NKVD (campos especiais)

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Emblema do NKVD.

Os Campos Especiais da NKVD (Alemão: Speziallager) foram campos de internamento após a Segunda Guerra Mundial, subordinados ao Ministério do Interior da URSS, nas parte da Alemanha ocupadas pelos soviéticos e nas áreas a leste da Linha Oder-Neisse. Os acampamentos a leste da linha foram posteriormente transferidos para a Zona de ocupação soviética na Alemanha, onde eles eram gerenciados pela administração militar soviética (SMAD) e operados pelo serviço secreto soviético (NKVD).[1] Em 8 de Agosto 1948, os campos foram subordinado ao Gulag.[2]

Como os contatos dos reclusos com o mundo exterior eram não permitidos, os campos especiais também eram conhecidos como ‘Campos do Silêncio’ (em alemão: Schweigelager).[3]

A própria existência dos campos foi mantida em segredo, até que uma campanha maciça da imprensa ocidental levou a União Soviética a responder e de admitir a existência desses campos.[4] Nenhum dos detentos foram libertados antes de 1948,[2] e em 1950, os campos foram entregues ao governo da Alemanha Oriental.[2] Entre 122 mil a 150 mil pessoas foram detida nestes campos, e das quais pelo menos 43 mil não sobreviveram.[2]

Os presos[editar | editar código-fonte]

As pessoas eram presas por diversas causa, como supostas ligações com o nazismo, porque estavam dificultando o estabelecimento do stalinismo, ou mesmo aleatoriamente.[5] A base legal para a prisão foi a ordem de no 00315, de 18 de abril de 1945, emitida por Beria ordenando o internamento sem investigação prévia de chefes de organizações nazistas, pessoas que mantinham meios para impressão "ilegal", dispositivos de transmissão, depósitos de armas, jornalistas e membros da administração civil.[6]

Os presos eram classificados como "condenados" ou "internados", dependendo se eles tinham sido ou não julgados por um tribunal militar soviético (SMT).[7] Um decreto, Kontrollratsdirektive Nr.38, emitido pelo Conselho de Controle Aliado em 30 de Outubro de 1946 informava que o julgamento deveria ser obrigatório antes do internamento, porém em novembro de 1946 apenas 10% dos presos tinham sido " condenados ", essa proporção subiu para 55% no início de 1950.[7]

Dos "internados", no início de 1945, 80% eram membros do partido nazista, dois terços no final de 1945, e menos da metade depois de fevereiro de 1946.[5] Sendo que dos "condenados", 25% eram membros do partido nazista em 1945, porcentacem que diminuiu para 20% em 1946, 15% em 1947, um pouco acima de 10%, em 1948, e menos de 10% a partir de 1949.[5] Demostrando que uma real e significativa perseguição de crimes de guerra nazistas pelo tribunal militar soviético não ocorreu.[5] Entre os nazistas também foram presos jovens suspeito de serem membros da Werwolf.[6] Cerca de 10 mil jovens e crianças foram internados, metade dos quais não retornaram.[8]

Entre os presos estavam muitos adeptos ou membros do socialista Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), que especialmente, desde 1946, estava em "sob observação" pelas autoridades soviéticas.[9] Quando o Partido Social Democrata foi incorporado ao Partido Comunista da Alemanha (KPD ) e renomeado Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED), dezenas de social-democratas foram internados para garantir o domínio stalinista no partido.[9]

Além disso, as pessoas eram internadas, com base no artigo 58 do código penal soviético, como "espiões" pela suspeita de oposição ao regime autoritário, ou por "atividades anti-soviéticas", como por contatar organizações baseadas nas zonas de ocupação ocidentais.[9] No campo de Bautzen, 66% dos presos eram desta categoria.[9]

Política de isolamento[editar | editar código-fonte]

O total isolamento dos detentos foi a política usada desde o início. Em um decreto de 27 de julho de 1945 lê-se: "O objetivo principal dos Campos Especiais é o isolamento total do indivíduo, proíbindo-se todas as correspondencias e visitantes." Outro decreto, em 25 de julho de 1946, confirmou o "total isolamento do mundo exterior", como objetivo principal, e citando ainda:

"[Os presos de campos especiais] deverão ser isolados da sociedade usando medidas especiais, eles não serão legalmente indiciados, e em contraste com o procedimento habitual de casos legais, seus casos não serão documentados".[10]

Os familiares ou amigos dos detidos não eram capazes de obter qualquer informação e nem sequer eram informados de mortes de internos.[10]

No final de 1947, os presos tiveram acesso limitado a jornais comunistas, sendo este o seu primeiro contacto com o mundo exterior desde sua prisão.[11]

Primeiros libertados[editar | editar código-fonte]

Os primeiros 27 749 foram liberados meados de 1948, após uma revisão de 43 853 casos por uma comissão conjunta de SMAD, MGB e MWD (o sucessor do NKVD ).[2] Os liberados foram principalmente pessoas cuja prisão fora baseada em suspeita de terem sido nazistas, que na ocasião foi considerado de baixa importância pela comissão.[2]

Mortos e feridos[editar | editar código-fonte]

O número total de detentos e de mortos é debatito. Em 1990, o Ministério do Interior Soviético, divulgou os números, segundo a qual 122 558 [2] foram detidos, dos quais 42 889 [2] morreram devido principalmente a fome e as doenças, 756 [2] foram condenados à morte e executados, 45 261 foram liberados, 12 770 foram deportados para a União Soviética para o trabalho forçado, o estado de 6 680 foi alterado para prisioneiro de guerra, e 14 202 foram entregues às autoridades comunistas da Alemanha Oriental. Historiador V. Flocken diz que estes números são muito baixos, e coloca o número de detidos entre o total de 160.000 a 180.000, dos quais 65 mil morreram.

Os historiadores Mirenko, Niethammer, Jeske, e Finn dão estimativas de cerca de 154 mil detentos, e dizem que o número de mortes dadas pelos soviéticos é realista.[2]

Referências

  1. Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 126. ISBN 3-8305-1165-5 
  2. a b c d e f g h i j Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 132. ISBN 3-8305-1165-5 
  3. Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 126, 133 e 134. ISBN 3-8305-1165-5 
  4. Petra Haustein (2006). Instrumentalisierung, Verdrängung, Aufarbeitung: die sowjetischen Speziallager in der gesellschaftlichen Wahrnehmung 1945 bis heute. [S.l.]: Wallstein Verlag. p. 12. ISBN 3-8353-0051-2 
  5. a b c d Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 128. ISBN 3-8305-1165-5 
  6. a b Petra Weber (2000). Justiz und Diktatur: Justizverwaltung und politische Strafjustiz in Thüringen 1945-1961 : Veröffentlichungen zur SBZ-/DDR -Forschung im Institut für Zeitgeschichte. [S.l.]: Oldenbourg Wissenschaftsverlag. p. 98- 99. ISBN 3-486-56463-3 
  7. a b Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 127. ISBN 3-8305-1165-5 
  8. Pia Fruth (7 de maio de 2010). «=Die Lüge vom Werwolf. Warum Tausende Jugendliche in sowjetischen Lagern landetenl» (PDF). Südwestdeutscher Rundfunk 2 (em German). Consultado em 16 de maio de 2010 
  9. a b c d Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 129. ISBN 3-8305-1165-5 
  10. a b Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 133 – 134 e135. ISBN 3-8305-1165-5 
  11. Kai Cornelius (2004). Vom spurlosen Verschwindenlassen zur Benachrichtigungspflicht bei Festnahmen. [S.l.]: BWV Verlag. p. 136. ISBN 3-8305-1165-5 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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