Morada Nova (Marabá)

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Morada Nova

Praça central da Morada Nova, no entroncamento das rodovias BR-222 e PA-150, em 2010.

Nome local
Morada Nova
Geografia
País
Município
Unidade federativa
Funcionamento
Estatuto
História
Fundação
1973 (51 anos)

Morada Nova, ou oficialmente Paraguatins,[1] é um núcleo urbano do município de Marabá, sendo um dos seis componentes do distrito-sede marabaense. No ano de 2000, a prefeitura de Marabá estimou sua população em 6877 habitantes.[2] Dentre os núcleos urbanos do município, é o que se localiza mais distante da centralidade geo-econômica da cidade de Marabá.[3]

É uma das áreas de ocupação mais recente da cidade, tendo esta iniciada na década de 1970. O plano diretor de 2006 o definiu como distrito. Porém, a revisão do plano diretor de 2018 o estabeleceu como núcleo urbano.[3][4]

Apropria-se do nome do bairro homônimo (Morada Nova), que é o mais importante centro comercial do núcleo.[5]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome "Paraguatins" vem da fusão dos topônimos Pará, Araguaia e Tocantins. Não há um significado próprio, mas grosso modo pode ser entendido como "ave do grande rio sinuoso".

Histórico[editar | editar código-fonte]

A área onde hoje localiza-se a Morada Nova era até meados da década de 1960 território dos povos Gavião. Os Gavião eram um povo muito aguerrido e hostil ao contato com o colonizador. Este fato repeliu as tentativas de maior penetração nos territórios indígenas e afastou a presença do colonizador que habitava a região (a Velha Marabá fica a aproximadamente 18 km de distância em linha reta) desde os fins do século XIX.[6]

Abertura da PA-70[editar | editar código-fonte]

Em 1969 o governo estadual inaugura a primeira rodovia de integração do sudeste do Pará, a PA-70. Esta ligava a Belém-Brasília ao bairro de São Félix I, em Marabá. A PA-70 (atual BR-222) cortou ao meio, os até então intransponíveis territórios dos Gavião. Os povos Gavião fugiram das áreas próximas à rodovia, permitindo o avanço colonizador.[6]

Com a abertura da rodovia, os primeiros colonos começaram a estabelecer-se na região da Morada Nova, e em pouco tempo esta área já encontrava-se relativamente ocupada. Os colonos faziam pequenos cultivos agrícolas e também ocupavam-se da criação de reses.[7]

Em 1973 é estabelecido o vilarejo Morada Nova na altura do Km 12 da rodovia PA-70 (sentido Ponte Mista de Marabá - Terra Indígena Mãe Maria). Em pouco tempo instalam-se madeireiras e serrarias, que viriam a formar o primeiro parque industrial de Morada Nova, além da atividade madeireira ser motor do primeiro ciclo econômico do núcleo. O ciclo da madeira o fez explodir demograficamente onde, durante cinco anos, entre 1975 e 1980, foi a segunda área mais populosa de Marabá, concentrado aproximadamente 12 mil habitantes.[8]

Entre o final da década de 1970 e o início da década de 1980, a comunidade passa a lutar pelo direito a reforma agrária, inserido no contexto de luta da abertura política e das Diretas Já, mostrando um forte grau de organização comunitária contra o autoritarismo da ditadura militar brasileira. Destaca-se a formação de fortes lideranças populares e um especial engajamento de setores intelectuais na luta, como Maria Virgínia Barros de Mattos, Noé von Atzingen, Paulo Fonteles e Gabriel Sales Pimenta.[9]

Pecuária e PA-150[editar | editar código-fonte]

Escola Arco Íris no bairro Onze, em 2010

Na década de 1980 a pecuária ganha projeção como atividade econômica em Morada Nova, que ainda era considerado um vilarejo de Marabá.[10] Surge neste mesmo período a ocupação do atual bairro do Onze (à época, vila do Km 11).[8]

Em 1985 é inaugurado o primeiro trecho da rodovia Paulo Fontelles (PA-150), sendo esta ligada à PA-70, constituindo assim um entroncamento rodoviário na Morada Nova.[11] A formação do entroncamento rodoviário beneficiou comercialmente o futuro núcleo, que passou a servir como um entreposto para a região.[6]

Atualidade[editar | editar código-fonte]

No início da década de 1990 as atividades madeireiras perderam força na Morada Nova, dando lugar às atividades agropecuárias e comerciais.[10]

Em meados da década de 1990 a Morada Nova é ligada ao restante da cidade por linhas regulares de transporte público (ônibus coletivo). Em 1998 a prefeitura de Marabá passa a reconhecer informalmente a Morada Nova como um "núcleo urbano".[6]

Na década de 1990 é iniciada a ocupação na área do entorno da Escola Estadual Dr. Gabriel Sales Pimenta, à margem direita da PA-150. Era denominada popularmente como "Invasão da Eletronorte", recebendo posteriormente o nome de "Gabriel Pimenta".[12]

Em 2006, pela primeira vez a Morada Nova é oficialmente reconhecida como um distrito urbano de Marabá, recebendo a definição de "distrito de expansão", compartilhando a mesma condição com o núcleo de São Félix.[3][4]

Desde 2008 surgiram empreendimentos particulares e públicos, que permitiram a expansão da grade urbana do núcleo.[13]

Em 2018 a Morada Nova é classificada, na revisão do Plano Diretor, como um dos núcleos do distrito-sede municipal.[5]

Grade urbana[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Lista de bairros de Marabá
Rodovia BR-222 e Igreja Assembleia de Deus, templo Central da Morada Nova, em 2012.

Além da excelente localização do ponto de vista rodoviário,[6] contribuíram para o crescimento demográfico do núcleo a não vulnerabilidade deste em relação às enchentes que atingem Marabá, e pelo parcelamento das ruas, em quadrícula.

Com a conversão da Morada Nova em um núcleo (anteriormente um distrito), na revisão do Plano Diretor, houve a definição de três áreas de ocupação distintas:[4][5]

  1. área em consolidação;
  2. área de recuperação e qualificação;
  3. área de expansão.

Área em consolidação: zona mista residencial e comercial[editar | editar código-fonte]

A área em consolidação do núcleo é composta pelo bairros de ocupação mais antiga, e por consequência, detentores de melhor infraestrutura, são estes: Morada Nova (homônimo) e Onze.[8][5]

O bairro da Morada Nova cumpre a função de centro comercial e administrativo do núcleo, principalmente ao longo das rodovias BR-222 e PA-150 e da Vicinal PA Murumuru.[8]

Área de recuperação e qualificação: periferias[editar | editar código-fonte]

A área periférica da Morada Nova corresponde a zona de ocupação espontânea recente, aglomerada nas bordas das áreas em consolidação, caracterizadas como território em processo de recuperação e qualificação. É composta pelos bairros Gabriel Pimenta (nome dado em homenagem ao advogado Gabriel Sales Pimenta), Jardim Coelhão, Resende e Nativa.[5]

Área de expansão: subúrbios planejados[editar | editar código-fonte]

A área de expansão do núcleo, é composta pelos seguintes bairros: Jardim do Éden e Tiradentes.[14][15] Ambos são bairros planejados, construídos no seio do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.[5]

Referências

  1. «Ordem, Emancipação e Progresso: Assembleia Legislativa do Pará recupera autonomia para criar novos municípios» (PDF). Jornal da Assembleia Legislativa. Consultado em 27 de fevereiro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 24 de março de 2014 
  2. Almeida, José Jonas (2008). A cidade de Marabá sob o impacto dos projetos governamentais. [S.l.]: USP 
  3. a b c Mercês, Simaia. (2009). «Relatório de Avaliação de PDP – Município de Marabá» (PDF). Rede de Avaliação e Capacitação para Implementação de PDP - Pará/Ministério das Cidades 
  4. a b c Câmara Municipal de Marabá (9 de outubro de 2006). «Lei Nº. 17.213 de 09 de outubro de 2006: Institui o Plano Diretor Participativo do Município de Marabá, cria o Conselho Gestor do Plano Diretor e dá outras providências.» (PDF). Secretaria de Estado de Integração Regional, Desenvolvimento Urbano e Metropolitano 
  5. a b c d e f Câmara Municipal de Marabá (29 de março de 2018). «Lei Nº. 17.846 de 29 de março de 2018: Dispõe sobre a revisão do Plano Diretor Participativo do Município de Marabá, instituído pela Lei Municipal Nº. 17.213 de 09 de outubro de 2006, e dá outras providências.» (PDF). Prefeitura Municipal de Marabá 
  6. a b c d e Da Silva, Idelma Santiago. (2006). «Migração e Cultura no Sudeste do Pará: Marabá (1968-1988)» (PDF). Goiânia: Universidade Federal de Goiás 
  7. Cardoso, Ana Cláudia Duarte.; Lima, José Júlio Ferreira. (2009). «A influência do governo federal sobre cidades na Amazônia: os casos de Marabá e Medicilândia». Periódicos UFPA. Novos Cadernos do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos. 12 (1): 161-192. ISSN 1516-6481 
  8. a b c d Moraes, Lindalva Canaan Jorge (2009). «Abastecimento de Água na Cidade de Marabá- Pará» (PDF). Belém: Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia / Núcleo de Meio Ambiente (PPGEDAM/NUMA/UFPA) 
  9. Mattos, Maria Virgínia Barros de. (2003). «O Campus Avançado da USP em Marabá: Apontamentos para sua História.». Marabá: Casa da Cultura de Marabá. Boletim Técnico (2) 
  10. a b Velho, Otávio (2009). Frentes de Expansão e Estrutura Agrária:estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais 
  11. Filho, Moraes (2012). Em estado de Abandono, governo do Pará pisa sobre os direitos do povo do sul e sudeste do Pará. Marabá: Manancial de Carajás – O Jornal do povo de Carajás 
  12. Nogueira, Gloria (março de 2012). «Medalha Chico Mendes de Resistência 2012». Jornal do GTNM/RJ 
  13. «Mutuários recebem chaves, mas casas ficam no escuro». CT Online [ligação inativa]
  14. Pompeu, Ulisses (24 de abril de 2012). «Sorteio de 1.410 casas populares em Marabá será nesta quarta-feira». Jornal do Zédudu 
  15. Pompeu, Ulisses (23 de janeiro de 2013). «PF poderá apurar venda de unidades do Minha Casa Minha Vida em Marabá». Jornal do Zédudu