Pardela-de-óculos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaPardela-de-óculos

Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Procellariiformes
Família: Procellariidae
Género: Procellaria
Espécie: P. conspicillata
Nome binomial
Procellaria conspicillata
(Gould, 1844)[1]
Distribuição geográfica

Sinónimos
  • Procellaria aequinoctialis conspicillata[2]

A pardela-de-óculos (Procellaria conspicillata) é uma ave procelariforme que se reproduz apenas na Ilha Inacessível, no arquipélago de Tristão da Cunha.[3] Era classificada como criticamente em perigo pela IUCN, mas em 2018 teve seu status atualizado para vulnerável.[4]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie integra o gênero Procellaria, e por sua vez é membro da família Procellariidae e da ordem Procellariiformes.[5] Como membro dos Procellariiformes, compartilha certas características de identificação. Primeiro, possui passagens nasais que se ligam ao bico superior, chamadas naricórnios.[6][7]

Em 2004, a BirdLife International separou a pardela-de-óculos do pardelão-de-queixo-branco, que havia sido considerado coespecífico ou mesmo uma morfologia de cor.[8]

Descrição[editar | editar código-fonte]

É uma ave de grande porte, com aproximadamente 55 cm (22 in) de comprimento.[9] Pesa entre 1,01-1,3 kg.[3] Possui faixas brancas ao redor dos olhos e o bico é amarelo. Seu período de vida médio é de 26,4 anos.[9]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Procellaria vem de duas palavras latinas: procella, que significa "uma tempestade", e arius, um sufixo que significa "pertencente a". Isso se refere à sua associação com o clima tempestuoso. A palavra petrel é derivada de São Pedro e da história de sua caminhada sobre as águas. Assim, o nome da espécie se refere ao seu hábito de aparentemente correr na água para decolar.[10]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

A ave se alimenta de cefalópodes, peixes e crustáceos.[9]

A espécie procria anualmente.[9] Os avos são colocados em túneis cavados, que servem como ninho. Tais túneis são construídos em solos encharcados ao longo de drenagens e riachos.[3]

Alcance e habitat[editar | editar código-fonte]

É pelágico e, durante a época de não reprodução, a maior parte da espécie é encontrada na costa sul do Brasil. Também varia de leste a oeste da costa sul da África, e acredita-se que tenha sido encontrada em todo o sul do Oceano Índico no século XIX.[9]

A espécie tem uma faixa de ocorrência de 9 670 000 km2 (3 700 000 sq mi) e uma população estimada entre 31.000 e 45 000.[9]

Durante a época de reprodução, habita a Ilha Inacessível, do grupo Tristão da Cunha. No passado, provavelmente também se reproduzia na Ilha de Amsterdã.[9]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Em 2000, a União Internacional para a Conservação da Natureza a considerou uma "espécie em perigo crítico".[4] Um estudo subsequente deu esperança cautelosa de uma recuperação contínua da população, superando seu ponto mais baixo de apenas algumas dezenas de pares na década de 1930.[11] Na verdade, parece que os números das espécies foram subestimados mais recentemente, já que um censo preciso é difícil diante do terreno acidentado de sua ilha natal. Consequentemente, o status de conservação desta espécie foi rebaixado para "vulnerável" na Lista Vermelha da IUCN de 2007.[9] A avaliação de 2009 manteve seu status de vulnerável.[9]

É ameaçado pela pesca com palangre, que mata centenas de pássaros todos os anos à medida que se enredam nas linhas de pesca e se afogam. Outras ameaças vêm de porcos selvagens, do rato-preto e de outras espécies de ratos.[9]

Referências

  1. «Procellaria conspicillata». Táxeus. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021 
  2. «Procellaria conspicillata Gould, 1844». Integrated Taxonomy Information System. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021 
  3. a b c Bugoni, Leandro; Neves, Tatiana; Rossi-Wongtschowski, Carmen Lúcia (2006). «Aves oceânicas e suas interações com a pesca na Região Sudeste-Sul do Brasil» (PDF). Marinha do Brasil. ISBN 85-98729-18-3. Consultado em 16 de julho de 2021 
  4. a b «Procellaria conspicillata». BirdLife International. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021 
  5. «Spectacled Petrel: Procellaria conspicillata». Agreement on the Conservation of Albatrosses and Petrels. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021 
  6. Double, M. C. (2003)
  7. Ehrlich, Paul R. (1988)
  8. Brooke, M. (2004)
  9. a b c d e f g h i j BirdLife International (2009)
  10. Gotch, A. T. (1995)
  11. Ryan et al. (2006)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BirdLife International (2009). «Spectacled Petrel - BirdLife Species Factsheet». Data Zone. Consultado em 17 de julho de 2009 
  • Brooke, M. (2004). «Procellariidae». Albatrosses And Petrels Across The World. Oxford, UK: Oxford University Press. ISBN 0-19-850125-0 
  • Double, M. C. (2003). «Procellariiformes (Tubenosed Seabirds)». In: Hutchins, Michael; Jackson, Jerome A.; Bock, Walter J.; Olendorf, Donna. Grzimek's Animal Life Encyclopedia. 8 Birds I Tinamous and Ratites to Hoatzins. Joseph E. Trumpey, Chief Scientific Illustrator 2nd ed. Farmington Hills, MI: Gale Group. pp. 107–111. ISBN 0-7876-5784-0 
  • Ehrlich, Paul R.; Dobkin, David, S.; Wheye, Darryl (1988). The Birders Handbook First ed. New York, NY: Simon & Schuster. pp. 29–31. ISBN 0-671-65989-8 
  • Gotch, A. F. (1995) [1979]. «Albatrosses, Fulmars, Shearwaters, and Petrels». Latin Names Explained A Guide to the Scientific Classifications of Reptiles, Birds & Mammals. New York, NY: Facts on File. p. 192. ISBN 0-8160-3377-3 
  • Ryan, Peter G.; Dorse, Clifford; Hilton, Geoff M. (2006). «The conservation status of the spectacled petrel Procellaria conspicillata». Biological Conservation. 131 (4): 575–583. doi:10.1016/J.biocon.2006.03.004 
  • BirdLife International (2005). Procellaria conspicillata (em inglês). IUCN 2006. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2006. Página visitada em 16 de Outubro.