Nikolai Trubetzkoy

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Nikolai Trubetzkoy

Nikolay Sergeyevich Trubetzkoy (outra grafia possível: Trubetskoy - em russo: Николай Сергеевич Трубецкой) (Moscou, 15 de abril de 1890 - Viena, 25 de junho de 1938) foi um linguista russo cujos preceitos formaram o núcleo do Círculo de Praga de linguística estrutural. Ele é amplamente considerado o fundador da morfofonologia.

Vida[editar | editar código-fonte]

Trubetzkoy nasceu em um meio extremamente refinado. Seu pai era um filósofo de primeira classe cuja linhagem ascendia aos governantes medievais da Lituânia. Graduou-se pela Universidade de Moscou em 1913, onde lecionou até a revolução. Depois disso, foi para a Universidade de Rostov-na-Donu, em seguida para a Universidade de Sófia (1920-1922). Por fim, assumiu a cátedra de Filologia Eslava na Universidade de Viena (1922-1938). Morreu de um ataque do coração, atribuído à perseguição nazista que sofreu após a publicação de um artigo de sua autoria no qual criticava duramente as teorias de [[Hitler.

A principal contribuição de Trubetzkoy para a linguística foi no campo da fonologia, em particular na análise de sistemas fonológicos de linguagens individuais e na procura de leis fonológicas universais e gerais. Sua principal obra, Grundzüge der Phonologie (Princípios de Fonologia), foi publicada após sua morte. Nesse livro ele apresenta sua famosa definição de fonema como a menor unidade distintiva na estrutura de uma língua. Esse trabalho foi crucial para que a fonologia e a fonética passassem a ser vistas como duas ciências distintas.

Por vezes é difícil separar as idéias de Trubetzkoy das de seu amigo Roman Jakobson, a quem se deve a divulgação das teorias da Escola de Praga sobre fonologia após a morte prematura de Trubetzkoy.

Fonologia e Fonética (resumo da Introdução do livro "Princípios de Fonologia")[editar | editar código-fonte]

Os estudos da linguagem, na sua origem, identificaram dois elementos que a compõem: língua e fala. De início, eram analisados de forma conjunta, porém lentamente os linguistas chegaram a uma divisão que estuda as características de cada ato separadamente: fonética, que é a ciência dos sons da fala, e fonologia, que é a ciência dos sons da língua.

A língua tem como características: é uma forma abstrata, é geral, constante e serve como fundamento da fala. Esta, por sua vez, é a parte concreta da linguagem, é particular e variável, e é a manifestação da língua.

Para os signos, estabeleceu-se a existência de um significante e um significado, tanto para a língua como para a fala. As características de cada um podem ser resumidas da seguinte forma:

 

Fala

Língua

Significante

Corrente sonora concreta – fenômeno físico perceptível ao ouvido

Regras que ordenam a face fônica do ato da fala

 

Movimentos articulatórios e sons resultantes ilimitados

Normas fônicas limitadas e finitas

 

Corrente fônica de movimentos sonoros ininterruptos e sem ordem

As unidades formam um sistema ordenado

Significado

Comunicação inteiramente concreta

Regras abstratas sintáticas, fraseológicas, morfológicas, léxicas

 

Número de representações ilimitado

Número limitado de possibilidades

Os estudos evoluíram para uma distinção entre a fonética, que utiliza métodos das ciências naturais por estudar fenômenos físicos concretos, e a fonologia, que utiliza métodos lingüísticos, psicológicos ou sociológicos utilizados pelo sistema gramatical.

A fonética analisa as normas válidas para uma comunidade lingüística, as divergências individuais, as alterações na pronúncia provocadas por uma mudança no tom do discurso. Nesta ciência, é relevante qual o som foi dito, qual o movimento do aparelho fonador gera este efeito acústico, e por estudar um fenômeno físico perceptível pelo sistema auditivo, está ligada à psicologia da percepção. O fato de a emissão de sons ser uma atividade semi-automática coloca a fonética em contato com a psicologia dos atos automáticos. A relação entre o complexo fônico estudado e sua significação lingüística não é considerada pela fonética, e para esta ciência os traços variáveis da fala são importantes.

As palavras de uma língua combinam elementos de diferenciação (marcas), porém nem todas as combinações são permitidas, e estão submetidas a regras. A fonologia pesquisa quais as diferenças fônicas estão ligadas numa determinada língua, e como os elementos de diferenciação podem se combinar. Os estudos da fonologia concentram-se nos aspectos invariáveis da língua. Embora a fonética e a fonologia possuam características muito particulares que justifiquem a divisão entre estas duas ciências, é fato que existe uma imbricação que torna um contato entre as duas necessário e inevitável.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Europe and Man (1920), Nikolai Trubetzkoy.