Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

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Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Tipo Museu de arte
Inauguração 1948 (75–76 anos)
Visitantes 250 000[1] (2012)
Diretor Paulo Albert Weyland Vieira
Curador Beatriz Lemos (curadora), Pablo Lafuente (diretor artístico)
Website www.mam.rio
Geografia
País Brasil
Localidade Rio de Janeiro, RJ
 Brasil
Coordenadas 22° 54' 49" S 43° 10' 18" O

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) é uma das mais importantes instituições culturais do Brasil. Localiza-se na cidade do Rio de Janeiro, no Parque do Flamengo, entre o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial e o Aeroporto Santos Dumont, próximo ao centro histórico do Rio. Seu edifício-sede, a obra mais conhecida do arquiteto carioca nascido em Paris Affonso Eduardo Reidy, é um marco na arquitetura moderna no mundo e segue a orientação da arquitetura racionalista, destacando-se pelo emprego de pilotis, grande vão livre e integração com a paisagem e os jardins do entorno, que são obra do paisagista Roberto Burle Marx.

O museu foi inaugurado em 1948, por iniciativa de um grupo de empresários presidido por Raymundo Ottoni de Castro Maia, como uma organização particular sem fins lucrativos, fruto do contexto cultural e econômico que o Brasil vivenciou no segundo pós-guerra, em que se observou a diversificação dos equipamentos culturais deste país, a aquisição de um valioso patrimônio artístico e a assimilação das correntes artísticas modernas.

Palco de diversos acontecimentos de grande relevância na vanguarda artística brasileira, o museu amealhou ao longo de sua história uma grande coleção de arte moderna e contemporânea altamente representativa. Parte dessa coleção foi perdida no trágico incêndio de 1978. Conserva hoje aproximadamente 15 mil obras de arte, sendo 6 600 da coleção própria e as demais, em regime de comodato, advindas da Coleção Gilberto Chateaubriand, desde 1993, e da coleção de fotografias de Joaquim Paiva.

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

No Brasil, a década de 1940 foi um período marcado pela intensa participação da iniciativa privada no processo de criação de uma rede de equipamentos culturais de alto nível e pela consolidação do apreço pela estética modernista entre colecionadores e intelectuais em geral. O período de grande prosperidade que o Brasil experimentava, propiciado pelo avanço da industrialização, contrastava com a difícil situação financeira vivenciada pela Europa após o término da Segunda Guerra Mundial.

Em São Paulo, Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi haviam desenvolvido um método que permitiria o financiamento privado para a aquisição de obras de grande relevância artística no então combalido mercado de arte internacional, fundando em 1947 o Museu de Arte de São Paulo - primeiro espaço museológico do país a atuar com perfil de centro cultural. No ano seguinte, Ciccillo Matarazzo funda o primeiro museu brasileiro exclusivamente voltado às mais recentes tendências artísticas de então, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, inspirado nos moldes do Museu de Arte Moderna de Nova York e, como o MASP, propulsor do modelo de "museu vivo", fundamentalmente estruturado em torno de um projeto de atuação didática.

O período do pós-guerra seria igualmente importante para a profusão do colecionismo privado, resultando, por exemplo, nos notáveis acervos amealhados pelas irmãs Ema e Eva Klabin e pelo empresário Raymundo Ottoni de Castro Maya, importante "adido cultural" da capital fluminense, dedicado, da mesma forma que Chateaubriand em São Paulo, a suprir importantes lacunas da cena artística do Rio de Janeiro, destacando-se a fundação, em 1943, da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil.

A ata de fundação do Museu de Arte Moderna do Rio é de 1948, quando a presidente era de Raymundo de Castro Maya.

Os primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Inauguração de exposição de pintura francesa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965. Imagem do Fundo da TV Tupi.

O Museu nasceu como entidade civil em 1951, e no ano seguinte foi instalado provisoriamente no Palácio da Cultura. Em dezembro de 1952, a Câmara dos Vereadores aprova proposta de doação de terreno de 40 mil metros quadrados para a instituição. A transferência à sede própria se dá, contudo, em 1958, quando é inaugurado seu Bloco Escola. O Bloco de Exposições (prédio principal) foi inaugurado em 1963.

O museu foi palco de diversos acontecimentos da vanguarda artística da década de 60, dos Novos Realistas aos Neoconcretos. Ele sediou as mostras Opinião 65, Opinião 66, Nova Objetividade (1967) e o Salão da Bússola (1969). Foi na mostra Nova Objetividade que Hélio Oiticica expôs a sua obra Tropicália, cujo nome deu origem ao Movimento Tropicalista.

Por alguns anos, dentro do Museu, funcionou um estúdio de dublagem, a Technisom.

Incêndio e Reforma[editar | editar código-fonte]

Em 1978, uma grande retrospectiva do trabalho de Torres-García estava montada no Brasil, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro realizava a exposição temporária "Geometria sensível" com 80 telas do pintor. Fatidicamente o prédio do museu incendiou-se completamente durante a madrugada do dia 8 de julho, e dos quadros do pintor uruguaio nada sobrou. A perda representou 90% do que o artista produzira e quase gerou um incidente diplomático. O Museu Torres-García em Montevidéu exibe atualmente réplicas fotográficas de seus trabalhos. Junto com as obras de Torres-Garcia, queimaram no incêndio irreversivelmente telas de Pablo Picasso, Joan Miró, René Magritte, Salvador Dalí, Max Ernst e de todos os artistas brasileiros representativos na época, como Di Cavalcanti, Candido Portinari, Ivan Serpa, Manabu Mabe e muitos outros. Um desastre sem precedentes na história das grandes coleções de artes plásticas. Somente nos anos 90 as instituições internacionais voltaram a confiar no Brasil para receber mostras de grande porte.[2][3][4] O incêndio teria sido causado ou por um cigarro ou por uma falha elétrica, e destruiu 90% de seu acervo, como a cabeça cubista e um Retrato de Dora Maar, ambas obras de Picasso.

Após extensos trabalhos de restauração, o Bloco de Exposições volta, em 1982, ao funcionamento.

Entre 1993 e 2002, o museu recebeu doações de coleções particulares de Gilberto Chateaubriand, cerca de 4 000 obras, inclusive telas de Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Di Cavalcanti e gravuras de Oswaldo Goeldi, entre outras.

Acervo[editar | editar código-fonte]

O MAM Rio tem um dos mais importantes acervos de arte moderna e contemporânea da América Latina. Esse acervo é formado por obras pertencentes a três coleções de procedências diversas: a coleção própria do museu − refeita, por meio de doações como a da coleção Esther Emílio Carlos, obras doadas por Ferreira Goulart , Governos estrangeiros (um Soulages doado pela presidência da França) e de artistas e aquisições feitas como patrocínios, notadamente da Petrobrás e White Martins − que reúne importantes trabalhos de artistas nacionais, mas se destaca por abrigar a maioria das obras internacionais da instituição como por exemplo esculturas de Brancusi, Giacometti, Hans Arp, Henri Moore e pinturas de Robert Motherwell, Torres-Garcia, Carlos Carra, Lucio Fontana; a coleção Gilberto Chateaubriand, a maior e mais abrangente coleção de arte moderna e contemporânea brasileira cedida ao museu em regime de comodato; e a coleção Joaquim Paiva, dedicada exclusivamente à fotografia de nomes de diferentes gerações e nacionalidades.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Diretor do Museu de Arte do Rio quer inverter eixo cultural da cidade». Folha Online. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  2. «Há 31 anos, o modernismo em cinzas, no MAM». Jornal O Estado de São Paulo. 18 de outubro de 2009. Consultado em 3 de setembro de 2018 
  3. «Do MAM ao Museu Nacional: incêndios em acervos culturais e científicos são tragédias que se repetem no país». Jornal O Globo. 3 de setembro de 2018. Consultado em 3 de setembro de 2018 
  4. «Incêndio destrói quase todo o acervo do Museu de Arte Moderna do Rio, em 1978». Jornal O Globo. 25 de setembro de 2013. Consultado em 3 de setembro de 2018 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Alencar, Vera Maria Abreu de (ed.) (1996). Os Museus Castro Maya. Série Museus Brasileiros. São Paulo: Banco Safra. CDD 708-98153 
  • Barbosa, Ana Mae Tavares Bastos (ed.) (1990). O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Série Museus Brasileiros. São Paulo: Banco Safra. CDD 708-98153 
  • Britto, M.F. do Nascimento (ed.) (1999). O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Série Museus Brasileiros. São Paulo: Banco Safra. CDD 708-98153 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]