Proxima Centauri

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Proxima Centauri
Dados observacionais
Época 2000.0
Variabilidade estrela eruptiva
Tipo de espectro M5.5Ve
Ascensão reta 14h 29m 42,9s
Declinação -62° 40' 46,1"
Distância 4,22 al (1,295 pc)
Magnitude aparente (V) 11,05
Características físicas
Massa 0,12 M
Raio 0,15 R
Cor (B-V) 1,90
Cor (U-B) 1,49
Magnitude absoluta (V) 15,49
Luminosidade (V) 5-12 × 10−5 L
Temperatura da superfície 2670 K
Idade ≈ 1 × 109 anos
Período de oscilação -
Notas Estrela mais próxima ao Sol
Outras designações α Cen C, GCTP 3278.00, Gl 551, LHS 49, V645 Cen, HIP 70890
Sistema
Componentes estelares α Centauri A e α Centauri B
Vizinhos estelares Sol
Planetas e outros corpos menores -

Proxima Centauri, Próxima do Centauro ou simplesmente Próxima, é uma anã vermelha distante aproximadamente 4,22 anos luz (4.0×1013 km) na constelação do Centauro. Devido à sua baixa magnitude, de apenas +11,05, a estrela não pode ser observada a olho nu. Por este motivo, Proxima foi descoberta pelo astrônomo Robert Innes apenas em 1915, que na época era diretor do Observatório União, na África do Sul.[1] Proxima Centauri é a estrela mais próxima do Sol de que se tem conhecimento e a princípio somente pode ser vista a partir do Hemisfério sul.[2] Para poder observá-la, em condições ideais, é necessário um telescópio com uma abertura de pelo menos 8 cm.[3]

Dados Físicos

Próxima é uma anã vermelha variável, de tipo espectral M5.5Ve. Possui magnitude visual aparente média de +11,05 (variável) e magnitude visual absoluta de 15,49. É a estrela mais débil do sistema triplo Alpha Centauri. Suas coordenadas equatoriais são α = 14h29m36,1s e δ = -60°50'8,0". Sua distância ao Sol é de aproximadamente 4,2 anos-luz.

É uma estrela atualmente ativa, como as estrelas eruptivas, caracterizada por linhas de emissão variáveis em seu espectro. Sua coloração é bastante avermelhada, devido à baixa temperatura de sua superfície, estimada em 2670 K.

Em 2002, o VLTI (Very Large Telescope Interferometer, localizado no Chile) usou interferometria óptica para medir o diâmetro angular de 1,02 ± 0,08 milissegundos de arco para Próxima. Com isso, determinou-se que seu diâmetro físico é 1/7 daquele do Sol, ou 1,5 vezes maior que o diâmetro de Júpiter. Sua massa também vale cerca de 1/7 da massa solar.

Planetas

Se algum planeta massivo estivesse orbitando Proxima Centauri, um deslocamento da estrela deveria ocorrer ao longo de cada órbita. Como o plano orbital do planeta não é perpendicular à linha de visão da Terra, então este deslocamento causaria mudanças periódicas na velocidade radial de Proxima Centauri. O fato de que múltiplas medições de velocidade radial, não detectarem nenhuma mudança, reduziu a possibilidade de um planeta em Proxima Centauri existir.[4][5]

O nível de atividade da estrela acrescenta interferência nas medições de velocidade radial, limitando as perspectivas futuras para a detecção de um planeta usando este mesmo método.[6]

Em 1998, um exame de Proxima Centauri usando o espectrógrafo a bordo do Telescópio Espacial Hubble detectou a existência de um planeta em sua órbita, a uma distância de cerca de 0,5 UA.[7] No entanto, uma pesquisa subsequente usando o Wide Field Planetary Camera 2 (uma das câmeras do Hubble) não conseguiu localizar o planeta.[8] Proxima Centauri, junto com Alpha Centauri A e B, são prioridades "Nível 1" da NASA, na missão (atualmente cancelada) de Interferometria Espacial, que, teoricamente, são capazes de detectar planetas tão pequenos quanto 1/3 da massas terrestres dentro de 2 UA.[9]

Zona Habitável

Alguns astrônomos defendem que para um planeta sustentar a vida, ele deverá encontrar-se numa órbita específica, em torno de Proxima Centauri ou de outras anãs vermelhas. Esse planeta deverá estar dentro da zona habitável de Proxima Centauri, a cerca de 0,023-0,054 UA da estrela, e teria um período orbital de 3,6-14 dias.[10] Um planeta que orbita dentro desta zona, possuiria uma rotação sincronizada, visto que Proxima Centauri se moveria pouco no céu deste planeta, e a maior parte da superfície experimentaria dia ou noite perpétua. No entanto, a presença de uma atmosfera poderia servir para conservar e redistribuir a energia do lado do dia para o lado da noite.[11]

Outros cientistas, especialmente os defensores da hipótese da terra rara,[12] discordam que anãs vermelhas possam sustentar a vida. A rotação sincronizada pode resultar num campo magnético planetário relativamente fraco, levando a forte erosão atmosférica por Ejeção de massa coronal de Proxima Centauri.[13]

Viagem interestelar

Ver também: Viagem interestelar

Proxima Centauri tem sido apontada como um possível primeiro destino para a viagem interestelar.[14] A estrela está se movimentando em direção à Terra, a uma velocidade de 21,7 km/s.[15] Em aproximadamente 26.700 anos, Proxima Centauri estará a 3,11 anos-luz, e então começará a se afastar.[16] Se forem usados ​​espaçonaves de propulsão não-nuclear, uma viagem a um planeta orbitando Proxima Centauri provavelmente exigiria milhares de anos.[17] Por exemplo, a Voyager 1, que agora está viajando 17,043 km/s em relação ao Sol, chegaria a Proxima Centauri em 73.775 anos. Uma sonda lenta, levaria várias dezenas de milhares de anos para alcançar Proxima Centauri perto de sua maior aproximação, e pode acabar nem chegar a tempo e ver a estrela se afastar. Espaçonaves de propulsão nuclear podem reduzir o tempo de tais viagens para aproximadamente 100 anos, chegando na estrela no próximo século, inspirando vários estudos como o Projeto Orion, Projeto Daedalus e Projeto Longshot.[18]

De Proxima Centauri, o Sol apareceria como uma estrela brilhante de 0,4 graus de magnitude na constelação de Cassiopéia.[19]

Outros nomes

Proxima Centauri é também conhecida como α Centauri C (abreviado como α Cen C), V645 Centauri, GJ 551 e HIP 70890.

Referências

  1. «Proxima Centauri: The Closest Star» (em inglês). Astronomy Picture of the Day. 15 de julho 2002. Consultado em 25 de fevereiro de 2012 
  2. Kervella, Pierre; Thevenin, Frederic (15 de marco de 2003). «A Family Portrait of the Alpha Centauri System: VLT Interferometer Studies the Nearest Stars». Observatório Europeu do Sul. Consultado em 09 de julho de 2007  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  3. P. Clay Sherrod. A Complete Manual of Amateur Astronomy: Tools and Techniques for Astronomical Observations.
  4. Benedict, G. Fritz et al. (1999). "Interferometric Astrometry of Proxima Centauri and Barnard's Star Using HUBBLE SPACE TELESCOPE Fine Guidance Sensor 3: Detection Limits for Substellar Companions". The Astronomical Journal 118 (2): 1086–1100. arXiv:astro-ph/9905318. Bibcode:1999astro.ph..5318B. [[Digital object identifier|doi]:10.1086/300975.
  5. Kürster, M. et al. (1999). "Precise radial velocities of Proxima Centauri. Strong constraints on a substellar companion". Astronomy & Astrophysics Letters 344: L5–L8. ArXiv:astro-ph/9903010. Bibcode:1999A&A...344L...5K.
  6. Saar, Steven H.; Donahue, Robert A. (1997). "Activity-related Radial Velocity Variation in Cool Stars". Astrophysical Journal 485 (1): 319–326. Bibcode:1997ApJ...485..319S. [[Digital object identifier|doi]:10.1086/304392.
  7. Schultz, A. B.; Hart, H. M.; Hershey, J. L.; Hamilton, F. C.; Kochte, M.; Bruhweiler, F. C.; Benedict, G. F.; Caldwell, John; Cunningham, C.; Wu, Nailong; Franz, O. G.; Keyes, C. D.; Brandt, J. C. (1998). "A possible companion to Proxima Centauri". Astronomical Journal 115 (1): 345–350. Bibcode:1998AJ....115..345S. doi:10.1086/300176.
  8. Schroeder, Daniel J.; Golimowski, David A.; Brukardt, Ryan A.; Burrows, Christopher J.; Caldwell, John J.; Fastie, William G.; Ford, Holland C.; Hesman, Brigette; Kletskin, Ilona; Krist, John E.; Royle, Patricia; Zubrowski, Richard. A. (2000). "A Search for Faint Companions to Nearby Stars Using the Wide Field Planetary Camera 2". The Astronomical Journal 119 (2): 906–922. Bibcode:2000AJ....119..906S. doi:10.1086/301227.
  9. Watanabe, Susan (2006-10-18). "Planet-Finding by Numbers". NASA JPL. Retrieved 2007-07-09.
  10. Endl, M.; Kuerster, M.; Rouesnel, F.; Els, S.; Hatzes, A. P.; Cochran, W. D. (June 18–21, 2002). "Extrasolar Terrestrial Planets: Can We Detect Them Already?". In Drake Deming. Conference Proceedings, Scientific Frontiers in Research on Extrasolar Planets. Washington, DC. pp. 75–79. arXiv:astro-ph/0208462.
  11. Tarter, Jill C. et al. (2007). "A Reappraisal of The Habitability of Planets around M Dwarf Stars". Astrobiology 7 (1): 30–65. arXiv:astro-ph/0609799. Bibcode:2007AsBio...7...30T. doi:10.1089/ast.2006.0124. PMID 17407403.
  12. Ward, Peter D.; Brownlee, Donald (2000). Rare Earth: Why Complex Life is Uncommon in the Universe. Springer Publishing. ISBN.
  13. Khodachenko, Maxim L. et al. (2007). "Coronal Mass Ejection (CME) Activity of Low Mass M Stars as An Important Factor for The Habitability of Terrestrial Exoplanets. I. CME Impact on Expected Magnetospheres of Earth-Like Exoplanets in Close-In Habitable Zones". Astrobiology 7 (1): 167–184. Bibcode:2007AsBio...7..167K. doi:10.1089/ast.2006.0127. PMID 17407406.
  14. Gilster, Paul (2004). Centauri Dreams: Imagining and Planning. Springer. ISBN .
  15. #"SIMBAD query result: V* V645 Cen – Flare Star". SIMBAD. Centre de Données astronomiques de Strasbourg. Retrieved 2008-08-11.—some of the data is located under "Measurements".
  16. García-Sánchez, J.; Weissman, P. R.; Preston, R. A.; Jones, D. L.; Lestrade, J.-F.; Latham, D. W.; Stefanik, R. P.; Paredes, J. M. (2001). "Stellar encounters with the solar system". Astronomy and Astrophysics 379 (2): 634–659. Bibcode:2001A&A...379..634G. [Digital object identifier|doi]]:10.1051/0004-6361:20011330.
  17. Crawford, I. A. (September 1990). "Interstellar Travel: A Review for Astronomers". Quarterly Journal of the Royal Astronomical Society 31: 377–400. Bibcode:1990QJRAS..31..377C.
  18. Beals, K. A.; Beaulieu, M.; Dembia, F. J.; Kerstiens, J.; Kramer, D. L.; West, J. R.; Zito, J. A. (1988). "Project Longshot, an Unmanned Probe to Alpha Centauri" (PDF). NASA-CR-184718. U. S. Naval Academy. Retrieved 2008-06-13.
  19. The coordinates of the Sun would be diametrically opposite Proxima, at α=02h 29m 42.9487s, δ=+62° 40′ 46.141″. The absolute magnitude Mv of the Sun is 4.83, so at a parallax π of 0.77199 the apparent magnitude m is given by 4.83 − 5(log10(0.77199) + 1) = 0.40. See: Tayler, Roger John (1994). The Stars: Their Structure and Evolution. Cambridge University Press. p. 16. ISBN.

Ligações externas

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