Nereida (satélite)

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Nereida
Satélite Netuno II
Fotografia de Nereida pela sonda Voyager 2 (1989)
Fotografia de Nereida tirada pela sonda Voyager 2 em 1989, a uma distância de 4,7 milhões de quilômetros.
Características orbitais[1]
Semieixo maior 5 513 818 km
Periastro 1 374 594 km
Apoastro 9 653 041 km
Excentricidade 0,7507
Período orbital 360,13 d (0,986 a)
Velocidade orbital média 0,934 km/s
Inclinação 7,090° (com plano de Laplace local) °
Argumento do periastro 281,117°
Longitude do nó ascendente 335,570°
Características físicas
Diâmetro médio 340 ± 50 km[2]
Massa 3,1×1019 kg
Densidade média 1,5[2] g/cm³
Gravidade equatorial ~0,007 g
Período de rotação 0,480 ± 0,006 d (11,52 ± 0,14 h)[3]
Velocidade de escape ~0,156 km/s
Albedo 0,155[2]

Nereida, também conhecido como Netuno II(pt-BR) ou Neptuno II(pt-PT?), é o terceiro maior satélite natural de Netuno, com um diâmetro de cerca de 340 km. Foi descoberto por Gerard Kuiper em 1949.

Descoberta e nomeação[editar | editar código-fonte]

Nereida foi descoberto em 1 de maio de 1949 por Gerard P. Kuiper, a partir de fotografias tiradas no Observatório McDonald. Kuiper propôs o nome no relato da descoberta. O satélite foi nomeado a partir das Nereidas, ninfas marinhas da mitologia grega e ajudantes do deus Netuno.[4] Foi a segunda e última lua de Netuno a ser descoberta antes da chegada da Voyager 2 (não contando uma única observação de uma ocultação por Larissa em 1981).[5]

Órbita e rotação[editar | editar código-fonte]

Nereida orbita Netuno em uma direção prógrada com um semieixo maior (distância média) de 5 513 818 km, mas sua alta excentricidade de 0,7507 o leva entre 1 374 594 km e 9 653 041 km do planeta.[1]

A órbita anormal sugere que Nereida pode ser um asteroide ou objeto do cinturão de Kuiper capturado, ou que foi uma lua interna no passado e foi perturbada durante a captura de Tritão.[6]

Em 1991, o período de rotação de Nereida foi estimado em 13,6 horas por análises de sua curva de luz.[7] Em 2003, outra medição estimou um período de 11,52 ± 0,14 horas.[3] No entanto essa determinação foi contestada. Outros pesquisadores não conseguiram detectar nenhuma modulação periódica em sua curva de luz.[8]

Características físicas[editar | editar código-fonte]

Nereida é o terceiro maior satélite de Netuno e tem um raio médio de 170 km,[2] considerado relativamente grande para um satélite irregular.[3] Sua forma não é conhecida.[8]

Desde 1987 algumas observações fotométricas de Nereida detectaram grandes variações no brilho (de cerca de 1 na magnitude aparente), em uma escala de anos ou meses, mas às vezes até mesmo de alguns dias, as quais persistem mesmo após correções de distância e fase. Por outro lado, alguns astrônomos que observaram o satélite não observaram essas variações, o que significa que elas podem ser caóticas. Atualmente não há explicação para essas variações, mas, se existirem, provavelmente estão relacionadas com a rotação de Nereida; devido à órbita elíptica Nereida pode estar em um estado de precessão forçada, ou pode apresentar rotação caótica (como Hipérion). Em qualquer caso sua rotação é bastante irregular.[8]

Espectralmente Nereida tem cor neutra[9] e gelo de água já foi detectado em sua superfície.[6] Seu espectro parece ser intermediário entre Titânia e Umbriel, o que sugere que sua superfície é composta de uma mistura de gelo de água e algum material espectralmente neutro.[6] O espectro é diferente do espectro típico de um planeta menor do Sistema Solar exterior, sugerindo que Nereida tenha se formado em volta de Netuno ao invés de ser um corpo capturado.[6]

Halimede, que tem cores similares, pode ser um fragmento de Nereida quebrado durante uma colisão.[9]

Exploração[editar | editar código-fonte]

A única sonda espacial que visitou Netuno foi a Voyager 2, que passou a 4 700 000 km de Nereida[10] entre 20 de abril e 19 de agosto de 1989, obtendo 83 imagens.[11] Antes da chegada da Voyager 2, observações de Nereida eram limitadas a observações terrestres que só podiam estabelecer seus elementos orbitais e brilho.[12] Embora as imagens obtidas pela sonda não tenham resolução suficiente para distinguir formações na superfície, a Voyager 2 foi capaz de medir o tamanho de Nereida e descobriu que tem cor cinza e um albedo maior que os outros pequenos satélites de Netuno.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Planetary Satellite Mean Orbital Parameters». JPL (Solar System Dynamics). 23 de agosto de 2013. Consultado em 12 de fevereiro de 2016 
  2. a b c d «Planetary Satellite Physical Parameters». JPL (Solar System Dynamics). 19 de fevereiro de 2015. Consultado em 12 de fevereiro de 2016 
  3. a b c Grav, Tommy; Holman, Matthew J.; Kavelaars, J. J (julho de 2003). «The Short Rotation Period of Nereid». The Astrophysical Journal. 591 (1). pp. L71–L74. Bibcode:2003ApJ...591L..71G. doi:10.1086/377067 
  4. Kuiper, Gerald P. «The Second Satellite of Neptune». Publications of the Astronomical Society of the Pacific. 61 (361). 175 páginas. Bibcode:1949PASP...61..175K. doi:10.1086/126166 
  5. a b Smith, B. A.; et al. (dezembro de 1989). «Voyager 2 at Neptune: Imaging Science Results». Science. 246. pp. 1422–1449. Bibcode:1989Sci...246.1422S. doi:10.1126/science.246.4936.1422 
  6. a b c d Brown, Michael E.; Koresko, Christopher D.; Blake, Geoffrey A (dezembro de 1998). «Detection of Water Ice on Nereid». The Astrophysical Journal. 508 (2). pp. L175–L176. Bibcode:1998ApJ...508L.175B. doi:10.1086/311741 
  7. Williams, I. P.; Jones, D. H. P.; Taylor, D. B (maio de 1991). «The rotation period of Nereid». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 250. pp. 1, 2. Bibcode:1991MNRAS.250P...1W. doi:10.1093/mnras/250.1.1P 
  8. a b c Schaefer, Bradley E.; Tourtellotte, Suzanne W.; Rabinowitz, David L.; Schaefer, Martha W (julho de 2008). «Nereid: Light curve for 1999 2006 and a scenario for its variations». Icarus. 196 (1). pp. 225–240. Bibcode:2008Icar..196..225S. doi:10.1016/j.icarus.2008.02.025 
  9. a b Grav, Tommy; Holman, Matthew J.; Fraser, Wesley C (setembro de 2004). «Photometry of Irregular Satellites of Uranus and Neptune». The Astrophysical Journal. 613 (1). pp. L77–L80. Bibcode:2004ApJ...613L..77G. doi:10.1086/424997 
  10. Jones, Brian (1991). Exploring the Planets. Itália: W.H. Smith. 59 páginas. ISBN 0-8317-6975-0 
  11. Jacobson, R. A (novembro de 1991). «Triton and Nereid astrographic observations from Voyager 2». Astronomy and Astrophysics Supplement Series. 90 (3). pp. 541–563. Bibcode:1991A&AS...90..541J 
  12. «PIA00054: Nereid». NASA. 29 de janeiro de 1996. Consultado em 13 de fevereiro de 2016