Paleoconservadorismo

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Paleoconservadorismo refere-se a uma vertente do conservadorismo estadunidense que preconiza o tradicionalismo baseado no cristianismo, o regionalismo, o constitucionalismo e o anticomunismo combinados uma política interna com governo limitado e federalista, além de uma política externa protecionista, isolacionista e não-intervencionista.[1] As preocupações do paleoconservadorismo coincidem com as da Velha Direita que se opôs ao New Deal nas décadas de 1930 e 1940,[2] bem como com o paleolibertarismo e o populismo de direita.[3]

Os termos "neoconservador" (também conhecido como "neocon") e "paleoconservador" (também conhecido como "paleocon") foram cunhados após a eclosão da Guerra do Vietnã e uma divisão no conservadorismo estadunidense entre os intervencionistas e os isolacionistas. Os partidários da Guerra do Vietnã ficaram então conhecidos como os neoconservadores (intervencionistas), pois marcaram uma ruptura decisiva com o isolacionismo nacionalista que os conservadores tradicionalistas (isolacionistas) haviam subscrito até então.[4][5][6]

Os paleoconservadores defendem restrições à imigração, uma reversão de programas multiculturais e mudanças demográficas em grande escala, a descentralização da política federal, a restauração dos controles sobre o livre comércio, a adoção de certas medidas economicamente nacionalistas e a não-interveção dos EUA em conflitos envolvendo países como Ucrânia ou Israel.[7]

Na política contemporânea dos EUA, o "trumpismo" é visto como baseado no paleoconservadorismo,[8] se não uma reformulação do mesmo. Deste ponto de vista, os seguidores da Velha Direita não desapareceram tão facilmente e continuam a ter uma influência significativa no Partido Republicano e em todo o país.[9]

Ideologia[editar | editar código-fonte]

Os paleoconservadores apoiam restrições à imigração, descentralização, tarifas comerciais e protecionismo, nacionalismo econômico, isolacionismo e um regresso aos ideais conservadores tradicionais relativos a gênero, raça, sexualidade, cultura e sociedade.[10]

O paleoconservadorismo difere do neoconservadorismo por se opor ao livre comércio e promover o republicanismo. Os paleoconservadores veem os neoconservadores como imperialistas e veem a si próprios como defensores da república.[11] Os paleoconservadores também se consideram herdeiros legítimos da tradição conservadora estadunidense.[12][13][14]

Os paleoconservadores tendem a se opor ao aborto, ao casamento gay e aos direitos LGBT+.[10]

Tradicionalismo sulista[editar | editar código-fonte]

De acordo com o historiador Paul V. Murphy, os paleoconservadores desenvolveram um foco no localismo e nos direitos dos estados. A partir de meados da década de 1980, a revista Chronicles promoveu uma visão de mundo tradicionalista do Sul focada na identidade nacional, na particularidade regional e no ceticismo em relação à teoria abstrata e ao poder centralizado.[15] Segundo Hague, Beirich e Sebesta, o antimodernismo do movimento paleoconservador definiu o movimento neoconfederado das décadas de 1980 e 1990. Durante este período, paleoconservadores notáveis argumentaram que a dessegregação, o bem-estar, a tolerância aos direitos dos homossexuais e a separação Igreja-Estado tinham sido prejudiciais para as comunidades locais e que estas questões tinham sido impostas pela legislação federal e pelos grupos de reflexão. Os paleoconservadores também reivindicaram os agrários sulistas como antepassados neste aspecto.[16]

Referências

  1. «What Is Paleoconservatism? Man, Know Thyself!». Chronicles (em inglês). Janeiro de 2011. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  2. Raimondo, Justin (1993). Reclaiming the American Right: The Lost Legacy of the Conservative Movement (em inglês). [S.l.]: Center for Libertarian Studies. ISBN 978-1-883959-00-5 
  3. «The Trump phenomenon and the European populist radical right». Washington Post (em inglês). 7 de dezembro de 2021. ISSN 0190-8286. Consultado em 27 de março de 2024 
  4. Gottfried 1993.
  5. Gottfried 2006.
  6. Scotchie 2017.
  7. Foley, Michael (2007). American Credo: The Place of Ideas in US Politics (em inglês). [S.I.]: Oxford University Press.
  8. Drolet, Jean-Francois; Williams, Michael (2019). «The view from MARS: US paleoconservatism and ideological challenges to the liberal world order». International Journal (em inglês). 74 (1): 18. doi:10.1177/0020702019834716Acessível livremente 
  9. Morris, Edwin Kent (24 de dezembro de 2018). «Inversion, Paradox, and Liberal Disintegration: Towards a Conceptual Framework of Trumpism». New Political Science (em inglês). 41 (1): 21. doi:10.1080/07393148.2018.1558037 
  10. a b Matthews, Dillon (18 de abril de 2016). «The alt-right is more than warmed-over white supremacy. It's that, but way way weirder.». Vox (em inglês). Vox Media Inc. Consultado em 4 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 31 de agosto de 2017 
  11. Larison, Daniel. «How Paleo and Fusionist Conservatism Differ» (em inglês). American Conservative Union Foundation. Consultado em 27 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 5 de fevereiro de 2004 
  12. Woltermann, Chris (1993). "What Is Paleoconservatism?" (em inglês). Telos (97): 9–20. doi:10.3817/0993097009. ISSN 1940-459X.
  13. Joiner, Whitney (setembro de 2002). «Paleocons' Revenge; American Conservative L.L.C. to Launch American Conservative Magazine». Folio: The Magazine for Magazine Management (em inglês). Consultado em 24 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 20 de outubro de 2004 – via FindArticles 
  14. Francis, Samuel (16 de dezembro de 2002). «The Paleo Persuasion». The American Conservative (em inglês). Consultado em 10 de março de 2018. Cópia arquivada em 29 de março de 2006 
  15. Murphy, Paul V. (2001). The Rebuke of History: The Southern Agrarians and American Conservative Thought (em inglês). [S.l.]: Univ of North Carolina Press 
  16. Hague, Euan; Beirich, Heidi; Sebesta, Edward H. (2009). Neo-Confederacy: A Critical Introduction (em inglês). [S.l.]: University of Texas Press. pp. 25–27. ISBN 9780292779211 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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