O Homem do Castelo Alto

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
'The Man in the High Castle'
'O Homem do Castelo Alto'
O Homem do Castelo Alto
Autor(es) Philip K. Dick
Idioma Inglês
País Estados Unidos
Gênero Distopia
Ficção científica
Editora Putnam
Lançamento outubro de 1962
Edição portuguesa
Tradução António Porto
Editora Livros do Brasil
Lançamento 1993
Páginas 239
Edição brasileira
Tradução Fábio Fernandes
Editora Editora Aleph
Lançamento 2006
Páginas 288
ISBN 9788576574415

O Homem do Castelo Alto (The Man in the High Castle, no original) é um romance escrito pelo norte-americano Philip K. Dick em 1962. É uma história distópica com elementos de ficção científica e romance ambientada no ano de 1962, no entanto, nessa versão dos fatos as Potências do Eixo derrotaram os Aliados na Segunda Guerra Mundial, ficando os Estados Unidos entregues à Alemanha nazista e ao Império do Japão.[1]

Embora não seja a primeira obra de distopia, o livro ajudou a definir as obras literárias do gênero. Ele ganhou o Prêmio Hugo e tornou Dick conhecido no meio da ficção científica. É também uma das obras de Dick mais bem-estruturadas e com personagens bem centrados no romance.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Mapa político do mundo no livro.

O Homem do Castelo Alto tem um ponto de divergência com o mundo real, onde o presidente Franklin D. Roosevelt foi assassinado em 1933 por Giuseppe Zangara. Ele foi sucedido pelo Vice-Presidente John Nance Garner, que foi posteriormente substituído por John W. Bricker. Nenhum deles foi capaz de superar a Grande Depressão, e ambos instalaram uma política isolacionista ao se aproximar a guerra, causando uma insuficiência militar e impedindo-os de ajudar o Reino Unido e a União Soviética contra a Alemanha nazista.

A URSS ruiu em 1941 e foi ocupada pelos nazistas, enquanto a maioria dos povos eslavos foram exterminados. Os eslavos sobreviventes da guerra foram confinados a "reservas em regiões fechadas". Os japoneses, por outro lado, destruíram totalmente as tropas dos Estados Unidos no ataque a Pearl Harbor. Dada a expansão de suas capacidades militares, o Japão foi capaz de invadir e ocupar o Havaí, a Austrália, a Nova Zelândia e o Sudoeste do Pacífico, no início dos anos 1940. Posteriormente, os Estados Unidos caíram no controle do Eixo.

Em 1948, as forças Aliadas foram entregues ao controle do Eixo. A Costa Leste dos Estados Unidos ficou sob controle alemão, enquanto a Califórnia, Washington, Oregon, Nevada e outras partes foram cedidas aos japoneses. A região de Mountain States, o Centro-Oeste e grande parte do Sudoeste permaneceram em tensão pelo controle entre as potências do Eixo. O Sul foi ressuscitado como um quase-estado fantoche nazista, parecido com a França de Vichy. O Reich Alemão e o Império japonês tornaram-se superpotências, e entraram em Guerra Fria como resultado disso.

Depois que Adolf Hitler foi incapacitado por sífilis, a chefia da Chancelaria do Partido Nazista coube a Martin Bormann, que assumiu a liderança da Alemanha. Os nazistas criaram um império colonial e continuaram seu massacre de raças que consideravam inferiores, assassinando judeus no estado fantoche dos Estados Unidos e em outras áreas controladas, e também realizando um maciço genocídio na África.

A Alemanha nazista desenvolveu um programa de mísseis, de modo que, em 1962, tinham um sistema funcional de foguetes comerciais utilizados para viagens intercontinentais e desenvolveram também a exploração espacial, através do envio de foguetes para a Lua, Marte e Vénus. Mais tarde, o sistema espacial nazista semelhante à NASA, "monta fábricas robotizadas em todo o sistema solar". O romance retrata a televisão como uma nova tecnologia na Alemanha. O Império japonês é retratado como atrás do Terceiro Reich em desenvolvimento tecnológico. No entanto, o romance menciona que há grave escassez de oferta na Alemanha, devido a investimentos em exploração espacial, e que a economia está à beira do colapso. Durante o livro, Martin Bormann morre e outros nazistas, como Joseph Goebbels e Reinhard Heydrich, lutam para se tornar o novo chanceler do Reich.

Nesse cenário, um livro proibido pelos nazistas — escrito pelo "Homem do Castelo Alto" — toma conta da imaginação das pessoas por descrever um mundo em que a guerra não foi perdida pelos aliados. E é nesse contexto que as vidas de várias pessoas se ligam através do I Ching, o oráculo chinês.

Personagens[editar | editar código-fonte]

  • Nobusuke Tagomi: representante do comércio japonês em São Francisco. Tagomi é um dos melhores clientes de Robert Childan.
  • Frank Frink: empregado da Wyndham-Matson Corporation, uma empresa especializada na reprodução americana da época em que os Estados Unidos eram uma nação independente (apesar de distorcer os fatos). É demitido após uma explosão no local de trabalho. Ele é judeu, mas esconde sua etnia para evitar a prisão e morte.
  • Juliana Frink: ex-mulher de Frank, é professora de judô.
  • Robert Childan: proprietário da loja Artesanato Artístico Americano, que vende antiguidades americanas para colecionadores, principalmente japoneses. Childan obtém suas peças a partir da Wyndham-Matson Inc., mas não acredita que esses itens sejam verdadeiros. Por lidar com pessoas japonesas, Childan adotou as boas maneiras japonesas, versões do japonês em modos de expressão e de pensamento. Ele olha com desprezo os japoneses que se dão com ele, acreditando que as pessoas brancas sejam superiores às de outras raças, incluindo chineses e africanos. Ele é muito consciente de sua imagem e, muitas vezes, delibera sobre a forma como suas ações podem aparecer para outros.
  • Mr. Baynes: na verdade Capitão Rudolf Wegener, da Contra-Inteligência Naval do Reich, está disfarçado como um rico industrial sueco que está viajando para ver o Sr. Tagomi. Ele é surpreendido quando Tagomi o cumprimenta e lhe dá um "verdadeiro Mickey Mouse", comprado a partir de Childan.

Uso do I Ching[editar | editar código-fonte]

O I Ching permeia todo o livro. No enredo, ele teria sido disseminado através do Pacífico após os japoneses começarem a sua atividade profissional. Vários personagens, tanto japoneses quanto americanos, consultam-no para as decisões importantes. Dick, em uma entrevista, disse que consultou várias vezes o I Ching para escrever o enredo do livro. Também Hawthorne Abendsen usou o I Ching ao escrever The Grasshopper Lies Heavy, fazendo perguntas sobre os temas e tópicos do livro.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Dick mais tarde explicou que ele teve a ideia deste livro a partir da leitura de Bring the Jubilee de Ward Moore (1953), uma história alternativa que retrata os Estados Unidos após os Estados Confederados da América vencerem a Guerra Civil Americana, em 1860. Na seção de agradecimento, Dick cita várias outras influências como o trabalho do historiador da Segunda Guerra Mundial William L. Shirer e seu Ascensão e Queda do Terceiro Reich de 1960. Também ao longo do livro há referências a autores nipônicos.

Adaptações[editar | editar código-fonte]

Audiolivro[editar | editar código-fonte]

Um audiolivro não-oficial do romance, lido por George Guidall por (aproximadamente) 9 horas e meia em 7 fitas cassetes, foi gravado em 1977.[2] Outro audiolivro não-oficial foi lançado em 2008 pela Blackstone Audio, esta versão contou com a leitura de Tom Weiner que decorreu em aproximadamente 8 horas e meia no total de 7 CDs.[3][4] Um terceiro audiolivro foi gravado e lançado em 2014 pela Brilliance Audio, ela foi lida por Jeff Cummings em 9 horas e 58 minutos.[5]

Televisão[editar | editar código-fonte]

Após uma série de tentativas para conseguir adaptar o livro para a televisão, em outubro de 2014 a unidade de produção de filmes da Amazon começou as filmagens do episódio piloto de The Man in the High Castle em Roslyn, Washington, para uma série de televisão dramática que foi ao ar pelo Amazon Prime,[6] o serviço de web streaming da Amazon. O primeiro episódio da série foi lançado pela Amazon Studios em 15 de janeiro de 2015, e foi "o piloto mais assistido de todos" segundo Roy Price, o próprio vice-presidente do estúdio.[7] No dia 18 de fevereiro de 2015, a Amazon deu sinal verde para a série.[8] Em novembro do mesmo ano, o show tornou-se disponível via streaming.[9]

Referências

  1. Pringle 1990, p. 193.
  2. «Review of The Man In The High Castle by Philip K. Dick : SFFaudio». www.sffaudio.com. Consultado em 18 de outubro de 2016 
  3. «The Man in the High Castle by Philip K. Dick, read by Tom Weiner. Presented by Blackstone Audio, Inc.». 9 de agosto de 2010. Consultado em 18 de outubro de 2016 
  4. «THE MAN IN THE HIGH CASTLE by Philip K Dick Read by Tom Weiner | Audiobook Review | AudioFile Magazine». AudioFile Magazine 
  5. «The Man in the High Castle Audiobook | Audible.com». Consultado em 17 de outubro de 2016 
  6. Andreeva, Nellie (24 de julho de 2014). «Amazon Studios Adds Drama 'The Man In The High Castle', Comedy 'Just Add Magic' To Pilot Slate». Deadline (em inglês) 
  7. «Amazon Orders 5 New Series Including 'Man in the High Castle'». The Hollywood Reporter 
  8. «Amazon green-lights The Man in the High Castle TV series». The Verge. 18 de fevereiro de 2015. Consultado em 18 de outubro de 2016 
  9. Moylan, Brian (18 de novembro de 2015). «Does The Man in the High Castle prove that the best TV is now streamed?». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Brown, William Lansing 2006. "Alternate Histories: Power, Politics, and Paranoia in Philip Roth's The Plot against America and Philip K. Dick's The Man in the High Castle", The Image of Power in Literature, Media, and Society: Selected Papers, 2006 Conference, Society for the Interdisciplinary Study of Social Imagery. Wright, Will (ed.); Kaplan, Steven (ed.); Pueblo, CO: Society for the Interdisciplinary Study of Social Imagery, Colorado State University-Pueblo; pp. 107–11.
  • Campbell, Laura E. 1992. "Dickian Time in The Man in the High Castle", Extrapolation, 33: 3, pp. 190–201.
  • Carter, Cassie 1995. "The Metacolonization of Dick's The Man in the High Castle: Mimicry, Parasitism and Americanism in the PSA", Science-Fiction Studies #67, 22:3, pp. 333–342.
  • Clute, John; Nicholls, Peter (1995). The Encyclopedia of Science Fiction. New York: St. Martin's Press. 1386 páginas. ISBN 0-312134-86-X 
  • DiTommaso, Lorenzo, 1999. "Redemption in Philip K. Dick's The Man in the High Castle", Science-Fiction Studies # 77, 26: , pp. 91–119.
  • Fofi, Goffredo 1997. "Postfazione", Philip K. Dick, La Svastica sul Sole, Roma, Fanucci, pp. 391–5.
  • Hayles, N. Katherine 1983. "Metaphysics and Metafiction in The Man in the High Castle", Philip K. Dick eds. Olander and Greenberg New York, Taplinger, 1983, pp. 53–71.
  • Jakubowski, Maxim; Edwards, Malcolm (1983). The Complete Book of Science Fiction and Fantasy Lists. St Albans, Herts, UK: Granada Publishing Ltd. 350 páginas. ISBN 0-586-05678-5 
  • Malmgren, Carl D. 1980. "Philip Dick's The Man in the High Castle and the Nature of Science Fictional Worlds", Bridges to Science Fiction, eds. George E. Slusser, George R. Guffey and Mark Rose, Carbondale and Edwardsville: Southern Illinois University Press, pp. 120–30.
  • Nicholls, Peter (1979). The Encyclopedia of Science Fiction. St Albans, Herts, UK: Granada Publishing Ltd. 672 páginas. ISBN 0-586-05380-8 
  • Pagetti, Carlo, 2001a. "La svastica americana" [Introduction], Philip K. Dick, L'uomo nell'alto castello, Roma: Fanucci, pp. 7–26.
  • Pringle, David (1990). The Ultimate Guide to Science Fiction. London: Grafton Books Ltd. 407 páginas. ISBN 0-246-13635-9 
  • Proietti, Salvatore, 1989. "The Man in The High Castle: politica e metaromanzo", Il sogno dei simulacri, eds. Carlo Pagetti and Gianfranco Viviani, Milano, Nord, 1989 pp. 34–41.
  • Rieder, John 1988. "The Metafictive World of The Man in the High Castle: Hermeneutics, Ethics, and Political Ideology", Science-Fiction Studies # 45, 15.2: 214-25.
  • Rossi, Umberto, 2000. "All Around the High Castle: Narrative Voices and Fictional Visions in Philip K. Dick's The Man in the High Castle", Telling the Stories of America - History, Literature and the Arts - Proceedings of the 14th AISNA Biennial conference (Pescara, 1997), eds. Clericuzio, A., Annalisa Goldoni and Andrea Mariani, Roma: Nuova Arnica, pp. 474–83.
  • Simons, John L. 1985. "The Power of Small Things in Philip K. Dick's The Man in the High Castle". The Rocky Mountain Review of Language and Literature, 39:4, pp. 261–75.
  • Tuck, Donald H. (1974). The Encyclopedia of Science Fiction and Fantasy. Chicago: Advent. 136 páginas. ISBN 0-911682-20-1 
  • Warrick, Patricia, 1992. "The Encounter of Taoism and Fascism in The Man in the High Castle", On Philip K. Dick, eds. Mullen et al., Terre Haute and Greencastle: SF-TH Inc. 1992, pp. 27–52.