Panicum miliaceum

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Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: monocotiledóneas
Ordem: Poales
Família: Poaceae
Género: Panicum
Espécie: P. miliaceum
Nome binomial
Panicum miliaceum
L.
Panicum miliaceum (MHNT)

Panicum miliaceum é uma espécie de planta com flor pertencente à família Poaceae, do tipo fisionómico das terófitas.[1] O nome vulgar desta espécie em português é painço, tanto em Portugal[2] como no Brasil[3] (se bem que em Portugal este nome também se refere à espécie europeia Setaria italica).[4]

Floresce entre Julho e Outubro.[1]

Nomes comuns[editar | editar código-fonte]

Além de «painço», dá pelos nomes comuns: milho-miúdo[5],milhete[6], milho-alvo,[7] mileto[8] ou pão-de-passarinho[9], painço-vermelho, painço-branco e milheto.[1]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Do que toca ao nome científico:

Do que toca ao nome comum «painço», este consiste numa corruptela do étimo latino que serve de nome genérico para esta espécie, panicum.[14]

História[editar | editar código-fonte]

As designações de «milho», «milhos» e «painço» aparecem com frequência nos autores portugueses do século XVI.[15] À medida que os portugueses foram conhecendo novas terras, já nalgumas delas o «milho» era um alimento sobremaneira importante e não raros são os autores mencionam as «lavras de milho» nas terras com que iam contactando.[15]

Até ao século XVI, isto é, até ao contacto dos povos europeus com o Novo Mundo, o substantivo «milho» era dado indistintamente a várias espécies do Velho Mundo, pelo que a simples indicação do nome não permite à historiografia moderna verificar qual a espécie ou espécies a que os autores se referem concretamente.[15]

Veja-se que em Portugal, historicamente, o nome genérico «milho» também se dava à espécie Panicum miliaceum L.. [15]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A distribuição original do painço radica da Ásia Central,[1] sendo certo que, segundo certos autores, as suas origens primordiais serão o subcontinente indiano e a região de Mianmar.[16][17]

É cultivada na Eurásia há milhares de anos.[18]

Cresce braviamente na Europa Central, entre charnecas e arneiros.[18] Podendo, inclusive despontar espontaneamente em jardins, mercê das sementes terem sido dispersadas na bicarrada de aves.[19]

Portugal[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, no Arquipélago dos Açores e no Arquipélago da Madeira.[1]

Em termos de naturalidade é introduzida nas três regiões atrás referidas.

Protecção[editar | editar código-fonte]

Não se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.

Ecologia[editar | editar código-fonte]

O painço adapta-se bem a quase qualquer tipo de solo e condições climatéricas, tem um período de crescimento curto e não precisa de muita água para viçar.[20] Dentre todas as variedades dos cereais principais, prima por ser a menos carente de água.[21] Destarte, é um cultivar que prospera em cultivos de sequeiro.[22]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Panicum miliaceum foi descrita por Carlos Lineu e publicado na Species Plantarum 1: 58. 1753.[23]

Sinonímia[editar | editar código-fonte]

  • Leptoloma miliacea (L.) Smyth
  • Milium esculentum Moench
  • Milium panicum Mill.
  • Panicum asperrimum Fisch.
  • Panicum asperrimum Fischer ex Jacq.
  • Panicum densepilosum Steud.
  • Panicum milium Pers.
  • Panicum ruderale (Kitag.) D.M.Chang
  • Panicum spontaneum Zhuk.[24][25]

Referências

  1. a b c d e «Jardim Botânico UTAD | Panicum miliaceum». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  2. Infopédia. «Painço | Definição ou significado de Painço no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de março de 2021 
  3. Abrantes, Fabiana L.; Kulczynski, Stela Maris; Soratto, Rogério P.; Barbosa, Manoel Murilo M. (setembro 2010). «Nitrogen top-dressing and the physiological and sanitary quality of proso millet (Panicum miliaceum L.) seeds». Revista Brasileira de Sementes. 32 (3): 106–115. ISSN 0101-3122. doi:10.1590/S0101-31222010000300012 
  4. «Jardim Botânico UTAD | Setaria italica». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  5. Infopédia. «milho-miúdo | Definição ou significado de milho-miúdo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 20 de março de 2021 
  6. Infopédia. «milhete | Definição ou significado de milhete no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de março de 2021 
  7. Ferrão, José Eduardo Mendes (2013). «Na linha dos descobrimentos dos séculos XV e XVI - Intercâmbio de plantas entre a África Ocidental e a América». Revista de Ciências Agrárias (2): 250–269. ISSN 2183-041X. doi:10.19084/rca.16303. Consultado em 7 de julho de 2023 
  8. S.A, Priberam Informática. «MILETO». Dicionário Priberam. Consultado em 20 de março de 2021 
  9. Infopédia. «pão-de-passarinho | Definição ou significado de pão-de-passarinho no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 17 de março de 2021 
  10. Watson L, Dallwitz MJ. (2008). «The grass genera of the world: descriptions, illustrations, identification, and information retrieval; including synonyms, morphology, anatomy, physiology, phytochemistry, cytology, classification, pathogens, world and local distribution, and references». The Grass Genera of the World. Consultado em 29 de Janeiro de 2010 
  11. «pānĭcum | ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 8 de julho de 2023 
  12. «miliaceum - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 8 de julho de 2023 
  13. «miliaceus - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 8 de julho de 2023 
  14. S.A, Priberam Informática. «painço». Dicionário Priberam. Consultado em 8 de julho de 2023 
  15. a b c d Ferrão, José Eduardo Mendes (2013). «Na linha dos descobrimentos dos séculos XV e XVI - Intercâmbio de plantas entre a África Ocidental e a América». Revista de Ciências Agrárias (2): 250–269. ISSN 2183-041X. doi:10.19084/rca.16303. Consultado em 7 de julho de 2023 
  16. Gunther Franke (Hrsg.): Nutzpflanzen der Tropen und Subtropen. Band 2: Spezieller Pflanzenbau. Ulmer, Stuttgart 1994, S. 107f. ISBN 3-8252-1768-X
  17. Lu, Houyuan; Zhang, Jianping; Liu, Kam-biu; Wu, Naiqin; Li, Yumei; Zhou, Kunshu; Ye, Maolin; Zhang, Tianyu; Zhang, Haijiang (5 de maio de 2009). «Earliest domestication of common millet (Panicum miliaceum) in East Asia extended to 10,000 years ago». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (18): 7367–7372. ISSN 0027-8424. PMC 2678631Acessível livremente. PMID 19383791. doi:10.1073/pnas.0900158106. Consultado em 20 de março de 2021 
  18. a b Govaerts & al. {{{3}}}. Panicum miliaceum em World Checklist of Selected Plant Families.
    The Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew. Publicado na internet. Accesso: Panicum miliaceum de {{{2}}} de {{{3}}}.
  19. Wolfgang Franke: Nutzpflanzenkunde. Nutzbare Gewächse der gemäßigten Breiten, Subtropen, und Tropen. 4. Auflage, Thieme, Stuttgart 1989, S. 101. ISBN 3-13-530404-3
  20. Hunt, Harriet V.; Badakshi, Farah; Romanova, Olga; Howe, Christopher J.; Jones, Martin K.; Heslop-Harrison, J. S. Pat (julho de 2014). «Reticulate evolution in Panicum (Poaceae): the origin of tetraploid broomcorn millet, P. miliaceum». Journal of Experimental Botany (12): 3165–3175. ISSN 0022-0957. PMC 4071833Acessível livremente. PMID 24723408. doi:10.1093/jxb/eru161. Consultado em 20 de março de 2021 
  21. «Panicum miliaceum L. GRIN-Global». npgsweb.ars-grin.gov. Consultado em 20 de março de 2021 
  22. «Tropicos | Name - !Panicum miliaceum L.». legacy.tropicos.org. Consultado em 20 de março de 2021 
  23. «Panicum miliaceum». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 25 de Abril de 2014 
  24. Panicum miliaceum en PlantList
  25. «Panicum miliaceum». World Checklist of Selected Plant Families. Consultado em 25 de abril de 2014 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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