História da Igreja Adventista do Sétimo Dia

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Sede da Review and Herald em 1868.

A história da Igreja Adventista do Sétimo Dia tem seu início apontado no século XIX na sequência do Segundo Grande Despertar, impulsionado pelo Movimento Millerita. Alguns indicam sua origem remonta há muito tempo com a história da Igreja de Deus através dos séculos, baseando-se no conceito de que as mesmas crenças dos fiéis através da história, serem seus fundamentos. Também referem-se a si mesmos como uma continuidade da igreja do Antigo Testamento, do Novo Testamento, da Cristã e por fim da igreja Protestante. Se auto-intitulam a "igreja remanescente da profecia bíblica" por terem surgido, segundo eles, no cumprimento de eventos proféticos previstos pelo profeta Daniel e pelo apóstolo João no livro do Apocalipse.[1]

Origens[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Igreja Adventista do Sétimo Dia

A primeira metade do século XIX foi especialmente movimentada para os estudiosos da Bíblia, principalmente no hemisfério norte, em virtude da ocorrência de eventos extraordinários (o grande terremoto de Lisboa, o escurecimento do sol e da lua, e a queda de estrelas, apontados como o cumprimento de Mateus 24). Tanto na Europa como na América, suas conclusões foram muito semelhantes quanto a estes eventos. Um dos movimentos surgidos nesse período foi o Millerita, que foi parte do Segundo Grande Despertar ocorrido na década de 1840.

Personagens[editar | editar código-fonte]

Guilherme Miller (1782-1849), um agricultor, converteu-se à Igreja Batista e começou a estudar intensamente a Bíblia. Utilizando uma Bíblia e um material de estudo de textos bíblicos conhecido como Concordância de Cruden, conclui que o Santuário descrito na profecia de Daniel 8:14 referia-se à Terra e a purificação do mesmo ao retorno de Jesus. Fazendo uso de um método de interpretação de profecias bíblicas conhecido como princípio dia-ano (Números 14:34; Ezequiel 4:6), concluiu que as "2300 tardes e manhãs" referidas, iniciavam-se em 457 a.C e se cumpriam entre março de 1843 e março de 1844. Como o fato não ocorreu (a volta de Jesus), o retorno aos estudos sobre o assunto gerou uma compreensão mais acurada. Samuel S. Snow, ministro protestante milerita, concluiu que a purificação do santuário descrita na profecia ocorreria de acordo com o calendário judaico dos caraítas em 22 de outubro de 1844.

Miller começou a pregar a volta iminente de Cristo e ajuntou um bom número de adeptos, mas na data nada ocorreu, gerando O Grande Desapontamento. Enquanto a maioria dos Milleritas acabaram por desanimar, vários grupos continuaram estudando a bíblia e constataram que a profecia não tratava da volta de Cristo e sim de eventos celestiais relatados no livro de Hebreus. Um desses grupos foi liderado pelo capitão aposentado Joseph Bates e pelo casal James White e Ellen G. Harmon (depois White). Vale lembrar que Miller não originou a Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois ele continuou a guardar o domingo.

Em 1845, Joseph Bates foi convencido sobre a guarda do sábado como o sétimo dia sagrado, através do contato com os Batistas do Sétimo Dia por intermédio de Rachel Oakes Preston da Igreja Batista do Sétimo Dia de Verona, Nova York.[2] Bates organizou conferências sabatistas em New Hampshire a partir de 1846.

Em 1844, Ellen G. White teve sua primeira visão. Durante seu ministério (1844-1915) ela escreveu cerca de 100.000 páginas e teve 2.000 sonhos e visões.

Embora o nome "Adventista do Sétimo Dia" tenha sido escolhido em 1860, a denominação oficialmente foi organizada em 21 de maio de 1863, quando o movimento já se compunha de cerca de 125 igrejas e 3.500 membros.

Raízes Milleritas, 1831–44[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Grande Desapontamento

A Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu do movimento conhecido hoje como os Milleritas. Em 1831, um convertido batista, William Miller, foi convidado por um batista para pregar em sua igreja e começou a pregar que a Segunda Vinda de Jesus ocorreria em algum momento entre março de 1843 e março de 1844, com base em sua interpretação de Daniel 8:14. Uma seguidores se reuniu ao redor de Miller, incluindo muitos das igrejas batista, metodista, presbiteriana e da Conexão Cristã. No verão de 1844, alguns dos seguidores de Miller promoveram a data de 22 de outubro. Eles relacionaram a purificação do santuário de Daniel 8:14 com o Dia do Perdão Judaico, acreditando ser 22 de outubro daquele ano. Em 1844, mais de 100.000 pessoas estavam antecipando o que Miller chamara de "Bendita Esperança". Em 22 de outubro, muitos dos crentes estavam acordados até tarde da noite, assistindo e esperando a volta de Cristo, e se encontraram amargamente desapontados quando tanto o pôr do sol quanto a meia-noite passaram sem que suas expectativas fossem cumpridas. Este evento mais tarde ficou conhecido como o Grande Desapontamento.


Anos Pré-Denominacionais, 1844–60[editar | editar código-fonte]

Edson e o Santuário Celestial[editar | editar código-fonte]

Após o desapontamento de 22 de outubro, muitos dos seguidores de Miller ficaram chateados e desiludidos. A maioria deixou de acreditar no retorno iminente de Jesus. Alguns acreditavam que a data estava incorreta. Poucos acreditavam que a data estava correta, mas o evento esperado estava errado. Este último grupo se desenvolveu na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Um dos adventistas, Hiram Edson (1806–1882), escreveu: "Nossas esperanças e expectativas mais queridas foram frustradas, e um espírito de choro nos invadiu como nunca antes experimentei. Parecia que a perda de todos os amigos terrenos não poderia ser comparada. Nós choramos, e choramos, até o amanhecer do dia." No dia 23 de outubro, Edson, que morava em Port Gibson, Nova York, estava passando por seu campo de grãos com um amigo. Mais tarde, ele contou sua experiência:

Começamos, e enquanto passávamos por um grande campo, fui parado pela metade do campo. O céu pareceu se abrir diante dos meus olhos, e vi distintamente e claramente que em vez de nosso Sumo Sacerdote sair do Santíssimo do santuário celestial para vir a esta terra no décimo dia do sétimo mês, no final dos 2300 dias [calculado para ser 22 de outubro de 1844], Ele entrou pela primeira vez naquele dia no segundo apartamento desse santuário; e que Ele tinha um trabalho a realizar no Santíssimo antes de vir para a terra.

Edson compartilhou sua experiência com muitos dos adventistas locais, que foram grandemente encorajados por seu relato. Como resultado, ele começou a estudar a Bíblia com dois dos outros crentes da área, O.R.L. Crosier e Franklin B. Hahn, que publicaram suas descobertas em um jornal chamado Day-Dawn. Este jornal explorou a parábola bíblica das Dez Virgens e tentou explicar por que o noivo havia tardado. O artigo também explorou o conceito do dia da expiação e o que os autores chamaram de "nossa cronologia de eventos".

As descobertas publicadas por Crosier, Hahn e Edson levaram a uma nova compreensão sobre o santuário no céu. Seu artigo explicava como havia um santuário no céu, que Cristo, o Sumo Sacerdote, estava para purificar. Os crentes entenderam que essa purificação era o que os 2300 dias em Daniel se referiam.

George Knight escreveu: "Embora originalmente o menor dos grupos pós-milleritas, passou a se ver como o verdadeiro sucessor do movimento Millerita uma vez poderoso." Esta visão foi endossada por Ellen White. No entanto, Seeking a Sanctuary o vê mais como um desdobramento do movimento Millerita.

Os Adventistas "do Sábado e da Porta Fechada" eram díspares, mas lentamente emergiram. Apenas Joseph Bates havia tido alguma proeminência no movimento Millerita.

Os adventistas são herdeiros de crentes marginalizados anteriores; Valdenses, Reformadores Protestantes, incluindo os Anabatistas, Puritanos ingleses e escoceses, evangélicos do século XVIII, incluindo Metodistas, Batistas do Sétimo Dia e outros que rejeitaram as tradições da igreja estabelecida.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Maxwell, C. Mervyn. História do Adventismo. Casa Publicadora Brasileira.
  • Oliveira, Enoch de. A Mão de Deus ao Leme. Casa Publicadora Brasileira.
  • Knight, George. Uma Igreja Mundial. Casa Publicadora Brasileira.
  • Borges, Michelson. A Chegada do Adventismo ao Brasil. Casa Publicadora Brasileira.
  • Oliveira, Lygia de. Na Trilha dos Pioneiros. Casa Publicadora Brasileira.
  • Dick, Everett. Fundadores da Mensagem. Casa Publicadora Brasileira.
  • Damsteegt, Gerard. Foundations of the Seventh-day Adventist Message & Mission Andrews University Press (publisher's page)
  • Edwards, Calvin W. and Gary Land. Seeker After Light: A F Ballenger, Adventism, and American Christianity. (2000). 240pp online review
  • Gary Land, ed. Historical Dictionary of Seventh-day Adventists
  • Gary Land, ed. Adventism in America: A History, 2nd edition. Andrews University Press (publisher's page)
  • Land, Gary (2001). «At the Edges of Holiness: Seventh-Day Adventism Receives the Holy Ghost, 1892–1900». Fides et Historia. 33 (2): 13–30 
  • London, Samuel G., Jr. Seventh-day Adventists and the Civil Rights Movement (Jackson: University Press of Mississippi, 2009. x, 194 pp.) ISBN 978-1-60473-272-6
  • Morgan, Douglas. Adventism and the American Republic: The Public Involvement of a Major Apocalyptic Movement. (2001). 269 pp. publisher's page, about Adventists and religious freedom
  • Morgan, Douglas. "Adventism, Apocalyptic, and the Cause of Liberty," Church History, Vol. 63, No. 2 (Jun. 1994), pp. 235–249 in JSTOR
  • Neufield, Don F. ed. Seventh-Day Adventist Encyclopedia (10 vol 1976), official publication
  • Pearson, Michael. Millennial Dreams and Moral Dilemmas: Seventh-day Adventism and Contemporary Ethics. (1990, 1998), looks at issues of marriage, abortion, homosexuality
  • Greenleaf, Floyd (2000). Light Bearers: A History of the Seventh-day Adventist Church 3d ed. [S.l.: s.n.]  Originally Schwarz, Richard W. (1979). Light Bearers to the Remnant. [S.l.: s.n.]  Official history, and first written by a trained historian.
  • Vance, Laura L. Seventh-day Adventism Crisis: Gender and Sectarian Change in an Emerging Religion. (1999). 261 pp.

Referências

  1. Ministério Jovem (2004). Nossa Herança. [S.l.]: Casa Publicadora Brasileira. 160 páginas 
  2. Sanford, Don A. (2006). Um povo que escolhe: A história dos batistas do sétimo dia. Curitiba: Conferência Batista do Sétimo Dia Brasileira. p. 221-222 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]