Relações entre Brasil e Irã

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Relações entre Brasil e Irã
Bandeira do Brasil   Bandeira do Irã
Mapa indicando localização do Brasil e do Irã.
Mapa indicando localização do Brasil e do Irã.
  Brasil
  Irã

As relações entre Brasil e Irão (português europeu) ou Irã (português brasileiro) são as relações diplomáticas estabelecidas entre a República Federativa do Brasil e a República Islâmica do Irã. Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Mahmoud Ahmadinejad intensificaram os encontros diplomáticos com o objetivo de aumentar não só as trocas comerciais entre ambos os países, mas também em tentar dialogar sobre os direitos humanos e o polêmico programa nuclear iraniano, que atualmente rende sanções econômicas ao Irã.

Em novembro de 2009, Mahmoud Ahmadinejad desembarcou em Brasília para uma visita diplomática, que acabou gerando diversos protestos, particularmente da comunidade judaica no Brasil,[1] em razão de suas declarações anteriores a respeito do holocausto e de Israel.[2]

O governo brasileiro também atuou diplomaticamente no caso da iraniana Sakineh Ashtiani, acusada de adultério e condenada à pena de morte por lapidação. Em julho de 2010, o presidente Lula chegou a oferecer asilo a Sakineh, mas recebeu uma resposta negativa de Ahmadinejad e de Ali Khamenei, o líder supremo do Irã.[3]

Após a posse de Dilma Rousseff, eleita presidente do Brasil em 2011, as relações entre os dois países esfriaram. Com Antonio Patriota no lugar de Celso Amorim no Ministério das Relações Exteriores, o Brasil adotou uma posição de cautela e relativo distanciamento de Teerã, que já manifestou o seu incômodo com as novas diretrizes diplomáticas brasileiras. O porta-voz do presidente iraniano, Ali Akbar Javanfekr, fez críticas ao governo brasileiro em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.[4] Segundo ele, "Dilma destruiu anos de bom relacionamento". O Itamaraty negou qualquer mal-estar entre os países.[5]

No início de 2020, o Irã pediu explicações ao Brasil sobre uma nota de apoio aos Estados Unidos.[6]

História[editar | editar código-fonte]

As relações entre estas duas nações datam de 1903,[7] mas se mostraram promissoras a partir de 1957, quando houve a assinatura de um acordo cultural, que entraria em vigor em 28 de dezembro de 1962. Este acordo marcava também a elevação da legação brasileira, em Teerã, à condição de embaixada, em 1961. Em 1965, o monarca iraniano Mohammad Reza Pahlavi visitou o Brasil. O principal motivo deste primeiro contato era o de promover a presença brasileira no Irã e no Oriente Médio através de livros, filmes, intercâmbio de professores e intelectuais, além de peças teatrais. Posteriormente, novos documentos seriam assinados entre o governo brasileiro e os representantes iranianos. O principal deles foi o acordo que estabelecia a formação da comissão de cooperação econômica e técnica, em 1975.

Apesar de ter declarado a sua neutralidade na Guerra Irã-Iraque, na metade da década de 1980 o governo brasileiro passou a vender os aviões Tucano da Embraer aos iranianos. Após o fim dos conflitos, o Brasil decidiu buscar o Irã, que havia derrubado a dinastia Pahlavi e se tornado uma república islâmica, com o objetivo de assinar um memorando de entendimento para a criação de uma comissão mista a nível ministerial, em 26 de setembro de 1988, assinado pelo presidente da época, José Sarney.[8]

Encontro entre presidentes[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Gays e judeus protestam contra Ahmadinejad. Reuters/ R7, 23 de novembro de 2009.
  2. Sobre Israel, Ahmadinejad declarou em 2007:
    "Não reconhecemos esse regime, pois é baseado na discriminação étnica, na ocupação e na usurpação, e ameaça constantemente seus vizinhos."
    Na mesma ocasião, sobre o Holocausto, disse:
    "Eu disse que se o Holocausto aconteceu e é uma realidade (...), então porque não se autorizam pesquisas sobre este assunto? Por que os pesquisadores europeus são mandados para a prisão quando questionam sua natureza ou algum dos seus aspectos? Mas lembremo-nos de onde e quando o Holocausto começou. Foi na Europa. Sendo assim, por que o povo palestino teve que ser deslocado? (...) Por que paga o preço perdendo sua terra?" (The Washington Post, 24 de setembro de 2007. President Ahmadinejad Delivers Remarks to the National Press Club. Teleconferência em Nova York).
  3. Lula pediu libertação de Sakineh e ofereceu asilo a iraniana. R7, 9 de dezembro de 2010.
  4. Irã ataca diplomacia de Dilma e diz que Lula faz falta
  5. Com Dilma no poder, Brasil esfriou relações com o Irã. R7, 31 de janeiro de 2012.
  6. «Irã pede explicações ao Brasil sobre nota de apoio aos Estados Unidos». O Globo. 6 de janeiro de 2020. Consultado em 7 de janeiro de 2020 
  7. Camacho Padilla, Fernando (2020). «Las relaciones diplomáticas entre Persia y América Latina durante las últimas décadas de la Dinastía Qajar (1895-1925)». In: Fernando Camacho Padilla & Fernando Escribano Martín. Una vieja amistad: cuatrocientos años de relaciones históricas y culturales entre Irán y el mundo hispano. Madrid: Silex ediciones. pp. 55–120. ISBN 978-84-18388-27-9 
  8. «As relações Brasil-Irã: dos antecedentes aos desdobramentos no século XXI» (PDF). Consultado em 25 de fevereiro de 2012. Arquivado do original (PDF) em 15 de julho de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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