Movimento nativista

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Os chamados movimentos nativistas foram revoltas isoladas ocorridas na então colônia portuguesa do Brasil, a partir do século XVII mas sobretudo no final do XVIII, quando se amiudaram as situações de conflito entre os "filhos da terra" e os chamados "reinóis" (imigrantes portugueses). Esses movimentos expressam a constituição de um sentimento nacional, em processo semelhante ao que ocorre por toda a América Latina, no período colonial, a partir do século XVII.[1][2]

Incluem-se, entre esses movimentos, a Revolta de Amador Bueno (São Paulo, 1641), A Revolta da Cachaça (Rio de Janeiro, 1660 a 1661), a Revolta de Beckman (Maranhão, 1684), a Revolta de Filipe dos Santos (Vila Rica, Minas Gerais, 1720), a Guerra dos Emboabas (São Vicente, São Paulo, 1707 a 1709), a Guerra dos Mascates (Recife e Olinda, em Pernambuco, 1710 a 1711) [3] [4]. A Revolta da Cachaça destaca-se por ter sido o primeiro conflito armado a opor os colonos e a administração portuguesa.[carece de fontes?]

Nas três primeiras insurreições prevaleceram as razões de ordem econômica; porém, nas seguintes, houve preponderância do sentimento nacional como motivação dos revoltosos[4].

As invasões sofridas pelo território brasileiro no século XVIII, bem como a união dos elementos nativos com o branco filho de europeus, o mestiço, o negro e o índio catequizado[4] para a defesa do território, especialmente após as invasões holandesas no Brasil, fez crescer paulatinamente entre a população da colônia a ideia de emancipação - embora a princípio restrita ao âmbito local e não generalizada nas províncias.

Início[editar | editar código-fonte]

A primeira manifestação nativista do Brasil ocorreu em São Paulo de Piratininga no ano de 1640, quando da Restauração Portuguesa, em que este país recobrou a independência de Espanha e aclamou o novo rei, Dom João IV. Na vila paulista alguns elementos julgaram ser a oportunidade para proclamarem a independência, e aclamaram a Amador Bueno da Ribeira como seu rei. O incidente foi logo contornado.

Logo após a expulsão dos holandeses de Pernambuco, em que os "nacionais" tiveram maior importância do que os militares da metrópole, a nomeação de Jerônimo de Mendonça Furtado, apelidado de "Xumberga", gerou um clima de insatisfação pois muitos pernambucanos se julgavam merecedores da governança.[2] Com nítidos componentes nativistas, a revolta contra Mendonça Furtado é considerada a primeira de uma sequência de insurreições que eclodiram a seguir. Neste primeiro caso o Vice-rei não puniu os envolvidos e, com habilidade, nomeou André Vidal de Negreiros - pessoa ligada à terra - como governador da capitania.[2]

Ainda com raiz econômica, ocorre a Revolta de Beckman, contra o monopólio pelos jesuítas do comércio no Maranhão.[4]

A Guerra dos Emboabas, em Minas Gerais, foi motivada pela disputa pela primazia na exploração do ouro recém-descoberto, entre os chamados "vicentinos" (nativos) e os "emboabas" (forasteiros). Teve por consequência maior a emancipação de Minas e São Paulo do Rio de Janeiro, formando ambas a partir de então uma só capitania.[4]

A Guerra dos Mascates foi a primeira (entre todas) em se falar em república; antes mesmo das lutas, no Senado de Olinda, a 10 de setembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo sugere que Pernambuco proclamasse sua independência, nos moldes da República de Veneza. O tema "república" volta em 1720, na revolta de Vila Rica.[2]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Todos esses movimentos conduziram às lutas francamente emancipacionistas do final do século XVIII e começo do século XIX, como as conjurações mineira e baiana, e à própria guerra de independência da Bahia, iniciada ainda em 1821.[2][4][5].

Referências

  1. Vial Correa, Gonzalo.La formación de las nacionalidades hispanoamericanas como causa de la independencia. Boletín de la Academia Chilena de la Historia. Santiago de Chile Vol. 33, (Jan 1, 1966): 110.
  2. a b c d e Souto Maior, A. «Unidade X: O Sentimento Nativista». In: Companhia Editora Nacional. História do Brasil. 1968 6ª ed. São Paulo: [s.n.] pp. 181–200 
  3. Aqui foram citados apenas os movimentos nativistas, os demais movimentos separatistas no Brasil pertencem a outro tópico.
  4. a b c d e f Silva, Joaquim; J. B. Damasco Penna. «A Defesa do Território e o Sentimento Nacional». In: Companhia Editora Nacional. História do Brasil. 1967 20ª ed. São Paulo: [s.n.] pp. 165–185 
  5. Nicolette, Carlos Eduardo (13 de setembro de 2017). «O NATIVISMO NA AMÉRICA PORTUGUESA: MARCELINO PEREIRA CLETO E SUA DISSERTAÇÃO A RESPEITO DA CAPITANIA DE SÃO PAULO». Revista de História Bilros. História(s), Sociedade(s) e Cultura(s). 5 (9). ISSN 2357-8556 

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Nativismo - fenômeno sociológico de cunho nacionalista e emancipador, ocorrido nas colônias europeias.
Ícone de esboço Este artigo sobre História do Brasil é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.