Pedras de Ica

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Uma das pedras de Ica.

As Pedras de Ica são um conjunto de rochas do tipo andesito que contêm descrições de dinossauros e de tecnologias avançadas. Elas foram, supostamente, descobertas em uma caverna próxima de Ica, no Peru.[1][2][3]

Estas pedras se tornaram populares pelo Dr. Javier Cabrera Darquea, um médico peruano que recebeu estas pedras como um presente de aniversário. A comunidade científica considera as pedras de Ica uma fraude.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Origem[editar | editar código-fonte]

No passado, um número de pedras gravadas foram descobertas durante escavações arqueológicas e algumas pedras gravadas podem ter sido trazidas do Peru para a Espanha no século XVI.[1]

Popularidade através de Cabrera[editar | editar código-fonte]

O médico peruano Javier Cabrera Darquea foi presenteado por um amigo, no 42º aniversário em 1966 com uma pedra como peso de papel, essa pedra continha uma imagem esculpida de uma ave mitologica.[4] Por ter interesse na pré-história peruana, Cabrera começou a colecioná-las. A coleção de Cabrera floresceu, atingindo mais de 10.000 pedras na década de 1970. Cabrera publicou um livro sobre o assunto, "A Mensagem das Pedras Gravadas de Ica", discutindo suas teorias sobre as origens e o significado das pedras.[1]

Embora a coleção de Cabrera seja a maior, outras coleções também existem ou existiram. Estas incluem a coleção do Museu Naval de Callao, várias pedras que residem no Museu Regional de Ica e várias pedras no Museu Aeronáutico do Peru Aeronáutica.[5]

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Cabrera afirmou que Basílio Uschuya, um fazendeiro local, trouxe as pedras à sua atenção depois de encontrá-las em uma caverna (Uschuya mais tarde foi preso por vender as pedras para turistas, e disse à polícia que ele mesmo as fez).[1] Em 1973, Uschuya afirmou que ele havia falsificado as pedras durante uma entrevista a Erich von Däniken, copiando as imagens de histórias em quadrinhos, livros e revistas, mas depois retratou-se durante uma entrevista a um jornalista alemão, dizendo que havia afirmado que eram uma farsa para evitar a prisão por venda de artefatos arqueológicos.[2] Em 1977, durante o documentário da BBC Caminho para os Deuses, Uschuya produziu uma "autêntica" pedra de Ica com uma broca de dentista, e alegou ter produzido a pátina cozendo a pedra em esterco de vaca.[1][2][3]

As pedras de Ica alcançaram interesse popular quando Cabrera abandonou sua carreira médica e abriu um museu para expôr vários milhares destas pedras em 1996.[1][6] Nesse mesmo ano, outro documentário da BBC foi lançado com uma análise cética das pedras, e a atenção renovada ao fenômeno levou as autoridades peruanas a prender Uschuya, já que a lei peruana proíbe a venda de descobertas arqueológicas. Uschuya desmentiu sua afirmação de que as havia encontrado e admitiu que eram fraudes, dizendo: "Fazer essas pedras é mais fácil do que cultivar a terra." Ele também disse que não tinha feito todas as pedras. Uschuya não foi punido, e continuou a vender pedras semelhantes aos turistas como lembranças. As pedras continuaram a ser feitas e esculpidas por outros artistas, como falsificações das falsificações originais.[6] Neil Steede, um arqueólogo, investigou o mistério e acabou por concluir que eram inscrições recentes. As rochas tinham uma pátina - causada pela idade - mas as inscrições tinham superfícies limpas, indicando que eram novas.[2] Isso expõe certa contradição no relato de Uschuya, uma vez que, segundo ele, até mesmo a pátina encontrada nas pedras seria forjada.

Em 1998 outro estudo foi feito por Vicente Paris, concluindo que era uma fraude. Ele mostrou imagens de vestígios de tintas e abrasivos modernos, e disse que a superfície áspera das inscrições não condiz com as áreas adjacentes das pedras, que mostram o polimento natural sofrido ao longo dos séculos. Como a maioria das pedras foram encontradas em rios ou outros lugares ao ar livre, e não em túmulos antigos, a nitidez das gravuras deveria estar substancialmente comprometida se as pedras fossem de idade avançada. Paris concluiu que, embora seja impossível dizer se todas as pedras são fraudes, todas as investigações não conseguiram provar que são qualquer coisa além de modernas.[1][6][7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g Carroll, Robert T. (2003). The Skeptic's Dictionary. a collection of strange beliefs, amusing deceptions, and dangerous delusions. New York: Wiley. pp. 169–71. ISBN 0-471-27242-6  , também em skepdic
  2. a b c d Coppens, P (outubro de 2001). «Jurassic library - The Ica Stones». Fortean Times. Consultado em 10 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 27 de agosto de 2008  Disponível sem registo philipcoppens.com
  3. a b Choi, Charles Q. (29 de março de 2011). «Discovery Rocks Creationists' Claim That Humans Lived with Dinosaurs». LiveScience. Consultado em 10 de dezembro de 2012 
  4. a b Cabrera, Javier. The Message of the Stones. Ica, Peru: [s.n.] Consultado em 12 de maio de 2010. Arquivado do original em 2 de dezembro de 2011 
  5. Swift, Dennis. "Rebuttal to Fortean Times" Arquivado em 11 de outubro de 2010, no Wayback Machine., acessado em 26 de abril de 2011.
  6. a b c Polidoro, Massimo (2002). «Ica Stones: Yabba-Dabba Do!». Skeptical Inquirer. 26 (5). Consultado em 10 de dezembro de 2012 
  7. Paris, V. «Las piedras de Ica son un fraude». www.antiguosastronautas.com. Consultado em 3 de fevereiro de 2008 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]