Olivia de Havilland

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Olivia de Havilland
Olivia de Havilland
Olivia de Havilland.
Nome completo Olivia Mary de Havilland
Outros nomes Livvie
Sweet Olivia
Nascimento 1 de julho de 1916 (107 anos)
Tóquio, JapãoJapão
Nacionalidade Reino Unido Britânica
Estados Unidos Americana
França Francesa
Ocupação Atriz
Atividade 1935-2009
Cônjuge Marcus Goodrich (1946-53; divorciados)
Pierre Galante (1955-79; divorciados)
Assinatura
Oscares da Academia
Melhor atriz
*Só resta uma lágrima (1946)
*Tarde demais (1949)
Globos de Ouro
Predefinição:Ícone/Golden GlobeMelhor atriz - drama
*Tarde demais
Predefinição:Ícone/Golden GlobeMelhor atriz coadjuvante em televisão
*Anastácia - o mistério de Ana (1986)
Outros prêmios
Melhor atriz pelo Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York
*A cova da serpente (1948)
*Tarde demais
Melhor atriz pelo National Board of Review
*A cova da serpente
Coppa Volpi de melhor atriz no Festival de Veneza
*A cova da serpente
Fita de Prata de melhor atriz estrangeira
*A cova da serpente
Estrela na Calçada da Fama de Hollywood
Emissão: 1960
Categoria: Cinema
Localização: Hollywood Blvd, 6762
Medalha Nacional das Artes
2008
Página oficial

Olivia Mary de Havilland (Tóquio, 1 de julho de 1916) é uma premiada atriz britânico-americana nascida no Japão e hoje radicada na França. Uma das mais respeitáveis estrelas da chamada "Era de Ouro de Hollywood", é uma dentre as poucas que foram contempladas em mais de uma ocasião com o Oscar de melhor atriz.

Filha da também atriz Lillian Fontaine, sua irmã mais nova, Joan de Havilland, conhecida mundialmente pelo nome artístico de Joan Fontaine, tornou-se, a exemplo da própria Olivia, uma das mais admiradas estrelas do cinema, ambas permanecendo até a presente data como as únicas irmãs a terem sido premiadas com o Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Olivia ficou conhecida pela parceria com o astro Errol Flynn, co-estrelando com ele oito filmes, sendo o mais notório As aventuras de Robin Hood ("The Adventures of Robin Hood", 1938), tido como um dos maiores clássicos dentre os filmes de aventura. Mas foi sua performance indicada ao Oscar como Melanie Hamilton Wilkes no épico ...E o vento levou ("Gone with the Wind", 1939) que instantaneamente a colocou nos anais da história do cinema, fazendo com que a atriz ficasse marcada como o símbolo da doçura nos filmes americanos, atribuindo-lhe uma imagem da qual ela própria tentou se desvincular na esperança de obter papéis mais desafiadores e assim provar que a sua capacidade artística lhe permitia ir mais além, fato que foi confirmado na década de 40 em seus desempenhos subsequentes, que, por sua vez, acabaram rendendo-lhe dois Oscars de melhor atriz, pelos filmes Só resta uma lágrima ("To Each His Own", 1946) e Tarde demais ("The Heiress", 1949), além de ter sido indicada ao prêmio também por A porta de ouro ("Hold Back the Dawn", 1941) e A cova da serpente ("The Snake Pit", 1948, tido pela atriz como o filme favorito de sua carreira); dentre as honrarias a ela concedidas também incluem-se a estrela na Calçada da Fama de Hollywood, que recebeu em 1960 graças a sua contribuição à indústria cinematográfica, a Medalha Nacional das Artes, concedida pelo presidente americano George W. Bush em 2008,[1] e também a Legião de Honra, com a qual foi condecorada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy em 2010, aos 94 anos de idade.[2]

Olivia de Havilland, sem dúvidas, deve ter a sua importância reconhecida não apenas pelo seu talento como atriz, mas também por ter se tornado uma defensora pioneira dos direitos de atores e atrizes, tendo sido criada, graças a ela, uma lei que leva o seu nome, validada com o objetivo de assegurar aos mesmos importantes direitos que estes devem ter como garantia. Em 1999 ela foi nomeada uma das 500 grandes lendas do cinema pelo American Film Institute.[3] Atualmente vive em Paris, capital francesa, e é uma das últimas estrelas da era de ouro hollywoodiana ainda vivas.

Biografia

Contexto familiar e vida antes da fama

Olivia Mary de Havilland nasceu em 1 de julho de 1916, em Tóquio, no Japão, filha de pais naturais do Reino Unido. Seu pai, Walter Augustus de Havilland (31 de agosto de 1872 — 23 de maio de 1968), era filho do Reverendo Charles Richard de Havilland, que viera de uma família de Guernsey, nas Ilhas do Canal. Walter graduou-se na Universidade de Cambridge e trabalhou como professor de inglês e francês da Universidade Imperial de Tóquio, antes de se tornar um advogado de patentes com prática no Japão. A mãe de Olivia, Lilian Augusta de Havilland (nascida Lilian Augusta Ruse; 11 de junho de 1886 — 20 de fevereiro de 1975)[4][5], estudou na Academia Real de Artes Dramáticas, em Londres, e se tornou atriz de teatro, deixando a carreira após ir para Tóquio com o marido. Sua mãe voltaria a trabalhar com o nome artístico de Lillian Fontaine na década de 1940.

A atriz Joan Fontaine (1917—2013), irmã mais nova de Olivia de Havilland.

Sua irmã mais nova, Joan de Beauvoir de Havilland (22 de outubro de 1917 — 15 de dezembro de 2013), conhecida pelo nome artístico de Joan Fontaine, se tornaria, tal como a própria Olivia se tornara, uma das mais admiradas estrelas do cinema (Joan foi musa do diretor Alfred Hitchcock, tendo sido estrela dos filmes Rebecca, a mulher inesquecível e Suspeita, de 1940 e de 1941, respectivamente); Olivia de Havilland e Joan Fontaine são, até hoje, as únicas atrizes a serem irmãs a terem vencido o Oscar de melhor atriz.

Sir Geoffrey de Havilland (1882—1965), pioneiro da aviação britânica, era tio de Olivia de Havilland.

Olivia era sobrinha de Sir Geoffrey de Havilland (27 de julho de 1882 — 21 de maio de 1965), que era meio-irmão de seu pai, Walter. Geoffrey tornou-se pioneiro da aviação britânica e projetista de aeronaves, e foi responsável pela criação do avião De Havilland Mosquito, e também fundador da empresa de aviões que levava seu nome.

Sua mãe saíra da Inglaterra para o Japão a fim de visitar um irmão que trabalhava como professor na Universidade de Tóquio; foi quando acabou conhecendo seu pai, então professor na Universidade, com quem se casou em 1914. Mas essa não foi uma feliz união, devido às infidelidades de Walter. Em fevereiro de 1919, Lilian convenceu o marido a levar a família de volta à Inglaterra, pois lá encontrariam um clima mais adequado para a saúde das filhas. A família parou na Califórnia, nos Estados Unidos, para tratar Olivia, com saúde fragilizada devido à uma bronquite. Quando Joan contraiu pneumonia, Lilian decidiu permanecer com as filhas na Califórnia, onde se estabeleceram na cidade de Saratoga, a cerca de 80 km ao sul de San Francisco. Seu pai abandonou a família e voltou para a amante japonesa, que se tornaria a segunda esposa dele. O divórcio de seus pais não foi finalizado até fevereiro de 1925.

Embora tivesse abandonado a carreira de atriz, Lilian ensinava as filhas a apreciarem as artes, sempre lendo Shakespeare para as crianças (o próprio nome de Olivia fora escolhido por causa da personagem Lady Olivia, da peça Noite de reis, de Shakespeare), e também ensinando-lhes música e declamação. Em abril de 1925, depois de o divórcio com Walter ter sido finalizado, Lilian casou-se novamente, desta vez com um proprietário de uma loja de departamentos chamado George Milan Fontaine, um homem severo e detestado por ambas as garotas. O sobrenome deste, que fora adotado por Lilian em razão de seu segundo casamento, seria usado por Joan quando, ao virar atriz, decidira criar um nome artístico. A infância de Joan e Olivia seria marcada por desentendimentos entre ambas, desentendimentos estes que por sua vez gerariam uma rivalidade entre as irmãs que se estenderia ao longo de suas vidas[6][7].

Ensaio para o estrelato (1932-34)

De Havilland em foto de 1933, entre 16 e 17 anos de idade, caracterizada para uma montagem de Alice no país das maravilhas, em que interpretou o papel-título.

De Havilland frequentou a Saratoga Grammar School, o Convento de Garotas Católicas de Notre-Dame, em Belmont, e a Los Gatos High School, em Los Gatos;[8] hoje a escola de Los Gatos oferece um prêmio com o nome de Olivia para jovens atores. No colégio, ela se destacou na oratória e no hóquei em campo, além de ter participado do clube dramático da escola. Em 1933 ela fez sua estreia teatral interpretando o papel-título em Alice no país das maravilhas, uma produção dos Intérpretes da Comunidade de Saratoga inspirada na obra homônima de Lewis Carroll.

Após terminar o colegial em 1934, De Havilland ganhou o papel de Puck na produção do Teatro da Comunidade de Saratoga Sonho de uma noite de verão, inspirada na obra de mesmo nome de Shakespeare. Naquele verão, o diretor austríaco Max Reinhardt veio para a Califórnia para a produção da mesma peça no Hollywood Bowl. Depois de um dos assistentes de Reinhardt terem assistido a Olivia em sua performance, logo ela foi proposta para ser a substituta para o papel de Hermia, o que acabou sendo aceito por ela; uma semana antes da estreia, a atriz que interpretaria Hermia, Gloria Stuart, abandonou a produção por ter recebido um papel em um filme, e assim De Havilland pode substituí-la. Depois de receber críticas positivas, ficou decidido que ela seria a intérprete de Hermia durante toda a turnê de quatro semanas que se seguiria. Foi quando Reinhardt recebeu a notícia de que estava sendo convocado pela Warner Bros para dirigir a versão cinematográfica de sua produção teatral, e ele ofereceu à De Havilland a chance de aparecer em seu filme, no papel que ela tão bem interpretara nos palcos. Isso alterou todos os planos que a jovem Olivia tinha para si: excelente aluna, ela havia ganho uma bolsa na Universidade de Mills, onde iniciaria seus estudos no outono de 1934 com o objetivo de tornar-se professora de inglês. Após Reinhardt tê-la convencido a aceitar o seu convite, ela entendeu que essa era a grande chance de sua vida, e que não poderia deixá-la passar.

Início em Hollywood (1935-38)

Contracenando com James Cagney em "The Irish in Us" (1935), um de seus primeiros filmes.

A versão cinematográfica de Sonho de uma noite de verão, produzida pela Warner, marcaria a primeira aparição da novata Olivia de Havilland no cinema. Curiosamente, o filme só seria lançado no final de 1935, depois dos lançamentos de outros três filmes em que Olivia apareceria após concluídas as gravações de Sonho de uma noite de verão.

Olivia possuía, naturalmente, a delicadeza e o charme comum entre as estrelas do cinema, e uma dicção perfeita. Sua atuação também era delicada e ao mesmo tempo profunda e verdadeira, o que ajudou a causar uma impressão muito agradável, resultando em um contrato de sete anos com a produtora. A partir desse contrato que ela começaria a se ver de fato como uma atriz de cinema, pois seria por meio deste que começariam a vir mais filmes. Em seus primeiros trabalhos ela teve a chance de contracenar com Joe E. Brown (num filme chamado "Alibi Ike", que teve o título de Esfarrapando desculpas no Brasil) e também com James Cagney (em "The Irish in Us", intitulado no Brasil O filhinho da mamãe).

Olivia de Havilland no papel de Lady Marian em As aventuras de Robin Hood ("The Adventures of Robin Hood", 1938);
Cena romântica com Errol Flynn em As aventuras de Robin Hood;
De Havilland & Flynn em outra cena de As aventuras de Robin Hood.

De Havilland também atuou com o então novato Errol Flynn em Capitão Blood ("Captain Blood", 1935), que foi um grande sucesso em termos de público e crítica. O público acabou não resistindo aos encantos da donzela em perigo vivida por De Havilland no filme, à espera de Flynn para salvá-la. E assim o mais novo casal das telas conquistou os fãs de cinema, o que fez com que a Warner decidisse reuní-los em outros trabalhos, num total de oito filmes, no período entre 1935 e 1941. Na época, eles tornaram-se uma das mais conhecidas duplas do ecrã. Eles estrelaram:

De todos os filmes da dupla, Meu reino por um amor talvez tenha sido a experiência menos marcante que veio para Olivia, uma vez que o seu papel nesse filme se deu como castigo da Warner por ela ter insistido em fazer ...E o vento levou ("Gone with the Wind", 1939), algo que a princípio não teria sido aprovado pelo presidente da produtora, Jack Warner - Olivia teve de implorar para a esposa de seu chefe para que ela o convencesse a deixá-la participar do filme; uma vez tendo conseguido a aprovação dele para que fosse emprestada à Selznick International Pictures exclusivamente para ...E o vento levou, Olivia começou a passar por maus bocados quando de volta à Warner, sendo punida com papéis cujos perfis não condiziam com os que ambicionava interpretar - a exemplo disso o papel secundário que foi obrigada a interpretar em Meu reino por um amor, filme em que ela teve de dividir Errol Flynn com a estrela maior da época, Bette Davis, que se tornaria uma amiga de longa data e um grande apoio durante a luta que Olivia travaria contra a Warner Bros com o intuito de obter reconhecimento artístico (a própria Davis enfrentara uma situação parecida há poucos anos antes, na mesma produtora). Ela e Bette Davis ainda estrelariam outros filmes, sendo os mais notórios o drama Nascida para o mal ("In This Our Life", 1942) e o thriller Com a maldade na alma ("Hush… Hush, Sweet Charlotte", 1964).

Com Errol Flynn, De Havilland também ainda devia ter contracenado em O gavião do mar ("The Sea Hawk", 1940), mas encontrava-se indisponível, a filmar outro filme, sendo substituída por Brenda Marshall. Ela e Flynn ainda se encontrariam no musical Graças à minha boa estrela, mas não atuaram como par romântico. Filmado com o objetivo de levantar fundos para ajudar os feridos da Segunda Guerra Mundial, este musical também a reuniu novamente com Bette Davis.

...E o vento levou (1939)

De Havilland caracterizada como a dócil "Melanie", sua personagem em ...E o vento levou ("Gone with the Wind", 1939).
Com Vivien Leigh, gravando uma cena de ...E o vento levou

Sua carreira alterou-se permanentemente quando interpretou Melanie Hamilton-Wilkes na adaptação cinematográfica de "Gone With the Wind" (1939), intitulado ...E o vento levou no Brasil, que foi a produção mais bem sucedida de Hollywood. Com 22 anos de idade, ela desempenhou magistralmente o papel da gentil cunhada da determinada Scarlett O'Hara, interpretada por Vivien Leigh. De Havilland e Leigh ameaçaram dominar o filme tanto que Clark Gable protestou, e o diretor George Cukor teve de ser despedido por esta razão.

Por este desempenho ela recebeu a primeira de suas cinco indicações ao Oscar - a única na categoria de Melhor atriz coadjuvante -, embora tenha perdido o prêmio para a amiga Hattie McDaniel, que o levou pela atuação como Mammy, no mesmo filme. Dos quatro atores principais do filme (os outros: Vivien Leigh, Clark Gable e Leslie Howard), De Havilland é a única ainda viva. Ironicamente, sua personagem é a única das quatro a morrer no filme.

Lei De Havilland, reconhecimento artístico e Oscars

A atriz em 1938.

Em 28 de novembro de 1941, De Havilland tornou-se uma cidadã naturalizada dos Estados Unidos. Naquele ano, atuou brilhantemente no filme "Hold Back the Dawn", intitulado A porta de ouro no Brasil, drama romântico em que recebeu sua segunda indicação ao Oscar, sendo a primeira na categoria de Melhor atriz principal, pela performance como a professora americana Emmy Brown, que, no filme, desperta o interesse do gigolô romeno Georges Iscovescu, vivido por Charles Boyer, à procura de uma maneira de sair do México e entrar legalmente nos Estados Unidos. Bizarramente, De Havilland perdeu o Oscar para sua irmã, Joan Fontaine, que o levou pela atuação no filme de Alfred Hitchcock "Suspicion", que teve o título de Suspeita no Brasil.

Assim como qualquer outro ator ou atriz de Hollywood das décadas de 30 e de 40, De Havilland era uma escrava do sistema dos estúdios, sendo obrigada a fazer o filme que o estúdio mandasse e sem ter o direito de recusar. Seus desempenhos haviam começado a render nomeações ao Oscar, e isso a deixou esperançosa em relação a possibilidade de a Warner Bros. considerar o seu desejo de interpretar papéis por meio dos quais ela pudesse mostrar todo o seu potencial artístico. Olivia, no entanto, tornava-se cada vez mais frustrada com os papéis que continuavam a lhe ser dados. Cansada de interpretar moças ingênuas e recatadas e dos papéis de donzelas em perigo, a doce Olivia tornou-se uma rebelde estrela, passando a recusar os papéis cujos perfis não correspondessem ao que ela visava interpretar e solicitando ao seu estúdio aqueles que pudessem oferecê-la a chance de destacar-se e realizar-se artística e profissionalmente. A resposta da produtora foi seis meses de suspensão contratual. Como a própria lei era quem permitia que os estúdios suspendessem o contrato de atores que recusassem filmes, ela realmente não pode fazer nada durante este meio-tempo. Na teoria, essa ordem permitia que os estúdios mantivessem controle indefinido sobre um contrato não-corporativo. Muitos aceitavam essa situação, enquanto poucos tentavam mudar o sistema (o caso mais notável sendo o de Bette Davis, que abriu um processo mal-sucedido contra a Warner Bros na década de 1930).

Revista "Motion Picture", edição de maio de 1939.

Com interesse em trabalhar para outras produtoras, pois sabia que fora da Warner receberia melhores ofertas de papéis, a atriz não via a hora de seu contrato terminar. Quando isso finalmente ocorreu, em 1943, ela ainda foi informada de que deveria continuar a trabalhar para a produtora por mais seis meses para compensar o período em que esteve suspensa. De Havilland, que tinha um pai advogado e noções de leis, sabia que não era certo que tais contratos excedessem sete anos; portanto não se via obrigada a pagar pelo período em que esteve suspensa, uma vez que os sete anos de contrato com a produtora já haviam terminado. Apoiada pelo Screen Actors Guild, abriu um processo contra o estúdio. Durante a batalha judicial, ela ficou fora de Hollywood durante cerca de dois anos, fazendo tours para entreter feridos na guerra. E acabou sendo bem sucedida na ação judicial, reduzindo o poder dos grandes estúdios e prorrogando maior liberdade aos atores, tendo podido rescindir o seu contrato, estando agora livre para fazer filmes em qualquer outro estúdio. A Warner, porém, nunca prometeu contratá-la novamente. A decisão judicial, conhecida como "Decisão De Havilland", por meio da qual originou-se a Lei De Havilland, foi uma das mais significativas e de grande alcance em Hollywood. Com isso, tornou-se uma defensora pioneira dos direitos dos atores. Sua vitória lhe valeu o respeito e admiração de seus colegas, entre eles a sua própria irmã, Joan Fontaine, que comentou em dada ocasião:

Trailer de Nascida para o mal ("In This Our Life", 1942), filme que marcou os últimos anos da atriz como contratada da Warner Bros.

Foi devido à luta judicial que o filme "Devotion", (no Brasil, Devoção) uma biografia das irmãs Brontë (Charlotte, Emily e Anne), e seu último filme para a produtora, só foi distribuido em 1946, com três anos de atraso.

A qualidade e variedade dos papéis oferecidos a ela começou a melhorar. Após o lançamento do filme Devoção, De Havilland assinou um contrato para três outros filmes, com a Paramount Pictures, que foram: Só resta uma lágrima ("To Each His Own", 1946), Champanhe para dois ("The Well-Groomed Bride", 1946) e Tarde demais ("The Heiress", 1949).

Ao aceitar trabalhar no filme Só resta uma lágrima, De Havilland mostrou que realmente queria algo que lhe permitisse uma oportunidade maior para brilhar como atriz. Neste filme ela interpreta Josephine "Jody" Norris, uma garota de cidade pequena durante a Primeira Guerra Mundial, que engravida de um piloto de avião morto em combate. Decidida a levar sua gravidez adiante, mas sem querer se tornar vítima de um escândalo por ser mãe solteira, ela entrega o seu bebê para que uma família o adote; à medida que o tempo passa, ela acompanha o crescimento do seu filho de longe e, ao se afeiçoar à criança, sofre pelo fato de não poder revelar que é sua mãe. Um grande drama da década de 40, que rendeu à atriz sua terceira indicação ao Oscar e sua primeira vitória, como melhor atriz principal. Na cerimônia de entrega do prêmio, ela agradeceu a 27 pessoas, tornando-se a dona do recorde de nomes citados no agradecimento feito após ganhar o Oscar.

James Agee notara a mudança nos papéis que Olivia passou, e, numa crítica ao filme Espelhos d'alma ("The Dark Mirror", 1946), afirmou que "De Havilland, que sempre foi uma das mais belas mulheres do cinema, provou em seus recentes desempenhos sua capacidade de atuar". Ele também comentou que "a performance dela é ponderada, calma, detalhada e bem sustentada […]". Espelhos d'alma é um thriller psicológico que conta a história de duas belas irmãs gêmeas idênticas vividas por De Havilland: uma, gentil e amorosa, e a outra, cruel e gravemente perturbada. Um médico é morto e testemunhas afirmam ter visto uma briga entre uma das irmãs e a vítima, pouco antes do assassinato. Um detetive que investiga o caso não consegue identificar qual delas é a responsável pelo crime. Os policiais pedem a ajuda de um médico que estuda as gêmeas para ajudar a desvendar o caso.

De Havilland também foi amplamente elogiada por A cova da serpente ("The Snake Pit, 1948"), que citou como o seu filme preferido, e foi um dos primeiros que tentaram mostrar o retrato realista da doença mental. Ela foi louvada pela disposição que teve em desempenhar um papel que era completamente desprovido de glamour, tendo tal assunto enfrentado questões controversas. A atriz realizou pesquisas com tanta determinação que todos se surpreendiam, prestando atenção com cuidado a cada um dos procedimentos aplicados aos doentes mentais, como tratamentos de hidroterapia e de eletro-choque. Quando permitida, participou de longas sessões individuais de terapia. Atendeu a funções sociais, incluindo jantares e também promoveu bailes. Depois do lançamento do filme, a colunista Florabel Muir questionou se as instituições mentais realmente "permitiram bailes e contato com os internos, que podem se tornar violentos". Para surpresa da colunista, a própria De Havilland a telefonou, e a assegurou de que a iniciativa de jantares e bailes para os internos foi ela mesma quem havia tomado, e sem consultar os dirigentes das instituições, justamente para evitar que algum deles não consentisse com o que planejara.

Seu desempenho em A cova da serpente foi considerado por muitos como uma dentre melhores atuações de sua carreira, tendo sido recompensada com mais uma nomeação para o Oscar. Embora ela tivesse perdido o prêmio para Jane Wyman, que o levou pela atuação no filme Belinda ("Johnny Belinda", 1948), De Havilland recebeu o maior número de prêmios que ganharia por sua performance num filme, incluindo o prêmio de melhor atriz Coppa Volpi no Festival de Veneza. Neste filme ela interpretou Virginia Stuart-Cunningham, uma escritora vítima de depressão nervosa. Após seu casamento, a jovem sofre um colapso e é internada num hospital psiquiátrico, e passados alguns dias, não se lembra por qual motivo ela está lá. Durante a sua estadia na instituição, ela se torna testemunha dos maus-tratos aos quais os internos estão submetidos. O filme, inovador para a época, foi um sucesso de crítica e de público, ficando entre as dez maiores bilheterias do ano, mais precisamente na sexta posição. Foi um dos primeiros a mostrar o ponto de vista da sociedade em relação aos que sofrem de doença mental, e levou a legislação a prover melhorias nos cuidados de saúde mental nos Estados Unidos.

Olivia de Havilland em cena do filme Tarde demais ("The Heiress", 1949), como "Catherine Sloper", papel que lhe rendeu um segundo Oscar de melhor atriz.

Após assistir à peça Washington Square na Broadway, De Havilland disse ao diretor William Wyler que a história poderia dar um ótimo filme. Ele concordou e propôs o filme aos executivos da Paramount, que logo procuraram adquirir os direitos autorais da peça. Assim, foi sem surpresa que 1949 ela foi convidada para atuar como a protagonista da versão cinematográfica da peça, "The Heiress", que teve o título de Tarde demais no Brasil. Muitos da crítica especializada o consideram um excelente filme. A história trata do drama de uma tímida jovem chamada Catherine Sloper, herdeira de um pai tirano, que fica dividida quando se apaixona por um pretendente que, na verdade, está apenas de olho em sua fortuna. De uma certa forma pode-se dizer que De Havilland se arriscou aceitando o papel sem brilho, tímido e desajeitado. Mas seu instinto estava correto. E, com uma visceral performance, mais uma vez ela foi aclamada pelo público e pela crítica. Ela recebeu o seu primeiro Globo de Ouro, na categoria Melhor atriz em filme de drama, além de ter sido recompensada com o seu segundo Oscar de melhor atriz, tornando-se assim uma das poucas que conseguiram ser contempladas com o prêmio em mais de uma ocasião. A forma como ela retratou a personagem, a princípio uma jovem ingênua e sem atrativos que se torna uma amarga e cruel herdeira, tornou-se memorável graças ao seu brilhante desempenho, que desde então passou a ser apontado como uma das melhores atuações dentre as premiadas com o Oscar. Katharine Hepburn, atriz por quem Olivia sempre teve grande admiração, teria afirmado, numa ocasião, a um jovem ator que dava seus primeiros passos no mundo do entretenimento:

Após 1950

Depois de ter ganho em 1950 o seu segundo Oscar de melhor atriz, ela foi convidada para o papel de Blanche DuBois no filme Uma rua Chamada pecado ("A Streetcar Named Desire", 1951), com Marlon Brando, mas recusou, e o papel foi para Vivien Leigh (com quem De Havilland havia contracenado em E o vento levou). O filme conferiu à Leigh um segundo Oscar de melhor atriz. De Havilland negou numa entrevista em 2006 que recusou o trabalho pelo fato de a natureza desagradável de alguns elementos do roteiro serem o principal motivo de sua recusa. Segundo ela, a recusa se deu pelo fato de ela ter um filho recém-nascido, Benjamin, que precisava de seus cuidados, e isso a tornou incapaz de se relacionar com o material.

De Havilland em 1952.

Em 1952 ela estrelou "My Cousin Rachel", que foi intitulado Eu te matarei, querida no Brasil. O filme é um misto de drama, romance e mistério, onde Olivia interpreta uma mulher de caráter duvidoso. Inspirado no livro de título original homônimo escrito por Daphne Du Maurier (o livro teve o título de Minha prima Rachel no Brasil), este marcou a estreia do ator Richard Burton no cinema americano.

Em 1953 a atriz viajou para Paris, a capital francesa. Divorciada do seu primeiro marido, Marcos Goodrich, foi durante essa viagem que ela conheceu o jornalista francês Pierre Galante, com quem se casaria em 1955. Olivia vive em Paris desde então. O novo casamento produziu um outro filho, desta vez uma menina, Gisèle, nascida em julho de 1956. Aceitando papéis em filmes apenas quando interessada, suas aparições no cinema passaram a ser cada vez menos frequentes, em ordem do crescimento de seus filhos.

No decorrer dos anos 1950, De Havilland aderiu a uma mudança em seu visual, usando os cabelos mais curtos, como pode-se conferir nesta foto tirada durante os bastidores das filmagens do filme A noite é minha inimiga ("Libel", 1959).

Em 1962 publicou um livro chamado Every Frenchman Has One, sobre suas dificuldades e aventuras tentando se ajustar à vida na França, e no mesmo ano voltou às telas depois de três anos de ausência, como a mãe de uma jovem de 26 anos que sofreu um acidente na infância e, como resultado, tem a mentalidade de uma criança de 10 anos de idade, e que agora se apaixona por um rapaz com quem quer se casar, no filme "Light in the Piazza" que teve o título de Luz na praça no Brasil.

Quando Bette Davis e Joan Crawford viram suas respectivas carreiras serem ressuscitadas após estrelarem o filme de suspense (quase terror) O que terá acontecido a Baby Jane? ("What Ever Happened to Baby Jane?", 1962), não demorou muito para que outras atrizes de meia-idade, como Olivia de Havilland, tentassem uma segunda carreira estrelando filmes do gênero. De Havilland protagonizou o thriller A dama enjaulada ("Lady in a Cage", 1964), um filme polêmico e controverso sobre uma mulher de meia-idade presa num elevador, atormentada por uma gangue psicótica que rouba os bens de sua mansão. Hoje considerado um clássico, o filme foi muito atacado pela crítica quando lançado por causa das excessivas cenas de violência que chocaram o público, tendo sido por esta razão banido na Inglaterra. De Havilland, contudo, se saiu muito bem em sua performance, assim como também o ator James Caan, em sua estreia no cinema, no papel do líder da gangue.

Nessa época Robert Aldrich, diretor de O que terá acontecido a Baby Jane?, estava à procura de uma atriz que pudesse ao lado de Bette Davis estrelar o suspense Com a maldade na alma ("Hush… Hush, Sweet Charlotte", 1964), no papel antes dado a Joan Crawford, que se retirou do projeto alegando doença. Aldrich oferecera o papel a atrizes como Katharine Hepburn, Vivien Leigh, Barbara Stanwyck e Loretta Young, que recusaram a oferta. Para convencer De Havilland a ficar com o papel, o diretor teve de viajar até a Suíça, onde a atriz então se encontrava.

Com Rossano Brazzi no filme Luz na praça ("Light in the Piazza", 1962).

Olivia teve a oportunidade de novamente, e pela última vez, contracenar com a amiga Bette Davis. As filmagens de Com a maldade na alma passaram a ser feitas em clima de paz, pois ao contrário do que acontecia com Joan Crawford e Bette Davis, De Havilland e Davis, como sempre, se entendiam muito bem. Quando lançado, o filme chamou a atenção principalmente por seu elenco de veteranos, que também inclui os nomes de Joseph Cotten e Agnes Moorehead, co-estrelas de Cidadão Kane ("Citizen Kane", 1941). Sucesso de bilheteria, mesmo não tendo obtido a mesma que a de O que terá acontecido a Baby Jane?, o filme dividiu opiniões. Ao passo que alguns o achavam inferior à O que terá acontecido a Baby Jane?, outros o achavam brilhante; o filme recebeu nada menos que sete indicações ao Oscar. Olivia de Havilland, em sua performance, chegou a ser apontada por muitos como mais atraente do que Bette Davis. Neste filme De Havilland interpreta Miriam Deering, a prima astuta da estranha ricaça Charlotte Hollis (Bette Davis); Miriam é chamada para ajudar Charlotte, que vive há quase 40 anos reclusa em uma velha mansão na Louisiana, obcecada com a ideia que o fantasma de seu amante anda rondando a casa, deixando, assim, todos a sua volta apavorados. Curioso é o fato de tanto Olivia como Bette estarem, neste filme, em papéis diferentes do que os que costumavam interpretar: Bette, famosa por seus papéis de mulheres fortes, determinadas, ou arrogantes, e até más, interpretou uma mulher sofrida, inconformada com a morte do amante, enquanto Olivia, famosa sobretudo por suas personagens amáveis, de bom coração (uma das razões que levaram a própria Bette Davis a tê-la carinhosamente apelidado de "sweet Olivia" - sweet, do inglês, quer dizer "doce, meiga"), fez uma mulher suspeita, que ao final do filme descobre-se ter sido ela a responsável por todo o sofrimento de sua prima Charlotte. Enfim, era a personagem de Olivia quem tinha a "maldade na alma", e não a de Bette.

Em 1965 se tornou a primeira mulher a presidir o júri do Festival de Cannes.

Olivia atuou até a década de 1980, sobretudo em televisão nos últimos anos, com destaque a sua vitória sobre um Globo de Ouro e uma indicação ao Emmy por sua performance como a Imperatriz Maria Feodorovna no filme para a TV Anastácia - o mistério de Ana ("Anastasia: The Mystery of Anna", 1986).

O documentário de 1983 Bette Davis: A Basically Benevolent Volcano tem o seu título retirado a partir da famosa frase dita por Olivia de Havilland quando questionada a respeito de Davis, sua amiga de longa data: Bette Davis is a basically benevolent volcano in constant eruption (em tradução livre, "Bette Davis é, basicamente, um vulcão benevolente em constante erupção"). No documentário, além de depoimentos de Olivia de Havilland, também podem ser conferidos os de outras estrelas, como Anne Baxter e Geraldine Fitzgerald, que contam sobre sua experiência de ter trabalhado com Davis.

Vida pessoal

Rivalidade com Joan Fontaine

Joan Fontaine ao lado do ator Gary Cooper, na noite em que ambos ganharam, respectivamente, o Oscar de melhor atriz e melhor ator, em 1942. Fontaine conseguiu vencer o prêmio para o qual a sua irmã, Olivia, também havia sido nomeada.

Das duas irmãs, Olivia foi a primeira a se tornar atriz. Quando Joan Fontaine tentou seguir a mesma profissão, sua mãe, que supostamente favoreceu Olivia, se recusou a deixar que Joan usasse o nome da família. Assim Joan se viu obrigada a inventar um nome, tendo em primeiro Joan Burfield e, posteriormente, Joan Fontaine. Segundo o que conta o biógrafo Charles Higham em sua obra Sisters: The Story of Olivia De Haviland and Joan Fontaine, as irmãs sempre tiveram uma relação difícil, começando na infância, quando Olivia teria rasgado uma roupa de Joan, forçando-a a costurá-la novamente. A rivalidade e o ressentimento entre as irmãs também alegadamente resulta da percepção de Joan em relação ao fato de Olivia ser a filha favorita de sua mãe.

Em 1942 as duas irmãs foram nomeadas para o Oscar de melhor atriz. Fontaine foi indicada pela atuação no filme Suspeita ("Suspicion", 1941), de Alfred Hitchcock, e De Havilland foi indicada pela atuação em A porta de ouro ("Hold Back the Dawn", 1941). Fontaine foi quem acabou levando a estatueta. O biógrafo Charles Higham descreveu os eventos da cerimônia de premiação, afirmando que, como Joan avançou empolgada para receber seu prêmio, ela claramente rejeitou as tentativas de Olivia cumprimentá-la, e que Olivia acabou se ofendendo com essa atitude. Higham também afirmou que, depois, Joan sentiu-se culpada pelo que ocorreu na cerimônia de entrega do prêmio. Anos mais tarde, seria a vez de Olivia de Havilland ganhar o prêmio, em 1947, pela atuação no filme Só resta uma lágrima ("To Each His Own", 1946). Segundo o biógrafo, na cerimônia de premiação Joan fez um comentário sobre o então marido de Olivia, que ficou ofendida e não quis receber os cumprimentos de sua irmã por este motivo.

A relação entre as irmãs continuou a deteriorar-se após os dois incidentes no Oscar. Em 1975, aconteceria algo que faria com que elas deixassem de se falar definitivamente: segundo Joan, Olivia não a convidou para um serviço memorial em homenagem a sua mãe, que havia morrido recentemente. Mais tarde, Olivia afirmou que tentou comunicar a Joan, mas ela se encontrava muito ocupada para atendê-la.

Charles Higham também diz que Joan passou a ter uma relação distante com suas próprias filhas, talvez por ter descoberto que elas estavam mantendo um relacionamento secreto com a tia, Olivia.

Ambas as irmãs sempre se recusaram a comentar publicamente sobre a sua rivalidade e relacionamento familiar. Em uma entrevista de 1978, no entanto, Fontaine disse: "Casei-me primeiro, ganhei um Oscar antes de Olivia e se eu morresse primeiro, sem dúvida ela ficaria lívida porque eu também teria ganho dela nisso!".[9] Após a morte de Fontaine, De Havilland, de sua casa em Paris, divulgou um comunicado dizendo: Estou chocada e entristecida, e agradeço por todas as expressões de simpatia e gentileza dos fãs. Joan Fontaine faleceu no domingo 15 de dezembro de 2013 aos 96 anos de idade[10] - ironicamente a data em que E o vento levou ("Gone with the Wind", 1939), filme que imortalizou De Havilland no cinema americano, completara 74 anos de estreia.

Relacionamentos

De Havilland e Flynn se tornaram uma das mais famosas duplas do cinema na época, estrelaram oito filmes juntos, estiveram apaixonados na vida real, mas nunca levaram adiante o seu amor.

Embora conhecidos como um dos mais famosos casais do cinema (estrelaram oito filmes juntos, como já visto), De Havilland e Errol Flynn nunca estiveram ligados romanticamente. A respeito de seus sentimentos sobre o seu co-star, De Havilland observou que, mesmo tendo sentido-se atraída por Flynn, recusou a todas as investidas do galã com o receio de se tornar apenas mais uma dentre as inúmeras aventuras amorosas de um homem comprometido (Flynn era casado com a atriz Lili Damita na época[11] e, mulherengo, tinha fama de "Don Juan"). De Havilland ficaria surpresa anos mais tarde, ao ver que Flynn escrevera em sua autobiografia que esteve realmente apaixonado por ela, ou seja, ele de fato foi honesto em seus sentimentos em relação à atriz.

De dezembro 1939 a março 1942, ela esteve romanticamente envolvida com o ator solteiro James Stewart. A pedido de Irene Mayer Selznick, o agente de Stewart o informou para acompanhá-la durante a premiére de E o vento levou em Nova York, no Astor Theater em 19 de dezembro de 1939. Ao longo dos próximos dias, Stewart sempre seria visto acompanhado De Havilland a passeios, idas a teatros e também ao famoso 21 Club. Eles continuariam juntos depois do retorno a Los Angeles, onde Stewart tinha aulas de voo e romance. De acordo com De Havilland, Stewart de fato propôs casamento a ela em 1940, mas ela sentia que ele não estava pronto para se estabelecer. O relacionamento entre ambos foi interrompido quando do alistamento militar dele, em março de 1941, mas somente um ano mais tarde, quando de Havilland se apaixonaria pelo diretor John Huston, eles terminaram de vez o seu relacionamento.

O cineasta mexicano Emilio Fernández se apaixonou profundamente por De Havilland, a quem ele nunca conheceu. Fernandez pediu ao então presidente do México Miguel Alemán Valdés para que a rua onde se localizava a mansão dele em Coyoacán, Cidade do México, recebesse o nome de Dulce Olivia ("Doce Olivia", em português). Segundo ele, essa seria uma maneira de estar sempre com aquela que era a sua paixão[13].

Casamentos e filhos

De Havilland e seu filho Benjamin em foto de 1952.
De Havilland chegando com o seu marido, Pierre Galante, ao Aeroporto de Copenhague, Dinamarca, em 13 de agosto de 1957.


De Havilland casou-se com o escritor Marcus Goodrich em 1946 e ambos se divorciaram em 1953. Da união entre o casal nasceu o filho, Benjamin (nascido em 1949), que tornou-se um matemático e morreu em 1991 após uma longa batalha contra um linfoma de Hodgkin.

Após divorciar-se de Goodrich em 1953, Olivia fez uma viagem a Paris, onde conheceu o jornalista francês e editor da Paris Match Pierre Galante. De Havilland e Galante se casaram em 1955. A filha do casal, Gisele, nasceu em julho de 1956, quando De Havilland tinha 40 anos de idade. Decidida a se dedicar mais a sua família, a atriz estabeleceu-se definitivamente em Paris no ano de 1960.

De Havilland e Galante se divorciaram em 1979, mas continuaram bons amigos; ela cuidou dele antes de ele morrer em Paris, vítima de câncer no pulmão, que foi o motivo declarado para sua ausência no 70º aniversário do Oscar em 1998.





De Havilland hoje

Olivia de Havilland em 2008, aos 92 anos de idade, na cerimônia em que recebeu do ex-presidente americano George W. Bush (foto) a Medalha Nacional das Artes.

Residente em Paris desde 1960, De Havilland ocasionalmente faz aparições públicas.

Ela tornou-se mais próxima da amiga Gloria Stuart, que também foi uma das poucas atrizes dos anos 30 ainda vivas durante a década de 2000. Stuart faleceu no dia 26 de setembro de 2010, aos 100 anos de idade.

Olivia compareceu à 75ª cerimônia do Oscar, em 2003. Na cerimônia estiveram presentes os também legendários Kirk Douglas, Karl Malden, Luise Rainer, Jennifer Jones, Teresa Wright e Julie Andrews, entre outros.

Em 2004, por ocasião do 65º aniversário do lançamento original do filme E o vento levou, o Turner Classic Movies realizou um documentário chamado "Melanie Remembers: Reflections by Olivia de Havilland", no qual De Havilland, que é a única viva dentre os quatro atores que protagonizaram o filme, relembra cada momento das filmagens. O documentário de 40 minutos pode ser visto na edição especial para colecionadores do filme lançada em DVD e posteriormente em blu-ray.

Em junho de 2006, ela apareceu em homenagem ao seu 90º aniversário na Academy of Motion Pictures Arts & Sciences e no Los Angeles County Museum de Arte.

Em abril de 2008, compareceu ao funeral de Charlton Heston. No mesmo ano, também compareceu ao Tributo ao Centenário da atriz Bette Davis. De Havilland foi uma das poucas estrelas com quem Bette manteve uma boa amizade. Elas apareceram em 5 filmes juntas.

Em 17 de novembro de 2008, aos 92 anos, De Havilland recebeu a Medalha Nacional das Artes, a maior honra conferida a um artista individual, em nome do povo dos Estados Unidos. A medalha foi entregue a ela pelo então presidente americano George W. Bush.

Em 2009, De Havilland narrou o documentário "I Remember Better When I Paint", sobre a importância da arte no tratamento da doença de Alzheimer. Em 22 de março de 2011, ela apresentou o documentário em uma exibição especial em Paris.

Em 14 de julho de 2009, Olivia afirmou, numa entrevista publicada no The Independent, que está trabalhando em uma autobiografia.

Em 9 de setembro de 2010, com a idade de 94 anos, De Havilland recebeu do presidente francês Nicolas Sarkozy a mais alta condecoração da França, a Legião de Honra, que é uma ordem de decoração de Cavalaria entregue pelo Presidente da República Francesa.

Em fevereiro de 2011, De Havilland apareceu na cerimônia de gala dos Prêmios César, na França. Jodie Foster, presidente da cerimônia, apresentou-a, e De Havilland foi longa e fortemente aplaudida de pé.

Premiações / Homenagens

1940

Recebeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por E o vento levou (1939);

1941

Recebeu uma indicação ao New York Film Critics Circle Award (Prêmio do Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York, ou NYFCC Award), na categoria de Melhor atriz, por A porta de ouro, de 1941, tendo ficado em segundo lugar;

1942

Também pela atuação em A porta de ouro, De Havilland recebeu sua segunda indicação ao Oscar, tendo sido a primeira na categoria Melhor atriz, mas perdeu o prêmio para sua irmã, Joan Fontaine;

1946

Recebeu outra indicação ao NYFCC Award de melhor atriz, por Só resta uma lágrima, de 1946, tendo conseguido o segundo lugar;

1947

Também por Só resta uma lágrima, venceu o seu primeiro Oscar de melhor atriz;

1948

Venceu o National Board of Review Award (ou NBR Award) de melhor atriz, por A cova da serpente, de 1948;

A cova da serpente também rendeu à atriz o seu primeiro NYFCC Award de melhor atriz;

1949

Novamente indicada ao Oscar de melhor atriz, por A cova da serpente;

Pelo mesmo filme, venceu o Prêmio Coppa Volpi de melhor atriz no Festival de Veneza;

Venceu o seu segundo NYFCC Award de melhor atriz, por Tarde demais (1949);

1950

Venceu o seu segundo Oscar de melhor atriz, por Tarde demais;

Recebeu o seu primeiro Globo de ouro, na categoria de Melhor atriz em filme de drama, por Tarde demais;

Recebeu o Nastro d'Argento (em português, Fita de prata) de Melhor atriz estrangeira, do Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema da Itália, por A cova da serpente;

1952
Autógrafo e impressão das mãos e dos pés de Olivia de Havilland na Calçada da Fama, em frente ao Teatro Chinês, em Hollywood. Estrela de Olivia de Havilland na Calçada da Fama de Hollywood.

A atriz foi honrada com uma cerimônia em frente ao Grauman's Chinese Theatre, deixando o seu autógrafo na Calçada da Fama de Hollywood e também as marcas de suas mãos e de seus pés;

1953

Recebeu outra indicação ao Globo de ouro de melhor atriz em filme de drama, por Eu te matarei, querida (1952);

1960

Neste ano, no dia 8 de fevereiro, a atriz ganhou uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, localizada no número 6762 da Hollywood Blvd;

1987

Venceu outro Globo de Ouro, na categoria de Melhor atriz coadjuvante em televisão, pela atuação no telefilme Anastácia - o mistério de Ana (1986);

Recebeu uma indicação ao Emmy, na categoria de Melhor atriz coadjuvante em minissérie ou telefilme, por Anastácia - o mistério de Ana;

2004

Em setembro deste ano ela foi agraciada no Elle Women in Hollywood Awards com o Legend Award (Prêmio Lenda do Cinema). Na ocasião, a atriz Angelina Jolie teve a oportunidade de aparecer com Olivia durante as sessões de fotos[14];

2006

Foi honrada no OFTA Film Hall of Fame[15];

2008

Foi agraciada numa cerimônia na Casa Branca pelo ex-presidente americano George W. Bush com a Medalha Nacional das Artes;

2010

Foi condecorada com a Legião de honra pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy;

2012

Foi contemplada com o prêmio honorário do CinEuphoria Awards, pela sua brilhante carreira.

2015

Recebe no dia 17 de maio de 2015 um prêmio especial no Festival de Cannes, o prêmio de honra "Mulheres no cinema". Neste ano, este prêmio especial - que além de ter sido dado à De Havilland foi dado também à Jane Fonda - passa a ser pela primeira vez concedido às mulheres que contribuíram com a Sétima Arte. Passados 50 anos após tornar-se a primeira mulher a presidir o júri do Festival em 1965, Olivia de Havilland, com quase 99 anos de idade, é considerada um "símbolo vivo da Era de Ouro de Hollywood", e o prêmio reconhece "seu talento, sua carreira e seu compromisso com o mundo do cinema", conforme agrega a nota sobre a atriz, que vive em Paris e não pode comparecer a Cannes para o evento.[16]

2016

Foi homenageada em fevereiro de 2016 pela revista The Oldie, com o Prêmio Oldie of the Year, pelos seus quase 100 anos de idade.

Filmografia

Ano Filme Título original Personagem Notas
1935 Esfarrapando desculpas "Alibi Ike" Dolly Stevens
O filhinho da mamãe "The Irish in Us" Lucille Jackson
Sonho de uma noite de verão "A Midsummer Night's Dream" Hermia Primeira filmagem da atriz
Creditada como Olivia de Haviland
Capitão Blood "Captain Blood" Arabella Bishop
1936 Adversidade "Anthony Adverse" Angela Giuseppe
A carga da brigada ligeira "The Charge of the Light Brigade" Elsa Campbell Creditada como Olivia De Havilland
1937 Vamos brincar de amor? "Call It a Day" Catherine "Cath" Hilton
Somos do amor "It's Love I'm After" Marcia West
O grande Garrick "The Great Garrick" Germaine de la Corbe
1938 Onde o ouro se esconde "Gold Is Where You Find It" Serena "Sprat" Ferris
As aventuras de Robin Hood "The Adventures of Robin Hood" Lady Marian Fitzwalter
Amando sem saber "Four's a Crowd" Lorri Dillingwell
Difícil de apanhar "Hard to Get" Margaret Richards Creditada como Olivia De Havilland
1939 Asas da esquadra "Wings of the Navy" Irene Dale
Uma cidade que surge "Dodge City" Abbie Irving
Meu reino por um amor "The Private Lives of Elizabeth and Essex" Lady Penelope Gray
E o vento levou "Gone with the Wind" Melanie Hamilton Wilkes Indicada - Oscar de melhor atriz coadjuvante
Raffles, o ladrão amador "Raffles" Gwen Manders
1940 "My Love Came Back" (Idem) Amelia Cornell
A estrada de Santa Fé "Santa Fe Trail" Kit Carson Holliday
1941 Uma loura com açúcar "The Strawberry Blonde" Amy Lind Grimes
A porta de ouro "Hold Back the Dawn" Emmy Brown Indicada - Oscar de melhor atriz
O intrépido general Custer "They Died with Their Boots On" Elizabeth Bacon Custer
1942 Assim é que elas gostam "The Male Animal" Ellen Turner
Nascida para o mal "In This Our Life" Roy Timberlake
1943 Graças à minha boa estrela "Thank Your Lucky Stars" Ela própria
Sua Alteza quer casar "Princess O'Rourke" Princesa Maria (Mary Williams) Creditada como Olivia DeHavilland
1944 Dez pequenas para cada homem "Government Girl" Elizabeth "Smokey" Allard
1946 Só resta uma lágrima "To Each His Own" Srta. Josephine "Jody" Norris Oscar de melhor atriz
Devoção "Devotion" Charlotte Brontë
Champanhe para dois "The Well-Groomed Bride" Margie Dawson
Espelhos d'alma "The Dark Mirror" Terry / Ruth Collins
1948 A cova da serpente "The Snake Pit" Virginia Stuart Cunningham Indicada - Oscar de melhor atriz
1949 Tarde demais "The Heiress" Catherine Sloper Oscar de melhor atriz
Globo de Ouro de melhor atriz em filme dramático
1952 Eu te matarei, querida "My Cousin Rachel" Rachel Sangalletti Ashley Indicada - Globo de Ouro de melhor atriz em filme dramático
1955 A favorita de Felipe II "That Lady" Ana de Mendoza, Princesa de Eboli
Não serás um estranho "Not as a Stranger" Kristina Hedvigson
1956 A filha do embaixador "The Ambassador's Daughter" Joan Fisk
1958 O rebelde orgulhoso "The Proud Rebel" Linnett Moore
1959 A noite é minha inimiga "Libel" Lady Margaret Loddon
1962 Luz na praça "Light in the Piazza" Meg Johnson
1964 A dama enjaulada "Lady in a Cage" Sra. Cornelia Hilyard
Com a maldade na alma "Hush… Hush, Sweet Charlotte" Miriam Deering Creditada como Olivia deHavilland
1966 "Noon Wine" (Idem) Ellie Thompson Telefilme
1970 O mundo dos aventureiros "The Adventurers" Deborah Hadley Creditada como Olivia De Havilland
1972 Um grito de mulher "The Screaming Woman" Laura Wynant Telefilme
1972 Joana, a mulher que foi papa "Pope Joan" Madre Superiora
1977 Aeroporto 77 "Airport '77" Emily Livingston
1978 O enxame "The Swarm" Maureen Schuster
1979 "Roots: The Next Generations" (Idem) Sra. Warner Minissérie (TV)
1979 O quinto mosqueteiro "The Fifth Musketeer" Ana d'Áustria, Rainha Mãe da França Creditada como Olivia De Havilland
Último trabalho da atriz no cinema
1981 O barco do amor "The Love Boat" Tia Hilly Série (TV); 4ª temporada, episódio 23
1982 Matar é fácil "Murder Is Easy" Honoria Waynflete Telefilme
Creditada como Olivia De Havilland
Real romance de Charles e Diana "The Royal Romance of Charles and Diana" Rainha Elizabeth, Rainha Mãe da Inglaterra Telefilme
1983 Bette Davis: um magnânimo vulcão "Bette Davis: A Basically Benevolent Volcano" Ela própria Documentário (TV)
1986 Norte e Sul II "North and South: Book II" Sra. Neal Minissérie (TV)
Anastácia - o mistério de Ana Anastasia: The Mystery of Anna Maria Feodorovna Romanova, Imperatriz da Rússia Telefilme
Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante em televisão
Indicada - Emmy do Primetime de melhor atriz coadjuvante em minissérie ou telefilme
1988 O maior romance do século "The Woman He Loved" Tia Bessie Merryman Telefilme
2004 "Melanie Remembers: Reflections by Olivia de Havilland" (Idem) Ela própria Documentário onde a atriz relembra as filmagens de E o vento levou
2009 "I Remember Better When I Paint" (Idem) Ela própria (narradora) Documentário

Referências

Fontes

  • De Havilland, Olivia. Every Frenchman Has One. Random House, 1962. Cômicas histórias sobre sua vida em Paris; informações reais biográficas.
  • Fontaine, Joan. No Bed of Roses. Morrow, 1978. Autobiografia de Joan Fontaine, que contêm muitos detalhes sobre como cresceu ao lado da irmã Olivia.
  • Higham, Charles. Sisters: The Story of Olivia De Haviland and Joan Fontaine. Coward McCann, 1984.
  • Lamparski, Richard. Manhattan Diary. BearManor Media, 2006 ISBN 1-59393-054-2.
  • Shipman, David. The Great Movie Stars, The Golden Years. Bonanza Books, New York, 1970.
  • Thomas, Tony. The Films of Olivia de Havilland. Citadel Press, 1983. Prefácio de Bette Davis.

Ligações externas

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