Papel mata-borrão

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Papel mata-borrão em rolo
Porta mata-borrão da Alemanha, objeto do Museum Europäischer Kulturen, Berlim.

Papel mata-borrão é um tipo de papel capaz de absorver com facilidade o excesso de substâncias líquidas (como tinta ou óleo) da superfície do papel ou de outros objetos. É usado principalmente em microscopia para remover o excesso de líquidos da lâmina antes da visualização. Também pode ser utilizado para remoção de maquiagem e oleosidade da pele.

Fabricação[editar | editar código-fonte]

O papel mata-borrão pode ser fabricado a partir de diferentes materiais, variando a sua espessura, suavidade consoante a aplicação desejada. Na maioria das vezes é feito a partir de fibras de algodão.

História[editar | editar código-fonte]

Acredita-se que esse tipo de papel foi inventado por acidente durante o século XV no condado de Norfolk, Inglaterra.[1] Outro relato diz que um trabalhador de uma fábrica de papel de Berkshire criou o papel e que, posteriormente, alguém tentou escrever nele e descobriu que ele absorvia rapidamente qualquer tinta aplicada, tornando-o inutilizável para escrita. Sua marcada absorvência, entretanto, levou à sua posterior produção e utilização como mata borrão.[2]

Aplicações[editar | editar código-fonte]

Arte[editar | editar código-fonte]

Um tipo de papel mata-borrão chamado de papel aquarela permitindo uma absorção muito melhor de água e pigmentos do que papéis comuns. Embora geralmente classificado como separado do papel mata-borrão, as diferenças na constituição e na espessura do papel mata-borrão e do papel aquarela são sutis, mas o processo de produção é quase idêntico.[3]

Escrita[editar | editar código-fonte]

A maior utilização do papel mata-borrão foi como absorvente de tinta, quando se usava penas ou canetas de tinta-permanente na escrita. O papel era usado no final da escrita de uma carta ou documento para absorver o excesso de tinta que ainda não tinha secado ou quando sucedia um derrame para evitar o alastramento da nódoa. As folhas de papel mata-borrão, tanto em folhas individuais, ou agregadas numa peça oscilante faziam parte do típico material de escritório até ao final dos anos 1970.

Quando usada para remover tinta de escritos, a escrita pode aparecer ao contrário na superfície do mata-borrão, um fenômeno que foi usado no enredo de diversas série de histórias de detetive, como na história de Sherlock Holmes The Adventure of the Missing Three-Quarter.

Papel mata-borrão com LSD – Arte blotter

Análises químicas[editar | editar código-fonte]

O papel mata-borrão é usado em análises químicas como fase estacionária em cromatografia de camada fina. Também é usado para medir o pH de piscinas por meio de pequenos quadrados de papel absorvente presos a tiras de plástico descartáveis.

Drogas[editar | editar código-fonte]

Certas drogas, principalmente o LSD são distribuídas em papel mata-borrão. Neste caso a droga, em solução líquida, é absorvida pelo papel mata-borrão, o qual é cortado em doses individuais aos quadrados e distribuída aos consumidores.[4]

Cosmética[editar | editar código-fonte]

O papel mata-borrão é vendido como um produto de beleza para manter a saúde da pele, As companhias que o fabricam sugerem que o mesmo "melhora a saúde da pele removendo o excesso de óleo que pode levar ao entupimento dos poros e borbulhas". Este tipo de aplicação do papel mata-borrão é originária do Japão e é conhecida pelo seu nome japonês, Aburatorigami.[5]

Rituais ocultos[editar | editar código-fonte]

Durante a renascença na Islândia, o papel mata-borrão era usado como uma ferramenta para magia cerimonial. Isso se torna perceptível no Galdrabók, um grimório do período em que o leitor é direcionado a desenhar sigilos em papel mata-borrão para obter sucesso.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Norfolk Mills - Lyng watermill». www.norfolkmills.co.uk. Consultado em 14 de maio de 2021 
  2. From the publication Printing Art, Vol 35, p 235
  3. «Blotting paper». HiSoUR. Consultado em 14 de maio de 2021 
  4. «DEA Resources, Microgram, May 2008». web.archive.org. 21 de maio de 2008. Consultado em 14 de maio de 2021 
  5. «Aburatorigami». Yojiya. Consultado em 14 de maio de 2021 
  6. Flowers, Stephen E. (1989). The Galdrabók: An Icelandic Grimoire (em inglês). [S.l.]: S. Weiser