Pisístrato

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Pisístrato
Pisístrato
Nascimento século VI a.C.
Atenas
Morte 527 a.C.
Atenas
Cidadania Atenas Antiga
Progenitores
  • Hippocrates
Cônjuge Hippias' and Hipparchus' mother, Coesyra
Filho(a)(s) Hípias, Hiparco (filho de Pisístrato), Hegesistratus of Sigeum
Ocupação político
Prêmios
  • vencedor da quadriga nos antigos Jogos Olímpicos (532 a.C.)

Pisístrato (em grego Πεισίστρατος, translit. Pissístratos), (ca. 600 a.C.528 a.C. (ou 527 a.C.)) foi um tirano da antiga Atenas que governou entre 546 a.C. e 527 a.C.. Pisístrato pertencia à aristocracia e era natural de Brauron, no norte da Ática, sendo filho de um homem chamado Hipócrates.[1] Hipócrates se dizia descendente dos exilados de Pilos, os filhos de Neleu, que vieram para Atenas junto com Melanto; o nome Pisístrato é uma homenagem a Pisístrato, filho de Nestor.[2] A sua mãe era prima da mãe de Sólon, figura que promoveu reformas políticas e concedeu a Atenas um código de leis, numa tentativa de resolver os conflitos sociais, o que se revelou insuficiente.

Písistrato conquistou a fama por ter tomado um porto controlado por Mégara, pólis com a qual Atenas travara uma guerra.

Politicamente, Atenas encontrava-se nesta época dividida em duas facções: a da "Planície", de tendência conservadora, constituída pelos eupátridas latifundários e liderada por Licurgo, e a da "Costa", composta por mercadores e chefiada por Megacles. Písistrato criou uma terceira facção, a dos Montanheses, onde se incluíam elementos aristocráticos, mas também a população desfavorecida do meio urbano e camponês.

Segundo Heródoto, Pisístrato simulou um ataque, entrando na ágora de Atenas com feridas que fez em si próprio, mas que ele afirmou terem sido feitas pelos seus inimigos, que o teriam tentado matar. Graças a esta encenação, Pisístrato conseguiu convencer os atenienses a conceder-lhe uma guarda pessoal, algo que na época não era permitido, dado que o seu detentor poderia apoderar-se da cidade. Ainda de acordo com Heródoto, Sólon, já então de idade avançada, teria aconselhado os atenienses a não lhe concederem a guarda.

Foi com esta guarda pessoal que Pisístrato conquistou em 560 a.C. a Acrópole, instalando a sua tirania. Contudo, o seu governo seria efémero, dado que em 559 a.C. Pisístrato foi derrubado pelas duas facções, tendo abandonado a cidade.

Quando Megacles se desentendeu com a sua facção e com a facção da Planície, este decidiu aliar-se a Pisístrato, desde que este casasse com a sua filha. De acordo com Heródoto, o regresso de Pisístrato a Atenas foi conseguido através de um golpe teatral. Písistrato teria se apresentado às portas de Atenas acompanhado por um carro sobre o qual se encontrava uma bela mulher vestida como a deusa Atena. Os arautos que antecediam o carro anunciaram entre a população que a deusa Atena vinha restaurar Pisístrato no poder; o povo acreditou e Pisístrato conquistou novamente o governo.

Quer se trate de um relato verídico ou de uma anedota recolhida pelo historiador, Písitrato governaria por um ano (entre 556 e 555 a.C.), mas quando Megacles e Licurgo se reconciliaram expulsaram-no da cidade.

Pisístrato partiu para o norte da Grécia, onde se envolveu no negócio de exploração da prata. Com a riqueza que adquiriu nesta actividade conseguiu formar um exército de mercenários. Em 546 a.C. este exército partiu de Erétria para Maratona, onde a família de Písistrato tinha simpatizantes. No caminho para Atenas, Písistrato e o seu exército derrotaram o exército ateniense. A cidade caiu então sob o seu poder. Pisístato governaria Atenas nos seguintes dezenove anos, até a sua morte por causa natural em 527 a.C.

Modernização da agricultura[editar | editar código-fonte]

Pisístrato tomou uma série de medidas na agricultura, comércio e indústria que em muito contribuíram para a prosperidade de Atenas, até então uma cidade de pouca importância quando comparada com Mileto e Éfeso.

As leis e as formas moderadas da constituição de Sólon seriam preservadas. Assim, os órgãos de Atenas (Assembleia, Bulé e Tribunais da Helieia) mantiveram-se em funcionamento, embora deva ser referido que os cargos foram ocupados por simpatizantes de Pisístrato.

Como era habitual nos tiranos, Pisístrato procura proteger as classes desfavorecidas que o conduziram ao poder, isentando os mais pobres do pagamento de impostos. A estes concede igualmente empréstimos e terras. Pisístrato incentivou o cultivo da oliveira, que fornecia o azeite, umas das principais exportações de Atenas.

No campo artístico e cultural, Pisístrato ordenou a construção do propileu na Acrópole de Atenas, tendo sido reconstruído o templo de Atena. Data também da sua época o início dos trabalhos do templo de Zeus Olímpico, que contudo só seriam concluídos sete séculos depois, no tempo do imperador romano Adriano. Durante o seu tempo a cerâmica de figuras negras de Atenas atingiu o seu esplendor, tendo atingido locais como a Jónia, Chipre, Síria e Península Ibérica. Atribui-se também a este tirano a compilação da Ilíada e da Odisseia, até então conhecidas através de episódios fragmentados, e a construção de uma biblioteca pública. A recitação de poesia seria incluída no festival das Panateneias.

No domínio da religião, colocou o santuário de Deméter em Elêusis sob tutela do estado ateniense e ordenou a construção do Telestério. Institui novos festivais como as Grandes e as Pequenas Dionísias; por volta de 534 a.C., as Grandes Dionísas passaram a incluir um concurso de tragédias.

Pisístrato foi sucedido pelos seus filhos, governou por um país justo com regras e quem fizesse alguma coisa de errado em pagar com sua vida Atenas. Outro filho de Pisístrato, Hegesistrato, filho natural de uma mulher argiva, tornou-se tirano de Sigeion, que havia sido conquistada de Mitilene por Pisístrato.[3]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MONTANELLI, Indro - História dos Gregos. Lisboa: Edições 70, 2003. ISBN 972441180
  • POMEROY, Sarah B. - Ancient Greece: A Political, Social, and Cultural History. Oxford University Press, 1999. ISBN 0195097432.

Referências