Partido Democrático Social
Partido Democrático Social | |
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Número eleitoral | 11 |
Presidente | Paulo Maluf |
Fundação | 31 de janeiro de 1980 (44 anos) |
Dissolução | 1993 |
Ideologia | Conservadorismo Liberalismo econômico |
Espectro político | Direita |
Antecessor | ARENA |
Sucessor | PPR |
Cores | Azul Vermelho |
Partido Democrático Social (PDS) foi um partido político brasileiro de direita fundado em 30 de janeiro de 1980[1] após o fim do sistema bipartidário em voga durante o Regime Militar de 1964 no bojo de uma reforma ocorrida no governo João Figueiredo. Sucessor da ARENA, foi extinto em 1993 após seus integrantes aprovarem sua fusão com o PDC para criar o Partido Progressista Reformador. De uma dissensão nos seus quadros surgiu o Partido da Frente Liberal (PFL), hoje o atual Democratas (DEM) em meados dos anos 1980. Posteriormente o Partido Progressista Reformador mudaria para Partido Progressista Brasileiro (PPB) em 1995 e numa nova mudança se tornaria o Partido Progressista (PP) em 2003.
Abertura política
Ao ser investido na Presidência da República em 15 de março de 1974 o General Ernesto Geisel trouxe consigo o propósito de conduzir uma abertura política "lenta, gradual e segura" de modo que as concessões feitas pelo governo não solapassem o domínio político da ARENA nem provocassem o esvaziamento do regime em resposta ao avanço oposicionista. Dois meses antes da posse o novo presidente já antevira os riscos a que a legenda governista estava exposta pois embora tenha vencido a eleição no Colégio Eleitoral por 400 votos contra 76 dados a Ulysses Guimarães, o candidato do MDB percorreu o país não para acalentar a possibilidade de uma vitória e sim para divulgar o programa do partido ocupando inclusive o horário eleitoral e com isso o MDB avançou nas eleições de novembro conquistando 16 das 22 vagas em disputa para o Senado e elegeu 161 deputados federais contra 203 da ARENA. Temeroso ante uma nova derrota em 1978 o governo baixou em 1977 o Pacote de Abril que previa a eleição indireta de metade dos senadores a serem escolhidos em novembro de 1978, instituindo assim os chamados senadores biônicos, além de aumentar as bancadas dos estados menos populosos (onde a ARENA sempre foi maioria) na Câmara dos Deputados e a extensão do mandato presidencial de cinco para seis anos.
Tal estratagema foi parcialmente eficaz; entretanto, como a maioria governista refluía a cada pleito foi inserta uma alteração para o trâmite de emendas constitucionais que passariam a ser aprovadas por maioria simples. No pleito de novembro a ARENA obteve apenas 700 mil votos a mais que o MDB na disputa para o Senado, mas a maioria governista foi garantida graças ao ardil dos senadores biônicos e nas eleições para a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas a votação foi parelha. O partido governista estava vivendo os estertores de sua força e o derradeiro sinal de mudança veio quando, apesar de eleito Presidente da República, o General João Figueiredo obteve "apenas" 355 votos contra 266 dados ao General Euler Bentes Monteiro candidato do MDB. Reformar o sistema partidário de modo a garantir sobrevida ao regime e dividir a oposição tornou-se uma necessidade inadiável.
Criação do PDS
Em novembro de 1979 o Congresso Nacional extinguiu o bipartidarismo abrindo o caminho para a criação de novos partidos e assim surgiram o PDS no lugar da ARENA e o PMDB como sucessor do MDB. Moderados egressos das antigas legendas fundaram o PP e em face a uma necessidade intrínseca os demais setores de oposição se abrigaram no PT liderado por Luiz Inácio Lula da Silva e no PTB de Ivete Vargas. Pouco depois os brizolistas deixariam a casa petebista para fundar o PDT e em 1981 o PP foi incorporado ao PMDB.
Fundado em 31 de janeiro de 1980, o PDS tinha dentre seus filiados José Sarney e Fernando Collor, dois futuros Presidentes da República, sendo que o maranhense foi eleito presidente do partido em 28 de fevereiro e ocupou o cargo durante quatro anos. Mesmo aureolado pela condição de agremiação governista o PDS urdiu a aprovação de uma emenda constitucional de autoria do deputado Anísio de Souza que prorrogou até 1982 os mandatos dos prefeitos e vereadores eleitos em 1976 de modo a permitir uma melhor estruturação partidária. Assim o PDS só disputou sua primeira eleição em 15 de novembro de 1982 na qual elegeu 12 governadores (vencendo em todo o Nordeste), 15 senadores (preenchendo as três vagas de Rondônia), 235 deputados federais, 476 deputados estaduais, 2533 prefeitos e a maioria dos vereadores. No cômputo geral foi o mais votado do país, porém muito dessa maioria foi conseguida graças ao voto vinculado e as sublegendas.
Em 1º de fevereiro de 1983 tomaram posse os parlamentares eleitos no ano anterior e na condição de maior bancada o PDS assegurou o comando do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, contudo por não dispor de maioria urdiu um acordo com o PTB em maio após fazer algumas concessões políticas (cargos) aos trabalhistas. Tal aliança não evitaria a rejeição do Decreto 2.024 em 21 de setembro. Em seu teor ele garantia reajustes salariais de 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a quem recebesse até sete salários mínimos e foi a primeira vez desde 1964 que um projeto do Executivo foi rejeitado pelo Congresso. Ao proclamar o resultado o senador Nilo Coelho declarou: "Eu não sou presidente do Congresso do PDS, sou presidente do Congresso do Brasil", no que foi aplaudido pela oposição. A essa altura os debates acerca da sucessão presidencial dominavam os bastidores do PDS e diante da falta de consenso quanto ao tema o presidente Figueiredo abdicou de comandar o processo de escolha de um candidato delegando a tarefa à cúpula partidária. A essa altura despontavam os nomes de: Aureliano Chaves, Costa Cavalcanti, Hélio Beltrão, Mário Andreazza, Marco Maciel e Paulo Maluf.
Sucessão presidencial
Paralelo a efervescência no seio do PDS a oposição encampou as Diretas Já cujo estopim se deu num comício em Abreu e Lima em março de 1983 e depois viria a contagiar o país ao longo do ano seguinte, contudo a rejeição da emenda Dante de Oliveira por falta de quorum em 25 de abril de 1984 frustrou os anseios do eleitorado brasileiro por falta dos vinte e dois votos que garantiriam sua apreciação pelo Senado.[2]
Na qualidade de presidente do PDS, José Sarney propôs a realização de prévias na escolha do candidato a presidente, tese rechaçada pelos malufistas que a consideravam um ardil para evitar sua vitória na convenção. Diante do impasse Sarney renunciou em 11 de junho no que foi seguido por seu sucessor o senador Jorge Bornhausen num intervalo pouco superior a dez dias. Em 5 de julho a dissidência Frente Liberal rompeu com o comando partidário e no dia 23 foi anunciado um acordo desta com o PMDB em apoio à eleição de Tancredo Neves onde o vice-presidente seria escolhido dentre os quadros liberais. Em 8 de agosto José Sarney deixou o PDS e se filiou ao PMDB no dia 13 e foi escolhido candidato a vice-presidente.
O revés da eleição direta para Presidente da República logo foi capitalizado em comícios e manifestações de apoio favoráveis à escolha de Tancredo Neves à suprema magistratura do país ao passo que o PDS teve que decidir em convenção datada de 11 de agosto entre Maluf e Mário Andreazza quem seria o candidato. Consumada a vitória do primeiro por 493 votos a 350 multiplicaram-se as dissidências com Aureliano Chaves, Marco Maciel e Antônio Carlos Magalhães anunciando seu apoio à chapa Tancredo-Sarney. O comício inaugural da "Aliança Democrática" aconteceu em Goiânia dia 14 de setembro onde compareceram 300 mil pessoas. A essa altura as oposições (exceto os petistas) apontaram Tancredo como seu candidato. Setenta e duas horas antes da votação Maluf sofreu um revés com a decisão de que a escolha do Presidente da República seria em votação aberta. Em 15 de janeiro de 1985 Tancredo Neves foi eleito presidente com 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf mais 26 abstenções, mas não chegou a tomar posse e foi substituído por José Sarney.
Novos desafios
Após a derrota no Colégio Eleitoral o PDS teve que se reorganizar como partido político e nisso o senador Amaral Peixoto foi escolhido para presidir a agremiação e seu principal desafio foi conciliar os partidários de uma oposição sistemática ao governo, no caso os malufistas, e os que defendiam uma postura moderada quanto ao tema, liderados pelo Ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães, todavia como ACM deixou o partido e ingressou no PFL em 6 de janeiro de 1986 os defensores da oposição férrea ao governo foram vitoriosos.
A primeira empreitada do PDS na oposição aconteceu nas eleições realizadas em 201 municípios brasileiros em 1985[3] e nelas o partido elegeu 22 prefeitos[4] colhendo uma vitória em São Luís com Gardênia Gonçalves, esposa do senador João Castelo, adversário político de Sarney. Ao final daquele ano o partido contava com apenas quatro[5] dos doze governos de estado que elegera em 1982[6] sendo que em 1986 elegeu o vice-governador do Piauí e levou ao Congresso apenas dois senadores e trinta e três deputados federais, números pífios se comparados aos de 1982.
Nas eleições de 1988, Maluf foi derrotado por Luiza Erundina em São Paulo, todavia o PDS conquistou 446 prefeituras, (inclusive Rio Branco e Florianópolis)[7] o terceiro maior número do país. Maluf foi candidato a Presidência da República em 1989 quando ficou em quinto lugar e no segundo turno apoiou Collor em oposição a Lula. Derrotado na disputa pelo governo paulista em 1990, Maluf teve o consolo de ver seu partido conquistar o governo do Acre, derrotando o PT e eleger dois senadores[8] e quarenta e dois deputados federais.
A última eleição disputada pelo PDS aconteceu em 1992 quando Paulo Maluf venceu em São Paulo e Teresa Jucá em Boa Vista. Naquele ano os pedessistas mantiveram o posto de terceiro maior partido do Brasil ao elegerem 363 prefeitos. A história da agremiação teve fim em 4 de abril de 1993 quando este se fundiu ao PDC para criar o PPR (PPR), presidido pelo senador Espiridião Amin.
Trívia
Como herdeiro da ARENA, comandou as duas casas do Congresso Nacional durante o Governo Figueiredo (1979-1985).
Elegeu governadores de estado em treze estados brasileiros enquanto existiu, sendo doze em 1982 e um em 1990.
Membros famosos
Presidente da República pelo PDS
Vice-presidente da República pelo PDS
Governadores pelo PDS
- Paulo Maluf
- Antônio Carlos Magalhães
- Marco Maciel
- Esperidião Amin
- José Agripino Maia
- Augusto Franco
- Djenal Queiroz
- Lavoisier Maia
- Tarcísio Buriti
- Eurico Resende
- Jorge Bornhausen
- Guilherme Palmeira
- Ney Braga
- Ary Valadão
- Pedro Pedrossian
- Hugo Napoleão
- Virgílio Távora
- Júlio Campos
- Jorge Teixeira
- José Maria Marin
- Lucídio Portela
- Edmundo Pinto
- Romildo Magalhães
- João Castelo
- Alacid Nunes
- José Lindoso
- Annibal Barcellos
- Ottomar Pinto
- Amaral de Souza
- Francelino Pereira
- Divaldo Suruagy
- João Alves Filho
- Luís Rocha
- João Durval
- Gonzaga Mota
- Jair Soares
- Wilson Braga
- Roberto Magalhães
Senadores pelo PDS
- Aderbal Jurema
- Albano Franco
- Aloysio Chaves
- Amaral Furlan
- Amaral Peixoto
- Arnon de Melo
- Carlos Alberto de Sousa
- Carlos Chiarelli
- César Cals
- Dinarte Mariz
- Eunice Michiles
- Jarbas Passarinho
- João Calmon
- João Lobo
- Jorge Kalume
- José Sarney
- Jutahy Magalhães
- Lomanto Júnior
- Luís Viana Filho
- Marcondes Gadelha
- Moacir Dalla
- Murilo Badaró
- Octávio Omar Cardoso
- Odacir Soares
- Roberto Campos
- Tarso Dutra
Deputados Federais pelo PDS
- Ademar de Barros Filho
- Aécio Cunha
- Agnaldo Timóteo
- Alceni Guerra
- Álvaro Valle
- Amaral Netto
- Antônio Carlos Konder Reis
- Antônio Salim Curiati
- Augusto Trein
- Bonifácio José Tamm de Andrada
- Delfim Netto
- Edison Lobão
- Ernâni Sátiro
- Fernando Collor de Mello
- Flávio Marcílio
- Francisco Rollemberg
- Herbert Levy
- Ibrahim Abi-Ackel
- Inocêncio de Oliveira
- João Alves
- José Jorge
- Jutahy Magalhães Júnior
- Lúcio Alcântara
- Magalhães Pinto
- Maluly Netto
- Nelson Marchezan
- Pauderney Avelino
- Pratini de Moraes
- Prisco Viana
- Reinhold Stephanes
- Rubem Medina
- Sarney Filho
- Simão Sessim
- Siqueira Campos
- Teresa Jucá
- Thales Ramalho
De importância não classificada
- Eliseu Resende
- Célio Borja
- Arolde de Oliveira
- Júlio Redecker
- Celso Bernardi
- Mão Santa
- Severino Cavalcanti
- Joaquim Francisco
- Ciro Gomes
- Ricardo Izar
- Guilherme Socias Vilela
- Augusto Nardes
- Erasmo Dias
- Afanásio Jazadji
- Hélio Ansaldo
- Estevam Galvão
- Moreira Franco
- Reynaldo de Barros
- Junji Abe
- Conte Lopes
- Mário Andreazza
- Gardênia Gonçalves
- Nabi Abi Chedid
- Wadih Helu
- Francisco Rossi
- Guilherme Afif Domingos
- Biro Biro
- Éder Jofre
- Ivo Cattani
- Evandro Behr
- José Haidar Farret
- Walter Abrahão
- Gustavo Krause Gonçalves Sobrinho
- Wilma Maria de Faria
- Sálvio Dino
Referências
- ↑ Almanaque digital da Folha de S. Paulo
- ↑ Sobre o resultado da votação a proposta recebeu o voto favorável de 298 deputados contra 65 votos contrários e 03 abstenções, porém a ausência de 112 parlamentares impediu que os 22 votos restantes necessários para a apreciação pelo Senado Federal fossem alcançados.
- ↑ Capitais de estado, áreas de segurança nacional, estâncias hidrominerais, novos municípios e municípios de territórios.
- ↑ Àquela altura o grupo político de Antônio Carlos Magalhães ainda estava no PDS e em razão dessa circunstâncias dezesseis dos vinte e dois prefeitos eleitos em todo o país eram da Bahia.
- ↑ O partido manteve os governos da Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e perdeu oito governadores nordestinos, sendo que o do Ceará ingressou no PMDB e os demais (Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) migraram para o PFL.
- ↑ Partido já perdeu oito governadores (online). Folha de S. Paulo, 04/12/1985. Página visitada em 15 de janeiro de 2012.
- ↑ Em 1988 o PDS triunfou com Espiridião Amin e Jorge Kalume nas referidas capitais.
- ↑ O próprio Amin em Santa Catarina e Lucídio Portela no Piauí.
Fontes de pesquisa
- ALMANAQUE ABRIL 1986. 12ª edição. São Paulo, Abril, 1986.
- ALMANAQUE ABRIL 1987. 13ª edição. São Paulo, Abril, 1987.
- ISTO É - BRASIL 500 ANOS: Atlas Histórico. São Paulo, Editora Três, 1998.
- VEJA. O Beijo da Maioria, matéria publicada em 1º de junho de 1983.