Movimento Revolucionário Oito de Outubro

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MR8
Datas das operações 1967 – presente
Motivos Combate ao Regime Militar e censura, defesa de um Estado socialista
Área de atividade Brasil Brasil
Ideologia Marxista-leninista
Principais ações Guerrilhas, assaltos e sequestros (pré-1985)
Participação política popular (pós-1985)
Ataques célebres Sequestro do embaixador dos EUA Charles Burke Elbrick
Status ativo

Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) é uma organização política de ideologia comunista que participou da luta armada contra a ditadura militar brasileira e tinha como principal objetivo a luta contra a repressão da ditadura, com o objetivo final de criação de uma pátria socialista. Surgida em 1964 no meio universitário da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, com o nome de Dissidência do Rio de Janeiro (DI-RJ)[1] foi depois rebatizada em memória ao dia em que Ernesto "Che" Guevara foi capturado, na Bolívia, em 8 de outubro de 1967.

Hoje dedica-se a participar do movimento político popular e a editar o jornal Hora do Povo. Também é responsável pelo Partido Pátria Livre, fundado em 2009.

História

Resultado de uma cisão de universitários com o Partido Comunista Brasileiro, a DI-RJ (a partir de 1967, MR-8) atuou em várias ações do movimento estudantil e do início da luta armada, em 1968. Desarticulada pela repressão da ditadura no início de 1969, seus sobreviventes ainda em liberdade juntaram-se aos integrantes da Dissidência Comunista da Guanabara (DI-GB), atuante desde 1966 nas manifestações políticas sob a liderança de Vladimir Palmeira, e juntas, reconstituíram um "novo" MR-8.[1] A organização, então já atuando como um grupo de guerrilha urbana, tornou-se nacional e internacionalmente conhecida com seu papel preponderante no sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, realizado em conjunto com a Ação Libertadora Nacional (ALN), de São Paulo. A ação foi realizada, em princípio, para libertar seu líder, Vladimir Palmeira, preso desde o ano anterior, e fazer propaganda política, chamando a atenção internacional para a ditadura militar instituida no Brasil.[1]

Foi para fins deste sequestro que a organização rebatizou-se como MR-8, de maneira a desmoralizar e confundir a ditadura militar, que meses antes havia anunciado publicamente a destruição do grupo (no caso, era a Dissidência de Niterói. Oito de Outubro era o nome de um jornal publicado por esta organização).[1]

No rastro do sequestro do embaixador, os integrantes do grupo foram duramente perseguidos e reprimidos, resultando na morte e prisão de muitos militantes, que levou à quase extinção da organização. Mesmo assim, nos anos seguintes, as operações armadas do MR-8, com roubos, assaltos a bancos e supermercados, prosseguiram no Rio. No MR-8 militava Iara Iavelberg, então companheira do ex-capitão Carlos Lamarca e em 1971, com a quase completa desmantelação da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), da qual ele era um dos dirigentes, o MR-8 passou a contar com a militância do líder guerrilheiro. Em setembro daquele ano, porém, Lamarca foi morto no interior da Bahia,[2], seguindo-se à morte de Iara em Salvador, pouco menos de um mês antes.[3]

A maioria dos militantes se retirou para o Chile em 1972, sendo o grupo reestruturado posteriormente com outras orientações.[1] A preferência por ações armadas deu lugar à atuação política, e o MR8 foi abrigado no MDB, tendo Orestes Quercia como principal liderança. O grupo passa a editar o periódico Hora do Povo.[4]

Além de Carlos Lamarca e Iara Iavelberg, militaram no MR-8 Fernando Gabeira, Franklin Martins, Cid Benjamin, Cláudio Torres da Silva, Vera Silvia Magalhães, (todos participantes do sequestro de Elbrick), César Benjamin, Stuart Angel Jones, Daniel Aarão Reis Filho, Miguel Ferreira da Costa, João Lopes Salgado, Reinaldo Silveira Pimenta, Félix Escobar Sobrinho, Marilene Villas-Boas Pinto, Lucas Gregorio, Márcia Ferreira da Costa, Franklin de Mattos, entre outros, vários deles mortos durante a luta contra a ditadura e alguns ainda vivos.

O MR8 continua atuando até os dias de hoje, agregado a diversas organizações políticas e sociais, como, por exemplo, corrente dentro do PMDB; sindicais (inicialmente na CGT, atualmente na CGTB); e estudantis, tendo seus militantes participado de diversas diretorias da UNE. O seu braço juvenil é a Juventude Revolucionária Oito de Outubro (JR-8). Parcela expressiva de seus membros ajudaram a fundar o Partido Pátria Livre em 2009.

Ver também

Referências

  1. a b c d e Barbosa da Silva, Sandra Regina. «Ousar lutar, ousar vencer:histórias da luta armada em Salvador (1969-1971)» (PDF). Universidade Federal da Bahia. Consultado em 20 de junho de 2011 
  2. «LAMARCA MORTO NA BAHIA». Almanaque da Folha. 1971. Consultado em 20 de junho de 2011 
  3. «Iara Iavelberg». Grupo tortura Nunca Mais. Consultado em 20 de junho de 2011 
  4. «MEMÓRIA VI: MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO 8 DE OUTUBRO (MR-8)». Ternuma. Consultado em 20 de junho de 2011 

Bibliografia

  • CAMURÇA, Marcelo Ayres. Os 'Melhores Filhos do Povo'. Um estudo do ritual e do simbólico numa Organização Comunista: O caso do MR8. Rio de Janeiro, 1994. Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio de Janeiro [Orientador: Otávio Guilherme Alves Velho]