Públio Rutílio Rufo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Públio Rutílio Rufo
Cônsul da República Romana
Consulado 105 a.C.

Públio Rutílio Rufo (em latim: Publius Rutilius Rufus) foi um político da gente Rutília da República Romana eleito cônsul em 104 a.C. com Cneu Málio Máximo. Rufo era filho de Públio Rutílio e era irmão de Lúcio e Rutília, que era, por sua vez, mãe de Caio Aurélio Cota, o cônsul de 75 a.C. Cota, por sua vez, era tio de Júlio César através de sua irmã, Aurélia Cota. É considerável um estudioso da literatura e da filosofia gregas.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Rufo iniciou sua carreira militar em 134 a.C. na campanha de Cipião Emiliano durante a Guerra Numantina. Foi pretor em 111 a.C. e, em seguida, legado de Quinto Cecílio Metelo Numídico em sua campanha contra o rei da Numídia, Jugurta, em 109 a.C., lutando também sob Caio Mário.[1] Ele se destacou principalmente na Batalha de Mutul, na qual enfrentou uma carga liderada por Bomílcar e conseguiu capturar ou aleijar a maior parte dos elefantes de guerra númidas.

Em 105 a.C., depois de uma derrota dois anos antes, foi eleito cônsul com Cneu Málio Máximo e sua principal conquista foi recuperar a disciplina do exército romano, introduzindo inclusive um novo sistema de exercícios militares, depois da desastrosa derrota de 6 de outubro na Batalha de Aráusio por Málio Máximo.[2] Depois do consulado, Rufo serviu novamente como legado, desta vez com Quinto Múcio Cévola "Pontífice", que era o governador da Ásia.

Ao ajudar o governador em seus esforços em proteger os moradores da província dos publicanos, os coletores de impostos, Rufo despertou o ódio dos ordem equestre, à qual pertencia a maior parte dos publicanos. Em 92 a.C., Rufo foi acusado de extorsão justamente por estes provincianos que havia tentado proteger e, apesar de a acusação ser amplamente tida como falsa,[3] o júri, composto quase que inteiramente de equestres, o condenou. Sua defesa foi conduzida por Caio Aurélio Cota, seu sobrinho, e Rufo aceitou o veredito resignado, um comportamento estoico esperado para um discípulo de Panécio.[4] O famoso gourmand Apício foi um dos responsáveis pela derrocada de Rufo. Cícero,[5] Lívio,[6] Veleio Patérculo[7] e Valério Máximo[8] concordam em que era um homem honrado e íntegro e a sua condenação foi resultado de uma conspiração.

Depois do julgamento, Rufou se retirou primeiro para Mitilene e, em seguida, para Esmirna, onde passou o resto da vida (possivelmente um ato de desafio contra seus acusadores: ele foi recebido com honras na cidade que o processou e o acusou de saquear) e onde Cícero o visitou em 78 a.C..[9] Embora tenha sido convidado por Sula a voltar para Roma, Rufo se recusou.[10] Foi durante sua estadia em Esmirna que ele escreveu sua autobiografia, composta por pelo menos cinco livros,[11] e uma "História de Roma" em grego, parte da qual, sabe-se, ter sido dedicada à sua narrativa da Guerra Numantina. Rufo era versado no direito romano e escreveu tratados sobre o tema, mas só se conhecem fragmentos citados nos "Digestos". Ele era também um profundo conhecedor da literatura grega.[12] Entre os fragmentos conhecidos de seus discursos estão:

  • Adversus Scaurum e Pro se contra Scaurum, de 107 a.C..[13]
  • Pro legem sua de tribunis mililum, de 105 a.C., quando era cônsul.[14]
  • De jeito aedificiorum, sobre a forma de estabelecer limites à extravagância na construção de habitações suntuosas. Provavelmente da época de seu consulado.[15]
  • Pro L. Caerucio ad populum
  • Pro se, contra os publicanos, de 93 ou 92 a.C.
  • Oratio ficta ad Mithridatem regem.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cônsul da República Romana
Precedido por:
Quinto Servílio Cepião

com Caio Atílio Serrano

Cneu Málio Máximo
105 a.C.

com Públio Rutílio Rufo

Sucedido por:
Caio Mário II

com Caio Flávio Fímbria


Referências

  1. Salútio, Bellum Iugurthinum 50,1; 52-53
  2. Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 3 § 2
  3. Dião Cássio, Fragmenta XCIII
  4. Cícero, Brutus 114; De officiis III 10.
  5. Cícero, Pro Font. 13; Brutus 30.
  6. Lívio, Ab Urbe Condita, Epit, LXX.
  7. Veleio Patérculo, História Romana II 3
  8. Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis II 10. § 5
  9. Cícero, Brutus 85
  10. Sêneca, Epístulas morais XXIV 4
  11. Tácito, Agrícola 1.
  12. Sêneca, Dos Benefícios VI 37; Comp. Cícero Brutus 22; Pro Balbus 11; Ovídio, Epistulae ex Ponto I 3 63; Suetônio, Sobre gramática retórica 6; Paulo Orósio, Histórias V 17.
  13. Cícero, Brutus 30; De oratore II 69
  14. Rufo Festo, Breviarium rerum gestarum populi Romani.
  15. Suetônio, Augusto 89.
  16. Plutarco, Pompeu 37.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Broughton, T. Robert S. (1951). The Magistrates of the Roman Republic. Volume I, 509 B.C. - 100 B.C. (em inglês). I, número XV. Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas 
  • (em alemão) [I 3] R. Rufus, P.. In: Der Neue Pauly (DNP). Volume 10, Metzler, Stuttgart 2001, ISBN 3-476-01480-0, Pg. 1169–1170.
  • Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.