Tesourinha (futebolista)

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Tesourinha
Tesourinha
Informações pessoais
Nome completo Osmar Fortes Barcellos
Data de nascimento 3 de outubro de 1921
Local de nascimento Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Data da morte 17 de junho de 1979 (57 anos)
Local da morte Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Altura 1,75 m
destro
Apelido Tesourinha, A Flecha
Informações profissionais
Posição ponta-direita
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1939–1949
1949–1952
1952–1954
1954–1957
Internacional
Vasco da Gama
Grêmio
Nacional
0149 0178
0051 0023
0120 0041
000? 000?
Seleção nacional
1940–1944
1944–1950
Seleção Gaúcha
Brasil
0007 000(6)
0023 00(10)

Osmar Fortes Barcellos, mais conhecido como Tesourinha (Porto Alegre, 3 de outubro de 1921Porto Alegre, 17 de junho de 1979), foi um futebolista brasileiro.

Foi titular da ponta-direita da seleção brasileira no Campeonato Sul-Americano de 1945, Campeonato Sul-Americano de 1946 e Campeonato Sul-Americano de 1949. E o único jogador que não atuava no Rio de Janeiro ou em São Paulo que representou a Seleção Brasileira nas três competições.

Tesourinha foi o grande ícone do futebol gaúcho nos anos 40. De acordo com Cid Pinheiro Cabral em 1956: "Tesourinha fez esquecer de tudo (de todas as épocas) que apareceu antes e depois. O grande astro de todos os tempos e é claro, da era profissional. De 1941 a 1948 foi qualquer coisa de extraordinário, indescritível, na cena regional.".[1] Em 1949 venceu o concurso Melhoral dos Cracks do Brasil de 1948 promovido pela rádio Tupi do Rio de Janeiro como o jogador mais popular do Brasil.

É considerado um dos maiores jogadores da história do Sport Club Internacional. Ganhou oito títulos gaúchos e marcou 178 gols em 149 jogos. [2]. Foi escolhido para duas seleções de todos os tempos do clube organizado pela Revista Placar: em 1982[3] e em 1994.[4]

Estilo de Jogo[editar | editar código-fonte]

Tesourinha foi reconhecido como um dos maiores dribladores do país. Segundo a Manchete Esportiva: "Ele driblava de maneira tal que ia passando pelos adversários, rumo ao gol, deixando atrás de si uma fileira de jogadores contrários. Tantas vezes isso se verificou que a fila que sempre existia passou a se chamar "Fila Tesourinha"". [5]

Tesourinha batia faltas, cabeceava, era rápido e capaz de jogar nas duas pontas, a direita e a esquerda, o que nem todos os pontas da época eram capazes de fazer. Não apenas preparava as jogadas, como também fazia muitos gols. Em dez anos de Inter foram 178 gols em 149 jogos, média superior a um gol por jogo. [2] No Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1949 marcou 7 gols em 7 jogos, média de um gol por jogo.

Foi o grande ponteiro direito do Brasil nos anos 40. Quando parou de ser convocado para a Seleção Brasileira nos anos 50, Mário Filho lamentou que: "Tesourinha não passara o bastão a ninguém" uma vez que Júlio Botelho só apareceu anos depois. [6]

Chegou ao Rio de Janeiro com 29 anos. Egídio Landolfi, adversário no Botafogo, lamentou que acompanhou a carreira de Tesourinha por apenas dois anos, e em 1953, afirmou que Tesourinha foi o maior ponteiro do país até então, mas retirou-se cedo demais.[7]

É considerado um dos três maiores jogadores do futebol gaúcho ao lado de Paulo Roberto Falcão e Ronaldinho Gaúcho.[8]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Internacional[editar | editar código-fonte]

Tesourinha, que teve o apelido tirado de um bloco carnavalesco no qual participava chamado Os Tesouras.[9] Começou a carreira jogando em um clube amador de Porto Alegre, o Ferroviário, time da Ilhota, ex-vila da capital do Rio Grande do Sul, hoje batizada de Praça Garibaldi. Em 1939, aos 18 anos,[9] foi convidado por um olheiro do Internacional a fazer testes no clube, sendo aprovado. O clube constatou que Tesourinha precisava engordar e autorizou uma padaria próxima ao Estádio dos Eucaliptos a fornecer pão e leite a ele.[9]

No Internacional, Tesourinha estreou aos 18 anos no dia 23 de outubro de 1939, em uma vitória de seu time sobre o Cruzeiro por 2–1, em partida válida pelo citadino de Porto Alegre. Seu primeiro gol como profissional só viria a ocorrer em um amistoso com o Força e Luz em 14 de dezembro daquele ano, no qual o Internacional venceu por 7–0.

Devido à concorrência com o consagrado Carlitos, Tesourinha foi deslocado para a ponta-direita,[9] onde teve exitosa carreira. Consagrou-se no chamado Rolo Compressor, como foi denominada a equipe do Internacional da década de 1940 hexacampeã gaúcha e tida como "imbatível".

Em agosto de 1946, o Internacional renovou o contrato com o Tesourinha por dois anos, pelo valor de Cr$ 80.000,00.[10] Em 23 de janeiro de 1949 venceu o concurso Melhoral dos Cracks do Brasil de 1948 com a expressiva soma de 3.889.840 votos, além do título Tesourinha recebeu um apartamento n. 403 do Edifício Colima, Rua Haddock Lobo, 191, Tijuca, Rio de Janeiro. Esse apartamento, oferta de Cibrasil, estava avaliado em 215.000 cruzeiros.[11]

Tesourinha é o quinto maior artilheiro da história do Internacional com 178 gols em 149 jogos.[2]

Vasco Da Gama[editar | editar código-fonte]

Ainda em 1949, Tesourinha transferiu-se do Internacional para o Vasco e passou a ganhar 35 vezes mais. Segundo Tesourinha: "Meu passe custou 300 contos, uma verdadeira fortuna para a época, e eu fui ganhando 7 contos por mês. Era uma quantia exorbitante para quem ganhava 200 mil-réis no Inter. Além disso, eu ganhei um apartamento no Rio".[12]

Estreou no dia 4 de janeiro de 1950, em partida válida pelo Torneio Rio-São Paulo, na qual o Vasco venceu a Portuguesa de Desportos por 5–2 e Tesourinha marcou um gol cobrando falta. No Vasco enfrentou uma grave lesão de meniscos que o tirou da Copa do Mundo FIFA de 1950. [13]

No clube carioca, fez parte da fase final do time apelidado de Expresso da Vitória. Tesourinha atuou no Vasco em 48 jogos e marcou 22 gols.

Grêmio[editar | editar código-fonte]

Em 1952, Tesourinha foi contratado pelo Grêmio em um grande lance do ex-presidente Saturnino Vanzelotti .[9][14] Por um tempo foi equivocadamente tratado como o primeiro negro da história do Grêmio, porém o percursor foi Armando Luiz Antunes em 1912. [15]

A estreia de Tesourinha ocorreu no amistoso do dia 16 de março de 1952, em uma vitória por 5–3 sobre o Juventude, em Caxias do Sul. Tesourinha marcou dois gols na partida.

Tesourinha esteve presente no jogo de inauguração do Estádio Olímpico Monumental dois anos depois em 1954. O Grêmio venceu por 2 a 0 o Nacional do Uruguai e Tesourinha deu as duas assistências do jogo, as primeiras assistências da historia do novo estádio. [16]

No Grêmio, Tesourinha atuou em 120 jogos e marcou 41 gols.

Aposentadoria[editar | editar código-fonte]

Encerrou a carreira em 1957, jogando pelo Nacional de Porto Alegre. Ainda ensaiou seguir a carreira de técnico, ao dirigir o Futebol Clube Montenegro em 1960.

Seleção Brasileira[editar | editar código-fonte]

Em 1944, foi convocado pelo treinador Flávio Costa para a Seleção Brasileira, onde Tesourinha estreou em um amistoso contra a Seleção do Uruguai, no dia 14 de maio, marcando um dos gols da vitória brasileira por 6–1.

Nos Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1945 e Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1946 formou um quinteto ofensivo famoso com Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Heleno de Freitas e Ademir Menezes, considerado por Obdulio Varela o melhor ataque da história da seleção.[17] Mário Filho corroborou: "O ataque de 50 tinha um grande trio de ataque: Zizinho, Ademir Menezes e Jair. Mas o de 45 não apresentava uma falha: Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Heleno de Freitas, Tesourinha e Ademir Menezes.".[6]

Foi escolhido de forma unânime para a seleção do Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1945 em votação dos jornalistas do continente organizada pelo O Globo Sportivo.[18] Terminou a competição com 1 gol e 3 assistências em 6 jogos. No Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1946 foi o líder de assistências do Brasil, com 3 passes para gol.

Participou do Campeonato Sul-Americano de 1949, quando a seleção brasileira acabou com um jejum de títulos oficiais de 27 anos. Tesourinha marcou 7 gols e distribuiu 2 assistências neste campeonato e terminou como terceiro artilheiro da competição.

No geral, disputou três Copa América com 15 jogos, 8 gols e 8 assistências.

Para o Jornal dos Sports, Tesourinha foi preterido na Copa do Mundo de 1950 devido à sua condição física: "o atacante gaúcho tem um joelho que o tem impedido de produzir à altura de suas verdadeiras possibilidades técnicas. Assegura-se, inclusive, que haverá a necessidade de extração de um dos meniscos.". [13] Como Tesourinha foi titular na conquista do sul-americano no ano anterior, o Jornal dos Sports descreveu após a Copa do Mundo: "Hoje ainda é lamentada a ausência de Tesourinha no scratch brasileiro de 1950. O seu ingresso no Vasco depois de longa batalha contra o Internacional foi festejada por toda a torcida, que julgava resolvida assim o problema da ponta direita da seleção brasileira. (...). Mas Tesourinha não foi feliz tendo de abandonar os treinos para a Copa do Mundo devido a fratura do menisco. (...). Quando se recorda o que fez Tesourinha no Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1949 parece ter sido uma perda sensível para o team. Mas lembramo-nos também de 45 no Chile, o mesmo Tesourinha falhou na peleja contra os argentinos perdendo duas ou três oportunidades de ouro para inverter a marcha da contagem.".[19]

No total jogou 23 vezes pela seleção brasileira, anotou 10 gols e conquistou 5 títulos.

Seleção Carioca[editar | editar código-fonte]

Tesourinha estreou em 8 de março de 1950 pela Seleção Carioca, na vitória por 4–2 sobre a Seleção Mineira. Tesourinha marcou o terceiro gol da partida, se contundiu depois de um choque com Lusitano, teve um músculo distendido.[20] Foi campeão do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1950.

Morte[editar | editar código-fonte]

Tesourinha faleceu em 17 de junho de 1979, aos 57 anos, vitimado por um câncer no estômago.[21]

Estatísticas[editar | editar código-fonte]

[22]

Ano Clube Jogos Gols
1939 Internacional 1
1940 11
1941 9
1942 16
1943 27
1944 19
1945 24
1946 11
1947 16
1948 24
1949 20
Total 149 178
1950 Vasco da Gama 5
1951 17
Total 48 22
1952 Grêmio 31 12
1953 30 10
1954 45 16
1955 13 3
Total 120 41
1956 Nacional 4
1957 1
Total 5
Total na carreira 240

Seleção Gaúcha[editar | editar código-fonte]

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Seleção Brasileira[editar | editar código-fonte]

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Títulos[editar | editar código-fonte]

Internacional
Vasco da Gama
Seleção Brasileira

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «A Seleção gaúcha da era profissional». Memória BN. Manchete Sportiva (RJ) de 24 de março de 1956. Consultado em 29 de julho de 2017 
  2. a b c «Os maiores artilheiros da história do Internacional». O Gol. O Gol. Consultado em 29 de julho de 2017 
  3. «O melhor internacional». Placar Magazine. Placar Magazine 24 set. 1982. Consultado em 29 de julho de 2017 
  4. «Um time de fortes». Placar Magazine. Placar Magazine nov. 1994. Consultado em 29 de julho de 2017 
  5. «Futebol, negócio da China». Memória BN. Manchete Sportiva (RJ) de 26 de novembro de 1955. Consultado em 29 de julho de 2017 
  6. a b «A Grande Safra». Memória BN. Manchete Esportiva (RJ) de 12 de Abril de 1958. Consultado em 29 de julho de 2017 
  7. «O atacante numero um da copa montevidéu». Memória BN. Jornal dos Sports (RJ) de 31 de janeiro de 1953. Consultado em 29 de julho de 2017 
  8. [hhttps://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/tesourinha-3310 «TESOURINHA»]. Terceiro Tempo. Terceiro Tempo. Consultado em 29 de julho de 2017 
  9. a b c d e Baibich, André (Março de 2007). «Tesourinha, o Garrincha colorado». Revista do Inter 
  10. «Tesourinha reformou contrato». A Noite (RJ) (12.343). 20 de agosto de 1946. p. 21. 22 páginas 
  11. «RESULTADOS FINAIS DA ELEIÇÃO DO MELHORAL DOS CRACKS DE 48 !». Jornal dos Sports (5.958). 23 de janeiro de 1949. p. 5. 10 páginas 
  12. «Tesourinha: A convocacção foi como um sonho». Memória BN. Manchete Sportiva (RJ) de 4 de abril de 1978. Consultado em 29 de julho de 2017 
  13. a b «Difícil o aproveitamento de Tesourinha». Memória BN. Globo Sportivo (RJ) de 3 de junho de 1950. Consultado em 29 de julho de 2017 
  14. Tesourinha quebrou um tabu Arquivado em 1 de outubro de 2008, no Wayback Machine. Museu dos Esportes, acessado em 3 de julho de 2009
  15. «Dia da Consciência Negra: cinco atletas que marcaram história no Grêmio em diferentes épocas». Memória BNVavel. Vavel. Consultado em 29 de julho de 2017 
  16. «Festa, pancadaria e vitória: Grêmio inaugura Olímpico na bola e na raça». Memória BN. Globoesporte. Consultado em 29 de julho de 2017 
  17. Neves, Milton (18 de setembro de 2014). «Tesourinha». Consultado em 24 de julho de 2019 
  18. «O Scratch sul-americano». Memória BN. O Globo Sportivo (RJ) de 2 de março de 1945. Consultado em 29 de julho de 2017 
  19. «Faltam ponteiros ao selecionado». Memória BN. Globo Sportivo (RJ) de 1 de agosto de 1950. Consultado em 29 de julho de 2017 
  20. «DOIS A DOIS NO PRIMEIRO PERIODO; FINAL: CARIOCAS, 4 x 2». Jornal dos Sports (6.301). 9 de março de 1950. p. 6. 10 páginas 
  21. «Há 30 Anos em ZH: morre Tesourinha». Zero Hora. Consultado em 3 de julho de 2009 
  22. http://futebol80.com.br/links/artilheiros/tesourinha.htm