Moita

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Moita

Praia do Rosário, na freguesia de Gaio-Rosário

Brasão de Moita Bandeira de Moita

Localização de Moita

Gentílico Moitense
Área 55,26 km²
População 66 262 hab. (2021)
Densidade populacional 1 199,1  hab./km²
N.º de freguesias 4
Presidente da
câmara municipal
Carlos Edgar Rodrigues Albino (PS, 2021-2025)
Fundação do município
(ou foral)
1691
Região (NUTS II) Área Metropolitana de Lisboa
Sub-região (NUTS III) Área Metropolitana de Lisboa
Distrito Setúbal
Província Estremadura
Orago Nossa Senhora da Boa Viagem
Feriado municipal Terça-feira após o segundo Domingo de Setembro
Código postal 2860
Sítio oficial www.cm-moita.pt
Município de Portugal

A Moita é uma vila portuguesa pertencente ao distrito de Setúbal e à Área Metropolitana de Lisboa, com 19 998 habitantes (2021).

É sede do município da Moita[1] com 55,26 km² de área[2] e 66262 habitantes (2021),[3][4] subdividido em 4 freguesias.[1] O município é limitado a norte, através de baixios do estuário do Tejo, pela área principal do município do Montijo, a nordeste também pelo Montijo, a sudeste e sul por Palmela e a oeste pelo Barreiro.

História[editar | editar código-fonte]

As origens da ocupação humana no concelho da Moita remontam aos inícios do Neolítico e correspondem a uma ocupação de carácter habitacional com cerca de 6 mil anos, comprovada pelos achados arqueológicos da jazida do Gaio.

Contudo, não se conhece uma continuidade da ocupação do espaço, na medida em que só a partir de meados do século XIII podemos apontar a existência de um núcleo humano em Alhos Vedros, como certifica o mais antigo documento que se conhece referente a esta localidade, que confirma a existência desse lugar com um capelão chamado Fernão Rodrigues, datado de 30 de janeiro de 1298.

Estuário do Tejo

O povoamento da faixa ribeirinha, na qual se integra o território do atual concelho da Moita, só terá ocorrido de forma mais ou menos contínua com a pacificação de toda esta zona, daí se supõe que apenas terá sucedido após a reconquista definitiva de Alcácer do Sal no ano de 1217.

Toda esta extensa região (doada por D. Sancho I em 1186) que se estendia desde a margem sul do rio Tejo até à margem extrema do Alentejo estava na dependência direta da Ordem Militar de Santiago. É neste contexto que surge a designação de Riba Tejo, termo utilizado pelos freires de Santiago para denominarem o vasto território compreendido entre o rio de Coina e a ribeira das Enguias e no qual nasceram e se foram desenvolvendo vários núcleos populacionais, atraídos pela força do estuário.

É no âmbito desta estrutura organizacional que surge a freguesia de São Lourenço de Alhos Vedros, confirmada documentalmente por uma sentença, datada de 5 de outubro de 1319. O período que medeia os séculos XIV e XVI é propício ao desenvolvimento económico e populacional de Alhos Vedros, de tal forma que vê crescer a sua importância no contexto regional, ao receber o estatuto de vila (1477), o poder municipal (1479) e a carta de foral (1514).

Contudo, no final do século XIV e início do século XV, é que terá assumido o seu período áureo, abrangendo o seu termo um extenso território que compreendia os atuais concelhos do Barreiro e da Moita, estendendo-se desde a Ribeira de Coina até Sarilhos Pequenos. Embora detivesse uma área de jurisdição, o antigo concelho de Alhos Vedros estava na dependência direta da Ordem Militar de Santiago, a sua donatária, pelo que constituía uma comenda da Mesa Mestral da Ordem.

É neste contexto espaciotemporal que vão surgindo pequenos aglomerados, constituídos por pouco mais do que uma dezena de habitantes, demonstrando que a humanização no território do atual concelho da Moita se fez muito lentamente, o que se deveu, em grande parte, à estrutura do solo, coberto exclusivamente por matas e extensos pinhais.

Moinho de Maré de Alhos Vedros

Dados os imperativos geográficos, os aglomerados que nasceram no termo de Alhos Vedros cresceram em estreita articulação com o trabalho no rio, através de uma rede efetiva de ligações fluviais com a outra margem, o que permitia uma rápida circulação de pessoas e de bens. Aliás, o desenvolvimento da Moita está indissociavelmente ligado ao transporte de cabotagem, atividade que a converteu numa terra de passagem e num importante nó de ligação entre o sul do país e a cidade de Lisboa.

Assim, à medida que se assiste ao crescimento da Moita, que culmina com a sua elevação a vila em 1691, Alhos Vedros vai lentamente declinando, situação que se reflete na desintegração do seu território e no consequente decréscimo da população, de modo que, no século XVIII, Alhos Vedros tinha apenas 124 moradores, enquanto a Moita já registava 225 “vizinhos” e o lugar de Sarilhos Pequenos 55 “vizinhos”.

Nos finais do século XVII, passaram-se a ter duas vilas e dois concelhos com as respetivas áreas jurisdicionais, administradas individualmente por dois juízes ordinários, vereadores, um procurador do concelho, um escrivão da Câmara, um juiz dos órfãos com o seu escrivão, dois tabeliões, um alcaide e uma companhia de ordenança.

No século XIX, no decorrer das reformas administrativas empreendidas pelo governo liberal, Alhos Vedros perdeu definitivamente a sua autonomia municipal e foi integrado como freguesia, num primeiro momento, no Barreiro (1855) e, num segundo momento, na Moita (1861). Na última década deste século, com a segunda extinção do concelho da Moita (1895), a freguesia de Alhos Vedros voltou a ser anexada, por mais três anos, ao Barreiro, para ser de novo reintegrada, em definitivo, no concelho da Moita (1898).[5]

Artesanato[editar | editar código-fonte]

Varino, embarcação típica do Tejo

De entre um vasto conjunto de atividades desenvolvidas por artesãos do concelho, muitas das quais trazidas de outras regiões do país pelas vagas de migrantes que aqui se instalaram, tais como a latoaria, a cestaria, a olaria, entre outras, a mais emblemática do concelho da Moita é a construção de miniaturas de barcos típicos do Tejo nas freguesias do Gaio-Rosário e de Sarilhos Pequenos.

Peças como varinos, faluas e fragatas são habilmente reproduzidas à escala por antigos marítimos, cuja vida cedo os empurrou para a labuta nestas embarcações. Começaram por ser “moços”, aos nove ou dez anos, depois passaram a “camaradas” e mais tarde a “arrais”, as três etapas possíveis desta ancestral atividade que consistia em fazer o transporte de produtos e pessoas entre as margens sul e norte do rio Tejo. As decorações típicas não podiam deixar de embelezar estes barcos, onde as cores garridas das tintas ilustram paisagens, cenas religiosas, números, letras e flores.[6]

Caracterização[editar | editar código-fonte]

O concelho da Moita, território integrante da Área Metropolitana de Lisboa, situa-se na margem esquerda do Estuário do Tejo, com uma frente ribeirinha superior a 20 km. Com exceção do Vale da Amoreira, todas as outras freguesias (Alhos Vedros, Baixa da Banheira, Gaio-Rosário, Moita e Sarilhos Pequenos) estão em contacto com o rio.

A nova centralidade e a acessibilidade trazidas pela construção da Ponte Vasco da Gama constituem um trunfo no posicionamento deste concelho na região de Setúbal, nomeadamente para a valorização dos seus recursos naturais e zona ribeirinha, constituindo um atrativo para a instalação de novos equipamentos, empresas e residentes. Estão, assim, a surgir novas oportunidades para o desenvolvimento local e regional, resultantes do esforço da Câmara Municipal na requalificação urbanística e ambiental.[7]

Evolução da População do Município[editar | editar código-fonte]

★ Os Recenseamentos Gerais da população portuguesa, regendo-se pelas orientações do Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853, tiveram lugar a partir de 1864, encontrando-se disponíveis para consulta no site do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Número de habitantes * [8]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
4 404 4 808 5 490 6 350 6 117 7 062 9 486 12 384 19 465 29 110 38 735 53 240 65 086 67 449 66 029 66 255
Número de habitantes por Grupo Etário ** [9] [10]
1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
0-14 Anos 2 342 2 440 2 246 3 287 4 045 5 740 8 018 9 935 13 766 14 288 11 231 10 549 9 809
15-24 Anos 1 201 1 114 1 455 2 019 2 247 3 591 4 934 5 815 8 130 10 223 10 314 7 424 7 370
25-64 Anos 2 533 2 389 3 100 3 849 5 495 9 118 14 820 20 465 27 008 33 959 37 213 36 775 34 562
= ou > 65 Anos 250 260 280 391 495 798 1 338 2 520 4 336 6 616 8 691 11 281 14 514
  • Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.
    • De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.

Freguesias[editar | editar código-fonte]

Freguesias do município da Moita.
O município da Moita está dividido em 4 freguesias:[1]

0

0

Gastronomia[editar | editar código-fonte]

Arroz de marisco

Terra de mar e fragatas, a gastronomia da Moita está estreitamente ligada ao rio Tejo. Nos vários restaurantes do concelho, podem ser provadas iguarias que fazem parte da gastronomia local e que merecem ser apreciadas demoradamente:[11]

  • Caldeirada à Fragateiro
  • Massinha da Caldeirada
  • Ensopado de Enguias
  • Arroz de Marisco
  • Choco Frito
  • Massa de Peixe
  • Massinha de Sapateira
  • Grelhados no carvão
  • Sopa Caramela
  • Lamejinhas com Cebola
  • Farrafuza
  • Feijoada de Choco

Património[editar | editar código-fonte]

Capela de Nossa Senhora do Rosário

No município da Moita existe designadamente o seguinte património arquitetónico e histórico:

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas [12][editar | editar código-fonte]

Data % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V % V Participação
FEPU/APU/CDU PS PCTP/ MRPP PPD/PSD UDP/BE CDS-PP AD PPM PRD PSD-CDS PAN MPT CH A ADN GDUP PCP (ml) PSN PTP
1976 63,82 6 21,14 1 1,40 - 9,70 - 1,24 -
70,65 / 100,00
1979 67,06 6 13,81 1 0,82 - 9,19 - 6,59 - 1,15 -
76,36 / 100,00
1982 65,41 6 16,85 1 0,85 - AD 3,73 - AD 10,71 - AD
75,81 / 100,00
1985 61,26 5 18,35 1 3,48 - 13,24 1
60,56 / 100,00
1989 53,76 4 23,02 2 2,68 - 16,48 1
48,84 / 100,00
1993 52,79 6 23,59 2 2,45 - 14,32 1 2,24 - 0,79 -
52,77 / 100,00
1997 45,25 5 33,32 3 2,54 - 10,15 1 1,74 - 2,27 -
47,91 / 100,00
2001 41,40 5 32,53 3 3,87 - 10,98 1 3,35 - 3,12 -
45,94 / 100,00
2005 49,79 5 26,17 2 2,05 - CDS-PP 8,83 1 PPD/PSD 9,12 1
49,52 / 100,00
2009 44,93 5 26,64 3 2,59 - 7,92 - 11,60 1 3,46 -
46,88 / 100,00
2013 45,54 5 24,80 3 2,75 - 6,19 - 8,43 1 1,96 - 2,37 - 0,86 -
40,35 / 100,00
2017 41,10 4 28,99 3 2,68 - CDS-PP 10,30 1 PPD/PSD 8,47 1 3,56 - PSD-CDS
42,88 / 100,00
2021 33,07 4 37,63 4 7,56 - PSD-CDS 6,61 - 2,75 - 8,97 1 PSD-CDS PSD-CDS
42,12 / 100,00

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data %
PCP PS UDP PSD CDS APU/

CDU

AD FRS PRD PSN BE PAN PSD
CDS
L CH IL
1976 61,84 19,12 6,07 4,12 2,45
1979 APU 14,34 7,36 AD AD 61,15 12,35
1980 FRS 5,74 59,25 14,63 15,58
1983 21,62 3,73 7,84 3,13 60,11
1985 11,31 3,90 10,14 2,60 50,65 17,81
1987 CDU 13,25 2,97 24,31 1,44 43,77 9,07
1991 23,66 27,47 2,29 37,05 1,00 2,28
1995 39,93 1,34 14,88 5,62 33,33 0,19
1999 38,82 14,00 4,48 34,40 0,27 3,59
2002 36,06 19,13 6,26 29,40 4,86
2005 39,29 12,46 3,52 28,81 11,12
2009 30,63 11,11 7,65 27,82 16,36
2011 26,53 18,66 9,47 27,74 8,44 1,39
2015 32,22 CDS PSD 27,56 13,50 1,98 15,12 0,84
2019 37,91 9,15 2,24 22,77 12,90 3,97 0,94 2,00 0,63
2022[13] 49,31 10,05 1,03 13,84 6,20 1,75 1,04 9,79 3,16

Geminações[editar | editar código-fonte]

A vila da Moita é geminada com as seguintes localidades:[14]

Referências

  1. a b c Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
  2. Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 9 de dezembro de 2013 
  3. INE (2012). Censos 2011 Resultados Definitivos – Região Lisboa (PDF). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 98. ISBN 978-989-25-0185-7. ISSN 0872-6493. Consultado em 15 de abril de 2014 
  4. INE (2012). «Quadros de apuramento por freguesia» (XLSX-ZIP). Censos 2011 (resultados definitivos). Tabelas anexas à publicação oficial; informação no separador "Q101_LISBOA". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 27 de julho de 2013 
  5. Câmara Municipal de Moita (2004). «Retrato em Movimento do Concelho da Moita». Consultado em 27 de junho de 2017 
  6. «Artesanato | CM Moita». www.cm-moita.pt. Consultado em 27 de junho de 2017 
  7. «Caracterização | CM Moita». www.cm-moita.pt. Consultado em 27 de junho de 2017 
  8. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  9. INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  10. INE - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0011166&contexto=bd&selTab=tab2
  11. «Gastronomia | CM Moita». www.cm-moita.pt. Consultado em 27 de junho de 2017 
  12. «Concelho da Moita : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media». www.marktest.com. Consultado em 27 de dezembro de 2021 
  13. «Eleições Legislativas 2022 - Moita». legislativas2022.mai.gov.pt. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  14. «Geminações de Cidades e Vilas - Moita». www.anmp.pt. Consultado em 27 de junho de 2017 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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