Chora-chuva-de-cara-branca

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Espécime descrito em 1841 num desenho de William Swainson para A selection of the birds of Brazil and Mexico
Espécime descrito em 1841 num desenho de William Swainson para A selection of the birds of Brazil and Mexico
Espécime de chora-chuva-de-cara-branca se alimentando em São Jorge Sumaco Balo perto de Loreto, Equador
Espécime de chora-chuva-de-cara-branca se alimentando em São Jorge Sumaco Balo perto de Loreto, Equador
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Piciformes
Família: Bucconidae
Género: Monasa
Espécie: M. morphoeus
Nome binomial
Monasa morphoeus
(Hahn & Küster, 1823)
Distribuição geográfica
Distribuição do chora-chuva-de-cara-branca na América Central e América do Sul
Distribuição do chora-chuva-de-cara-branca na América Central e América do Sul

O chora-chuva-de-cara-branca,[2] também chamado bico-de-cravo, bico-de-fogo, juiz-do-mato, sauni, tungurupará, tamburapará, tamburipará, tamburupará, tamuripará, tangurupará e bico-de-brasa-de-testa-branca[3] (nome científico: Monasa morphoeus) é uma espécie de ave piciforme da família dos buconídeos (Bucconidae). É encontrada na América Central (Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá) e América do Sul (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela).[4]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A chora-chuva-de-cara-branca são atribuídas sete subespécies:

  • M. m. grandior (Pl Sclater & Salvin, 1868)
  • M. m. fidelis (Nelson, 1912)
  • M. m. pallescens (Cassin, 1860)
  • M. m. sclateri (Ridgway, 1912)
  • M. m. peruana (PL Sclater, 1856)
  • M. m. rikeri (Ridgway, 1912)
  • M. m. morphoeus (Hahn & Küster, 1823)

As primeiras quatro subespécies foram tratadas ao mesmo tempo como espécies individuais. Outros autores incluíram rikeri no morphoeus nominal. Aves no nordeste da Bolívia foram sugeridas como uma subespécie separada, mas permanecem incluídas no peruana. A chora-chuva-de-cara-branca, a chora-chuva-preto (M. nigrifrons) e a chora-chuva-de-asa-branca (M. morphoeus) são geralmente tratadas como uma superespécie.[5][6]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A chora-chuva-de-cara-branca é de 21 a 29 centímetros (8,3 a 11 polegadas) de comprimento. Aves na América Central pesam de 90 a 101 gramas (3,2 a 3,6 onças), aquelas na Amazônia oriental pesas de 77 a 87 gramas (2,7 a 3,1 onças), aquelas na Venezuela de 63 a 80 gramas (2,2 a 2,8 onças), e aquelas na Bolívia 80 a 84 gramas (2,8 a 3,0 onças). O adulto da subespécie nominal é principalmente preto acinzentado escuro, um pouco mais cinza nas partes inferiores. Sua testa ("frente") e queixo são brancos. Seu bico é vermelho-alaranjado, os olhos castanhos e as pernas pretas. Os imaturos têm um rosto amarelo-avermelhado e as penas do corpo têm um tom e bordas acastanhadas.[5]

As outras subespécies de chora-chuva-de-cara-branca diferem em tamanho, a escuridão de sua plumagem e a extensão do branco no rosto. As aves do norte são maiores que as do sul. M. m. sclateri tem um queixo preto, pouco contraste entre as partes superior e inferior e coberturas das asas mais pálidas do que o nominal. M. m. pallescens é semelhante a sclateri, mas em geral mais pálido com mais contraste, e a mancha branca na testa é a maior de todas as subespécies. M. m. fidelis é como pallescens, mas um pouco mais escura e com o queixo esbranquiçado. M. m. grandior é um pouco mais escuro que o fidelis e com pouco contraste. M. m. rikeri é ligeiramente mais pálida que a nominal e M. m. peruana ainda mais pálida.[5]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

As subespécies de chora-chova-de-cara-branca são distribuídas assim:[4][5]

Seus habitats naturais são florestas subtropicais e tropicais úmidas de planície, florestas subtropicais e tropicais úmidas montanas. Geralmente prefere níveis médios ao dossel de florestas de terra firme. Também é encontrado em áreas circundantes parcialmente desmatadas, floresta de galeria, floresta de transição, floresta de várzea, clareiras e plantações de cacau sombreadas; às vezes manchas contíguas de crescimento secundário. Principalmente encontrado abaixo de 300 metros, podendo atingir até 750 metros no Panamá; atinge 1050 metros no Peru e localmente 1350 metros no Equador.[8]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

A chora-chuva-de-cara-branca alimenta-se principalmente de artrópodes (grilos, besouros, bichos-pau, louva-a-deus, cigarras, lagartas, mariposas, pequenas borboletas, libélulas, aranhas, centopeias, milípedes e escorpiões), de rãs e pequenos lagartos; também come frutas. Tem uma variedade de vocalizações. Exemplos são "um assobio descendente borrado com trinado ondulante curto, peeeur-r-r-r-r; também um alto e triste how how how e vários trinados ondulantes, ruídos e chocalhos" e "coros de grupo de gorgolejos altos, notas de latido". Se reproduz entre dezembro e maio na Costa Rica e fevereiro a maio na Colômbia; sua época de nidificação em outras partes de sua área de distribuição não foi definida. A ave constrói um ninho em buracos escavados no solo nivelado ou inclinado da floresta, com 80–140 centímetros de comprimento e 8 cm de largura, cercada por um colar de folhas mortas e galhos.[5] A fêmea põe, em média, dois a três ovos. O ninho é frequentado por 3–6 adultos e os filhotes também são alimentados por outros membros do grupo e não só pelos pais.[9]

Conservação[editar | editar código-fonte]

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) avaliou a chora-chuva-de-cara-branca em sua Lista Vermelha como sendo de menor preocupação. Tem um alcance muito grande e uma população de pelo menos cinco milhões de indivíduos maduros, embora esteja diminuindo.[1] Sua densidade varia de incomum a abundante em várias partes de seu alcance.[5] Em 2005, foi classificado como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[10] em 2010, como criticamente em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[11] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)[12][13] e provavelmente extinto na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro.[14]

Referências

  1. a b BirdLife International (2020). «White-fronted Nunbird Monasa morphoeus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2020. Consultado em 26 de abril de 2022 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 171. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. «Bico-de-brasa». Michaelis. Consultado em 26 de abril de 2022 
  4. a b Gill, F.; Donsker, D.; Rasmussen, P. (julho de 2021). «IOC World Bird List (v 11.2)». Consultado em 14 de julho de 2021 
  5. a b c d e f Rasmussen, P.C.; Collar, N. (2020). «White-fronted Nunbird (Monasa morphoeus)». In: del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J.; Christie, D. A.; de Juana, E. Birds of the World. Ithaca, NY: Cornell Lab of Ornithology. doi:10.2173/bow.whfnun1.01 
  6. Remsen, J. V., Jr.; Areta, J. I.; Bonaccorso, E.; Claramunt, S.; Jaramillo, A.; Lane, D. F.; Pacheco, J. F.; Robbins, M. B.; Stiles, F. G.; Zimmer, K. J. «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society 
  7. Laverde-R., Oscar; Stiles, F. Gary; Múnera-R., Claudia (2005). «Nuevos registros e inventario de la avifauna de la Serranía de las Quinchas, un área importante para la conservación de las aves (AICA) en Colombia [New records and updated inventory of the avifauna of the Serranía de las Quinchas, an important bird area (IBA) in Colombia]» (PDF). Caldasia. 27 (2): 247-265 
  8. Lentino, M.; Restall, R.; Rodner, C. (2020). Birds of Northern South America: An Identification Guide: Species Accounts (em inglês). Londres: Bloomsbury Publishing. ISBN 9781472981615 
  9. «Chora-chuva-de-cara-branca». Terra da Gente | G1. 21 de janeiro de 2015. Consultado em 26 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de junho de 2021 
  10. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  11. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  12. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  13. «Monasa morphoeus Temminck». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 26 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  14. «Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies» (PDF). Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro. 2018. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022