Philippe Xavier Ignace Barbarin

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Philippe Barbarin
Cardeal da Santa Igreja Romana
Arcebispo-emérito de Lyon
Info/Prelado da Igreja Católica

Título

Primaz dos Gauleses
Hierarquia
Papa Francisco
Atividade eclesiástica
Diocese Arquidiocese de Lyon
Nomeação 16 de julho de 2002
Entrada solene 14 de setembro de 2002
Predecessor Louis-Marie Cardeal Billé
Sucessor Olivier de Germay
Mandato 20022020
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 17 de dezembro de 1977
Alfortville
por Robert de Provenchères
Nomeação episcopal 1 de outubro de 1998
Ordenação episcopal 22 de novembro de 1998
Catedral Basílica de Moulins
por Philibert Randriambololona, S.J.
Nomeado arcebispo 16 de julho de 2002
Cardinalato
Criação 21 de outubro de 2003
por Papa João Paulo II
Ordem Cardeal-presbítero
Título Santíssima Trindade no Monte Pincio
Brasão
Lema Qu'ils soient un
Dados pessoais
Nascimento Marrocos Rabat
17 de outubro de 1950 (73 anos)
Nacionalidade francês
Habilitação académica Filosofia e Teologia
Funções exercidas -Bispo de Moulins (1998-2002)
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Philippe Xavier Ignace Barbarin (Rabat, 17 de outubro de 1950) é um cardeal francês e arcebispo emérito de Lyon e, como tal, Primaz emérito dos Gauleses.

Infância e formação[editar | editar código-fonte]

É o quinto de uma família com onze filhos. Estudou em Paris, em particular na École des Francs-Bourgeois, sob tutela dos Irmãos de La Salle, e posteriormente na Universidade de Paris-Sorbonne, no Institut de philosophie comparée, no Institut catholique de Paris do Séminaire des Carmes. Licenciou-se em Filosofia pela Paris IV e Teologia pelo Institut catholique de Paris.

Presbiterado e Episcopado[editar | editar código-fonte]

Presbítero[editar | editar código-fonte]

Foi ordenado presbítero a 17 de dezembro de 1977 em Alfortville, na Diocese de Créteil, pelo bispo Robert Marie-Joseph François de Provenchères e desempenhou funções de vigário em paróquias, posteriormente pároco de Boissy-Saint-Léger, entre 1991 e 1994, bem como capelão dos liceus de Vincennes e depois em Saint-Maur-des-Fossés. Foi também delegado diocesano para o ecumenismo entre 1990 e 1994. Entre 1994 e 1998 parte para Madagáscar onde fica durante quatro anos como padre Fidei donum, leccionando Teologia no Seminário Maior da Arquidiocese de Fianarantsoa.

Bispo[editar | editar código-fonte]

Ao regressar a França, desempenha as funções de pároco de Bry-sur-Marne até ser nomeado bispo de Moulins a 1 de outubro de 1998 pelo Papa João Paulo II. A sua ordenação episcopal decorreu a 22 de novembro, foi presidida pelo arcebispo de Fianarantsoa, Philibert Randriambololona S.J., e teve como co-ordenantes o bispos André Bernard Michel Quélen e Daniel Camille Victor Marie Labille.[1]

A 16 de julho de 2002 é nomeado arcebispo de Lyon, consequentemente Primaz dos Gauleses.

Cardinalato[editar | editar código-fonte]

Foi criado cardinal pelo Papa João Paulo II no consistório de 21 de outubro de 2003, com o título de cardeal-presbítero de Santíssima Trindade no Monte Pincio. Como cardeal eleitor participou nos conclaves de 2005 e de 2013. Para além da sua língua materna, o cardeal Barbarin fala fluentemente em inglês, italiano, espanhol, alemão e malgaxe. Na Conférence des évêques de France foi membro da Comissão Doutrinal, reeleito a 8 de novembro de 2008 por um período de três anos. Na Cúria Romana, foi membro da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Em dezembro de 2007, através de uma carta endereçada aos padres da sua diocese, revelou estar doente de um cancro na próstata. Uma vez detectado numa fase inicial, permitiu que fosse curado rapidamente, no entanto esta notícia teve uma projecção especial pelo facto dos seus predecessores da Arquidiocese de Lyon terem padecido ou sucumbido à mesma doença.[2] Em 17 de junho de 2008 participa no Congresso Eucarístico do Québec.

Em 2010, o cardeal Barbarin abriu um seminário que contribuiu para a formação de sacerdotes aptos para a celebração litúrgica nas duas formas do Rito Romano (ordinário e extraordinário).[3] Depois de Toulon, é segunda diocese de França a autorizar a celebração da forma extraordinária, principalmente na igreja de Sainte-Georges,[4] abandonada nos anos setenta mas recentemente restaurada para permitir a realização de missas tridentinas pela Fraternidade Sacerdotal São Pedro. Esta actividade seria administrada pelo bispo auxiliar Jean-Pierre Batut.[5]

Distinções[editar | editar código-fonte]

É Chevalier de l'Ordre National de la Légion d'Honneur desde 31 de dezembro de 2002 e Officier de l'Ordre national du Mérite desde 8 de maio de 2007. Foi-lhe atribuído um Doutoramento Honoris Causa pelo Institut de Théologie Saints Méthode et Cyrille da Universidade de Estado de Minsk, Bielorrússia. [6]

Relação com o Islão[editar | editar código-fonte]

Foi Kamel Kabtane, o reitor da Grande Mesquita de Lyon que apresentou ao cardeal Barbarin as insígnias da Ordre national du Mérite, exclamando: «Monsenhor, vós sois meu irmão!».[7] Ambos participaram numa peregrinação simultaneamente islâmica e cristã de perdão de Sept-Saints au Vieux-Marché em julho de 2011.

Caso Preynat[editar | editar código-fonte]

Em 17 de fevereiro de 2016, o cardeal Barbarin foi acusado de não denunciar aos tribunais fatos de pedofilia cometidos por Bernard Preynat, um dos padres da diocese de Lyon, contra François Devaux, Bertrand Virieux e Pierre-Emmanuel Germain-Thill. Na época dos abusos, os três eram menores de quinze anos e faziam parte do grupo de escoteiros Saint-Luc em Sainte-Foy-lès-Lyon, liderado pelo padre Preynat. O caso veio à tona em 2015, depois que várias vítimas denunciaram Preynat por abusos cometidos entre 1986 e 1991.[8]

Em 7 de março de 2019, segundo um comunicado do próprio Vaticano, o Tribunal de Lyon condenou Barbarin a seis meses de detenção com condicional. Como consequência, Barbarin apresentou sua renúncia ao Vaticano.[9]

A sentença revoltou as vítimas e boa parte da opinião pública, por considerarem o cardeal um símbolo do silêncio da Igreja frente à pedofilia e esperavam uma condenação mais rígida. O caso Preynat inspirou o filme 'Graças a Deus', do diretor francês François Ozon, vencedor do Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim de 2019.[10]

Em 19 de março de 2019, o Papa Francisco rejeitou a renúncia de Barbarin, evocando "presunção de inocência". Desta forma, ele continuaria como arcebispo de Lyon à espera de seu julgamento em apelação. Mesmo assim Barbarin anunciou logo em seguida que deixaria os assuntos correntes da diocese para o vigário geral, padre Yves Baumgarten, "por sugestão" do papa e "porque a Igreja de Lyon está sofrendo".[11] Assim, em 6 de março de 2020, o Papa Francisco aceitou sua renúncia.[12]

Genealogia episcopal[editar | editar código-fonte]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Quel devenir pour le christianisme, Luc Ferry, Philippe Barbarin, ed. Salvator(2009)
  • Les robes rouges, Caroline Pigozzi, ed. Plon (2009).
  • Le rabbin et le cardinal, Gilles Bernheim, Philippe Barbarin, ed. Stock (2008), prix Spiritualités d'Aujourd'hui 2008
  • La miséricorde. Conférences de Carême 2008, Philippe Barbarin, ed. Parole et Silence.
  • Jardins intérieurs. Regards croisés sur l'art et la foi, Fabrice Hadjadj, Philippe Barbarin, ed. Parole et Silence (2007).
  • Qu'est-ce que la Vérité ?. Conférences de Carême 2007, Philippe Barbarin, ed. Parole et Silence.
  • Le Notre Père. Conférences de Carême 2007, Philippe Barbarin, ed. Parole et Silence.
  • La Mission. Conférences de Carême 2006, Philippe Barbarin, ed. Parole et Silence.
  • Marie, celle qui nous précède. Conférences de Carême 2004, Philippe Barbarin, ed. Parole et Silence.
  • Théologie et Sainteté, Philippe Barbarin, ed. Parole et Silence (1999).

Referências

  1. «Catholic Hierarchy». Consultado em 18 de março de 2013 
  2. «Le Figaro». Consultado em 18 de março de 2013 
  3. «New liturgical movement». Consultado em 18 de março de 2013 
  4. «Arquidiocese de Lyon». Consultado em 18 de março de 2013 
  5. «30 giorni.it». Consultado em 18 de março de 2013 
  6. «zenit.org». Consultado em 18 de março de 2013 
  7. «Arquidiocese de Lyon». Consultado em 18 de março de 2013 
  8. «Cardeal Barbarin condenado a seis meses de prisão com a condicional». Vatican news > Igreja. 07/03/2019. Consultado em 17 de junho de 2019 
  9. «Cardeal francês é condenado à prisão por não denunciar abusos sexuais». Globo > G1 > Mundo. 07/03/2019. Consultado em 17 de junho de 2019 
  10. «Graças a Deus». Festival Varilux de Cinema Francês 2019 > Graças a Deus. 07/03/2019. Consultado em 17 de junho de 2019 
  11. «Papa rejeita demissão de cardeal francês e revolta vítimas de pedofilia». AFP > Internacional. 19/03/2019. Consultado em 17 de junho de 2019 
  12. «Rinuncia dell'Arcivescovo Metropolita di Lyon (Francia)» (em italiano). Rinuncie e Nomine, 06.03.2020 (Sala de Imprensa da Santa Sé 

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]

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Precedido por
André Bernard Michel Quélen

Bispo de Moulins

19982002
Sucedido por
Pascal Marie Roland
Precedido por:
Dom Louis-Marie Cardeal Billé
Brasão episcopal
Arcebispo de Lyon

20022020
Sucedido por:
Olivier de Germay

Cardeal-presbítero de
Santíssima Trindade no Monte Pincio

2003
Sucedido por:
incumbente