Montenegro (Rio Grande do Sul)

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 Nota: Para o município brasileiro do estado de Rondônia, veja Monte Negro.
Montenegro
  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de Montenegro
Bandeira
Brasão de armas de Montenegro
Brasão de armas
Hino
Lema Agnus Dei
"Cordeiro de Deus"
Gentílico montenegrino
Localização
Localização de Montenegro no Rio Grande do Sul
Localização de Montenegro no Rio Grande do Sul
Localização de Montenegro no Rio Grande do Sul
Montenegro está localizado em: Brasil
Montenegro
Localização de Montenegro no Brasil
Mapa
Mapa de Montenegro
Coordenadas 29° 41' 20" S 51° 27' 39" O
País Brasil
Unidade federativa Rio Grande do Sul
Região metropolitana Porto Alegre
Municípios limítrofes Triunfo, Nova Santa Rita, Capela de Santana, Pareci Novo, São José do Sul, Maratá, Brochier e Paverama
Distância até a capital 55 km
História
Fundação 5 de maio de 1873 (150 anos)
Administração
Prefeito(a) Gustavo Zanatta[1] (Republicanos, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total [2] 424,846 km²
População total (2021) [3] 66 157 hab.
 • Posição RS: 35º BR: 507º
Densidade 155,7 hab./km²
Clima subtropical
Altitude 31 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 95780-000
Indicadores
IDH (2010) [4] 0,755 alto
 • Posição RS: 87º BR: 453º
PIB (2020) [5] R$ 3 905 781,93 mil
 • Posição RS: 20º BR: 285º
PIB per capita (2020) R$ 59 429,74

Montenegro é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul, pertencente à Região Metropolitana de Porto Alegre.

Aspectos históricos[editar | editar código-fonte]

As terras de Montenegro estavam entre as primeiras a serem desbravadas por portugueses e espanhóis após o descobrimento do Brasil. O rio Caí foi importante rota para mercadores espanhóis que subiam o rio da Prata e portugueses, vindos da Lagoa dos Patos pelo rio Jacuí. Os desbravadores faziam incursões terrestres, com o objetivo de explorar e dominar terras, além de procurar índios para usá-los como mão de obra na mineração e engenhos de açúcar nas capitanias do Norte.

Os ibiraiaras[editar | editar código-fonte]

Montenegro está na região que os indígenas denominavam Ibiaçá, que significa "Travessia do Caminho do Rio". Esta região abrangia desde a ilha de Santa Catarina até a margem esquerda do rio Jacuí. Nela estava incluída a região de Ibiá, que se estendia entre as bacias dos rios Taquari e Caí.

Por volta de 1635 os índios ibiraiaras habitavam a região. Falavam diferentes línguas e tinham costumes diferentes dos tupis. Eram chamados de bilreiros, por usarem nos lábios botoques semelhantes a bilros. Usavam grandes tacapes, manejados com perícia.

As bandeiras e a Colônia de Sacramento[editar | editar código-fonte]

Aproximadamente em 1636 surgiram os bandeirantes paulistas, entre eles Antônio Raposo Tavares, e destruíram grande parte das aldeias. Isso obrigou os jesuítas a se retirarem para a margem direita do rio Uruguai.

Em 1680 foi fundada a Colônia do Sacramento, no atual território do Uruguai, à margem esquerda do rio de mesmo nome, que viria a estimular o desenvolvimento da capitania de São Pedro do Rio Grande, a qual formaria depois o estado do Rio Grande do Sul. Atraídos pela riqueza e fartura das terras, os tropeiros, suas famílias e escravos se estabeleceram definitivamente. Criaram as invernadas, que se transformavam em estâncias.

Os açorianos[editar | editar código-fonte]

A colonização dos açorianos iniciou uma nova era de desenvolvimento no Rio Grande do Sul. Mostravam disciplina e dedicação ao trabalho, através da exploração da agricultura, pecuária, navegação e pesca. Dominavam a carpintaria, luminária e ferraria, além da alfaiataria e o tear. O couro era muito utilizado na confecção de cobertores, camas, parte interna das casas, cadeiras, botas e roupas de trabalho.

Os portugueses Antônio de Sousa Fernando, Bartolomeu Gonçalves de Magalhães e Antônio José Machado de Araújo e suas famílias foram os primeiros a se instalar no município de Montenegro, à margem direita do rio Caí, na década de 1730 a 1740.

A primeira moradia construída na sede foi a de Estêvão José de Simas, por volta de 1785, na colina onde se encontra hoje a Escola Delfina Dias Ferraz. A casa era de pedras, coberta com telhas - raras na época. Foi edificada por José de Araújo Vilela e, mais tarde, habitada por Tristão José Fagundes, genro de Simas e fundador da cidade.

Alemães, italianos e franceses[editar | editar código-fonte]

Após os primeiros colonizadores portugueses e paulistas, vieram os imigrantes alemães, italianos e franceses.

Em 1824 chegou o primeiro grupo de imigrantes alemães em pequeno número, num total de 126 pessoas. Alguns meses depois vieram mais 157 famílias, com 909 pessoas. Em uma segunda etapa da imigração, por volta de 1857, aportaram aqui imigrantes alemães e italianos em quantidade considerável. Eles se destacaram pela economia agrícola e suinocultura. Os franceses vieram em menor número e desenvolveram principalmente o artesanato.

O porto da cidade sobre o rio Caí era ponto de desembarque das famílias de imigrantes que vinham de Porto Alegre em direção as novas colônias. Eram conduzidas provisoriamente para um galpão grande, situado numa chácara onde hoje está instalado o Parque Centenário. Em função desta parada, muitas famílias não seguiram adiante, preferindo ficar na região.

A Revolução Farroupilha[editar | editar código-fonte]

Em 1835 os gaúchos se rebelaram contra a monarquia, dando início à mais longa guerra civil do Brasil, que durou 3466 dias. Durante a Revolução Farroupilha, o território de Montenegro tornou-se passagem obrigatória das tropas, causando grandes prejuízos às estâncias, que eram saqueadas e perdiam gado, cavalos e mantimentos.

A ferrovia[editar | editar código-fonte]

A cidade contava com uma linha da Rede Ferroviária Federal, vinda do braço de São Leopoldo, tendo sido inaugurada em 2 de julho de 1909.[6] A linha férrea está relacionada com um aumento do desenvolvimento econômico da região na época. Foi a viação férrea que deu largo impulso a outros municípios da região, tais como Maratá, Salvador do Sul e Barão, que eram parte de Montenegro.

A estação férrea de Montenegro expandiu-se, recebeu reformas e melhorias em 1932 e depois de novo em 1950. O movimento de cargas e passageiros nesta região do rio Caí foi desativado no final da década de 1960.

Prédio da antiga Estação Ferroviária, hoje um centro cultural

Em 2006, foi restaurado o prédio principal da estação, que abriga o Museu de Artes de Montenegro. Em 2009, foi restaurado o 2° prédio do complexo, onde funcionava os telégrafos da estação. E em 2016 foi revitalizado o 3° prédio, o antigo restaurante da estação, que hoje se chama Espaço Braskem, onde se realizam eventos do municipio e região. O complexo Estação da Cultura conta com um amplo complexo de lazer e cultura com cerca de 45 mil metros quadrados.

Ponte Ferroviária da Mariazinha, vista a partir do Morro da Mariazinha na grande enchente do rio Caí de 1928. Ponte construída entre 1909 e 1910.

História política[editar | editar código-fonte]

Sua primeira designação foi a de "Porto das Laranjeiras", integrando o 2º Distrito da Vila de Triunfo. A partir da Lei nº 630, de 18 de outubro de 1867, passou a se denominar freguesia de São João do Monte Negro.

Em 1873 as 33 vilas existentes no Estado foram, por força da evolução da legislação e das Constituições, se transformando em municípios. Neste mesmo ano é criada oficialmente a Vila de São João do Monte Negro, no dia 5 de maio, através da Lei nº 885. Porém, a sua instalação como Vila e sede aconteceu somente no dia 4 de agosto de 1873, com o desmembramento da Vila de Triunfo.

A primeira Câmara Municipal de Montenegro foi instituída em 1873, composta por sete vereadores eleitos, tendo como presidente da Intendência José Rodrigues da Rosa.

Em 14 de outubro de 1913, pelo Decreto nº 2.026, a então vila de São João do Monte Negro foi elevada à categoria de cidade, já então com a denominação de São João de Montenegro.

Em 31 de março de 1938, pelo Decreto nº 7.199 o município já denominado Montenegro foi dividido em onze distritos: Montenegro, Maratá, Harmonia, Barão, Bom Princípio, Estação São Salvador (atual Salvador do Sul), São Vendelino, Tupandi, Brochier, Poço das Antas e Pareci Novo.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Localiza-se a 29º41'19" de latitude sul e 51º27'40" de longitude oeste, a uma altitude de 31 metros. Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2021, era de 66 157 habitantes.[7]

Possui uma área de 440,84 km².

Figura-3-Mapa-geologico-de-Montenegro-bacia-hidrografi-ca-do-rio-Cai-RS-Brasil-As W640

O município de Montenegro é atravessado pelo rio Caí e por pequenos afluentes, alguns dos quais cortam a zona urbana do Centro do município, localizada na margem oeste do rio. Pertencer à região hidrográfica do Vale do Caí. Alguns dos afluentes são nomeados, como o arroio da Cria, arroio Montenegro, arroio Alfama e o arroio São Miguel.[8]

Topologicamente, o município é marcado pela presença de diversos morros, dentre os quais se destaca o Morro São João (172 metros), junto ao qual se encontra o Morro da Formiga (também conhecido em menor medida como Morro dos Fagundes).[9] Na margem leste do Rio Caí, encontra-se o Morro da Mariazinha. Os morros pertencem à unidade geomorfológica (UG) fácies Gramado, enquanto as áreas mais planas e baixas, de depósitos sedimentares, pertencem à unidade geomorfológicas das Planícies Alúvio-Coluvionares.[10] O relevo intermediário pertence à formação Botucatu.[10] As áreas planas de Montenegro são inundáveis, sendo comum a ocorrência de enchentes.

Subdivisões[editar | editar código-fonte]

Distritos[editar | editar código-fonte]

O município de Montenegro é constituído de 6 distritos[11][12]

  • Montenegro: distrito sede. possui cerca de 47 600 habitantes e está situado na região norte do município
  • Costa Serra: possui cerca de 1 800 habitantes e está situado na região oeste do município
  • Fortaleza: possui cerca de 900 habitantes e está situado na região oeste do município
  • Pesqueiro: possui cerca de 550 habitantes e está situado na região sul do município
  • Santos Reis: possui cerca de 1 500 habitantes e está situado na região norte do município
  • Vendinha: possui cerca de 1 800 habitantes e está situado na região sul do município

Cultura[editar | editar código-fonte]

Artes[editar | editar código-fonte]

Recebeu o título de "Cidade das Artes" e conta com o complexo de artes cênicas e visuais da UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), que é um convênio com a Fundarte (Fundação Municipal de Artes de Montenegro).

Mídia[editar | editar código-fonte]

Televisão

Em Montenegro está localizada a sede da TV Cultura do Vale, canal 53 UHF.

Rádio
Jornais

Jornais com sede em Montenegro:

  • Jornal O Progresso
  • Jornal Ibiá
  • Jornal Hoje
  • Jornal Fato Novo
Revistas
  • Expressão
  • Evidência

Pontos de interesse[editar | editar código-fonte]

Cais do Porto[editar | editar código-fonte]

Cais do Porto

Inaugurado em 7 de setembro de 1904, o porto da cidade sobre o rio Caí era ponto de desembarque das famílias de imigrantes que vinham de Porto Alegre em direção às novas colônias.

Hoje, os adeptos de caminhadas e mateadas utilizam a infraestrutura do Cais do Porto. Ele recebeu bancos, quiosques e calçadão em quase toda a sua extensão. O rio Caí, considerado um cartão postal da cidade, também é o atrativo para os desportistas que praticam jet-ski e canoagem.

Morro São João[editar | editar código-fonte]

Morro São João
O Parque Centenário em fevereiro de 2016.

O Morro São João é avistado de longe pelos que chegam ao município. Localizado no centro da cidade, possui uma estrada de acesso e dois mirantes. Diz a lenda que o morro é um gigante adormecido.

Casa da Atafona[editar | editar código-fonte]

Atafonas são prédios destinados a produzir farinha de mandioca. A palavra é de origem árabe, de acordo com o Novo Dicionário Aurélio, 2ª edição, pág. 190: attahuna (at-tahunâ), significando moinho ou, ainda, pedra de moinho.

Usina Maurício Cardoso[editar | editar código-fonte]

Não há registro exato da data de construção da Usina Maurício Cardoso, mas o local ocupado pelo prédio, já foi a Praça Borges de Medeiros e hoje funciona como sede da Câmara de Vereadores e de diversos eventos artísticos e culturais. Inaugurada em 22 de maio de 1938, foi desativada de suas atividades iniciais em 1º de novembro de 1955, quando a Prefeitura firmou contrato com a CEEE, passando a administração da usina e o fornecimento de energia à cidade para a estatal. A Usina Mauricio Cardoso foi construída pelo engenheiro Eugen Wilhelm Thudium (1884-1938), alemão nascido em Stuttgart.

A Usina abastecia Montenegro, Porto dos Pereiras, Porto do Maratá, Pareci Novo e São Sebastião do Caí, com um motor de 600HP da marca Deutz Otto. O motor era movido a gás pobre e acoplado a um dínamo de corrente alternada. Usava como combustível lenha e carvão. Dispunha de dois gasogênios, sendo um para lenha e outro para carvão. Antigos moradores locais contam que a construção tremia quando as máquinas funcionavam, parando somente aos sábados para a limpeza geral.[13]

Montenegrinos ilustres[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. https://jornalibia.com.br/colunistas/observatorio-politico/zanatta-no-republicanos/
  2. «Cidades e Estados». IBGE. 2021. Consultado em 12 de maio de 2023 
  3. «ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO COM DATA DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2021» (PDF). IBGE. 2021. Consultado em 12 de maio de 2023 
  4. «Ranking». IBGE. 2010. Consultado em 12 de maio de 2023 
  5. «Produto Interno Bruto dos Municípios - 2010 a 2020». IBGE. 2020. Consultado em 12 de maio de 2023 
  6. «A história da Estação Ferroviária de Montenegro, que hoje abriga um centro cultural». GZH. 30 de junho de 2019. Consultado em 8 de maio de 2022 
  7. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome IBGE_Pop_2021
  8. «Prefeitura Municipal de Montenegro (RS)». www.montenegro.rs.gov.br. Consultado em 8 de maio de 2022 
  9. Klein, Renato (25 de maio de 2014). «HISTÓRIAS DO VALE DO CAÍ: 4056 - A ponte e os morros». HISTÓRIAS DO VALE DO CAÍ. Consultado em 8 de maio de 2022 
  10. a b Oliveira, Guilherme Garcia de; Guasselli, Laurindo Antonio; Saldanha, Dejanira Luderitz (2012). «MODELOS DE PREVISÃO E ESPACIALIZAÇÃO DAS ÁREAS INUNDÁVEIS EM MONTENEGRO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.». Revista Brasileira de Geomorfologia (4). ISSN 2236-5664. doi:10.20502/rbg.v13i4.249. Consultado em 8 de maio de 2022 
  11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. «O histórico de Montenegro» (PDF). Consultado em 6 de fevereiro de 2012. Arquivado do original (PDF) em 17 de agosto de 2017 
  12. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. «Censo Demográfico 2000». Consultado em 1 de fevereiro de 2012 
  13. «Montenegro - Pontos Turísticos». www.montenegro.rs.gov.br. Consultado em 7 de maio de 2019. Arquivado do original em 3 de março de 2016 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • KAUTZMANN, Maria Eunice Müller (Coordenação). Montenegro de Ontem e de Hoje (2 volumes). Rotermund S.A., São Leopoldo 1979. (perfil em books.google.com.br)

Ligações externas[editar | editar código-fonte]