Pilar de ferro de Déli

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Vista do pilar no Complexo de Qutb, em Déli, Índia

Pilar de ferro de Déli é uma coluna de ferro de sete metros de altura que faz parte do Complexo de Qutb, localizado na cidade de Déli, na Índia, e que é famosa por sua composição resistente à ferrugem dos metais utilizados na sua construção. O pilar tem atraído a atenção de arqueólogos e metalúrgicos e tem sido classificado como "um testemunho da habilidade dos antigos ferreiros indianos" por causa de sua alta resistência à corrosão.[1] Os resultados de testes de resistência à corrosão de uma camada uniforme cristalina de fosfato de ferro e hidrogênio formaram fósforo com elevado teor de ferro, o que serve para a proteger o pilar dos efeitos do clima local de Déli.[2] Acredita-se que o nome da cidade de Déli foi inspirado em uma lenda associada ao pilar.[3]

A altura do pilar, desde o topo até a parte inferior da sua base, é de 7,21 metros. Sua base em forma de bulbo tem 0,71 metro de altura. A base se assenta sobre uma grelha de barras de ferro soldadas com chumbo na camada superior do pavimento de pedra lavrada. O diâmetro inferior do pilar é de 16,4 cm e o seu diâmetro superior é de 12,05 cm. Estima-se que o pilar pese mais de seis toneladas.[4]

O pilar foi fabricado através do processo de soldagem forjada e é composto por 98% de ferro forjado puro.[5] Em um relatório publicado na revista Current Science, R. Balasubramaniam, do Instituto Indiano de Tecnologia de Kanpur, explica que a resistência do pilar à corrosão acontece devido a uma película protetora passiva. A presença de partículas da segunda fase (como óxidos de ferro não reduzidos) na microestrutura do ferro, grandes quantidades de fósforo no metal e a molhagem e secagem alternadas sob condições atmosféricas são três dos fatores principais na formação dessa película protetora.[6]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Fotografia do pilar nos anos 1850.

O local original do pilar ainda é motivo de debate.[7] A coluna de ferro foi certamente usada como um troféu no edifício da mesquita Quwwat-ul-Islam e no complexo de Qutb, mas seu local de origem, quer no próprio complexo onde está atualmente ou em outro lugar, ainda tem é motivo de discussões. Um resumo dos pontos de vista sobre este assunto foi reunido em um livro editado por M. C. Joshi e publicado em 1989.[8] Mais recentemente, as opiniões sobre o tema foram resumidas novamente por Upinder Singh, em seu livro Delhi: Ancient History.[9]

A coluna traz uma série de inscrições de datas diferentes que não foram estudadas sistematicamente, apesar da proeminente localização do pilar e de seu fácil acesso. A inscrição mais antiga na coluna está em sânscrito e usa a escrita brami, do período Gupta.[10] Isto indica que o pilar foi erguido como em honra ao deus hindu Vixnu. A inscrição também elogia o valor e as qualidades de um rei chamado simplesmente de Candra, que é geralmente identificado como o rei gupta Chandragupta II.[11] Alguns autores identificam Candra como Chandragupta Máuria, enquanto outros afirmam que a coluna data de, pelo menos, 912 a.C.[12]

R. Balasubramaniam explorou a metalurgia e a iconografia do pilar baseando-se na análise de moedas de ouro da Dinastia Gupta.[13] Na sua opinião, o pilar, com uma roda ou disco no topo, originalmente localizava-se nas cavernas Udayagiri, situadas perto Vidisha, em Madhya Pradesh.[14] Esta conclusão foi parcialmente baseada no fato de que uma das inscrições do pilar menciona Viṣṇupadagiri (que significa "colina com pegada de Vixnu"). Esta conclusão foi aprovada e elaborada por Michael Willis em sua obra Archaeology of Hindu Ritual, publicada em 2009.[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Waseda, Yoshio; Shigeru Suzuki (2006). Characterization of corrosion products on steel surfaces. Pg.vii. [S.l.: s.n.] ISBN 978-3-540-35177-1. Consultado em 27 de maio de 2013 
  2. On the Corrosion Resistance of the Delhi Iron Pillar, R. Balasubramaniam, Corrosion Science, Volume 42 (2000) pp. 2103–2129.] "Corrosion Science" is a publication specialized in corrosion science and engineering.
  3. «Our Pasts II, History Textbook for Class VII». NCERT. 23 de junho de 2007. Consultado em 6 de julho de 2007 
  4. Joshi, M.C. (2007). «The Mehrauli Iron Pillar». Berghahn Books. Delhi: Ancient History. ISBN 978-81-87358-29-9 
  5. Iron Pillar – Qutab Minar – Forts & Monuments – Delhi
  6. On the Corrosion Resistance of the Delhi Iron Pillar, R. Balasubramaniam, Corrosion Science, Volume 42 (2000) pp. 2103–2129.
  7. Javid, Ali; Javeed, Tabassum (2007). World Heritage Monuments and Related Edifices in India Vol 1. Pg.107. [S.l.]: Algora Publishing. ISBN 978-0-87586-482-2. Consultado em 29 de outubro de 2012 
  8. M.C. Joshi, S. K. Gupta and Shankar Goyal, eds., King Chandra and the Mehrauli Pillar (Meerut, 1989).
  9. Upinder Singh, Delhi: Ancient History (Delhi, 2007).
  10. Agrawal, Ashvini (1989). Rise and fall of the imperial Guptas. Pg.177. [S.l.]: Motilal Banarsidass. ISBN 978-81-208-0592-7. Consultado em 29 de outubro de 2012 
  11. Balasubramaniam, R. 2002
  12. Arnold Silcock; Maxwell Ayrton (2003). Wrought iron and its decorative use: with 241 illustrations. Mineola, N.Y: Dover Publications. 4 páginas. ISBN 0-486-42326-3 
  13. Identity of Chandra and Vishnupadagiri of the Delhi Iron Pillar Inscription: Numismatic, Archaeological and Literary Evidence, R Balasubramaniam, Bulletin of Metals Museum, 32 (2000) 42–64.
  14. On the Astronomical Significance of the Delhi Iron Pillar, R Balasubramaniam and Meera I Dass, Current Science, volume 86 (2004) pp. 1134–1142.[1]
  15. Michael D. Willis, The Archaeology of Hindu Ritual (Cambridge, 2009). Partly available online, see http://www.cambridge.org/gb/knowledge/isbn/item2427416/?site_locale=en_GB

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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