Octávio Frias de Oliveira

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Octavio Frias de Oliveira (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1912São Paulo, 29 de abril de 2007) foi um jornalista, editor e empresário brasileiro. Notabilizou-se por transformar a Folha de S.Paulo –comprada por ele em agosto de 1962, em sociedade com Carlos Caldeira Filho- em um dos mais influentes veículos de comunicação do país. Frias fez do jornal a base do conglomerado que hoje abrange o UOL, maior portal de internet do país, o jornal "Agora São Paulo", o instituto Datafolha, a editora Publifolha, o selo Três Estrelas, a gráfica Plural e, em parceria com as Organizações Globo, o diário econômico "Valor”.

Primeiros anos

Penúltimo dos nove filhos do casal Luiz Torres de Oliveira e Elvira Frias de Oliveira, Octavio Frias de Oliveira nasceu em Copacabana, em 1912. Frias pertencia a uma família tradicional do Rio de Janeiro: seu bisavô fora o barão de Itambi, político influente no Segundo Reinado.

Em 1918, seu pai, que era juiz de direito em Queluz (SP), licenciou-se para trabalhar com o industrial Jorge Street. A família mudou-se para São Paulo, e Frias foi estudar no Colégio São Luís. Antes de completar oito anos, Frias perdeu a mãe. Em seguida, com a quebra da indústria de Street, a família passou a viver apuros financeiros. Frias abandonou os estudos aos 14 anos para começar a trabalhar.

Emprego no serviço público e Revolução de 1932

O primeiro emprego de Frias, em 1926, foi como office-boy na Companhia de Gás de São Paulo, que pertencia, como boa parte dos serviços públicos da época, a empresários ingleses. Em três meses foi promovido a mecanógrafo (operador de máquinas de contabilidade).

Em 1930, aceitou um posto na Secretaria da Fazenda do governo paulista, a fim de organizar a confecção mecânica dos tributos. Para aumentar a renda, vendia rádios à noite. Em 1940, já era diretor do Departamento Estadual do Serviço Público, respondendo pela diretoria de Contabilidade e Planejamento.

Embora cético em relação à política, Frias alistou-se nas tropas da Revolução Constitucionalista, que eclodiu em julho de 1932. Permaneceu dois meses em Cunha, na região do Vale do Paraíba, onde passou o aniversário na trincheira, participou de escaramuças e viu companheiros serem mortos.

Empresário

Frias passou a se dedicar à atividade empresarial a partir do início da década de 40. Em 1943, foi um dos acionistas-fundadores do BNI (Banco Nacional Imobiliário, mais tarde Banco Nacional Interamericano), liderado por Orozimbo Roxo Loureiro. Como diretor da carteira imobiliária, construiu mais de uma dezena de prédios, entre eles o Copan, edifício projetado por Oscar Niemeyer que viria a se tornar um dos símbolos de São Paulo.

Em 1955, por divergências quanto à administração, Frias deixou o BNI. Seis meses depois, o banco foi adquirido pelo Bradesco, após ter entrado em liquidação.

Em 1953, Frias fundou uma empresa própria, a Transaco (Transações Comerciais), uma das primeiras firmas especializadas na venda de ações diretamente ao público. Traduziu para o português o livro "Do Fracasso ao Sucesso na Arte de Vender", clássico comercial do norte-americano Frank Bettger, e organizou cursos de vendas inéditos no Brasil para uma equipe que chegou a contar com 500 vendedores.

Nesse período, Frias, já viúvo, casou-se novamente, com Dagmar de Arruda Camargo, que já tinha uma filha de casamento anterior, Maria Helena, e com quem teve três filhos (Otavio Frias Filho, Luiz Frias e Maria Cristina Frias).

Em 1954, o empresário comprou um pequeno sítio nas proximidades de São José dos Campos (interior de São Paulo), que logo se transformou em granja e depois em um empreendimento avícola de porte. A Granja Itambi chegou a manter um plantel de 2 milhões de aves; atualmente, dedica-se apenas à pecuária.

Em 1961, associado ao empresário Carlos Caldeira Filho, Frias fundou a Estação Rodoviária de São Paulo, a primeira do gênero, também conhecida como Rodoviária da Luz. Ela funcionaria até 1982, quando foi inaugurado o Terminal Rodoviário do Tietê, na zona norte da cidade.

Em 13 de agosto de 1962, Frias e Caldeira compraram a Folha de S.Paulo, que disputava com o "Diário Popular" a posição de segundo jornal da capital paulista (o primeiro era “O Estado de S.Paulo”) e que atravessava período de dificuldades financeiras. Como praticamente toda a grande imprensa brasileira, a Folha apoiou o golpe militar que se instaurou no país em 1964.[1][2]

Em 1965, comprou também os jornais populares "Última Hora" e "Notícias Populares" e ainda um terço da TV Excelsior, então líder de audiência, e dois anos depois, foi relançada a "Folha da Tarde" e surgiu o "Cidade de Santos", enquanto os dois sócios assumiam o controle administrativo da Fundação Cásper Líbero.[2] Depoimentos de editores que trabalharam na empresa naquela época atestam a infiltração de policiais na redação e a utilização de caminhões de transporte da Folha em missões clandestinas do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura.[3][4] Acusa-se também Frias de usar sua empresa jornalística para publicar conteúdos pró-ditadura.[5]

Os sócios passaram os anos seguintes investindo na reorganização da Folha do ponto de vista financeiro/administrativo e na infraestrutura da empresa. A partir de 1974, a Redação passou a ser modificada: o jornal, que apoiara o golpe de 1964, percebeu a abertura política do regime militar e investiu nela nos dez anos seguintes. A Folha endossou a ideia da abertura, abriu suas páginas para todas as tendências de opinião e aumentou o teor crítico de suas edições.

A partir do final de 1983, a Folha liderou entre os veículos de comunicações do país a campanha Diretas-Já. Em 1986, tornou-se o grande jornal diário de maior circulação no país, condição que mantém até hoje.

Em meados da década de 80, Frias começou a transferir a operação executiva para seus filhos Luiz e Otavio, respectivamente presidente e diretor editorial do Grupo Folha.

Em 1991, Frias e Caldeira decidiram dissolver a sociedade que mantinham, cabendo ao primeiro a empresa de comunicações e ao segundo os demais negócios e imóveis em comum. Em 1995, um ano depois de ultrapassar a marca de 1 milhão de exemplares aos domingos, a Folha inaugurou o Centro Tecnológico Gráfico-Folha, moderno parque gráfico orçado em U$S 120 milhões. Em 1996, o Grupo Folha lançou o Universo Online (UOL), principal provedor de conteúdo e de acesso à internet do país.

Em 2004, Frias concedeu sua única entrevista a um veículo de comunicação fora do Grupo Folha, o portal AOL (America Online). Ao jornalista Jorge Félix, o empresário criticou a intenção do governo de conceder empréstimos, por meio do BNDES, ao setor de comunicação.

Homenagens e morte

O ex-presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva, durante o velório de Octavio.

No 79º aniversário da Folha, em fevereiro de 2000, Frias foi homenageado pela Câmara dos Deputados, em sessão solene. Em 2002, a Fiam (Faculdades Integradas Alcântara Machado) inaugurou a cátedra Octavio Frias de Oliveira, com programação de seminários mensais, e deu ao publisher da Folha o título de professor honoris causa.

Em setembro de 2006, o governo paulista condecorou Frias com a Ordem do Ipiranga, a mais elevada honraria do Estado.

Em novembro de 2006, como decorrência de uma queda doméstica, o empresário foi submetido a cirurgia para remoção de hematoma craniano. Após alta hospitalar na passagem do ano, suas condições clínicas pioraram, levando a um quadro de insuficiência renal grave. Frias morreu em São Paulo, em 29 de abril de 2007, aos 94 anos.

A Ponte Octávio Frias de Oliveira, em São Paulo, que leva o nome do empresário.

Após a morte de Frias, a Prefeitura de São Paulo batizou com seu nome a ponte estaiada que liga a avenida Jornalista Roberto Marinho à Marginal Pinheiros, na zona sul de São Paulo, aberta ao trânsito em maio de 2008. No mesmo mês, o governo do Estado inaugurou o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, o maior centro oncológico da América Latina, na zona oeste paulistana.

Referências

  1. «Editorial:1964». Folha de S.Paulo. 30 de março de 2014. Consultado em 31 de março de 2014 
  2. a b Oscar Pilagallo (19 de fevereiro de 2011). «Os 90 anos da Folha em 9 atos». Folha de S.Paulo. Consultado em 30 de março de 2014  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "FSP-19-FEV-2011" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. José Maria Mayrink (30 de abril de 2007). «Morre Octavio Frias de Oliveira, publisher do Grupo Folha». O Estado de S. Paulo. Consultado em 29 de março de 2014 
  4. Marina Amaral (09 de fevereiro de 2012). «Conversas com o Mr. Dops». Agência Pública. Consultado em 29 de março de 2014  Verifique data em: |data= (ajuda)
  5. Paulo Nogueira (28 de abril de 2013). «A declaracao de amor de Mercadante por seu Frias». Diário do Centro do Mundo. Consultado em 29 de março de 2014 

Ligações externas