Ovambo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Ovampo)
Ovambo
Bandeira da Ovambolândia
Mulher ovambo
População total

cerca de 1 milhão

Regiões com população significativa
Namíbia
 Angola
Línguas
Ovambo e cuanhama
Religiões
Luteranismo
Etnia
Banta

Ovambo (em ovambo, owambo, por vezes chamada ambó na literatura do período colonial português) designa um povo de origem banta, falante da língua ovambo (oshiwambo), que ocupa um vasto território no norte da Namíbia e no sudeste de Angola, particularmente na província do Cunene.

São agricultores e criadores de gado bovino, com predomínio da actividade agropecuária e em especial da bovinicultura. O termo ovambo foi introduzido pelos hereros para designar as populações que viviam nas regiões onde abundavam as avestruzes (designadas ampho, omboh ou avambo), termo que se significa avestruz ou pessoas que convivem com avestruzes.

Este grupo de povos comporta nove subgrupos na Namíbia: ondongas (ndonga), cuanhamas (kwanyama ou uukwanyama), cuambis (ukuambi), ongandijeras (ongaqndjera), cualuudis (ukualuthi), ombalantos (ombalantu), oncoloncatis (kolonkadhi), ombadijas (mbadja) e eundas.

Na Namíbia são a maior etnia do país com quase 50% da população total, com cerca de 1 milhão de pessoas.

No sul de Angola, os subgrupos são os cuanhamas, os cuamatos (kwamatu), os ondombondolas, os evales e os cafimas.[1]

Caracterização etnográfica[editar | editar código-fonte]

Mapa étnico de Angola em 1970 (área dos ovambos marcada a cor-de-rosa claro)

Os ovambos são um grupo etnolinguístico das savanas semi-áridas do norte da Namíbia e do sul de Angola.

Estes povos migraram para sul a partir das regiões das cabeceiras do rio Zambeze, fixando-se nas regiões comparativamente férteis e planas do norte da Namíbia e do sul de África.

O idioma próprio dos ovambos — e uma das "línguas nacionais" na Namíbia — é o ovambo, uma língua banta. Os diferentes subgrupos falam versões próprias desta língua; entre estas versões, o cuanhama é o mais importante, devido ao peso numérico preponderante deste subgrupo.

Devido à influência externa, a maioria dos ovambos veste-se ao estilo ocidental, escutam música moderna e a maioria considera-se como pertencente à comunidade religiosa luterana. Apesar disso, conservam algumas crenças e tradições ancestrais: são supersticiosos e acreditam na existência de um espírito supremo, Calunga; se alguém não retira as sandálias ao entrar na residência do chefe, um membro da família de este último morrerá; se a fogueira do chefe se deixa extinguir, este e a tribo se extinguirão também. O sistema social é matriarcal e a prática da poliginia é comum.

História[editar | editar código-fonte]

Os ovambos destacaram-se por uma resistência tenaz à ocupação colonial tanto pelos alemães e sul-africanos na Namíbia como pelos portugueses na actual província do Cunene. Nos combates contra os portugueses sobressai a liderança de Mandume ya Ndemufayo, último chefe ("rei") dos Reinos Confederados Ovambos — localizado nas terras atuais do sul de Angola —, que enfrentou os colonizadores em várias batalhas, como a de Mufilo e a de Môngua.[2] Mandume ya Ndemufayo foi morto a tiros por um destacamento das forças britânicas-sul-africanas em 1917.[3][4]

Referências

  1. José Redinha, Etnias e culturas de Angola, Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola, 2005 e Os helelo e os ovambo.
  2. Ver René Pélissier, Les guerres grises, vol. I, Résistance et revoltes en Angola (1845-1941), Montamets/Orgeval: edição do autor, 1977
  3. Heroes and Heroines
  4. Order out of Chaos: Mandume Ya Ndemufayo and Oral History by Patrica Hayes, in the Journal of Southern African Studies', 19/1, Março de 1993]

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Allan D. Cooper, Ovambo politics in the twentieth century, University Press of America, Lanham, Md., 2001, 350 p. ISBN 0-7618-2110-4.
  • Carl Hugo Linsingen Hahn, The native tribes of South-West Africa : The Ovambo - The Berg Damara - The bushmen of South West Africa - The Nama - The Herero, Cape Times Ltd., Le Cap, 1928, 211 p.
  • Giorgio Miescher, The Ovambo Reserve Otjeru (1911-1938) : the story of an African community in Central Namibia, Basler Afrika Bibliographien, Bâle, 2006, 22 p.
  • Gwyneth Davies, The medical culture of the Ovambo of Southern Angola and Northern Namibia, University of Kent at Canterbury, 1993 (thesis)
  • Karl Angebauer, Ovambo : fünfzehn jahre unter Kaffern, buschleuten und bezirksamtmännern, A. Scherl, Berlin, 1927, 257 p.
  • Leonard N. Auala, The Ovambo : our problems and hopes, Munger Africana Library, California Institute of Technology, Pasadena (Cal.), 1973, 32 p.
  • Maija Hiltunen, Good magic in Ovambo, Finnish Anthropological Society, Helsinki, 1993, 234 p. ISBN 952-9573-02-2
  • Maija Hiltunen, Witchcraft and sorcery in Ovambo, Finnish Anthropological Society, Helsinki, 1986, 178 p. ISBN 951-95434-9-X
  • Maria Helena Figueiredo Lima, Nação ovambo. Lisboa : Editorial Aster (Colecção Universidade Nova), 1977.
  • Matti Kuusi, Ovambo proverbs with African parallels, Suomalainen Tiedeakatemia, Helsinki, 1970, 356 p.
  • P. H. Brincker, Unsere Ovambo-Mission sowie Land, Leute, Religion, Sitten, Gebräuche, Sprache usw. der Ovakuánjama-Ovámbo, nach Mitteilungen unserer Ovambo-Missionare zusammengestellt, Barmen, 1900, 76 p.
  • Patricia Hayes, A history of the Ovambo of Namibia, c 1880-1935, University of Cambridge, 1992 (thesis)
  • Ramiro Ladeiro Monteiro, Os ambós de Angola antes da independência. Lisboa : Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 1994.
  • Seppo Loytty, The Ovambo sermon : a study of the preaching of the Evangelical Lutheran Ovambo-Kavango Church in South West Africa, Luther-Agricola Society, Tampere (Finland), 1971, 173 p.
  • Teddy Aarni, The Kalunga concept in Ovambo religion from 1870 onwards, University of Stockholm, Almquist & Wiksell, 1982, 166 p. ISBN 91-7146-301-1.
  • Wolfgang Liedtke et Heinz Schippling, Bibliographie deutschsprachiger Literatur zur Ethnographie und Geschichte der Ovambo, Nordnamibia, 1840-1915, annotiert, Staatliches Museum für Völkerkunde Dresden, Dresde, 1986, 261 p.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Este artigo é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o. Editor: considere marcar com um esboço mais específico.