O Jardim dos Suplícios

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Auguste Rodin, Le Jardin des supplices, Ambroise Vollard, 1902

O Jardim dos suplícios (em francês, Le jardin des supplices) é um romance do escritor francês Octave Mirbeau, publicado em 1899, durante o Caso Dreyfus.

Octave Mirbeau : "Aos Padres, aos Soldados, aos Juízes, aos Homens, que educam, dirigem, governam os homens, dedico estas páginas de Matança e de Sangue."

A novela[editar | editar código-fonte]

Esta novela, constituída de um patchwork de textos anteriores, concebidos independentemente um do outro e tendo tonalidades extremamente diferentes, é um clássico da ficção decadente.

Divide-se em duas partes muito distintas. A primeira parte é uma caricatura do sistema político da Terceira República e uma crítica mordaz e direta a sociedade francesa da "Belle Époque", época abundante em corrupção.

A segunda parte decorre na China, num contexto de selvajaria  : o Jardim dos Suplícios da penitenciária de Cantão. A descrição das torturas, obras de arte executadas ao ar livre, no meio dum bosque e à vista dos turistas, contrasta com a beleza das flores que crescem no jardim : "Aqui é no meio das flores que se erguemos instrumentos de tortura e morte." Aquilo que inicialmente parece ser um paraíso terrestre, é, na verdade, o inferno. O inferno das sociedades opressivas e sanguinárias. O inferno da condição humana submissa à "lei do homicídio".

Comentários[editar | editar código-fonte]

O passeio pelo jardim dos suplícios serve de pretexto para Octave Mirbeau atacar a hipocrisia e a crueldade da "civilização". A novela é uma denúncia em frente às sociedades opresivas que se apoiam todas sobre o assassinato e, mais precisamente, ao colonialismo, francês e inglês, que transforma continentos inteiros em verdadeiros jardins dos suplicios. Este livro muito especial, onde se misturam as descrições de flores e de suplicios, o sexo e o sangue, é considerado uma das melhores obras da literatura decadente.

O Jardim dos suplicios.

Citações[editar | editar código-fonte]

  • "O assassinio é a major preocupação humana e todos os nossos actos derivam dele. [...] É um instinto vital que nos habita, que está em todos os seres organizados e os domina, como o instinto genésico."
  • "A questão Deyfus [...] nunca a paixão do assassínio e a alegria da caça ao homem, se tinham exibido tão completa e cinicamente."
  • "A podridão é a eterna ressurreição da vida."
  • "A arte não consiste em matar muito, degolar, chacinar e extreminar, em massa, os homens... Isso é muito fácil... A arte, milady, consiste em saber matar segundo o ritual da beleza de que só nós, os chineses, conhecemos os segredos!... Saber matar!... Não há nada mais raro! Quer dizer trabalhar a carne humana, como um escultor trabalha o barro ou o marfim... Extrair toda a quantidade, todos os prodígios de sofrimento que ela encerra no fundo das suas trevas e dos seus mistérios... Para isso é necessário ciência, variedade, elegancia, invenção... génio, enfim..."
  • "Vejo o universo como um imenso, inexorável jardim de torturas - paixões, ganância, ódio e mentiras. As leis, as instituições sociais, a justiça, o amor, a glória, o heroísmo e a religião - estes são seus monstruosos ornamentos e os terríveis instrumentos do eterno sofrimento humano."

Ligações externas[editar | editar código-fonte]