Touro de Creta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Rapto de Europa)
Héracles e o Touro de Creta
Escultura grega, no Museu do Louvre

O Touro de Creta, na mitologia grega, foi uma fera que viveu na ilha de Creta e que foi capturada por Héracles em um dos seus famosos trabalhos. Outras lendas o associam ao Minotauro e ao rapto de Europa.

A origem do touro[editar | editar código-fonte]

Conta a lenda que o touro de Creta emergiu do mar Egeu, enviado pelo deus do mar, Posídon, a pedido de Minos, filho do rei Astério. Minos, cuja sucessão ao trono estava sendo contestada, pediu a Posídon que intercedesse a seu favor, fazendo surgir das águas um sinal de sua legitimidade. Posídon impôs a Minos a condição de que o touro deveria ser depois sacrificado em seu nome. Minos, porém, admirado com a beleza do touro branco, misturou-o com outros da sua manada, e sacrificou um animal de menor valor. Esta desobediência provocou a ira de Posídon, que castigou Minos, tornando o animal incrivelmente furioso. Com isso sua mulher manteve relações com o touro, nascendo, então o Minotauro. O touro passou a aterrorizar a ilha de Creta, atacando a população, forçada a encerrar-se em suas casas.[1]

Héracles e o touro[editar | editar código-fonte]

O touro só foi derrotado por Héracles, a mando de Euristeu, no que ficou conhecido como o sétimo dos seus trabalhos. O herói desembarcou em Creta, subjugou o touro pelos cornos e o levou para a Argólida, onde o entregou a Euristeu. Esse quis entregá-lo a Hera, mas a deusa, não querendo aceitar um presente vindo de Héracles, pôs a fera novamente em liberdade. Teseu, mais tarde, acabou capturando-o nas planícies de Maratona.[2]

O Minotauro[editar | editar código-fonte]

Teseu e o Minotauro
Vaso grego

Segundo outra tradição, parte do castigo de Posídon a Minos foi fazer com que a rainha Pasífae, sua esposa, se apaixonasse pelo touro e fosse tomada por um louco impulso de ser por ele possuída. Este desejo acabou se concretizando através da engenhosidade de Dédalo que construiu uma vaca de madeira, dentro da qual a rainha pôde se entregar ao touro.

A união entre Pasífae e o touro resultou no Minotauro, um ser monstruoso, metade homem, metade touro. Tomado pela vergonha, Minos encerrou o monstro num labirinto que Dédalo construiu junto a seu palácio, em Cnossos.

Ocorreu depois que Androgeu, filho de Minos, foi morto pelos atenienses, que invejavam suas vitórias nos jogos panatenaicos. Para vingar-se, Minos lançou guerra contra Atenas, subjugou-a e ordenou que sete rapazes e sete moças atenienses fossem enviados anualmente para serem devorados pelo Minotauro. Quando o terceiro sacrifício veio, Teseu, príncipe ateniense, voluntariou-se para fazer parte do grupo. Ajudado por Ariadne, filha de Minos, que havia se apaixonado por sua beleza, Teseu entrou no labirinto e matou o Minotauro.

Este mito simboliza historicamente a queda da Civilização Minoica e o fim da supremacia de Creta sobre a Grécia continental.

O rapto de Europa[editar | editar código-fonte]

O rapto de Europa
Noël-Nicolas Coypel

Outra tradição associa ainda o touro de Creta a Europa, lindíssima filha de Agenor, rei da Fenícia. A versão mais conhecida da lenda conta que Europa foi raptada por Zeus, que tomou a forma de um belo touro branco e levou-a para Creta, onde ela se casou com Astério. Outra versão, no entanto, rejeita a metamorfose do próprio deus, e afirma que Zeus na verdade enviou o touro de Creta para seduzir a princesa.[3]

A constelação de Touro[editar | editar código-fonte]

Constelação do Touro
Johannes Hevelius

Na mitologia grega, o touro de Creta é associada à constelação de Touro, formada apenas pela cabeça, ombros e membros anteriores do animal, pois ao raptar Europa e levá-la a Creta pelo mar, sua parte posterior estava submersa pelas ondas.

As estrelas são representadas como um touro em posição de ataque, com os enormes chifres abaixados.

Referências

  1. Grimal, Pierre, Dicionário da Mitologia Grega e Romana, Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, p.211
  2. Spalding, Tassilo Orpheu, Dicionário da Mitologia Greco-Latina, Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, p.44
  3. Grimal, Pierre, Dicionário da Mitologia Grega e Romana, Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, p.210