Teiniaguá

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Teiniagúa
Outros nomes Salamanca do Jarau
Origem  Argentina
 Brasil
Uruguai
Local de aparição Quaraí,  Brasil
Conhecida no mito por Ter se relacionado com um sacristão de um povoado do lado direito do Uruguai.
Folclore  Brasil
É Uma princesa moura amaldiçoada e transformada em salamandra.
Aparição na Cultura

A lenda da 'Teiniaguá', também conhecida como Salamanca do Jarau é uma lenda gaúcha, que conta a história de uma princesa moura que se transforma em uma bruxa e que vem em uma urna de Salamanca, na Espanha para uma caverna no Cerro do Jarau, em Quaraí, no Rio Grande do Sul.

História[editar | editar código-fonte]

Um ícone da cultura gaúcha, a Teiniaguá, é uma princesa da região moura, transformada em lagartixa pelo Diabo Vermelho dos índios, Anhangá-Pitã. Séculos atrás, quando caiu o último reduto árabe na Espanha, veio fugida e transfigurada em uma velha, para que não fosse reconhecida e aprisionada.

Corpo de lagartixa (ou salamandra), encontra-se no lugar de sua cabeça uma pedra preciosa cintilante, cor de rubi, que fascina os homens e os atrai, destinada a viver em uma lagoa no Cerro do Jarau. O nome Salamanca, ao invés de "salamandra", é reconhecido também como referência à cidade espanhola de Salamanca, a qual foi ocupada pelos islâmicos do norte da África entre os séculos VIII e X, e que ficou por muito tempo na zona de combate entre os islâmicos do Sul e os cristãos do Norte. Esta é uma explicação que reitera a referência à princesa ou nobre moura.

Mas um dia o sacristão da igreja da aldeia próxima, assolado pelo calor, foi até a lagoa refrescar-se. Ao se aproximar percebeu que a lagoa fervia e na sua frente Teiniaguá surgiu, rapidamente ele a agarrou, a aprisionou em uma guampa, e foi para seus aposentos atrás da igreja. Durante a noite, ao abrir a guampa, ocorre uma mágica, ela volta a ser mulher e lhe pede vinho. Sabendo que o único vinho que podia oferecer era o do padre, não hesitou em buscá-lo. Todas as noites o fato se repetia, e os padres começaram a desconfiar; uma noite entraram no quarto do sacristão, a Teiniaguá, rapidamente se transformou em lagartixa e fugiu para as barrancas do Uruguai,enquanto ele foi preso.

O sacristão foi condenado a morte, e no dia da aplicação da sentença, sua amada sentiu um mau pressentimento e voltou à aldeia para resgatá-lo. Utilizando magia, o encontrou e nesse momento houve um grande estrondo, que produziu fogo e fumaça e tudo afundou.

Ficaram confinados após isso, em uma caverna profunda, chamada de Salamanca do Jarau. De onde só sairiam quando surgisse alguém capaz de cumprir as sete provas: as espadas ocultas na sombra, a arremetida de jaguares e pumas furiosos, a dança dos esqueletos, o jogo das línguas de fogo e das águas ferventes, a ameaça da boicininga amaldiçoada (única que não está presente na literatura épica, é um aproveitamento folclórico), o convite das donzelas cativas, o cerco dos anões.

Com os desafios superados, seria concedido ao valente vencedor um desejo, o qual, ele deveria depois renegar. Após duzentos anos, chega à furna um gaúcho chamado Blau, que conheceu a lenda através de sua avó charrua. Sem hesitar ele cumpriu as provas, porém, não desejou nada. A princesa ficou triste, pois assim não conseguiriam, ela e seu amado sacristão, libertarem-se do encanto. Quando o gaúcho montava em seu cavalo para ir embora, o sacristão lhe deu uma moeda de ouro, como lembrança de sua estada; sem poder recusar, colocou a moeda no bolso e foi embora.

Alguns dias depois ficou sabendo que um amigo seu desistira de ser criador de gado, lembrou da moeda e foi comprar um boi, mas ao retirá-la para pagar foram surgindo novas moedas e ele conseguiu comprar todos. Admirado com a riqueza de Blau, o amigo espalhou a notícia, e todos ficaram espantados com ela. Acreditando que ele havia feito um pacto com o demônio, ninguém mais quis lhe vender nem comprar nada. Sentindo saudade da vida de antes, voltou à gruta para devolver a moeda mágica. Chegando lá, contou a história ao sacristão e lhe devolveu a moeda. Ao colocá-la em sua mão, o feitiço foi quebrado com uma grande explosão.

Da furna saíram os dois condenados, transformados em um belo casal de jovens. Casaram-se e trouxeram a descendência indígena-ibérica aos povoados do Rio Grande do Sul.

Registro escrito e influências[editar | editar código-fonte]

Esta lenda, registrada por João Simões Lopes Neto e publicada pela primeira vez no ano de 1913, inspirou Érico Veríssimo a escrever A Teiniaguá, parte de seu romance famoso "O Tempo e o Vento". Duas quadrinizações foram feitas, a primeira Salamanca do Jarau: Blau Nunes e As sete provas da Teiniaguá, roteirizada por Renato Motta com desenho de Saulo Morales publicada em 2007 pela WS Editor[1] e a segunda A Salamanca do Jarau, com roteiro e desenhos de Henrique Kipper, publicada em 2015 através do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo.[2][3] A lenda também inspirou o desenho animado brasileiro Jarau.[4]

Representações na cultura[editar | editar código-fonte]


Filmes[editar | editar código-fonte]

  • Cerro do Jarau (2005), Piedra Filmes, Direção: Beto Souza[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]


Referências

  1. Lançamento de Salamanca na Feira do Gibi do Mercado Público de Porto Alegre (RS)
  2. Sessões de autógrafo na loja paulista Ugra
  3. Divulgados os selecionados do ProAC 2016
  4. Marco Aurélio Teixeira da Silva TV Brasil. Disponível em http://tvbrasil.ebc.com.br/tags/desenho-animado. Acesso em 28 de maio de 2015.
  5. VERÍSSIMO, Érico. O Tempo e o Vento. São Paulo: Editora Globo, 1995. Volume II, p.327 - 459
  6. «Ayuntamiento de Salamanca - Ayuntamiento de Salamanca». www.aytosalamanca.es (em espanhol). Consultado em 27 de agosto de 2017 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fagundes, Antonio Augusto - Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul,Martins Livreiro Editor. 1996