existam diferenças significativas entre os países nórdicos, todos eles compartilham alguns traços comuns: suporte para um estado de bem-estar social universalista (em relação a outros países desenvolvidos ), que é voltado especificamente para melhorar a autonomia individual, promovendo a mobilidade social e assegurando a prestação universal de direitos humanos básicos; e a estabilização da economia.
O modelo nórdico se distingue de outros tipos de estados de bem-estar por sua ênfase na participação da força de trabalho, promovendo igualdade de gênero, igualitarismo social, extensos níveis de benefícios, grande magnitude de redistribuição da riqueza e uso liberal da política fiscal expansionista.[5] A combinação nórdica de uma extensa oferta pública de bem-estar e individualismo tem sido descrita por Lars Tragardh, do Ersta Sköndal University College, como um individualismo estatista.[6]
Às vezes confundido pelos norte-americanos como socialista e simultaneamente criticado pelos escandinavos como excessivamente capitalista, o modelo nórdico poderia ser melhor descrito como uma espécie de meio-termo. Não é nem totalmente capitalista nem totalmente socialista, é a tentativa de fundir os elementos mais desejáveis de ambos em um sistema "híbrido".[7] Em 2013, o The Economist declarou que os países nórdicos "são provavelmente os mais bem governados do mundo".[6] O relatório World Happiness Report 2013 da ONU mostra que as nações mais felizes estão concentradas no Norte da Europa, com a Dinamarca no topo da lista. Os nórdicos possuem a mais alta classificação no PIB real per capita, a maior expectativa de vida saudável, a maior liberdade de fazer escolhas na vida e a maior generosidade.[8]
O modelo nórdico, contudo, não é um conjunto idêntico de políticas e regras em todos os países, cada um dos países nórdicos tem seus próprios modelos económicos e sociais, por vezes com grandes diferenças em relação a seus vizinhos. Alguns países nórdicos, por exemplo, fizeram experiências com mecanismos de livre mercado nos últimos 20 anos. A política neoliberal da Suécia, como a redução do papel do setor público ao longo das últimas décadas, resultou no crescimento mais rápido na desigualdade de qualquer economia dentro da OCDE [9] No entanto, a Suécia continua a ser mais igualitária do que a maioria das sociedades.
Características
Publicações econômicas, tais como o The Nordic Model - Embracing globalization and sharing risks, caracterizam o sistema da seguinte forma:[10]
- Elaborada rede de segurança social, além de serviços públicos, como educação gratuita e cuidados universais de saúde.[10]
- Fortes direitos de propriedade, cumprimento de contratos e facilidade geral de fazer negócios.[11]
- Baixas barreiras ao livre comércio.[11] Isso é combinado com partilha de risco coletivo de programas sociais, mercado de trabalho e instituições que têm proporcionado uma forma de proteção contra os riscos associados à abertura econômica.[10]
- Pouca regulamentação no mercado de produtos. Os países nórdicos classificam-se muito alto na liberdade de produtos de mercado, de acordo com a classificação da OCDE.[10]
- Baixos níveis de corrupção. Pelos critérios da Transparência Internacional de 2012, o Corruption Perceptions Index, todos os cinco países nórdicos estavam classificados entre os 11 menos corruptos de 176 países avaliados.[12]
- Elevada percentagem de trabalhadores que pertencem a um sindicato. Em 2010, a densidade sindical era de 69,9% na Finlândia, 68,3% na Suécia e 54,8% na Noruega. Em comparação, a densidade sindical era de 12,9% no México e 11,3% nos Estados Unidos.[13]
- A despesa pública em saúde e educação é significativamente mais elevada na Dinamarca, Suécia e Noruega, em comparação com a média da OCDE.[14]
- A carga fiscal (em percentagem do PIB) está entre as mais elevadas do mundo: Suécia (51,1%), Dinamarca (46% em 2011)[15] e Finlândia (43,3%); em comparação com os países não nórdicos como Alemanha (34,7 %), Canadá (33,5%) e Irlanda (30,5%).
- O modelo nórdico tem sido bem sucedido em amenizar significativamente a pobreza.[16]
Referências
- ↑ The Nordic Way, Klas Eklund, Henrik Berggren and Lars Trägårdh. 2011.
- ↑ Nik Brandal, Øivind Bratberg, Dag Einar Thorsen. The Nordic Model of Social Democracy. Palgrave Macmillan, 2013. ISBN 1137013265
- ↑ Swedish Government Resisting Calls for Saab Rescue. ThinkProgress, 2009
- ↑ «The surprising ingredients of Swedish success - free markets and social cohesion» (PDF). Institute of Economic Affairs. June 25, 2013. Consultado em January 15, 2014 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Esping-Andersen, G. (1991). The three worlds of welfare capitalism. Princeton, NJ: Princeton University Press.
- ↑ a b The secret of their success. The Economist. 2nd Feb 2013.
- ↑ Jerry Mander (24 julho 2013). "There Are Good Alternatives to US Capitalism, But No Way to Get There." Alternet. Acessado em 27 de julho de 2013.
- ↑ Carolyn Gregoire (10 September 2013). The Happiest Countries In The World (INFOGRAPHIC). The Huffington Post. Retrieved 1 October 2013.
- ↑ Swedish riots rage for fourth night. The Guardian. 23 May 2013.
- ↑ a b c d Torben M. Andersen, Bengt Holmström, Seppo Honkapohja, Sixten Korkman, Hans Tson Söderström, Juhana Vartiainen. The Nordic Model - Embracing globalization and sharing risks
- ↑ a b Index of Economic Freedom
- ↑ «CPI 2012 table». Transparency International. Consultado em 23 de abril de 2013
- ↑ "Trade Union Density" OECD StatExtracts. 2010. Acessado em 3 maio 2013.
- ↑ OECD. Growing Unequal? Income Distribution and Poverty in OECD Countries. Organisation for Economic Co-Operation and Development. 2008. p. 232-233
- ↑ «Skattetrykket». Danish Ministry of Taxation. Consultado em 24 de junho de 2012
- ↑ Kevin Drum (26 setembro 2013). We Can Reduce Poverty If We Want To. We Just Have To Want To. Mother Jones (magazine). Acessado em 5 outubro 2013.
Ver também
Ligações externas
- The Nordic Way — World Economic Forum. Davos 2011
- Utopia sustained: The Nordic model of social democracy. Dag Einar Thorsen, Nik Brandal, Øivind Bratberg. Fabian Society, 8 abril 2013.
- The secret of their success. The Economist. 2 de fevereiro 2013.