Mycobacterium abscessus

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Classificação científica
Reino: Bacteria
Filo: Actinobacteria
Classe: Actinobacteria
Ordem: Actinomycetales
Família: Mycobacteriaceae
Género: Mycobacterium
Espécie: M. abscessus
Nome binomial
Mycobacterium abscessus
Kusonoki and Ezaki 1992 ATCC 1997

Mycobacterium abscessus é uma micobactéria de crescimento rápido contaminante comum da água. Era catalogada com uma subespécie de Mycobacterium chelonae até 1992. M. abcessus pode causar enfermidade crônica pulmonar, infecção de feridas pós-traumáticas, enfermidade cutânea disseminada principalmente em pacientes imunodeprimidos.

Infecção em humanos[editar | editar código-fonte]

Mycobacterium abscessus, como outras micobactérias de crescimento rápido (MCR) (tais como a Mycobacterium fortuitum e o Mycobacterium chelonae) podem ser contaminantes de fontes naturais de água e do solo e serem as espécies mais freqüentes deste tipo de bactéria em infecções relacionadas a questões de saúde humana. Infecções por MCR podem se desenvolver em quase praticamente qualquer tecido ou órgão do corpo humano, sendo mais freqüente a infecção da pele, tanto supeficial quanto subcutaneamente. São registradas infecções após cirurgias de revascularização miocárdica, diálise peritoneal, hemodiálise, mamoplastia e artroplastia. Não são relatadas transmissões de paciente a paciente, sendo as fontes mais importantes as ambientais.[1]

Geralmente as infecções de pele por MCR se apresentam como abscessos piogênicos, com supuração e reação inflamatória aguda, ou evoluem lentamente, com formação de nódulos, inflamação crônica, ulceração, formação de loja e fistulização. O desenvolvimento da doença é variável, sendo mais freqüente a evolução crônica progressiva, com raros casos de cura espontânea. Não existem sinais patognomônicos. Normalmente a falta de resposta aos antibióticos mais comumente utilizados para patógenos comuns em moléstias de pele é que leva às suspeitas da infecção por MCR.[1]

Wenger e colaboradores relataram surto de infecções, a partir de água destilada armazenada para preparação de soluções, de M. chelonae e a então subespécie abscessus, além de M. gordonae e um "microrganismo ácido-resistente de crescimento lento e pigmentação alaranjada não identificado" em clínica de podologia associado ao uso de injetores contaminados.[2]

No período de abril de 2004 a janeiro de 2005, na cidade de Belém (PA), Brasil, houve um grande surto de infecção hospitalar causado por Mycobacterium abscessus.[3]

Identificação[editar | editar código-fonte]

Micobactérias de crescimento rápido têm sido isoladas de amostras associadas à cirurgias videolaparoscópica, mesoterapia e prótese mamária. Nestes casos a análise do perfil de PCR-restrição enzimática tem evidenciado fragmentos de 235/205 bases após restrição com a enzima BstEII e fragmentos de 200/ 70 bases posterior à digestão com a enzima HaeIII, e tais comportamentos são atribuídos à espécie Mycobacterium abscessus.[4]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

As infecções por Mycobacterium abscessus, assim como outras MCR, são tratadas com a aplicação de antibioticoterapia muitas vezes acrescida da abordagem cirúrgica. O antibiótico mais empregado, por uma abordagem empírica, é a monoterapia com claritromicina, em casos de formas cutâneas localizadas, associada com um aminoglicosídeo nos casos de imunossupressão ou de acometimento sistêmico.[1] Nas formas cutâneas extensas recomenda-se a associação da claritromicina com amicacina.[5] Quinolonas (ciprofloxacina, ofloxacina, gatifloxacina e moxafloxacina) são empregadas quando o paciente apresenta reação negativa a estas drogas, mas não está recomendado pela freqüência de cepas resistentes.[1][6]

Referências

  1. a b c d Informe aos profissionais de saúde sobre as características da infecção por Mycobacterium abscessus, medidas para diagnóstico, tratamento e prevenção - www.anvisa.gov.br
  2. WENGER JD, SPIKA JS, SMITHWICK RW, PRYOR V, DODSON DW, CARDEN GA, KLONTZ KC. Outbreak of Mycobacterium chelonae infection associated with use of jet injectors. JAMA 1990, 264 (3): 373-376
  3. O inferno de Belém - www.terra.com.br
  4. DEVALOIS A, GOH KS & RASTOGI N. Rapid identification of mycobacteria to species level by PCR-restriction fragment length polymorphism analysis of the hsp65 gene and proposition of an algorithm to differentiate 34 mycobacterial species. Journal of Clinical Microbiology 1997 35:2969-2973
  5. Orientações para investigação clínica e tratamento de infecções por Mycobacterium spp em procedimentos estéticos - ftp.cve.saude.sp.gov.br
  6. [CDC] Centers for Disease Control and Prevention. Mycobacterium abscessus frequently asked questions. Disponível em URL: http://www.cdc.gov/ncidod/hip/myco/M_abscessus_faq_prt.htm [2005 ago 15]
  • Kusunoki,S.,T. Ezaki. 1992. Proposal of Mycobacterium peregrinum sp. nov., nom. rev., and elevation of Mycobacterium chelonae subsp. abscessus (Kubica et al.) to species status: Mycobacterium abscessus comb. nov. Int. J. Syst. Bacteriol. 42, 240-245.
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