Palácio dos Leões

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Palácio dos Leões
Palácio dos Leões
O Palácio dos Leões.
Tipo Sede de Governo
Estilo dominante Arquitetura neoclássica
Número de andares 2
Geografia
País Brasil
Coordenadas 2° 31' 37" S 44° 18' 24" O

Palácio dos Leões é o edifício-sede do governo do estado brasileiro do Maranhão. Localiza-se no centro histórico da cidade de São Luís, na área designada Patrimônio Mundial pela UNESCO. Com uma história que começa no início do século XVII, o Palácio é um dos maiores símbolos da cultura maranhense.

Desde o início de sua primeira construção em 1626 como residência de governante, e após sofrer sucessivas adjunções e modificações, o edifício tornou-se descaracterizado e deteriorado ao longo dos anos, o que ocasionou a interdição da ala residencial. Após o projeto de recuperação e restauração, concluído em 2003, o prédio passou a ter as características atuais.

A sua localização privilegiada, no alto do promontório onde nasceu a cidade de São Luís, aliada à sua trajetória histórica, à sua arquitetura e seus bens artísticos, fazem do Palácio um conjunto de fundamental importância para o entendimento da formação da identidade cultural do povo maranhense.

Etimologia

Escultura heráldica que caracteriza o nome do palácio.

Ao lado da entrada do palácio há duas esculturas heráldicas em bronze. Durante o governo de Magalhães de Almeida (1926 – 1929), o jornal local "O Combate" usou de forma irônica a comparação entre a voracidade do leão e a voracidade do governo em recolher impostos, referindo-se ao palácio como "dos Leões". O nome se popularizou entre a base de oposição e também entre a população. Porém, após alguns anos, a designação perdeu o sentido anedótico e passou a ser adotada institucionalmente o nome Palácio dos Leões.[1]

História

O edifício remonta ao dia 8 de setembro de 1612, quando os franceses, comandados por Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiere, sob a proteção da rainha regente da França, Maria de Médicis, estabeleceram entre os estuários dos rios Anil e Bacanga, na ilha de Upaon-Açu, a colônia que batizaram de França Equinocial. Iniciaram a construção de um forte, ao qual deram o nome de São Luís, em homenagem ao rei Luís IX de França.[2]

Após a expulsão dos franceses, em 1615, o forte de São Luís é rebatizado São Felipe pelos portugueses. Dentro do recinto do forte, o capitão-mor Jerônimo de Albuquerque inicia a construção da residência dos Governadores, erguida com a técnica de taipa de pilão por mão-de-obra indígena.[2] O novo edifício, assim como o povoado português, foi projetado pelo engenheiro militar Francisco Frias de Mesquita.[3]

Em 1624, o novo Governador Geral do Maranhão, Francisco Coelho de Carvalho, determinou a reconstrução do Forte de São Felipe em pedra e cal. Na mesma época, determinou também a reconstrução da residência dos Governadores. A primitiva construção serviu tanto de moradia como despacho administrativo até o ano de 1762.[1]

Em 1766, o governador Joaquim de Melo e Póvoas determinou a demolição do velho palácio do Governo e fez construir um novo edifício em pedra e cal, para melhor acomodar a família dos capitães-generais que lhe sucedessem.[2] O palácio construído por ordem de Melo e Póvoas era sóbrio, com beirais salientes e o telhado baixo. A entrada era feita pelo lado do edifício; somente na reforma empreendida em 1857 é que esta foi deslocada para o centro da fachada principal.[2] Durante todo o período do império o Palácio do Governo passou por várias reformas. Dentre esses melhoramentos, os mais significativos foram: iluminação a gás e lageamento do passeio da testada do edifício em pedra de cantaria portuguesa em 1863 e a aquisição de móveis e outros objetos em 1872.[1]

Na era republicana, o antigo prédio do palácio do Governo passou por sua primeira grande reforma em 1896, durante a administração de Manuel Inácio Belfort Vieira. A segunda reforma seria empreendida em 1906 por Benedito Leite, responsável pela construção da extensa ala nos fundos do Palácio, destinada à residência do governador e aquisição de algum mobiliário e objetos de adorno que mandou vir da Europa.[4]

Em 1911, quando Luís Domingues assume o governo do Maranhão, encontrou o Palácio com pouca mobília, muitas salas necessitando de reparos, a fachada ainda no estilo colonial, apesar de estar alterada.[1]

Nas décadas de 1990 e 2000 o Palácio passou por um restauro integral tanto das fachadas como do interior.

Atualidade

Fachada do Palácio dos Leões, sede do Governo Estadual do Maranhão.

Em 1990, através do projeto dos arquitetos Acácio Gil Borsoi e Janete Costa que objetiva "manter a austeridade do imponente Palácio dos Leões e devolver toda a monumentalidade e emoção próprias desse tipo de edificação (...)"; as modificações introduzidas pelos arquitetos visou atender "(...) as necessidades de uma moradia contemporânea e de escritórios administrativos oficiais também condizentes com a época atual".

Em 1996, os estudos conduzidos por Borsoi ratificaram problemas que iam desde desde a proliferação de cupins e vazamentos, até mais os mais complicados como a descaracterização da arquitetura original do palácio pelas contínuas reformas e adaptações mal planejadas. Segundo Borsoi:

Os vários detalhes acrescidos ao longo dos anos foram retirados e criamos novas soluções para que tudo ficasse integrado à idéia original do projeto, de características clássicas renascentistas.
 
Acácio Gil Borsoi[1] .

O telhado foi totalmente substituído, onde se colocou uma subcobertura especial. No interior do edifício foram feitas alterações mais profundas como a inversão das áreas administrativas e a ala residencial. A privacidade nos cômodas da ala residencial foi obedecidade levando em consideração a hierarquia de valores e à exigência social de cada cargo.[1]

Localização

Vista lateral de frente para a foz do rio Anil.

O palácio dos Leões está localizado sobre uma elevação de frente para o mar, numa falésia à margem e, ao mesmo tempo, à foz dos rios Anil e Bacanga. Por estas características, sua localização é importante para o entendimento de como seu sítio fora um lugar estratégico entre as várias disputas de poder e invasões ocorridas durante os primeiros séculos de sua existência.[4]


Registros feitos pelos padres da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em 1611, descreveu a presença de Ocaras de tupinambás no sítio. Durante a ocupação francesa na ilha em 1612, no local foi erguido o Forte de São Luís que marcou a fundação da cidade de São Luís. Dois anos depois, em 1614, os franceses construiram um cimo de baluarte, uma praça de armas para a defesa de suas posses. O cronista da expedição francesa, Claude D'Abbeville escreveu:

(..) escolhido um belo local para a construção do Forte de Saint Louis, na ponta de um rochedo, inacessível e superior a todos os outros.
 
C. A., 1612

, [1]

.

Arquitetura

O palácio tem características neoclássicas de dois pavimentos, com o telhado ocultado por platibandas decoradas com balaustres.

Referências

  1. a b c d e f g Éride Moura. «História Reconstruída». pini.com.br. Consultado em 29 de dezembro de 2015  Parâmetro desconhecido |publicadoem= ignorado (ajuda)
  2. a b c d Artigo sobre o Palácio na Agência de Notícias do Governo do Estado do Maranhão[1]
  3. Artigo sobre Frias de Mesquita na revista Da Cultura (2005) [2]
  4. a b Wasinski Prado & Barbara Irene (setembro de 2014). O Palácio dos Leões e o Projeto Paisagístico de Roberto Burle Marx (PDF) (Relatório). 3º Colóquio Íbero-Americano: Universidade Estadual do Maranhão. Consultado em 29 de dezembro de 2015 

Ver também

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Ligações externas