Muçurana

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaClelia clelia
Clelia clelia
Clelia clelia
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Dipsadidae
Género: Clelia
Espécie: C. clelia
Nome binomial
Clelia clelia
Fitzinger, 1826

A muçurana ou mussurana, também conhecida como cobra-preta[1] (nome científico: Clelia clelia), é uma das seis espécies do gênero Clelia, sendo uma Pseudoboini[2].

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Muçurana" origina-se do termo tupi muçu-rana, que significa "semelhante ao muçu".[3]

Nomes vernáculos[editar | editar código-fonte]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Seus hábitos foram descobertos pelo médico e cientista brasileiro Vital Brasil (1865-1950). Pesquisador do ofidismo,[5] Vital Brazil apresentou, em uma conferência em 1915, um filme, de 1911, mostrando a luta de uma muçurana contra uma jararaca.[6]

Pertence a família Dipsadidae. Seu porte vai de pequeno a médio,podendo chegar a medir 2,40 metros de comprimento quando alcançar a vida adulta. A sua coloração varia de acordo com a idade, possuindo uma coloração rosada com cabeça escura, quando jovem, e quando adultos são preto azuladas com uma faixa branca na parte ventral.

Apresenta veneno na sua peçonha mas não apresenta risco ao ser humano.

Distribuição Geográfica e Habitat[editar | editar código-fonte]

Possui hábitos diurnos, além de seu habitat preferido ser em lugares com vegetação densa, ao nível do solo. Em algumas regiões, é comum os agricultores criarem muçuranas como animais de estimação, na finalidade de diminuir o número de acidentes com cobras peçonhentas que atacam tanto os animais domésticos como o gado.

Em meados de 1930, houve um plano brasileiro para produzir e liberar uma grande quantidade de cobras muçuranas para controlar a quantidade de jararacas, mas não foi satisfatório. É encontrada nas áreas do centro,sudeste e sul do Brasil, Paraguai e nordeste da Argentina, porém também há registros dessa mesma espécie no Rio Grande do Sul.

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Conhecida entre os estudiosos como a "cobra do bem" ou "limpa-campo" devido a sua alimentação ser baseada em lagartos e pequenos roedores como ratos. Porém, ao se sentir ameaçada reagirá com agressividade, mesmo apesar de não representar ameaça para os seres humanos, poderá atacar mordendo com seus 10 a 15 dentes fortes na parte de trás da boca ou sufocando. Outras cobras como cascavéis e jararacas fazem parte da sua dieta alimentar, matando-as por constrição. Sendo imune ao veneno da sua principal presa (Bothrops jararaca) e outras espécies do gênero, porém não é imune ao veneno da cobra-coral. Sendo então considerada uma cobra ofiófaga, devido ao fato de alimentar-se de outras cobras, mas no caso de ausência de suas presas habituais, a muçurana não despreza pequenos mamíferos.

Estado de Conservação[editar | editar código-fonte]

A muçurana por ser endêmica na região da caatinga[7], está associada aos solos arenosos das dunas, na margem direita do Rio São Francisco, no estado da Bahia. E encontra-se na categoria de ameaça classificada como 'em perigo'[8] ,devido a desestabilização das dunas em razão da extração de areia e madeira, além da expansão agrícola.

Na região atlântica paranaense, a muçurana ainda pode ser encontrada com facilidade se compararmos às regiões noroeste e sudoeste do Estado ou do sul e sudeste do Brasil. Porém, é uma espécie que é encontrada em pequenas populações, devido a sua alta especificidade ambiental e dieta alimentar.

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Pseudoboa nigra, também popularmente conhecida como cobra-preta ou muçurana

Referências

  1. Britannica Escola
  2. Alencar, Laura Rodrigues Vieira de (27 de agosto de 2010). «Ecomorfologia em serpentes neotropicais: um estudo de caso com a tribo Pseudoboini» 
  3. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 167
  4. Manso, Laura Vicuña Pereira. 2013. Dicionário da língua Kwazá. Dissertação de mestrado. Guajará-Mirim: Universidade Federal de Rondônia. (PDF).
  5. Livro "À sombra do pântano", citado em http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/vitalbrazil.html Arquivado em 13 de dezembro de 2009, no Wayback Machine., Providencial coincidência na história do ofidismo
  6. Filmes do Cinema Mudo Paulistano - 1910 a 1915 Arquivado em 29 de novembro de 2014, no Wayback Machine., site www.almanack.paulistano.nom.br
  7. «Caatinga». Toda Matéria. Consultado em 25 de julho de 2019 
  8. «Conservação de serpentes nos biomas brasileiros». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 25 de julho de 2019