Pai da Pátria

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José Bonifácio de Andrada e Silva, chamado de Patriarca da Independência do Brasil.

Pai da Pátria é um título simbólico, com origens na figura do pater patriae da Roma Antiga, que tem em alguns países servido para simbolizar o papel preponderante de determinada personalidade na formação da unidade nacional ou de sua independência. Assume, assim, papel de modelo de heroísmo, sendo digno de respeito e veneração dos pósteros.

D. Afonso Henriques, fundador de Portugal.

Ditosa pátria que tal filho teve! Mas antes pai!

Luís de Camões, Os Lusíadas, VII, 32

Histórico[editar | editar código-fonte]

Em Roma Antiga, o título de Pater Patriae era outorgado pelo senado romano, e o primeiro que o recebeu foi o orador Marco Túlio Cícero.

Carlos Manuel de Céspedes, Pai da Pátria de Cuba.

O conceito ganha outros contornos em Hobbes, para quem na figura do rei está inerente a qualidade de pai da pátria: "...pois o rei, que é o pai da pátria, conta-vos de suas necessidades. Não: é a pátria mesma (Patria ipsa) que vos fala por meio dele."[1] Esta visão filosófica pode ser interpretada como sendo o rei pai da pátria, sua voz reflete a da própria nação.[2]

Miguel Hidalgo y Costilla, considerado Pai da Independência Mexicana.

Em Portugal, a figura de D. Afonso Henriques assume o papel de formador inicial da nação lusitana, sendo portanto chamado de Fundador de Portugal.

José de San Martín, Pai da pátria Argentina.

No Brasil, José Bonifácio ainda em vida assistiu se consolidarem epítetos como Pai da Pátria (junto ao Imperador D. Pedro I ou Patriarca da Independência, como numa carta que lhe fora dirigida pelo General Labatut, em 1822.[3]

A expressão tem uso também pejorativo, como na farsa O Pai da Pátria, de Bento Faria e Ernesto Rodrigues.[4]

Pai da Nação é o título oficial dado a Mahatma Gandhi, na Índia (राष्ट्रपिता) e a Sun Yat-sen em Taiwan (國父). Alguns são considerados pais de várias pátrias, como é o caso de Simón Bolívar, libertador da Venezuela, Colômbia, Panamá, Equador, Peru e Bolívia ou José de San Martin, pai da pátria Argentina e Peru.

Relação por países[editar | editar código-fonte]

País Personalidade
Afeganistão Mohammed Zahir Shah[5]
África do Sul Nelson Mandela[6]
Argentina José de San Martín[7]
Bangladesh Sheikh Mujibur Rahman[8]
Botswana Sir Seretse Khama[9]
Bolívia Simón Bolívar
Brasil Dom Pedro I, José Bonifácio de Andrada e Silva, Maria Leopoldina
Chile Bernardo O'Higgins[10]
Colômbia Simón Bolívar
Coreia do Norte Kim Il-sung[11]
Coreia do Sul Syngman Rhee
Cuba Carlos Manuel de Céspedes[12]
Equador Simón Bolivar
Estados Unidos George Washington[13]
Haiti Jean Jacques Dessalines
Hungria Árpad, Estêvão I da Hungria[14]
Índia Mohandas Gandhi[15]
Indonésia Achmed Sukarno[16]
Itália Giuseppe Garibaldi, Vitor Emanuel II
Japão Imperador Jimmu
Quênia Jomo Kenyatta[17]
Malaui Hastings Kamuzu Banda[18]
México Miguel Hidalgo y Costilla[19]
Panamá Simón Bolívar
Paquistão Muhammad Ali Jinnah[20]
Paraguai Fulgencio Yegros[21]
Peru A denominação "Padres de la Patria" neste país faz referência aos primeiros congressistas da República, além do general San Martín.[22]
Portugal D. Afonso Henriques[23]
República Dominicana Juan Pablo Duarte, Francisco del Rosario Sánchez, Matías Ramón Mella[24]
Taiwan Sun Yat-sen
Turquia Mustafa Kemal Atatürk[25]
Uruguai José Gervasio Artigas[26]
Venezuela Simón Bolívar[27]
Vietnam Ho Chi Minh[28]
União Europeia Konrad Adenauer, Joseph Bech, Jacques Delors, Alcide Degasperi, Sicco Mansholt, Jean Monnet, Lorenzo Natali, Robert Schuman, Mário Soares, Paul-Henri Spaak, Simone Veil, Pierre Werner[29]

Referências

  1. Hobbes, citado in: Renato Janine Ribeiro (1999). Ao leitor sem medo: Hobbes escrevendo contra o seu tempo. [S.l.]: Editora UFMG. p. 149. ISBN 8570411685 
  2. Ribeiro, op. cit., pág. 150.
  3. Emília Viotti da Costa (2007). Da monarquia à república: momentos decisivos. [S.l.]: Editora Unesp. p. 106. ISBN 8571397406 
  4. Luiz Francisco Rebello. «O teatro naturalista e neo-romântico (1870-1910)» (PDF). Instituto Camões. Consultado em 29 de outubro de 2010 
  5. Obituario de Zahir Shah
  6. «Nelson Mandela: Long Walk to Freedom». Ebony magazine. 82 páginas. Janeiro 1995. Consultado em 5 de março de 2012 
  7. Página oficial del Ejército Argentino
  8. «Rahman». Consultado em 29 de outubro de 2010. Arquivado do original em 24 de janeiro de 2008 
  9. «How the father of Botswana got his country back». The Telegraph. 2 de julho de 2006. Consultado em 13 de dezembro de 2014 
  10. Icarito
  11. Global Security
  12. Símbolos de la Nación Cubana-Carlos Manuel de Céspedes
  13. The Life of George Washington
  14. Árpád and Stephen the fathers of the nation
  15. «Mahatma Gandhi. The Father of Nation». Consultado em 29 de outubro de 2010. Arquivado do original em 5 de outubro de 2007 
  16. ABC
  17. «BBC». Consultado em 29 de outubro de 2010. Arquivado do original em 24 de janeiro de 2008 
  18. Reuters
  19. «Miguel Hidalgo y Costilla». Consultado em 29 de outubro de 2010. Arquivado do original em 2 de junho de 2009 
  20. Quaid-i-Azam Mohammad Ali Jinnah. FATHER OF THE NATION
  21. [1]
  22. Fernando Ayllón Dulanto. «Los Padres de la Patria» (PDF). Consultado em 29 de outubro de 2010 
  23. [2]
  24. «Los Tres Padres de la República Dominicana». Consultado em 29 de outubro de 2010. Arquivado do original em 31 de março de 2008 
  25. Parla, Taha; Andrew Davison (2004). Corporatist Ideology in Kemalist Turkey: Progress Or Order?. [S.l.]: Syracuse University Press. pp. 37–8. ISBN 0-8156-3054-9 
  26. «Monumento de José Gervasio Artigas en Montevideo» 
  27. «Hace 178 años murió el Padre de la Patria - Guia.com.ve» 
  28. Portal del gobierno de la República Socialista de Viet Nam
  29. «Lista dos Pais Fundadores da Europa na web oficial da U.E.» 
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