Nello Nuno

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Nello Nuno de Moura Rangel (Viçosa, 1939Belo Horizonte, 2 de junho de 1975), mais conhecido como Nello Nuno, foi um pintor e desenhista brasileiro.

É considerado uma "lenda das artes de Minas Gerais"[1][2] e precursor da pintura neo-expressionista dos anos 80.[2]

Seu estilo influenciou diversos artistas como Fernando Lucchesi, Jorge dos Anjos e Gélcio Fortes.[1]

Vida[editar | editar código-fonte]

Durante a adolescência em Viçosa, passou a desenvolver sua pintura influenciado pela mãe, Dona Udalga, que também pintava.[3]

Mudou-se para Belo Horizonte com a família, onde seu pai foi professor da Faculdade de Medicina da UFMG[3]. Nesse período, conviveu com artistas que o influenciariam como Álvaro Apocalypse, Terezinha Veloso, Jarbas Juarez, Eduardo de Paula e Chanina.[3]

Casou com a artista Annamélia (Anna Amélia Lopes de Oliveira) e, após um período entre Lagoa Santa e Belo Horizonte, o casal acabou mudando-se, em 1965, para Ouro Preto com dois filhos pequenos quando, na verdade, passaria apenas um fim de semana com os amigos Álvaro Apocalypse e Haroldo Mattos.[3]

Em Ouro Preto, viveu da sua arte e marcou a cena artística após o período influenciado por Guignard.[2][3]

Jutamente com a esposa, fundou uma escola de artes que, em seguida, foi absorvida pela então criada Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP).[4]

Durante o período da ditatura militar, abrigou diversas pessoas perseguidas pelo regime.[1]

Sua vida é marcada por histórias, uma inclusive sobre a sua morte[1]. Em um momento marcada por muito prestígio na carreira, faleceu, segundo algumas versões, por botulismo após ter consumido um patê durante uma noitada regada a vinho com amigos – entre eles o escultor Amilcar de Castro, em Lagoa Santa[1]. Outros asseguram que ele teria tido meningite.[1]

Nello Nuno também foi professor da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais, da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) e da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais.[2]

Estilo e recepção crítica[editar | editar código-fonte]

Nello Nuno produziu pinturas, desenhos, aquarelas, ilustrações, colagens e poemas.[1]

A exposição de suas obras ficou concentrada praticamente em Minas Gerais.[3]

O jornalista mineiro Walter Sebastião define a obra de Nello Nuno como "arrojada, múltipla, lírica e plasticamente poderosa", influenciada especialmente pela personalidade do autodidata de jeito "brincalhão, afetuoso, boêmio e solidário".[1]

Para o jornalista, escritor e crítico de arte Márcio Sampaio, o fato de Nello Nuno ter vivido em Ouro Preto teria marcado sua obra pelo trânsito de informações, diálogo com artistas e críticos de outros centros[2]. Sua obra teria despontado pela inteligência plástica, defesa da liberdade criativa, uso das cores fortes, bom humor, atualização e multiplicidade de formas e linguagens.[2][1][3]

Suas obras estão expostas em acervos públicos como o Centro Cultural da UFMG, Museu Mineiro, BDMG Cultural, Aeroporto de Confins e Pinacoteca da Universidade Federal de Viçosa.[2]

As produções mais conhecidas são Beijagira (mistura de beija-flor e girassol), Surubicha (um "peixe-bicha"), cuja criação deu-se por influência do amigo escritor Murilo Rubião.[1]

Foi premiado no XX Salão Mineiro de Belas Artes, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (1965); Salão de Arte Moderna do Distrito Federal (1965); Salão Paulista (1966); V Salão Nacional de Artes Plásticas de Belo Horizonte, Museu de Arte da Pampulha (1973); e Salão da Caixa Econômica do Estado de Goiás (1974).[2]

A carreira do artista foi celebrada com exposições como a realizada em ocasião de 25 anos da morte do artista no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.[1]

Em Ouro Preto, uma galeria da FAOP recebeu o nome do artista.[4]

Em Viçosa e Belo Horizonte, premiações direcionadas às artes plásticas também têm o mesmo antropônimo.[5]

Exposições[editar | editar código-fonte]

Coletivas[editar | editar código-fonte]

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Individuais[editar | editar código-fonte]

[2]

Póstumas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l Sebastião, Walter. (16 de novembro de 2000). Lenda das artes. Jornal Estado de Minas
  2. a b c d e f g h i j k Lima, Marcela Sia de. (31 de julho de 2009). FAOP restaura pintura de Nello Nuno do acervo da UFV Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine.. Universidade Federal de Viçosa, acesso em 8 de julho de 2010
  3. a b c d e f g Sebastião, Walter. (16 de novembro de 2000). Gauguin brasileiro. Jornal Estado de Minas
  4. a b Trem da Vale. Trem da Vale - Histórias de Vida (Anna Amélia Lopes de Oliveira Arquivado em 27 de setembro de 2009, no Wayback Machine., acesso em 8 de julho de 2010
  5. Academia de Letras de Viçosa. - Benito Taranto Arquivado em 5 de janeiro de 2010, no Wayback Machine., acesso em 8 de julho de 2010